Be Your Hero

Nós mudamos


POV PIPER

Sabe aquele sentimento de estar no topo de uma montanha no Canadá prestes a participar de uma competição de snowboard e então se lembrar que além de medo de altura você ainda está tocando naquela prancha pela primeira vez em sua vida? Eu o estava tendo.

Estava tudo tão confuso!

As minhas lágrimas ainda caíam e eu permanecia refugiada em cima de uma árvore mesmo que eu morresse de medo de altura. Algo dentro de mim avisava que eu não devia temer de algo tão banal e eu preferira esquecer de tudo á minha volta e pensar numa outra realidade.

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Momentos felizes, certo? Não era como se eu pudesse comer ambrósia para esquecer, mas eu procurava lembranças boas.

— Piper, você não pode ser um pouco mais feminina? - Ethan perguntou ao me ver com calças jeans velhas e uma blusa do Aerosmith.

— E qual o problema? Não é como se fossemos pra algum lugar. - ri do desespero dele.

Ethan sacou seu espelho de bolso e de repente eu me encarando meu próprio reflexo.

— Vê? Você e eu somos o casal perfeito. Você é a mais bonita daqui e eu o mais desejado. - ele diz com um sorriso superior.

— E daí?

O fato é que a sua fala havia me dado nojo. Aparência não era tudo, o que importa é a personalidade da pessoa, a inteligência, a bondade e não um simples reflexo.

Por um instante me perguntei o porquê de Ethan ser meu namorado se éramos totalmente diferentes. Não como água e óleo, mas sim tínhamos conceitos diferentes sobre uma mesma coisa.

— Oh minha cara Piper! - Circe riu quando lhe disse que não namoraria Ethan - Já ouviu dizer que opostos se atraem?

— Sim, mas... Ethan não é meu oposto.

— Mas é claro que é! Como explica então a falta de sintonia entre vocês.

— Inimizade? - questionei.

— E por que ele seria seu inimigo? - Circe perguntou interessada demais de repente.

— Eu não sei. - sussurrei.

— Então namore com ele e descubra.

Como num passe de mágica me vi perguntando a mim mesma se essa não seria a ideia do ano.

Não. Aquela não havia sido a pior ideia do ano, definitivamente.

— PIPES?! - ouvi Reyna gritar por mim.

— Aqui. - respondi sem força.

Reyna olhou pra cima até me perceber num dos galhos mais altos da árvore.

— O que você está fazendo aí?

— Pensando.

Ela bufou e encarou a planta como se decidisse algo.

— Eu vou subir, espere um pouco.

Por incrível que pareça vi Reyna subindo a árvore mesmo que aparentasse estar cansada.

— Por que está aí no alto? Pensei que tivesse medo de altura. - ela falou escalando.

— Não faço a menor ideia.

— E você ainda se diz normal! - ela replicou com a fala fraca devido ao esforço.

— Mas eu sou normal!

— Falou a menina que sobe até o topo da árvore sendo que chorou quando teve que visitar o topo do Empire State.

— Lá é alto demais. - explico.

— E aí em cima é subsolo, né?

— Comparado ao Empire State, sim.

E de repente ambas começamos a rir. Aquilo ainda parecia nossa antiga amizade, a verdadeira amizade, e não esse lixo que agora denominamos ser.

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Reyna se sentou ao meu lado, porém em outro galho.

— A Annie tá meio estressada ultimamente. Não liga pra ela. - ela sussurrou. Imagino que ela ainda supunha que estava pensando nisso.

— Acho que nós todas mudamos desde que chegamos. - falei.

— Como assim?

— Desde que chegamos á essa ilha e conhecemos Circe parece errado agir como eu agia antes. Quer dizer, quando eu comecei a fazer tudo o que os outros pediam?

Reyna franziu o cenho.

— Tipo seu namorado?

— Isso! - confirmei - Ethan é simplesmente o contrário de mim e não é algo como opostos se atraem.

— Na verdade, isso tá mais para aqueles realities onde transformam animais em civilizados. - ela ri.

— Outro dia ele me perguntou por que eu insistia em usar laranja se aquilo parecia com roupa de presidiário. - falei lembrando do chilique dele.

— talvez sejamos presidiários e o nosso tormento seja aguentar eles.

E novamente uma série de risos prosseguiu.

— Piper, por que você ainda está com Ethan? - ela brincou.

Um flash surgiu na minha mente e eu me toquei que nem eu mesma sabia o porquê de estar namorando Ethan. Afinal, eu não o amava, eu o suportava. Cada detalhe dele me dava certo enjoo por parecer algo artificial até mesmo quando deveria soar natural.

O cabelo cheio de gel para dar ar de galã de novela das sete, o sorriso branco de propaganda de pasta de dente, os olhos intensos num tom raro de castanho, o corpo malhado. Nada daquilo me atraía, nada daquilo me ajudava a fazer com que eu desejasse sua presença.

— Pra falar a verdade, nem eu sei.

— Então, eu te sugiro uma coisa, McLean. - Reyna falou.

— O quê?

— Troque Ethan por uma mula no mercado negro. - ela disse brincalhona.

Seria uma má ideia?