Batter Up

Difícil decisão


Gil e Sara estavam em seu apartamento aproveitando a folga de Sara. Passaram o dia juntos namorando e agora aprontavam o jantar. Gil estava o dia todo ensaiando uma conversa com Sara. Ele tinha uma decisão importante a tomar e precisava da opinião dela.

— Honey... será que podemos conversar?

— E não é isso o que fizemos o dia todo, Gilbert? - Sara brincou, mas o namorado estava sério. Ao perceber isso a morena tratou de puxar o homem com ela até o sofá.

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— Ok... o que precisamos conversar.

—Sobre... uma proposta que recebi hoje de manhã.

— Ok....

— Honey... não é segredo que eu não estou satisfeito com o rumo que as coisas estão tomando nos Devils, certo? Então... eu sempre fui leal a eles e o que recebi em troca? Tudo bem que a situação com a troca de treinadores acabou com um saldo positivo e tal, mas a verdade é que eu estive pensando se é isso mesmo que eu quero para meu futuro...

Enquanto falava, Gil observava a reação de Sara. A garota parecia atenta ao que ele dizia, mas não havia em seu rosto nenhuma emoção negativa- que ele pudesse detectar- então o jogador prosseguiu.

— Ainda assim, eu não tava buscando nada, ok, não sem falar com você, mas ...- Gil sentiu que estava se perdendo em sua explicação, então resolveu perder o medo e falar logo o que queria.

—Honey... hoje eu recebi uma proposta para jogar pelos Cubs... e pela primeira vez desde que eu comecei com os Devils, estou pensando seriamente nisso.

Sara sorriu para o namorado. Para ela, não vinha como surpresa nenhuma essa negociação. Afinal, desde que ele estreara na Major League e mostrara ao mundo como era bom jogador, as propostas choviam em cima dele. Gil somente recusara porque era um homem realmente leal. Comprometera-se a quatro anos de contrato com os Devils e nem a volta de seu pai fez com que o homem quebrasse o vínculo- mas agora seu namorado sentia como se toda a lealdade mostrada não lhe servira de nada.

— E a que conclusão você chegou?

A resposta de Gil foi uma risada amarga. O coração de Sara quebrou ao ver o amado ali, claramente angustiado. O jogador pegou a mão da namorada, a trouxe para sua boca e depositou nela um beijo. Depois, seu braço forte a puxou para deitá-la em seu peito, onde Sara pode ouvir o bater forte do coração de Gil. Ela beijou o peito do homem e ele encostou sua cabeça a dela.

— Realmente... realmente não é o melhor momento... quero dizer, eu não quero sair de Vegas quando todos que eu... amo... estão aqui...

— Somente porque não moramos na mesma cidade não signifique que nos amemos menos, Gil. Minha mãe e meu irmão estão em Chicago, e eu vim para Vegas...

—Eu sei... é que...- Gil não sabia como colocar em palavras tudo o que sentia. Não sabia dizer a ela do medo que sentia de deixar seus pais ali em Vegas... do medo da rivalidade do esporte estragar o relacionamento que Gil custara tanto a acertar com o pai... e também tinha a Sara. Ele pensara muito durante toda aquela tarde em como seria sua vida sem a presença dela. E foi insuportável cogitar não a ter mais para ele, pois quando via seu futuro, ela estava sempre ao lado dele. Sara se tornara sua melhor amiga, sua confidente. Com ela, ele aprendera a ver novamente o mundo com bons olhos. Mas como ele poderia pedir que ela abandonasse tudo para ir com ele? Com que cara ele faria isso?

— Olha, Gil... até onde eu sei, quando sua mãe decidiu se mudar para cá você mesmo disse a ela que talvez não ficasse aqui para sempre... ela sabe disso... sabe como é a vida de um atleta de alto nível, afinal ela se casou com um... E quanto a seu pai... eu não o conheço tão bem ainda, mas pelo que pude ver, um homem que fez o que fez para voltar a ter um bom relacionamento com o filho... bem, eu acho que ele não vai deixar a distância acabar com tudo o que vocês construíram...

— E você, Sara... o que seria de nossa relação?

— Gil... eu... eu mudaria de cidade em um piscar de olhos se você me pedisse... eu te amo- simples assim.

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— Mas e o seu trabalho...os seus amigos, sua família? Eu não quero tirar tudo isso de você!

— Bem... você saber que os Cubs são de Chicago né? E sabe que minha mãe mora lá, então não estaria me tirando da minha família... amigos... bem, eu espero que nossos laços sejam fortes o bastante para sobreviver a isso... o trabalho que é mais complicado. Mas não é impossível. Eu ainda sou nível 1, para conseguir uma troca levaria um tempo ainda...

—Você tá me dizendo que... você mudaria assim... só porque eu pedi?

— Eu não moro aqui pela cidade, Gil. Não tenho apego nenhum a ela. E sim as pessoas que nela estão. Mas são pessoas que nunca, nunca, vão me abandonar. Porque as levo no coração. E você... você se tornou a pessoa mais importante nesse mundo para mim... então não é pedir muito isso...

—Sara...

— Oi...

—Casa comigo?

A resposta de Sara foi o silêncio.

Se havia algo que poderia fazer Sara perder a fala era aquela pergunta. Ela não sabia explicar o porquê, mas mudar de cidade para ficar com o namorado, para ela, era uma decisão mais fácil- e menos aterrorizadora, diga-se de passagem- do que receber um pedido de casamento.

— Sara?- a demora da jovem e a cara de apavorada fizeram Gil perder o ar. Fora uma decisão do nada, pedir a namorada em casamento? Sim, mas levando em conta a conversa que o levara até ali... Gil estava certo de que isso significaria um sim aquela resposta... mas com Sara, questões de família era algo capicioso.

A relação tumultuada dele com o pai? Fácil de resolver. Mas quando se tratava dela, Gil tinha dificuldades de conseguir tirar algo de Sara que tivesse qualquer ligação com a família dela. Melhor dizendo... com relação ao casamento de Laura com o pai de Sara. A única coisa que Gil sabia a respeito disso era que ele era um homem muito violento, o que fez com que Laura o abandonasse na calada da noite, levando seus dois filhos e toda a economia do casal. Após isso, Laura conhecera o padrasto de Sara. O homem lutara para quebrar o coração da mulher, conquista-la e estavam juntos até hoje.

Gil sabia também que a mãe de Sara não se casara novamente com Gustav. Talvez fosse isso que levasse sua namorada a associar casamento a um relacionamento abusivo. Porque a relação mais saudável de sua mãe não viera com uma aliança no dedo...

—Honey... não precisa me responder agora... eu sei que foi do nada...

—Não, Gil!- ela o cortou rapidamente- Eu... vamos fazer isso!

—Vamos?- Gil respondeu, o nervosismo indo embora e um novo sentimento, euforia, tomando conta de si.

—Sim!

Gil riu e puxou a namorada, agora noiva, para si. Um abraço apertado, ela se encaixando direitinho nele, como sempre fora. Os dois viraram o rosto ao mesmo tempo, suas faces se encontrando na ponta do nariz.

—Eu nunca... nunca amei tanto com eu te amo agora...- Sara falou.

E Gil, querendo sentir esse amor de que ela falava, tomou da boca dela em um beijo. O beijo mais incrível que ele poderia ter. O beijo da mulher da sua vida.