Segundo Madame Pomfrey os machucados de Hermione não eram tão sérios e ela só desmaiara por conta da exaustão e ainda sim a velha senhora insistiu para que a garota continuasse na Ala Hospitalar, mas Hermione resistiu, ela não queria perder as aulas e queria ainda mais falar com Malfoy que já não estava mais a vista quando ela acordou.

Quando Hermione pisou no Salão Principal para tomar seu café da manhã, várias pessoas a olharam, mesmo Madame Pomfrey tendo curado seus ferimentos ela não estava na melhor das aparências, era óbvio que estivera em uma briga e ao olhar rapidamente para a mesa da Sonserina Hermione viu que Malfoy também estava em um estado particularmente horroroso.

Assim que ela se sentou ao lado de Gina - uma coisa que ela vinha fazendo muito ultimamente - a garota logo lhe veio com perguntas.

— É verdade o que estão dizendo por aí? – perguntou.

— O que estão dizendo? – retrucou Hermione.

— Que você e Malfoy brigaram e sem varinhas.

Hermione olhou para Malfoy franzindo o rosto em uma cara de desentendimento e virou-se para Gina novamente.

— Eu não sei o que houve com o Malfoy, mas tive um pesadelo e caí da cama, não sei como as outras garotas do meu dormitório não perceberam.

— Você não está com cara de quem caiu da cama – disse Gina.

— Bem, caia da cama, bata o rosto e quebre o braço, você ficará igual a mim.

Gina se calou e as duas continuaram com seu café da manhã.

Durante todo o dia Hermione esbarrou com Malfoy três vezes e ele nem sequer a olhou.

Claro, ela não esperava que depois daquela noite, eles virassem melhores amigos e começassem a andar juntos, eles ainda eram inimigos afinal.

Mas ela acreditava que merecia uma explicação pelo que ele havia feito e gostaria de agradecer ele também.

E diante do modo de agir de Malfoy ela resolveu encontrar-se com ele sem sua permissão.

Depois do jantar Hermione esgueirou-se pelos corredores mantendo a distância dos outros alunos.

Ela entrou em uma sala que segundo descobrira era rota de Malfoy durante a sua ronda de monitor.

Hermione não sabia o por quê de estar tão ansiosa para falar com seu inimigo de infância. Durante o dia todo ele a tratou como se nada tivesse acontecido, ela deveria ter entendido o recado e deixado para lá, mas não. Ela queria a verdade, queria saber os motivos que ele tivera para ajudá-la e ela iria extrair todos eles do sonserino.

Duas horas depois e Malfoy ainda não tinha passado por aquele corredor, e aquilo estava deixando Hermione frustrada.

Ela teria que procurar ao invés de esperar.

A garota se levantou da cadeira e andou em direção a porta ao mesmo tempo em que a mesma começou a abrir.

Hermione suspirou aliviada quando reconheceu o cabelo claro de Malfoy.

Ele parecia não tê-la visto ainda, por isso Hermione pegou sua varinha e sussurrou o feitiço “Lumus”.

Quando a luz se acendeu aparentemente do nada Malfoy deu um passo para trás e bateu contra a parede soltando um xingamento.

— O que faz aqui, Granger? – perguntou depois de se recuperar – O toque de recolher foi há algumas horas.

— Eu sei, mas devido ao fato de você ter fingido que não aconteceu nada na noite anterior, fui obrigada a tomar algumas medidas para falar com você – disse a garota.

— Talvez eu não queira falar com você – soltou o garoto com desdém.

— Eu preciso de respostas, Malfoy!

— Vá para biblioteca, aposto que você irá encontrar muitas por lá.

— Quero respostas suas. Por que me ajudou? E o que estava fazendo pelos corredores? Já tinha se passado a hora de suas rondas!

— Você também estava passeando depois do horário e eu não estou te interrogando para saber o porquê.

— Não é de mim que estão todos comentando, me culpando pela morte daquela garota. É de você que todos suspeitam. E eu não posso negar que você estar andando por aí depois do toque de recolher é muito suspeito.

Malfoy riu.

— Claro, eu matei a garota e você deveria ser a próxima vítima, mas por algum motivo muito estranho eu resolvi não fazer isso, talvez eu só quisesse te impressionar com minhas habilidades de salvador.

— Você só estava com medo que descobrissem que era mesmo você o culpado – Hermione queria provar seu ponto.

— Descobrir como? Ninguém nos viu juntos, ninguém nos viu trocando uma única palavra porque ao que parece você gosta de se encontrar comigo às escuras.

Hermione ignorou a provocação do sonserino. Ela só pensava em como ela estava sendo burra, ela sabia que Malfoy não era o culpado, então por que ela tentava arranjar desculpas para jogar tudo em cima dele?

Ela estava tão cega querendo descobrir o culpado que ficara realmente cega em relação às pistas.

Hermione apertou os lábios, não sabia o que fazer e nem o que dizer.

Malfoy a encarava com uma das sobrancelhas erguida, seu rosto continha um toque de diversão.

— Já que você parece não ter provas contra mim deveria voltar ao seu Salão Comunal e menos dez pontos para a Grifinória – a garota bufou – E da próxima vez que eu ver você passeando por aí Granger eu irei levá-la até a Diretora.

Hermione não respondeu e voltou a caminhar em direção a porta novamente.

— Eu vou com você – comentou Malfoy.

A morena estacou.

— O quê? – perguntou.

— Eu vou com você, como posso ter certeza que você não vai trazer mais morte enquanto anda por aí?

Hermione sentiu a raiva borbulhando dentro de si, mas permaneceu em silêncio.

No caminho até o Salão Comunal da Grifinória nenhum dos dois disse uma única palavra.
Malfoy caminhava alguns passos atrás de Hermione.

Quando chegou ao retrato da Mulher Gorda ela murmurou a senha e entrou sem olhar para trás, mas pode ouvir um risinho sarcástico atrás de si.

Ela já estava a caminho da escada dos dormitórios quando um movimento chamou sua atenção.

Gina estava sentada perto da janela, seus olhos fixos em Hermione.

— Onde você estava? – ela perguntou.

Hermione hesitou.

Não sabia se contava a verdade ou não, ela não se acostumara com a amizade de meninas, mas ainda assim Gina era sua amiga.

Com um suspiro Hermione se aproximou da janela e sentou ao lado de Gina.

A garota ainda a encarava.

— Eu estava com o Malfoy – soltou rapidamente.

Ela observou os olhos da outra garota se arregalarem e sua boca se entreabrir.

— O q-quê? – perguntou a ruiva.

— Eu estava com o Malfoy – e de repente Hermione sentiu vontade de confessar tudo e foi o que ela fez. Contou tudo para Gina, contou sobre o bilhete e suas suspeitas, sobre o sonho da noite anterior, seu encontro com a besta, Malfoy e sobre achar que ele não era culpado pela morte de Elise.

A Weasley ouviu tudo e assentia de vez em quando, demonstrando prestar toda atenção.

Quando finalmente terminou seu relato Hermione encarou a amiga com expectativa.

— É muita coisa para armazenar – disse Gina.

— Eu sei, eu estava me sentindo sufocada com todas essas coisas, mas agora que lhe contei acho que vou poder pensar melhor sobre o assunto.

Gina concordou.

— Isto é tão estranho, depois que você-sabe-quem morreu eu achei que finalmente tudo seria normal e aí vem um monstro estranho e voltamos a época de mortos e feridos.

— Todos nós achamos que tinha acabado depois da Guerra, eu nem imagino quem pode estar fazendo isso – exclamou Hermione.

— E a ave? – perguntou Gina – Você sabe o que é?

— Eu nunca vi nada igual. Ela parecia ser marrom ou preta, estava muito escuro para eu ter certeza, tinha garras muito afiadas e asas enormes, eram quase do tamanho do corredor. E tinha aqueles olhos em um tom dourado, a cabeça era tão grande quanto o resto do corpo, com uma espécie de bico cheio de dentes. Mas eu não tenho certeza se ela é assim ou eu imaginei tudo, minhas lembranças estão um pouco confusas – comentou Hermione.

— Precisamos descobrir que coisa é essa, tenho medo de que logo tenha outra vítima e que seja uma de nós, eu vou te ajudar Hermione.

Hermione se sentiu agradecida com a ajuda que a amiga prometera, mas ela sabia que talvez não fosse o suficiente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!