~ POV Lúcia ~

Parecia que os pássaros haviam decidido cantar em baixo da minha janela, afinal de contas, foi a barulheira deles que despertei na manhã do dia seguinte.

Espreguicei-me e virei para o lado esquerdo.

– Ei, Edmundo... Edmundo, acorda... – sacudi-o.

– Hãm... quê...?

Enruguei o cenho e passei o dedo indicador pela bochecha do meu irmão.

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– Espera aí... – segurei o riso – Você estava babando?

– E-e-eu não! – protestou ele, sentando-se num salto.

– Estava sim! – gargalhei – Espera aí, deixa que eu limpo isso pra você.

Antes que meu irmão pudesse agradecer a minha generosidade, peguei um copo d’água que estava na cômoda e despejei em cima dele.

– Lúci... mas que diabos...? Ah, venha cá! – Edmundo subiu na minha cama – Eu acho que você também precisa de um banho... – e então pegou outro copo (um que talvez ele tenha pego no meio da noite) e despejou na minha cabeça.

– Argh! Sua vingança é suja! – gargalhei, limpando a água dos meus olhos.

– Não. A minha vingança não é suja, é molhada – retrucou ele, levantando pega pegar um pano limpo. Pegou o seu e entregou-me um.

– Isso foi engraçado – comentou Edmundo.

– Foi mesmo, você deveria ter visto a sua cara quando joguei a água em você.

– Será que os outros já acordaram? ­­– Edmundo descartou a toalha.

– Eu não sei, mas já que você vai ter que voltar para seu quarto para trocar de roupa, você descobre. Espera aí, pega aqui as suas coisas. Dá um jeito nisso, está tudo molhado. Talvez Lilian saiba onde você possa por isso. Ah, e peguei aqui, leve o meu lençol também. Obrigada.

– Você é bem exigente, não é Lucy? – Edmundo riu e pegou os lençóis – Estou indo. Encontramo-nos lá embaixo.

Assim que Edmundo saiu, fechei a porta para trocar o pijama ensopado. Peguei um vestido arroxeado que Lilian separou na noite passada e me vesti. Não me esquecendo de pegar meu quite de cura segui para o salão principal e entrei no salão de jantar. Caspian já estava sentado em seu lugar, deliciando-se dos vários petiscos da mesa.

– Oh, bom dia Lúcia. Dormiu bem?

– Melhor que nunca – sorri.

– Quer me acompanhar?

– Ah, sim. Claro que sim, mas, diga-me, cadê Liliandil?

– Ainda do quarto – riu-se – Logo ela se juntará.

~ POV Edmundo ~

Após deixar as trocas de cama encharcadas com um dos criados de Cair Paravel, entrei em meu quarto. Tentei ir de fininho, mas nada adiantou. Acabei acordando meu irmão.

– Ei,ei. Onde você estava? – perguntou ele, espreguiçando-se.

– Eu dormi no quarto da Lú. Eustáquio não parava de roncar, então eu não conseguia dormir. Típico, não é mesmo? Pois bem. Fui ver se Lúcia estava acordada. Por sorte ela estava. Conversamos um pouco e então entramos na conclusão de que eu iria dormir lá.

– E você estar ensopado desse jeito tem algo haver com isso, não é?

– Aí é uma história engraçada – ri – Mas é só uma história...

– A Lúcia já desceu para tomar café?

– Creio que sim – peguei uma troca de roupa do armário – E acho melhor descermos também.

Pedro assentiu.

Assim que terminados e prontos para sair do quarto meu primo decidiu acordar. Esfregou bem os olhos e encarou a mim e meu irmão.

– Onde vocês vão, hein? – perguntou ele.

– Estamos descendo, Eustáquio. Lúcia já está lá em baixo.

Eustáquio nos encarou e enterrou o rosto no travesseiro novamente.

Vem, vamos embora – sussurrei, puxando o braço do meu irmão – Ele não vai sair daí tão cedo.

Pedro concordou e então saímos do quarto. Passamos pelo salão principal, cumprimentamos todos que vimos ali e seguimos para o salão de jantar, onde Lúcia conversava animadamente com Caspian.

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– Bom dia – sorri, sentando perto de minha irmã.

Lucy sorriu.

– Bom dia, meninos – sorriu ela.

Pedro sentou-se perto de Caspian. Assim que ouvi a porta sendo aberta ergui o olhar e vi Eustáquio quase caindo de sono.

Estávamos todos na mesa de café, menos Liliandil.

– Mandei encherem uma bolsa para cada um com suprimentos caso a fome chegue. Algo nada duvidoso, não é mesmo? – o homem riu – Ah, sim. Também mandei separarem garrafas com água fresquinha. Ah, e Pedro. Caso vocês se percam, eu tenho um mapa aqui comigo – Caspian empurrou o mapa para perto de meu irmão – Aqui, pegue.

Pedro agradeceu.

Não demorou para que o café terminasse. Uma pena não termos tido a chance de nos despedir de Lilliandil.

~ POV Lúcia ~

Velado por nuvens, o sol produzia raios que dançavam no meio da tarde. Uma pena que a floresta não estava tão movimentava e animada para sentir o frescor da brisa e o calor do sol.

O lugar não estava mais como era antes.

– Que vamos fazer? – perguntou Edmundo, chutando uma pedrinha enquanto virava-se para meu irmão – Alguma ideia, Pedro?

Antes que meu irmão mais velho respondesse, avistei uma neblina esverdeada no leste.

– Pessoal, olhem! – sibilei, seguindo o que quer que fosse tal coisa.

Todos acompanharam meus passos.

Adamos muito – muito mesmo! ­–, mas infelizmente não demos em lugar alguma.

– Magia, só pode! ­– argumentou Edmundo – Quem sabe não seja algo para despistar quem quer que esteja aqui. Talvez ela não queira que os habitantes a veja.

– Convincente irmão – concordou Pedro – Mas, raciocine, se ela está fazendo isso, então ela está aqui.

Novamente procuramos mais algum sinal de neblina, porém o azar reinou e nós a perdemos. Andamos várias e várias horas sem resultado de nada. Cansados, decidimos procurar um lugar para passar a noite que já decidira cair. Edmundo pegou alguns galhos para fazermos uma fogueira. Não demorou para que Eustáquio e Pedro caíssem no sono. Edmundo, pelo contrário, estava mais que acordado.

– Não está com sono? – perguntei.

– Não muito.

– Que pensa Edmundo?

Ele calou-se.

– E se não conseguirmos achar Rilian? Ou talvez derrotar a feiticeira? – murmurou.

– Que é isso? Vamos conseguir sim! Ora Edmundo, que pensamento negativo é este, hãm?

– Eu não sei...

– Ora, deixa disso! – o repreendi – Cadê meu irmão valente, hãm?

Edmundo riu.

– Engraçadinha. Você sempre me faz sentir melhor.

~x~

Despertei com um barulho sorrateiro. Quem sabe que horas eram? Talvez três da manhã. O frio pendia na noite e o medo na alma.

Assustada, sacudi Edmundo até que acordasse.

– Que é..? – murmurou ele – Hãm? Lucy? Que há?

– Tem alguma coisa aqui, Edmundo – sussurrei – Tem alguma coisa se aproximando.

Antes que eu conseguisse levantar, alguma coisa nocauteou minhas costas, fazendo-me cair de bruços novamente na terra. Com mais reflexos que eu, Edmundo sacou a espada e pôs-se a lutar. Eustáquio e Pedro não demoraram a acordar.

Virando-me de costas – ainda com uma dor aguda e latejante – encontrei vários e vários minotauros – nada contentes – prontinhos para sacarem as armas e lutarem até tirar-nos a vida.

Decidimos então nos separar. Eustáquio ficou com Edmundo. Eu, pelo contrário, fiquei com Pedro. O tempo parecia passar devagar, mas eram apenas questões de segundos.

Com pensamentos rápidos e o coração na boca avistei um dos bastardos aproximarem sorrateiramente do meu primo.

Eustáquio CUIDADO! – berrei.

Mas era tarde de mais. Enquanto ele lutava com um dos minotauros, outro acertou ele com uma rocha. Logo meu primo desmaiou.

Com todo o movimento eu não conseguia mais vê-lo. Para o meu maior desespero Edmundo também havia sumido. Pedro matou o último monstro quando ouvi berros atravessarem as árvores.

Era a voz de Edmundo.