Quem olhasse para ele não imaginaria que se tratava de um bastardo. Vestido de maneira elegante com melhores tecidos vindos de Essos e sua postura e polidez sem falar em outras tantas qualidades que só quem convivia com Jon Hill saberia enumerar.

Ele tinha todas as cores Lannisters nele desde seus longos cabelos dourados como ouro até os olhos brilhantes que emitiam o mesmo brilho que os herdeiros de Rochedo Castely possuíam.

A verdade era outra e para a vergonha do Senhor do Oeste aquele bastardo estava diretamente ligado a si. Certamente deveria ser curioso para aquele homem ao mesmo tempo ter príncipes e uma princesa como netos de um lado enquanto do outro possuía aquele garoto que ele preferia que tivesse nascido morto no lugar de manchar ainda mais a reputação de sua família.

Jon Hill por mais que as pessoas pudessem não acreditar se tratava do filho de Tyrion Lannister. Fruto certamente de alguma de suas primeiras aventuras quando mais jovem e que fora trazido para o castelo pelo pai quando este já era uma criança com seus dois anos. E apesar da relutância em aceitar o bastardo de seu filho ainda assim Tywin permitiu que o garoto fosse criado em Rochedo Castely.

Más línguas diziam que apenas o fizera porque Tyrion escolhera uma oportunidade estratégica de apresentar o garoto a família justamente quando Rei Robert se encontrava numa visita ao Oeste junto de sua comitiva. Talvez pela presença do regente fora uma das implicações que impediram com que Tywin mandasse que dessem um sumiço no garoto.

Só que se enganam quem teve esse pensamento afinal ele nunca tentara nada contra o neto. Tyrion sempre pensou que apesar de tudo seu pai valorizava muito a família independente de se tratasse de um anão ou mesmo de um bastardo. E foi assim que Jon Hill fora apresentado a sociedade de Westeros oficialmente pela primeira vez.

E então ele cresceu e viu que seu pai parecia tratá-lo de uma maneira como se o estivesse preparando para algo. Afinal todos os estudos que foram lhe empregados em que fora instruído a ler e afiar seu conhecimento com livros e mais livros a respeito de diversos assuntos. As aulas de montaria e arco e flecha sem falar em sua insistência para que o garoto aprendesse a manejar uma espada com Jaime desde muito cedo.

A verdade é que Tyrion no meio de todo o seu conhecimento tinha arquitetado algo que só quando mais velho que o próprio Jon foi visualizar. Seu pai era o herdeiro de Rochedo Casterly pelo fato de seu Tio Jaime está na Guarda Real de maneira que logo Jon percebeu o que isso significava. Seu pai estava o preparando para assumir o seu posto como herdeiro quando se tornasse Lorde. Sabiamente Jon nunca pronunciara isso em voz alta para não despertar a ira em outros parentes.

Por falar em parentes, certamente ele não era o mais querido entre os Lannisters. Tywin o ignorava só se dirigindo a ele quando necessário sendo que quando não era apenas fazia de conta que ele não existia. Cersei o desprezava tanto quanto poderia ser sendo que sempre gostava de humilhá-lo quando tinha a chance. Joffrey conseguia incrivelmente ser pior do que sua mãe e o avô.

Porque diferente deles que possuíam ao menos um mínimo de classe e postura quando lhe ofendiam, o príncipe herdeiro não possuía o mínimo de recato com suas expressões e seu linguajar sem falar que sempre estava disposto a se provar melhor que o bastardo como se sempre tivesse de se mostrar superior a Jon Hill. Jon nem ao menos se importava com Joffrey na maioria das vezes só que é claro que não iria se rebaixar na frente dele apenas por se tratar de alguém da realeza.

Os seus outros primos eram até mais aceitáveis e não havia neles o que existia em Joffrey. Myrcella e Jon tinham um relacionamento muito bom em que passavam muito tempo juntos nos jardins ou então jogando algum jogo qualquer. E essa proximidade era tamanha que chegava a incomodar Cersei que sempre tentava afastar a filha do primo. A garota gostava de Tyrion e dele o que fazia com que Hill como poderia ter como mãe alguém tão desprezível?

Tommen apesar de muito jovem também se mostrara um bom garoto e Jon conseguia sentir uma simpatia imensa pelo primo mesmo que esse não ficasse muito próximo de si. Novamente por conta da idade lhe faze-lo mais influenciável por Cersei. Ela ainda não o tinha estragado como havia feito com Joffrey e esperava que se mantivesse assim.

Tio Jaime era sem sombra de duvidas a segunda pessoa favorita de Jon depois de Tyrion. Fora ele que lhe ensinara a lutar com uma espada e era uma das poucas pessoas que lhe tratavam com respeito e carinho. Certamente Jaime teria sido mais presente em sua vida se não fosse por suas obrigações com o Rei.

E então havia Tyrion. Ele era seu pai e como tal possuía um respeito muito grande e uma lealdade que lhe fizera comprar varias brigas quando via pessoas ofendendo, fazendo piadas ou desrespeitando de qualquer maneira possível seu progenitor. Seu pai poderia ser um anão deformado só que ainda assim ele o admirava profundamente independente do que os outros pudessem pensar.

Quando Tyrion descobrira que era pai foi um choque tamanho para ele que passara toda a sua infância se dedicando a cria-lo e se fazendo presente da melhor maneira que podia. Durante essa época Jon o via apenas como seu pai e nada mais. É claro que quando atingira uma idade mais madura foi que seu pai viu que sua vida poderia retornar ao que era e dessa vez não estaria sozinho.

É claro que ele quando ficara mais velho fora carregado com o pai em seu estilo de vida. O garoto que antes passara a maior parte de sua vida em Rochedo Casterly ou em Lannisporto agora abria seus olhos para o restante de Westeros. Tabernas e Bordeis vieram se tornar tão familiares para ele como poderiam ser para o seu pai. E ele lembrava-se muito bem de como tinha sido introduzido àquele meio em Vilavelha em que fora feito homem pela prostituta mais cara que seu pai pode lhe pagar.

Jon Hill passou então a se tornar um dos mais bem aperfeiçoados homens em eventos sociais em que comparecia. Era um homem culto, divertido sem falar em seu manejo de espada e em sua voz que encantava a todos quando cantava. Ele ainda possuía seus talentos com as mulheres que pareciam se esquecer na maioria das vezes de que ele era um bastardo.

Ninguém conseguia compreender como da semente de um meio-homem nascera aquele que segundo falavam tinha uma beleza digna do Príncipe Rhaegar Targaryen. Ele guardava para si o quão bem era que essa comparação conseguia lhe fazer. Era uma verdadeira massagem em seu ego afinal segundo diziam o Ultimo Dragão era um homem único.

Ele viajou para Winterfell como parte da procissão real do Rei Robert I que após a morte de Jon Arryn certamente pensava em convocar Eddard Stark como sua nova Mão do Rei. Quando lá ele conheceu os filhos dos Stark.

Ele se aproximara de Robb que era o próximo Lorde do Norte e surpreendentemente os dois se deram bem e Jon viu que diferente de Joffrey poderia haver herdeiros decentes. O mesmo não podia ser dito de Theon Greyjoy que o desprezou desde que soube de quem se tratava.

Sansa Stark estava tão cega por Joffrey que chegava a enojá-lo. Ele pensava seriamente se a garota tinha alguma coisa na cabeça porque se apaixonar por alguém como aquele príncipe certamente não era uma das ideias mais inteligentes. Esperava que ela não se deixasse ser iludida por muito tempo para que depois que o encanto fosse quebrado não acabasse sofrendo muito.

Ele ainda teve algum contato com Arya Stark. Os dois se divertiram vendo o treino de espadas escondidos e adoraram ver o jeito como Joffrey era péssimo quando enfrentava Robb que diferente do esperado não se controlava simplesmente por seu adversário ser quem era.

A garota lhe dissera que queria estar lá praticando com as espadas no lugar de ter de tomar lições de bordado e todas àquelas outras tolices que garotas eram obrigadas a aprender. E Jon sorriu para aquele pensamento afinal era bastante peculiar se encontrar uma garota que preferisse coisas masculinas como aquela ao invés do que estava acostumado.

Ele não conviveu muito com os mais novos. Bran Stark tinha sofrido uma queda misteriosa de uma torre. Ele ouvira Joffrey falando para o Cão de Caça de que seria melhor dar um fim ao sofrimento do garoto porque caso sobrevivesse era capaz de se tornar um aleijado.

Jon e Joffrey discutiriam naquele dia e Tyrion teve de intervir. Foi uma sensação ótima ver seu pai exigindo que Joffrey fosse prestar suas simpatias aos pais de Bran e quando o príncipe fora grosseiro com o tio acabara por receber um tapa bem dado. Jon não disfarçou o riso quando seu primo saiu de perto tendo o Cão de Caça em seu encalço como sempre.

Quando a família real deixou Winterfell, pai e filho se separaram. Tyrion viajou ao norte para ver a Muralha antes de retornar ao sul enquanto Jon seguiu com a comitiva retornando para Porto Real. No caminho de Winterfell para Porto Real, Joffrey seguia com seus cortejos para Sansa que seria a sua prometida. E a garota ainda se sentia encantava pelo sujeito.

Jon se manteve afastado preferindo passar seu tempo se divertindo nas tabernas da região é claro que quando retornara para o acampamento as coisas pareciam ter tido uma grande reviravolta.

Joffrey tinha sido atacado por uma das lobas de uma das garotas Stark era o que diziam e o animal tinha sido sacrificado. E ele viria, a saber, ainda que a loba morto era o que não havia feito nada. Nymeria, a loba de Arya tinha desaparecido então Lady, a loba de Sansa tinha sido sacrificada. E ele não pode deixar de sentir pena pelas garotas afinal havia percebido que havia uma ligação especial entre as crianças nortenhas com seus animais.

“Eu soube do ocorrido” disse Jon para Arya quando a encontrara “Sinto muito por conta de você ter tido que se livrar dela, mas foi o melhor e você sabe disso”.

“Sim, eu sei” falou Arya ainda séria parecendo não querer demonstrar a tristeza que sentia “Foi o melhor do contrário ela teria sido morta”.

“Lady foi morta no lugar dela” respondeu Jon.

“Sansa é muito burra por não dizer a verdade” falou Arya “A culpa foi do Joffrey por ter provocado tudo e ela ainda o acobertou dizendo que a Nymeria atacou sem mais nem menos”. Ela olhou para ele “Ela é uma mentirosa, ela mentiu para proteger a ele e me condenar”.

“Eu sei que é difícil” respondeu Jon “Mas sua irmã também deve estar sofrendo e você deve dar um tempo a ela porque logo ela percebera que meu primo não é o melhor rapaz para se apaixonar e que também lhe custara muito caro essa mentira”.

“O que você tem ai?” perguntou Arya reparando que ele tinha um pacote.

“É um presente para você” respondeu Jon “tenho pensado o que me disse quando estava em Winterfell e eu então falei com um ferreiro que me fez isso” e entregou para a garota mais nova que o pegou em mãos e desfez o embrulho encontrando ali uma espada de lamina longa e fina “Eu pedi que ele a fizesse assim”. Ele apontara para a lâmina então percebendo o brilho no olhar silencioso da garota. “É uma espada feita ao estilo dos espadachins de Bravos”.

“Minha própria espada” falou Arya sorrindo então abraçando a Jon que foi pego de surpresa.

“Ei, cuidado com isso é afiado” disse Jon rindo afastando a espada de si.

“Eu sinto muito” falou Arya “Te machuquei?”

“Não, mas poderia ter me furado e você não quer matar ninguém não é mesmo?” riu Jon “Terá de escondê-la bem e se alguém perguntar invente alguma historia sobre como a conseguiu porque acho que não vão gostar da ideia de eu ter te dado ela”.

“Eu não sei como te agradecer, Jon” falou Arya com um sorriso.

“Apenas faça bom uso dela” respondeu Jon “Quem sabe depois que você aprender a usa-la não podemos lutar um contra o outro?”

“Eu ia adorar isso” falou Arya sorrindo.

“Mais uma coisa” disse Jon antes de se retirar “A maioria das melhores espadas tem um nome então acho que a sua também deveria ter”. E a garota pareceu pensar por um tempo enquanto olhava para a espada em suas mãos.

“Agulha” falou Arya depois de algum tempo “Seu nome é Agulha”.

Ele então foi falar com Sansa e a encontrou em sua tenda. Homens de respeito não entrariam em aposentos de jovens donzelas é claro que ele não era um desses. E não havia nenhum interesse que ele tinha na garota de cabelos ruivos além de pena por toda aquela situação que estava passando.

“Eu sinto muito por sua loba” falou Jon para Sansa que estava deitada em sua cama e se assustou ao vê-lo ali “Calma, sou eu não vou lhe fazer nenhum mal e já estou de saída”.

“O que faz aqui?” perguntou Sansa.

“Vim ver como estava” disse Jon “Starks e seus lobos são algo que eu consegui ver em Winterfell como tendo uma ligação bastante forte e a perda da sua te afetou muito”.

“Ela não fez nada” disse Sansa.

“Eu sei, eu ouvi os outros comentando sobre isso” respondeu Jon “Mas é assim que é o mundo na maioria das vezes os inocentes pagam pelos crimes dos pecadores e às vezes coisas ruins acontecem com pessoas boas como o seu irmão ter caído daquela torre”.

“Por que está aqui?” perguntou Sansa.

“Porque eu achei que devesse estar” falou Jon “Eu não gosto de ver mulheres chorando acho que é um dos meus pontos fracos” E ele riu “Mas acho que o principal é saber que você ficara bem apesar de sua perda”. Ele então a olhou por alguns segundos antes de completar “Você ficara?”.

“Sim, eu acho que sim” respondeu Sansa “Vai levar um tempo, mas...” Então o viu se virando e seguindo em direção da saída “Você é diferente do que eu imaginava”. E ele parou e a olhou de novo a vendo ficar sem jeito “Quando falavam sobre o bastardo do duende a maioria das historias costumava variar”.

“Eu sei, as pessoas se surpreendem quando me veem” falou Jon “Mas acho que é porque a maioria esperava que eu fosse sair feito o meu pai o que não aconteceu”.

“Você não parece um bastardo” falou Sansa.

“Mas eu sou” respondeu Jon seriamente “E não ligo a mínima para isso”. Então tornou a se aproximar da garota “Quando mais novo eu ainda ligava um pouco fazendo com que sofresse com o que as pessoas me falavam até que meu pai me falou algo que ainda me lembro e isso me fez parar de me importar ou chorar novamente”.

“O que ele te falou?” perguntou Sansa.

"Nunca se esqueça de quem você é, porque é certo que o mundo não se lembrará. Faça disso sua força. Assim, não poderá ser nunca a sua fraqueza. Arme-se com esta lembrança, e ela nunca poderá ser usada para lhe magoar". Repetiu Jon as palavras de seu pai “E eu o fiz, eu não me esqueço de quem sou e isso faz com que os outros não me atinjam por mais que tentem”.