Continuei andando procurando entender o que tinha acontecido, mas me lembrando do passado eu corri para o outro lado da rua, antes de passar no beco e o ladrão vinha naquela direção.

Para meu azar eu era o único na rua. Ele a atravessou andando rápidamente, mas eu já sabendo o que ia acontecer, comecei a correr.

E ele veio atrás de mim.

Eu corri com tudo o que tinha até chegar na avenida, por sorte dois policiais estavam em um posto de gasolina, eu então gritei socorro:

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— Socorro! Tem um maluco atrás de mim!

— Como é que você sabia que eu ia te roubar, cara?!

Os policiais jogaram as rosquinhas que estavam comendo, e retiraram suas armas mirando no meliante. Este que por outro lado, também tirou a sua arma e um tiroteio começou, e infelizmente eu estava no meio dele.

— Mas que droga! Vou morrer de novo?! Isso tá piorando!

Mas dessa vez eu consegui me livrar, por sorte nenhum tiro me acertou e eu consegui correr e me distanciar alguns metros do tiroteio.

Naquele momento eu percebi, como uma alteração no passado faria um futuro diferente. E que dependendo das escolhas que eu fizesse eu seria capaz de alterar o futuro.

"Eu seria capaz de alterar o futuro?" Pensei. Mas como poderia? Foi um milagre o que aconteceu, quer dizer, eu nem sei o que fiz e como eu fiz, e se eu poderia fazer de novo.

Totalmente atordoado eu voltei para a casa, e me joguei na cama, trabalhar o dia inteiro e ainda correr seis quarterões não foi fácil, e amanhã ainda tem mais.

Eu apaguei.

E tive outro sonho.

E quando eu pensava que não dava pra ter um sonho pior do que aquela premonição, eu tive esse.

Um daqueles sonhos comuns, onde você aparece pulando de um prédio e acordando antes de se esborrachar no chão, mas esse sonho tinha alguns detalhes.

O prédio em que eu pulava era o edíficio do meu escritório de jornalismo eu acabava de destruir a vidraça do prédio e o Isaac tava do meu lado tentando me segurar antes que eu pulasse, o mais estranho é que eu não cai, eu quis pular.

Até ai tudo bem, sonhos não fazem o menor sentido mesmo.

Mas depois do último que eu tive, isso me deixou preocupado.

Então acordei, me arrumei, peguei o metrô e fui para o trabalho, como eu sempre faço, e quando eu cheguei contei tudo para o Isaac, tudo o que tinha acontecido ontem.

E adivinhem só? Ele não acreditou.

— Cara, você tá maluco! Como assim voltou no tempo?

— É verdade cara, não sei como aconteceu, só... Aconteceu!

— Você tomou algumas ontem né?

— Não cara, claro que não! Já disse que é verdade!

— Então prova!

— Como?!

— Pula de um prédio e me conta a sensação!

— Peraí o que?!

— Eu tô brincando cara, qual é!

Naquele momento, eu não sabia o que pensar, eu deveria fazer o que aconteceu no sonho? Da última vez eu o ignorei e quase não vivi pra contar a história. Mas pular de um prédio? Isso é demais.

— Cara, você não tá pensando em...?

Eu tinha a sensação de que devia pular, mas eu estaria arriscando minha vida.

Mas talvez fosse assim que a "coisa" funcionasse, quando eu estivesse em perigo. Talvez um mecânismo de alto defesa.

— Eu vou pular.

Com meu corpo tremendo dos pés a cabeça, eu disse.

— Cara, você tá maluco?

— Já era pra eu ter morrido Isaac, talvez esse seja o meu teste.

— Cara, eu não vou deixar você fazer isso!

— Você não tem escolha.

— Ian!

Eu sai correndo e me joguei contra a vidraça que ficou em pedaços e o Isaac tentou me segurar. Exatamente como no sonho. Aquela sensação de estar caindo... De um prédio de vinte andares, cara... Não é uma coisa que eu vou esquecer tão cedo. Mas no que eu estava pensando?

Enquanto eu caia do prédio me lembrei que a "coisa" poderia não acontecer, mas eu estava muito convicto de que ia. E antes de me quebrar inteiro no chão, eu fechei os olhos, e os abri.

E lá estava eu de volta, conversando do lado de Isaac:

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— Pula de um prédio e me conta a sensação!

— Viu? Eu pulei!

— O que? Cara, você tá aqui parado, conversando comigo.

— O que disse?

(Quer dizer que as pessoas não sentem nenhuma mudança? Não percebem nada?).

Eu pensei.

Naquele momento eu percebi. Que o tempo só alterava para mim. E ninguém iria perceber isso, pelo menos não por enquanto.