Não sei o que deu em mim, não dava para eu ficar ali e escutar o resto da conversa. Milhões de pensamentos passaram pela minha cabeça. Não conseguia processar nenhum, não conseguia mantes o foco em nada. Talvez eu esteja tendo um ataque de pânico ou sei lá. Apenas sei que não consegui me manter em pé, me sentei perto da porta e abracei meus joelhos, uma fina camada de suor frio tomou minha testa e um pânico inundou minha mente. Se aquele cara queria me ver morta? Se ele soubesse que estava ali ao seu lado? Se ele está com meu pai, o que eu posso fazer? E se ele me usa para capturar minha família?, odeio perguntas com “se”.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Grudei o ouvido na porta para ouvir o resto da conversa, que já parecia estar no final.

— Não quero saber de você a escondendo de mim. — Alistair esbravejou. — Quero todas as localizações de cada Mikaelson. E até mesmo daquele bando de ajudantes deles. Nenhum detalhe da vida da filha de Klaus quero que escape. Sabe as consequências se isso acontecer. — ouvi passos escoando pela igreja e depois alguns vindos para a minha direção. Logo depois a porta abriu e Vincent entrou sentando-se ao meu lado.

— Você sabe que eu ouvi isso, não sabe? — perguntei sem olhar para ele e senti sua cabeça balançando. — Vai me entregar?

— Seu pai é um péssimo homem, matou milhares de pessoas. — ele falou. — Mas eu ajudei pessoas a fazerem algo pior. Eu ajudei a criar a besta que Lucian foi e Marcel é. Seu pai...

Seu pai está preso por minha causa. — o cortei. — Não seja tão clichê assim. Mas ainda não me respondeu.

— Não vou falar de sua vida. Nunca falei não vai ser agora que eu vou falar. — Vincent tocou meu ombro. — Não faço mais aquilo.

Olhei para ele e sorri.

— Sério, obrigada. — ele retribuiu o sorriso.

— Acho que deve ir encontrar Josh. — ele olhou no relógio de seu pulso. — Se ele não te responder tudo, eu te respondo. — eu me levantei logo depois dele. — Quer uma carona?

— Não. — balancei a cabeça saindo do quarto. — Sei me proteger caso alguém venha para cima de mim alegando que eu sou filha de Klaus. Afinal, sou metade bruxa e lobisomem e ainda tenho mais uma vida.

— Claro. — Vincent assentiu. — Sabe onde é o lugar?

— Eu consigo achar.

— Antes que se vá, cadê sua mãe? — havia esquecido esse pequeno detalhe. Vincent percebeu minha cara. — Claro, Hayley não seria burra de deixar a filha dela vir para New Orleans sozinha.

— Em minha defesa, eu estava com raiva dela. E precisava achar meu pai. — retruquei.

— Você sabe que isso tudo aqui é perigoso? — ele ergueu uma sobrancelha. — Sabe o real perigo de tudo? Ou não pensou nas consequências?

Não respondi. Acho que deveria ter respondido, mas não fiz isso. Sai da igreja sem dizer uma palavra. Acho que meu silencio valeu como resposta, pois Vincent ficou na igreja. Meu comportamento estava péssimo, devo admitir, mas não sabia o que estava dando em mim, tinha que fazer algo em relação a achar meu pai. Não queria ter meu aniversário de 19 anos sem o meu pai.

— Mamãe? Vamos buscar o papai?

— Sim querida. Eu prometo.

A maior promessa que minha mãe fez para mim e que não cumpriu direito. Tinha sete anos quando isso aconteceu, por três longos anos eu pensei nessa promessa. E quando eu fiz dez anos minha mãe me contou tudo. Tudo que ela julgava necessário para eu saber. E isso que ela chamava de tudo fez com que estivesse aqui e agora, perto de derrotar Marcel, perto de encontrar meu pai e perto de ter mina família unida de novo.

— Desculpe. — tudo o que me restava era ter batido em alguém, mas isso me fez voltar a realidade.

— Não, eu que esbarrei em você... — olhei para cima e encontrei os olhos azuis que passei uns sete messes encarando. — Kile?

— Ho... — antes que ele falasse o resto do meu nome tampei sua boca.

— Sim, sou eu. — sorri pacientemente e o arrastei para o primeiro beco que eu encontrei. — Olha, não era para você ainda não estar lá em Great Falls?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Sim, mas me convidaram para ver a universidade. — ele deu de ombros. — E por que está aqui?

— Ah, resolvendo assuntos de família. — revirei os olhos. — Mas nada de mais. Ham, você deveria ficar em casa, essa parte da cidade não é tão segura assim.

— E está preocupado comigo por quê?

— Sou preocupada com meus amigos. — me apoiei na parede.

— Claro, mas eu sei me defender. — ele riu. — E não é tão perigoso assim.

— Esse lado é, French Quarter é um bairro afastado de New Orleans.

— E é aqui que a mágica acontece. — ele riu. Por um momento fiquei preocupada com essa frase, mas depois eu me senti aliviada e ri junto.

— Eu tenho que ir, marquei com um amigo para ir num bar... Até outra esbarrada então. — ele sorriu e saiu do beco, segui pela outro lado. Por um milagre, sai diretamente no bar que eu gostaria. St. James Infirmary estava com as luzes já apagadas e Josh estava apoiado na porta. Corri para perto dele, mas me arrependi, pois minhas botas não eram as melhores para isso.

— Demorou. — ele falou abrindo a porta.

— Imprevistos. — ele entrou e logo o segui. — Mas por que está me ajudando tanto?

— Você é Hope Mikaelson, a filha do híbrido original com uma loba Crescente! Seus tios são os Originais. — Josh praticamente gritou isso rindo. Fiquei encolhida, e se alguém ouvisse isso? — Calma, ninguém está hipnotizado aqui e não dá para ouvir nada. Esse é o único lugar de New Orleans que ninguém está enfeitiçado ou pode usar a magia.

— Ninguém pode me machucar aqui? — perguntei o observando ir atrás do balcão principal tirar uma garrafa e dois copos.

— Nenhuma magia funciona aqui, ou seja, que bruxos não podem te machucar aqui. — ele respondeu servindo os copos e logo me entregando um — Vampiros e lobisomens podem te machucar.

— Deve ser por isso que meu lado lobo sinto ele mais forte... — sussurrei pegando o copo. — Mas então... o que você pode me fornecer de informação?

— Bem, depende do que você quer saber. — ele empurrou uma cadeira para mim e me sentei, virando o copo de uma vez e senti minha garganta pegar fogo. Aquilo era whisky. Josh riu da minha careta. — Nunca bebeu isso?

— Minha mãe não me deixava beber até que eu fizesse dezoito. — respondi piscando os olhos para ver se aquela queimação passava. — Então vamos começar: quem é Alistair?

— Uma pessoa perigosa. — Josh enrudeceu o rosto.

— Josh, me fala. Por favor.

— Não é tão seguro assim. — ele continuou com a face dura. — Próximo pergunta.

— Por que está me ajudando?

— Quero é a liberdade. — ele respondeu. — Sei que você é capaz de derrotar os monstros que governam essa cidade.

— E como sabe que eu vou governar?

— Você é o único ser que é uma mistura de várias coisas sobrenaturais.

— Eu ainda não sou uma vampira. — fixei os olhos nos dois copos vazios. — Próximo pergunta: quem são os monstros?

— Posso lhe apresenta-los. — ele respondeu. Aquilo era piada? — Vai ter uma festa, um baile de máscaras, comemorando a expulsão dos Mikaelson.

— E quer me levar por quê? — ergui uma sobrancelha.

— Primeiro: quero te mostrar com quem você está se metendo. — ele se endireitou na cadeira. — Segundo: te mostrar como são essas festas aqui. E terceiro: preciso de uma companhia sobrenatural, já que não posso levar outra pessoa.

— Quem é essa pessoa? — não consegui esconder o sorriso. — Seu crush?

— Isso é algo que eu precise responder? — ele ergueu uma sobrancelha e apenas sorri como resposta. — Eddie. Ele é meu namorado, sem mais perguntas sobre ele.

— Ah... — continuei sorrindo. — Quero conhece-lo!

— Para de agir como uma criança em um parque. — Josh corou. — Próxima pergunta.

— Quando será a festa?

— Essa sexta. Temos três dias para te encobrir esse seu cheiro. — ele falou com um doce e sarcástico sorriso.

— Tá bom. — respondi me debruçando na mesa. — Fique avisado: eu não sei agir em festas assim.

— Então temos três dias para isso também. — ele recolheu os copos e os colocou na pia. Arrumei minha cadeira e me dirige a porta. — Não vai atender? — olhei confusa para ele e ele apontou para o meu bolço, onde meu celular estava começando a vibrar. Um grande “Mãe” aparece na tela e eu respiro fundo antes de atender:

— Alô?

— Hope? Hope, querida! Você está encrencada, por que fez isso comigo? Eu estou preocupada. É melhor que esteja segura!

— Estou bem, mãe. — falei meio sem jeito. Josh estava me olhando e fiz um sinal para ele me deixar sozinha. — Eu estou em boas mãos.

— Não acredito que saiu sem falar nada! Sabe que um bilhete é pouco? Não dá para te perder, filha. Onde você está?

— Uma pergunta de cada vez, mamãe. — eu ri e pude escutar ela rindo do outro lado da linha, mas parecia que ela ainda estava triste comigo. — Estou bem, estou em New Orleans...

— Meu Deus, você está bem? Isso é perigoso, Hope. Não acredito que você...

— Mãe, estou bem. Achei Vincent e Josh. Kile também, mas foi uma rápida conversa.

— Quem está com você ai? Agora? — ela perguntou séria. — E onde você está?

— Josh está comigo no St. James Infirmary. Estamos bem.

— Eu estou chegando ai, não arranje confusão, não procure Marcel ou outra pessoa. — ela falou em um tom sério e desligou. Josh apareceu logo depois.

— Antes que pergunte, eu não ouvi a conversa. — disse ele. — Temos que ir.

— Preciso de um lugar para ficar. Um lugar seguro. — Josh revirou os olhos, parecia que ele não queria fazer isso.

— Não é para você me deixar constrangido, entendeu?

— Não te conheço o bastante para fazer isso. — respondi o encarando. — Aonde vai me deixar?

— Com Eddie. — sorri, entendi porque ele havia dito aquilo. — Vamos, lá é mais seguro.

...

O apartamento de Eddie era em um bairro próximo do que estávamos. Eddie pareceu não se incomodar com o que estava acontecendo, parecia já saber que aquilo iria acontecer.

— Fico te devendo. — Josh falou antes de sumir pelos corredores. Eddie era mais musculoso e alto do que Josh, fiquei observando ele e a casa, não era tão luxuosa, mas também não tão simples. Era simplesmente confortável.

— Bem, quer comer alguma coisa? — ele se virou para mim. — Ou você prefere beber san...

— Eu não sou uma vampira. — respondi. — Preciso perguntar como você sabe de tudo isso?

— Josh não te contou? — ele ergueu uma sobrancelha sorrindo.

— Ele me mandou não perguntar nada sobre você. — eu ri. — Mas eu posso perguntar qualquer coisa para você sobre você, não posso?

— Claro. — ele riu. — Tenho um conhecimento de mundo, por isso que sei sobre isso tudo. Não foi uma surpresa Josh aparecer e me contar o que ele era.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Ele ficou surpreso em você saber sobre isso tudo? — ele assentiu. — Não tem vontade de se tornar...

— Vampiro? Lobisomem? Não. — ele me cortou. Sua serenidade denunciava que aquela pergunta era frequente. — Gosto de ser humano.

— Gostaria de ter sido assim. — suspirei.

— Você é a pessoa mais sobrenatural que existe, deveria se orgulhar.

— Me orgulho. Me orgulho do meu nome, mas não é uma boa hora para isso. — me ajeitei no sofá. — O que tem para comer?

— Bem, se quiser podemos pedir sushi ou pizza.

— Sou alérgica a sushi. — disse eu. — Pode ser pizza. Beacon de preferencia.

— Sou vegetariano, desculpe. — ele riu e pegou o telefone. — Mas posso fazer meia a meia.

— Não, pede então quatro queijos. Ou você não come isso? — ele riu e pediu a pizza de queijo.

Não demorou muito para chegar. Fiquei conversando com Eddie sobre tudo, ele estava gostando de ter companhia e eu estava gostando de falar tudo. Contei sobre tudo o que estava acontecendo e o que poderia acontecer caso que encontrasse meu pai. Me abri para Eddie, falei tudo que estava entalado na minha garganta e ele foi um bom ouvinte. Depois que desabafei, ele se pronunciou com tudo, disse que alguns pontos eu estava certa e outros que deveria ter agido melhor. Eddie realmente agiu como um melhor amigo. Gostei disso nele.

— Você pode ficar com a minha cama hoje, amanhã arranjamos um colchão para você. — ele respondeu arrumando a cama para mim. — Vou ficar no sofá.

— Eu insisto em ficar no sofá, a cama é sua. — peguei o travesseiro extra e uma coberta.

— Hop...

— Não diga meu nome. — o cortei.

— Então vou te chamar de que? Esperança? — ele riu.

— Esperanza. — o corrigi. — Na identidade falsa é Esperanza Mikael.

— Uau, que original em. — ele riu. — Esperanza, não precisa agir como se quisesse dormir no sofá.

— Tá, mas você vai ficar aqui no seu quarto e eu no sofá. — sorri e corri para o sofá, antes que ele chegasse eu estendi o lençol e coloquei o travesseiro. Eddie chegou sorrindo. — Eu fico aqui.

— Tá, vou pegar um pijama da minha irmã. — ele falou revirando os olhos indo em direção a lavanderia. — Antes que pergunte, eu tenho uma irmã e ela dormiu aqui nesse final de semana e esqueceu o pijama. — quando Eddie me entregou o pijama, indicou o banheiro para me trocar.

A noite havia sido tranquila, venci pelo cansaço que iria dormir no sofá. Uma péssima escolha, pois fiquei toda quebrada de manhã. Eddie acabou me acordando quando saiu para ir para a faculdade, me deixando sozinha por poucos minutos até que Josh chegou e ficou comigo no apartamento. Ele me convenceu em ir ao salão e comprar a minha roupa para o tal baile de mascaras. Estávamos quase saindo quando tive uma leve tonteira e uma imagem apareceu: era meu pai. Desidratado com um olhar triste dentro de uma parede de pedras. Depois outra imagem veio: era de um cemitério com várias tumbas com uma em destaque, a tumba da minha família. Olhei confusa para Josh.

— Meu pai está no cemitério Lafayette, não está?