As canções de nossa vida

Back to Black, Welcome to Heltândia


Thommem realmente odiava Heltândia. Ele sentia-se depressivo com aquele local, mesmo que ele fosse considerado um dos mais alegres entre os reinos. Bem, perdendo para Am, mas tudo perdia para Am.

Mas ele imaginava que Heltândia era um eterno reinado de luto pela primeira guerra. Um local sem templos, sem religião, sem uma ligação física entre deuses e mortais. E isso desde que os templos foram destruídos, durante a primeira grande guerra. Por isso eles viviam em um eterno luto.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Uma falsa alegria.

Thommem não conseguia entender aquele reino. Voltar fora uma boa ideia, definitivamente, mas ele odiava aquele lugar com todas as suas forças. Mas a mãe precisava do irmão e ele não podia prendê-lo mais a si.

Também não podia deixá-lo, então a única ideia que tinha era de ir junto.

Terrível ideia.

Já sentia suas forças emocionais serem sugadas por aquele solo infectado pela morte. Ele tinha que manter sua mente no lugar pra não deixá-la ver coisas que não gostaria. Como viajar demais para o futuro, sugando completamente suas energias. Heltândia tinha um dom de fazer com que as pessoas exibissem seus poderes sem necessidade. Isso era um sinal de sua falta de tradição, como o pai costumava dizer.

Theor, por outro lado, sentia-se completamente novo. Ele sentira muita falta de tocar no chão de sua cidade natal. Não no reino em si, no palácio. E ter o povo cumprimentando-os alegremente, como em Mortir nunca aconteceria. Pelo menos consigo. Ele sentia-se bem em Heltândia como nunca se sentiria em Mortir.

–Ei, o que vamos fazer primeiro?

Encarou o gêmeo mais novo, com um sorriso nos lábios. Sabia bem que ele detestava Heltândia, mas não podia mudar o jeito de pensar dele. Não podia porque já tentara. E fracassara totalmente.

Thommem deu de ombros, apontando para o palácio logo ao alto da cidade. Mas Theor tinha outros planos e já puxava-o para o cavalo, roubando-o da escolta que os levava. Eles berraram, mas não conseguiram conter os gêmeos, então continuaram em direção ao destino inicial.

E os gêmeos riam enquanto cavalgavam pela floresta. Passaram a tarde juntos, sem terem contato com ninguém além da natureza, como faziam nas poucas vezes que iam para aquele reino.

Até que escureceu, e Thommem teve a visão.

Theor nunca se esqueceria de como fora enfrentar Maltimai pela primeira vez, e o medo de que algo pudesse dar errado. Talvez fosse aquilo o sentido do luto de Thommem. A cidade era rodeada de morte, e era a preferida do deus banido.

Isso marcou os dois terrivelmente, a ponto de eles decidirem que nunca iriam se separar enquanto estivessem no reino da mãe. Heltândia era marcada pela morte e seus Portadores eram oficialmente os preferidos de Maltimai.

Theor sentira tanto medo que Thommem se machucasse que ele não podia cometer um deslize. Nunca.