Decidir o que vestir para sair no frio não era fácil. Robin sentiu pena das mulheres, que eram mais complicadas pra se arrumar do que os homens. Depois de pronto, sorriu para o espelho. Vinte anos haviam se passado, e na verdade, ele convivia com alguns colegas diariamente. Storybrooke era uma cidade pequena afinal. Mas também havia aqueles, principalmente aquela, que ele nunca mais ouvira falar nesses vinte anos. Foram fazer faculdade, cresceram na vida. Algo que não havia acontecido com ele.

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Pegando sua carteira, seu celular e suas chaves, Robin seguiu para o carro. Ao chegar até a casa de Zelena, pensou se era possível reencontrar Regina na noite que se seguiria. Será que ela viria? Como ela estaria? Casada? Teria filhos? Estaria feliz? Será que ela havia sentido saudades dele nesses anos todos? Eram perguntas que ele não deixara de fazer desde que Zelena lhe contara a idéia do jantar.

A ruiva e ele eram amigos e se davam muito bem. Ela o ajudou muito depois da grande desilusão que Regina causou em sua vida. Mas chegou um dia em que Robin cansou-se de chorar e de perguntar o que havia feito de errado. Ele simplesmente seguiu em frente, da melhor forma que pode.

Foi o primeiro a chegar na casa da amiga, sendo seguido por Emma e Killian, que haviam se casado e viviam muito felizes. Killian era seu melhor amigo e por isso os três estavam quase sempre juntos. Depois Ruby chegou, sendo seguida por Neal, Mary Margaret e David, também casados. Eles faziam parte da turma que permaneceram em Storybrooke em todos esses anos.

— Bem, a verdadeira turma esta reunida, pelo menos. – brincou David, fazendo todos rirem. Zelena e Mary estavam cuidando do jantar, enquanto os outros já começavam a beber e a conversar. Com o passar do tempo, Ashley, Jason, Martin, Rose, Victória e Kate também chegaram. Todos trocaram abraços, felizes em se rever. Robin bebeu um gole de cerveja, olhando nervoso para a porta. Só faltava ela. Por favor, Regina. Por favor.

Enquanto os amigos engatavam uma conversa animada, relembrando os velhos tempos, Robin levantou-se e seguiu até a cozinha.

— Ela não vem. – afirmou, escorando-se no balcão, chamando a atenção de Mary e Zelena.

— Você não tem como saber, Robin. – Mary falou. – Só falta ela, não é?

— Regina vai vir, gente, relaxa aí, garanhão! – Zelena brincou com ele.

— Pois eu acho que ela não vem, e será melhor assim mesmo.

— Quem é que você ta tentando enganar, Robin? – Zelena disse, direta. – Você é a pessoa que ta mais doida para vê-la.

— E você é a pessoa mais louca dessa casa, Zelena. Da um tempo! – xingou, bebendo mais um gole de cerveja e dando as costas, seguindo para a sala. Porém, antes de sentar-se, a campainha tocou e Robin parou estático. Mesmo falando que não devia ir atender a porta, quando viu sua mão já estava na maçaneta e não havia mais como fugir. Respirou fundo e abriu a porta, dando de cara com Regina. Sua Regina.

Flashback On

Regina segurava a mão de Robin, falando animada sobre o filme que iriam ver essa tarde. Porém, o loiro só tinha olhos para ficar observando o quão linda a morena ficava animada com alguma coisa.

— Robin? Terra chamando Robin. – A morena o tirou de seus pensamentos. – No que você tava pensando, bonitão?

— Em nada, ué. – ele disfarçou, constrangido por ter sido pego pensando nela. – Olha, vamos comprar as coisas logo que eu estou ansioso pra ver esse filme.

— Do jeito que tava prestando atenção em mim falando do filme, deve estar mesmo! – riu, puxando-o pela mão. Seguiram conversando animados para a casa de Robin, e cada vez que chegavam mais perto, o garoto ficava mais nervoso.

Robin conhecia Regina desde que se entendia por gente. Eles eram amigos desde sempre e faziam tudo juntos. Porém, em algum momento do serem amigos, o loiro acabou se perdendo, e se viu totalmente apaixonado pela melhor amiga. O problema era que lhe faltava coragem para dizer a ela.

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Regina se sentia da mesma forma em relação a Robin. Ele era alguém que ela amava demais, uma de suas pessoas favoritas. Depois do abandono de sua mãe, Regina não sabia o que teria sido dela se não fosse por Robin. Entretanto, ela sentia medo. Medo de se entregar a esse sentimento e acontecer a ela o mesmo que acontecera a seu pai. Por isso, a menina jamais falaria nada para Robin. Ela estava feliz daquele jeito, era bom do jeito que os dois estavam.

Enquanto assistia o filme, a morena tinha a certeza que havia algo de errado com o garoto, que passava as mãos pelo cabelo toda hora. Curiosa, ela resolveu parar o filme e olhou para ele.

— Robin, o que houve? – perguntou.

— Nada, ué. – encarou ela. – Volte a olhar o filme.

— Você nem se quer percebeu que eu parei o filme, Hood. – ela o chamou pelo apelido. – Ande, me fale o que está te incomodando. – pediu, carinhosamente.

— Regina... – o garoto suspirou – Não sei se consigo... Tem algo que eu quero falar para você.

— Então fale. – ela sorriu, o encorajando.

— É que, eu sei que somos amigos, Regina. E eu sou muito grato por te ter na minha vida. Acontece que eu não quero mais isso. – ele disse, e viu o sorriso no rosto da morena se desfazendo. – O que eu quero dizer é q-que eu quero ter algo mais. E-eu quero ser mais que seu amigo, Regina. – falou de uma vez, desajeitado.

A morena ficou estática, olhando para aquela imensidão azul. Aquele olhar sempre lhe acalmava, mas agora, sentia milhares de borboletas levantarem vôo no seu estomago. Ela negou com a cabeça e sentiu a mão de Robin contornar a sua bochecha, o dedo dele secando uma lágrima que ela nem viu que deixou escapar.

— N-não, Robin. Você não pode sentir isso. – ela gaguejou, a voz embargando pelo choro.

— Por que não, Regina? – o garoto perguntou, se desesperando ao ver a amiga lhe recusando daquele jeito.

— Porque nós somos amigos. E apenas isso. – afirmou, chorosa. Ela levantou-se e correu para porta. – Não venha atrás de mim, por favor. – pediu e saiu porta a fora, deixando um Robin confuso e triste para trás.

— Droga! Por que eu fui abrir a boca? – se xingou, soltando o choro e junto com ele o medo de perder a presença de Regina para sempre.

Flashback off

Depois do choque de ver ele ali na sua frente, Regina forçou um sorriso e disse:

— Robin! Como vai? – perguntou e o loiro sorriu para ela. Deuses! Ele estava tão lindo, a barba por fazer, os olhos mais azuis do que nunca, o cabelo com alguns fios grisalhos aqui e ali. E o sorriso com as covinhas a matou, ela pensou em se deitar ali mesmo no chão e pedir a Deus que a levasse de uma vez.

— Regina! Entre. – ele disse apenas, estático demais com tudo aquilo. Logo que entrou a morena sorriu e passou por ele, seguindo em direção aos outros que já estavam em pé para recebê-la. A primeira que a abraçou foi Zelena, que quase a desmontou toda.

— Regina! Não acredito! – gritou – Você ta muito linda mulher, juro que se eu não fosse casada, te convidaria para sair. – fez a morena gargalhar.

— Você que ta linda, Zel. – respondeu. A ruiva a soltou e ela abraçou todos, que depois caíram em uma conversa sobre a vida. A turma estava reunida, finalmente. Desajeitado, Robin seguiu até eles, sentando-se também. Seu olhar se encontrou com o de Regina, e eles ficaram ali, perdidos um no outro. Ele lembrou do perfume dela, que invadiu sua narinas assim que ela passou por ele na porta. Ela estava tão linda. O cabelo agora curto até o ombro, os lábios carnudos, as bochechas coradas por causa do frio. Ela havia se tornado uma linda mulher, como ele imaginara.

Robin sempre achara que estava pronto para revê-la. Achara que conseguiria olhar nos olhos dela e falar que estava tudo bem, que ele não sentia mais nada por ela. Que tinha superado. Seguido a vida. Pobre Robin, nunca estivera tão enganado. Todos os sentimentos que ele tanto lutou para manter enterrados no fundo de seu coração vieram a tona quando abriu aquela porta, e ele tinha medo de nunca mais conseguir enterrá-los de novo.

***

Depois de jantarem, estavam todos ao redor da mesa, com seus respectivos drinks, conversando e rindo.

— O fato é que em vez de me tornar a grande médica que sempre quis ser, acabei fazendo um curso de enfermagem e ficando por Storybrooke mesmo. Casei com um homem lindo, que faz tudo por mim e que me deu dois filhos lindos. – Zelena comentou, do jeito dela, fazendo todos rirem.

— Acho que todos aqui foram felizes a sua maneira. – comentou Ashley, que havia se mudado para o Canadá e dirigia uma escola lá. – Todos tiveram uma vida brilhante, mas a sua maneira.

— Mas, e você, Regina? Ainda não disse nada sobre a sua vida depois da formatura. – indagou Emma, provocando a morena. Elas sempre viviam assim quando adolescentes, trocando farpas.

Regina tinha se mantido neutra a noite toda. Também havia observado Robin a noite toda. Como sentira falta dele, não conseguia parar de pensar nisso. Quando Emma dirigiu aquela pergunta a ela, Regina sentiu vontade de matar a loira várias vezes.

— Bem, eu me formei em advocacia e abri meu próprio negócio em Nova Iorque. Depois de uns anos casei e achei minha felicidade. – forçou um sorriso, decidindo que não iria falar sobre a parte que havia se divorciado há uns meses atrás. Viu o olhar de Robin cair sobre ela quando falou a palavra “casei”, e a expressão dele mudar quando disse “minha felicidade”. Pobre Robin, mal sabia que ele era parte da felicidade dela.

— Você passou muitos anos sem vir pra cá, Regina. E quando visita o seu pai nem lembra dos seus amigos. – comentou de novo a loira, fazendo Regina ficar constrangida.

— Eu não tenho tempo, Emma. – sorriu. – Mas e você, Swan, o que pode nos falar da sua vida?

— Eu sou a Sheriff dessa cidade, Regina. Me casei com o amor da minha vida. Posso dizer que também achei minha felicidade. – respondeu, sorrindo e tomando um gole de cerveja.

A conversa continuou a fluir, mas Regina já não prestava mais atenção. Robin havia se levantado e seguido até a parte que Regina imaginava ser os fundos da casa, e ignorando todas as vozes em sua cabeça que lhe falavam para não fazer aquilo, Regina levantou-se e seguiu o mesmo caminho que o loiro.

***

Flashback On

A noite de formatura de Robin e Regina havia finalmente chegado. Jovens caminhavam felizes de lá para cá tirando fotos. Mas haviam dois jovens que não se sentiam assim, não se sentiam felizes. Meses haviam se passado desde que Robin se declarara para Regina. E ela havia o evitado desde então. Achava que seria melhor assim, mas, na verdade, não estava sendo. Quando via Robin tão triste, seu coração se partia ao meio, ainda mais sabendo que ela quem causara tudo isso. Mas simplesmente não podia ficar com ele. Era melhor assim, com toda certeza.

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As turmas que iriam se formar resolveram fazer uma pequena festa no ginásio da escola. O mesmo estava todo enfeitado e cheio de jovens felizes por completar mais uma importante etapa da vida. Enquanto via Robin dançar com Ashley, Regina sentiu o ciúmes a preencher pouco a pouco. Mas sabia que não tinha o direito. Ela o afastou para começo de conversa.

— Você deveria falar com ele, bobinha. – disse Zelena, chamando a atenção da amiga.

— Falar com quem? – Regina disfarçou.

— Com o garoto que você ama. – insistiu a ruiva, apontando o dedo em direção ao loiro.

— Eu não o amo, de onde você tirou isso? – indagou Regina, irritada.

— Seu olhar diz isso. Seu ciúmes. A tristeza que você tem sentido desde que parara de falar com ele.

— Olha, você esta completamente enganada. – Regina falou, por fim, depois de olhar por um longo tempo o casal que dançava na pista. – E acho melhor eu ir indo, amanha viajo cedo, Zel.

— Você vai mesmo pra Nova Iorque sem arrumar isso, Regina? Não tome uma má decisão.

— É a minha decisão, Zelena, preciso que me apóie, é isso que amigas fazem. – disse Regina, se levantando.

— Eu sou sua amiga, Regina, e você sempre vai poder contar comigo. Mas eu não acho certo o que você está fazendo. – foi até a morena e segurou suas mãos. – Pense bem, por favor.

— Eu já pensei,Zel. – sorriu para amiga, apertando de leve suas mãos unidas. – Olha, obrigada por tudo que você sempre fez por mim. Eu vou sentir muitas saudades. – disse, abraçando Zelena.

— Assim como eu vou sentir a sua. – abraçou a amiga de volta, bem apertado. – Se cuida.

— Você também. – sorriu e piscou, deixando o ginásio.

Não foi muito longe, entretanto. Logo sentiu alguém lhe puxar pelo braço, delicadamente.

— Que diab... Robin!

— Eu fiquei sabendo que vai pra Nova Iorque. – ele falou, soltando o braço dela e colocando as mãos na sua cintura.

— E-eu vou sim. – disse simplesmente.

— E não ia se despedir de mim, Regina? – perguntou o loiro, com lágrimas nos olhos.

— Robin... Eu...

— Você me evitou todos esses meses, me fez correr atrás de você por dias, feito um cachorrinho. Simplesmente me excluiu da sua vida e me magoou de todas as formas possíveis, por quê?

— Eu disse pra você, não podíamos fazer aquilo... – ela tentou, sendo interrompida por ele.

— Fazer o que? – ele gritou, soltando-a – Se apaixonar um pelo outro? Amar um ao outro? Porque eu amo você, Regina, e eu sei que você me ama também. – ele chegou perto dela. – Então por que você esta fazendo isso?

— Eu não devo explicações da minha vida pra você, Robin. – ela falou, desviando o olhar do dele. Mas a única vontade que tinha era de se jogar naqueles braços e pedir que ele nunca mais a soltasse. Doía muito nela ver ele assim. Ela só tinha que ir embora, assim os dois podiam seguir suas vidas, tranquilamente.

— Deve sim! Deve porque eu vejo que esta tão triste quanto eu! – Robin exclamou, se aproximando mais dela e conforme ia se aproximando, Regina ia chegando para trás, até que encostou nos armários que ficavam no corredor. – Olha nos meus olhos, Regina, e diz que não quer mesmo nada comigo. Faça isso e então eu deixo você ir.

Silêncio. Regina sentia as lágrimas caírem de seus olhos, fazendo o caminho pelo seu rosto. Robin acariciou a bochecha dela e depois beijou a pontinha do seu nariz. Regina respirou fundo, entreabrindo os lábios. Robin sorriu e encostou seus lábios nos dela.

Pela primeira vez em meses, os dois se sentiram em casa. Seus lábios se encaixavam perfeitamente, como se fossem feitos um para o outro. Robin levou a mão até a nuca de Regina, e ela o deixou aprofundar o beijo. Suas línguas se conheceram, travando uma batalha calma. Quando precisaram de ar, Robin interrompeu o beijo, dando-lhe vários selinhos em seguida.

— De uma chance a gente. – ele disse, por fim. Regina negou várias vezes com a cabeça, e decidida, falou:

— Não, Robin. Tenho que dar uma chance a mim. E a minha chance é ir para Nova Iorque e conseguir realizar meu sonho de ser uma grande advogada. Eu não posso fazer isso com um bobo apaixonado por mim. – ela começou, afastando-se dele. – Por isso, me supere. Supere o que acha que sente por mim. Deixe-me viver a minha vida. Eu não preciso de você. Eu não quero você.

Nunca, em todos os seus anos de vida, Robin se sentiu mais quebrado. A dor que sentira naquele momento fora a maior de sua vida, fazendo seu coração se quebrar em tantos pedacinhos que ele achou que jamais poderia junta-los novamente. Iria perder sua Regina, e não poderia fazer nada para evitar. Porque ela não o queria.

Tudo o que ele fez fora concordar e se afastar dela, dando-lhe espaço para ela sair e seguir pelo corredor. Robin não viu quando Regina virou as costas e desmoronou. Regina não viu quando Robin socou a porta do armário, soltando um grito de dor.

Nenhum dos dois imaginou que um dia sentiriam uma dor tão grande.

Mas Robin a deixou ir, porque se realizar aquele sonho a deixaria feliz, então ele ficaria feliz também. Mesmo que não estivesse com ela. Mesmo que nunca mais a visse.

Flashback Off

Regina seguiu o corredor que levava da cozinha até a área de serviço e então passou pela porta que a levaria até a varanda, onde ele estava. Robin encarava o céu e sentiu quando ela chegou atrás dele.

— Você não deveria ficar no frio. – ela disse, se colocando ao lado dele.

— O frio não me incomoda. – ele respondeu, sem olhar para ela.

— Eu sei. – ela olhou para o céu também. – Ele não me incomoda também.

O silencio que se seguiu foi um incomodo. Robin queria tirar satisfações, saber se ela tinha conseguido tudo o que queria. Bom, pelo que ela disse na mesa há uns minutos atrás, sim, ela havia conseguido. E estava casada. Mas ele queria saber se tudo isso havia valido a pena. Porém, nada falou. Não conseguia nem olhar para ela, porque se a olhasse, iria pegá-la nos braços e pedir para nunca mais deixá-lo de novo.

Ele havia seguido em frente, havia se casado, havia tido um lindo filho. Mas jamais deixou de amá-la. Não conseguiu fazer o que ela pediu a ele.

— Você não disse o que fez da vida. – ela começou, decidindo quebrar o silêncio.

— Nada de novo. – ele falou, sem nem menos olhar para ela. Regina fechou os olhos, será que ele a odiava tanto a ponto de não conseguir olhá-la?

— Robin, olhe para mim, - pediu. O homem ouviu o pedido dela e suspirou, decidindo virar-se na direção dela, encontrando aqueles olhos castanhos que tanto amava. – Me fale de você, me fale o que fez.

— E por que você iria se interessar pelo que o bobo apaixonado fez, Regina? – ele ironizou. Regina fechou os olhos, sentindo-os marejar.

— Porque eu me importo com você. – segredou. – Sempre me importei.

— Ah, é mesmo? – ele riu – Você mente muito bem.

— Por que está fazendo isso? – ela disse, já deixando as lágrimas caírem. – Eu fiz o que eu precisava fazer, Robin.

— Por que você fez isso com a gente? – ele devolveu a pergunta.

— Não vamos falar sobre isso, por favor. – ela pediu – Eu só quero saber como você está.

— Não. Vamos falar sobre isso, sim. – ele se aproximou dela. – Por vinte anos eu fiquei me perguntando o que tinha feito de errado, Regina. Porque eu amava você e eu iria fazer qualquer coisa por você. Mas você se afastou, você me afastou. Você quebrou meu coração em mil pedacinhos naquela noite e agora chega aqui fingindo que nada aconteceu? – ele desabafou desviando o olhar. – Foi isso que aprendeu na faculdade de advocacia?

— Não faz assim. Eu sofri também, Robin, eu amava você! – ela colocou a mão no peito dele, pedindo para que ele a olhasse. – Eu tive que fazer aquilo, eu não podia...

— Por que não? – ele perguntou, encontrando o olhar dela. – Durante anos eu achei que jamais conseguiria seguir em frente Regina. Sentia a sua falta numa proporção que chegava a me sufocar. Por que você não podia? Diz! – gritou.

— Porque eu não podia deixar isso acontecer comigo também! – ela gritou de volta. – Fiquei com medo, Robin! Medo de me magoar e ficar como meu pai ficou! Medo de nós dois nos magoarmos! Medo de não ser o suficiente para você e ter que ver você me deixando. – ela sussurrou. – Mas eu amava você, eu ainda amo você. Nunca vou deixar de amar. Mas eu não podia. Foi por isso que lhe deixei. – ela segredou. Tirar aquilo de dentro dela depois de tantos anos a fez se sentir leve. Pronto, nada mais de mentiras. Não fora fácil deixar Robin para trás. – Feliz, agora?

Ele negou com a cabeça. Não podia ser verdade... Então ela o amava? Ela o queria? Deuses!

— Você me amava? – ele sussurrou, perplexo.

— Eu amava, Robin. – se aproximou dele, segurando o rosto dele entra as mãos. – Eu ainda amo você.

— Nós poderíamos ter superado todos esses seus medos juntos, Regina. Eu teria ajudado você. – ele falou, encostando a testa na dela.

— Eu sei, e eu sinto muito. Mas eu era jovem e ingênua e tinha medo. Quando percebi o que tinha feito já era tarde demais.

— É tarde demais agora? – ele perguntou, fazendo a soltar um riso nervoso.

— Eu desejo que não seja. – ela respondeu.

— Eu também. – aproximou a boca da dela. – Mas você é casada. – se afastou completamente, fazendo Regina suspirar.

Talvez não fosse tarde demais. Ela iria contar a ele.