A horda de zumbis estava a uns quinhentos metros do grupo, porém já haviam enxergado os humanos. Alguns começaram a andar na direção do grupo. Ester encarou Nicolas, como se perguntasse o que deveriam fazer. O rapaz rapidamente pensou em um plano para se livrar daqueles carnicentos.

— Corram até a estrada e encontrem algum carro, eu vou distraí-los — instruiu Nicolas.

— Não o deixaremos sozinho — afirmou Clarisse.

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— Mas é claro que deixaremos e você virá com a gente! Luísa e seu tio não se aventuraram para pegar remédios, para você morrer — determinou Emily, impedindo que a jovem a questionasse.

— Vão logo! Me esperem no posto de gasolina…

As quatro mulheres começaram a correr em direção à estrada. Passavam pela floresta com agilidade e cuidado para que não fizessem muito barulho e chamasse a atenção dos zumbis.

Quando chegaram ao acostamento, pararam em uma árvore para analisar a situação. Havia muitos zumbis naquela extensa fila de carros. Observando com mais atenção, encontraram um automóvel da frente vazio e com a chave no contato, porém estava cercado por uns cinco ou mais zumbis.

— Alguém precisa distraí-los — sussurrou Ester. — Nancy?

— Eu? Por que eu? — questionou a senhora.

— Porque estou mandando e você me deve um favor, nunca se esqueça.

Nancy protestou em silêncio, mas precisava fazer aquilo, realmente devia um favor a Ester. Com um pedaço de madeira em mãos, correu até a estrada. Os cinco zumbis saíram de perto do carro e começaram a segui-la, ela recuava rápido. Mais alguns zumbis começaram a andar em direção da ex-presidiária.

Ester, Emily e Clarisse correram até o carro. Estava aberto, checaram se não havia nenhum zumbi no banco de trás e entraram no automóvel. Ester destravou a porta do passageiro e abaixou o vidro.

— Vem! Corre!

Nancy já beirava os sessenta anos e apesar de ter uma saúde boa, estava com dificuldade para driblar os zumbis. Alguns zumbis já arranhavam o vidro do carro e ameaçavam atacá-las. Sem nenhuma arma de fogo, enfrentá-los se tornava mais difícil.

Ester não possuía carteira de motorista, mas precisava ajudar sua amiga. Resolveu arriscar-se. Deu partida, pisando firme no acelerador. Conseguiu atropelar três dos zumbis que perseguiam Nancy, desta forma foi mais fácil para ela escapar dos outros dois.

Nancy abriu a porta do carro e pulou no banco do passageiro. Com a respiração ofegante e os batimentos cardíacos acelerados, murmurou um palavrão em alemão e fechou a porta. Estava viva! Agora, tentava acalmar-se.

Ester continuou a dirigir, ela não possuía muita experiência, mas sabia o suficiente para pilotar em uma estrada deserta. Era a mais indicada para dirigir. Clarisse ainda estava sob efeito dos remédios, Emily havia bebido bastante e Nancy dirigia tão mal quanto ela.

A gasolina estava acabando, mas ela torceu para que durasse até o posto de gasolina que Nicolas havia falado.

[…]

Depois de algum tempo elas chegaram ao posto de gasolina. Todas desceram. Nancy e Ester ficaram responsáveis de abastecer o carro e levar alguns galões reservas. Já Clarisse e Emily saquearam a lojinha e conseguiram alguns salgadinhos, refrigerantes e água.

Se dependesse de Emily elas iriam embora, mas obviamente Clarisse não apoiou a decisão de deixar seu tio para trás. Esperariam até o anoitecer, era o suficiente para que o rapaz chegasse ao posto de gasolina.

Aproveitaram esse tempo para descansar e se alimentarem. O grupo de zumbis havia ficado para trás e os dois mortos-vivos que estavam presos no mercadinho foram mortos por Emily e Clarisse, quando elas saquearam o estabelecimento.

Elas conversavam tranquilas, quando de repente escutaram o barulho de um tiro. Clarisse ficou preocupada, ela sabia que Nicolas só usaria o revólver se fosse mesmo necessário.

— Vou voltar, talvez meu tio precise de ajuda — disse Clarisse determinada.

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— Você não vai a lugar nenhum — retrucou Emily. — Se sair daqui, nós vamos embora e deixaremos vocês dois para trás.

— Ele sabe se virar sozinho. Além disto, você ainda não está em condições de lutar, só conseguirá atrasá-lo — concluiu Ester, tentando convencendo a garota a permanecer.

***

Nicolas utilizou a arma em última opção. Estava cercado pelos zumbis e não conseguiria matar todos eles com seu facão. Acertou um tiro certeiro no crânio de um deles e golpeou a cabeça do outro. Agora, precisava sair daquele local, o barulho atrairia mais carnicentos.

Os mortos-vivos estavam em volta do rapaz, em uma espécie de roda e iam se aproximando aos poucos. Nicolas tentava matá-los, mas para cada zumbi que matava aparecia outros dois. Já estava exausto! Apertou novamente o gatilho acertando a cabeça de mais um zumbi, revezava entre o revólver e o facão. Sua munição não era infinita.

Foi idiota ao ter deixado chegar naquele ponto. Agora estava cercado e provavelmente seria dilacerado por aquelas criaturas. Não queria morrer, mas não sabia se aguentaria continuar lutando. Seu braço já estava dolorido devido ao esforço. Atirou em mais três zumbis, desperdiçando dois tiros. O nervosismo o fazia errar.

Checou o pente, havia apenas mais quatro balas.

Já estava sem esperanças, quando percebeu que alguns zumbis estavam se afastando dele. Antes que se perguntasse o que estava acontecendo, escutou uma pequena explosão e os estilhaços de uma garrafa de cerveja o atingiu de longe.

— Corre! — Clarisse gritou.

Aproveitando que alguns zumbis se distraíram com aquilo, conseguiu escapar. Correu desesperadamente até a árvore onde Clarisse e Ester o esperavam. Abraçou sua sobrinha e agradeceu as duas mulheres.

— Você não foi mordido, foi? — perguntou Ester. Analisou o rapaz e procurou por qualquer indício de mordida ou arranhão.

— Não — afirmou ele, ainda ofegante.

— Então, vamos! Emily e Nancy estão nos esperando no carro.

Os três caminharam pela floresta em passos rápidos, Clarisse ainda não aguentava correr e sentia-se ofegante com frequência. Já haviam se distanciado dos zumbis, a maior preocupação era chegar antes do prazo. Emily não pensaria duas vezes em deixá-los para trás e talvez Nancy não conseguisse a impedi-la.

— Obrigado — murmurou Nicolas. — Se não fossem vocês, talvez eu estaria morto.

— Foi ideia da Ester.

— Mas a iniciativa em procurá-lo foi sua — declarou a mulher. — Agradeça a sua sobrinha, ela me encheu tanto o saco que se eu não viesse te ajudar, provavelmente ela estaria morta.

— E como conseguiram convencer Emily a me esperar? — perguntou o rapaz curioso. — Ela ainda deve estar com raiva de mim.

— Sim, ela está — concluiu Ester. — Mas fizemos um acordo… Bom, você descobrirá!

Depois de uma boa caminhada, chegaram ao posto de gasolina. O fato de o carro ainda estar estacionado animou Nicolas. O prazo era antes que escurecesse e o sol já começava a se pôr, calcularam que seria por volta das cinco da tarde.

Emily descansava no banco traseiro, enquanto Nancy bebia mais uma cerveja.

Nicolas comeu alguma coisa e bebeu uma garrafa de água. Pretendiam partir daquele lugar o mais rápido possível!

— Então, qual é o acordo?

Emily apareceu e com um pequeno sorriso explicou sua ideia.

— Nós iremos para Piracaia.

— Piracaia? Não tem nada naquele lugar! O que faremos naquela cidade abandonada?

— Acharemos Luísa — afirmou. — Viva, morta ou morta-viva, mas nós a acharemos.