As Quatro Estações 2 - Romione
Primavera 7
Sentado no chão sem forças, cansado de tanto chorar, eu finalmente me sentia mais aliviado. Enxuguei o meu rosto, porém ele continuava vermelho assim como os meus olhos. Olhei para cima, e fechei os olhos, pedindo novamente tudo o que eu tinha pedido.
- Se a fé realmente existe... Eu prometo que de agora em diante terei.
Disse antes de levantar. Não sabia exatamente o que eu estava fazendo, não sabia dizer se havia alguém me ouvindo, mas eu estava tão desesperado...
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Me levantei, apoiando em um dos bancos. Respirei fundo e engoli o fôlego. Limpei o meu rosto, e poucos segundos depois me recompus. Criei coragem para voltar até lá e contar tudo para Hermione, não seria nada fácil.
Me virei e saí, olhei para o corredor e ele estava vazio. Melhor assim, não queria me explicar para ninguém. Andei em direção ao quarto de Hermione, e o corredor também estava vazio. Harry e Gina já deviam ter ido embora.
Suspirei fundo antes de abrir a porta do quarto. Hermione estava dormindo ainda, andava muito cansada por causa dos medicamentos e soros. Me aproximei da cama, e então me sentei. Como ela tinha o sono leve, ela acordou, virando-se para mim.
- Estava chorando... – Ela disse imediatamente. Provavelmente pelo fato dos meus olhos estarem vermelhos. – Não precisa dizer... – Ela disse rapidamente quando eu abri a boca, se virando novamente.
- Eu... Sinto muito Hermione. – Eu me inclinei para olhá-la. – Não tem nada que podemos fazer.
- Eu já sabia... Quero dizer... Eu queria muito que ele ficasse com a gente... Mas não tínhamos muita chance...
- Foi você quem me disse para ter fé.
- E eu ainda tenho. Não vai ser por isso que vou perdê-la.
Senti um orgulho enorme de Hermione, sendo mais forte do que eu. Tinha que ser o contrário, mas eu já deveria esperar que Hermione fosse essa mulher forte e determinada.
- Quando? – Ela olhou para mim, com os olhos marejados.
- Provavelmente amanhã de manhã...
- Eu queria vê-lo.
- Não sei se é uma boa ideia.
Ela ficou em silencio, e depois suspirou.
- Tem razão, acho que seria pior. – Ela se ajeitou na cama. – É horrível... Ele esteve tão perto.
- É...
Foi a única coisa que consegui dizer. Na verdade eu não queria conversar naquele momento, e pelo visto Hermione também não. É como se a vida te desse um presente, e logo depois o tomasse de volta. E fica apenas uma sensação de vazio.
- O que vamos dizer para Rose? – Ela perguntou.
- Acho que podemos ser sinceros com ela. Ela vai entender.
- Ela vai ficar arrasada.
- Todos nós estamos...
Era horrível aquela sensação. Eu não sabia o que dizer para a minha própria esposa. Não tinha vontade de pensar em nada, não tinha vontade de dizer nada. Não poderíamos conviver com aquilo. Como íamos fazer para olhar para o quarto do bebe, e imaginar que ele não estará ali? O que fazer com todos os presentes que nos deram? Pensar que voltaríamos para casa felizes com um bebê nos braços e agora voltaríamos apenas com uma tristeza enorme.
Segurei a mão de Hermione, e então deitei ao lado dela. A cama não era tão pequena, cabíamos nós dois. Não sei se aquilo era permitido, mas eu não estava me preocupando. Queria dormir abraçado a ela, como não fazia há três noites. Só queria fazer com que ela se sentisse segura e amparada.
Ela segurou minha mão quando eu a envolvi em meus braços, e então nos ajeitamos na cama.
- Amanhã será um longo dia... – Ela disse antes de fechar os olhos.
- É... Será. – Eu disse antes de me entregar ao sono.
Xx
Hermione se mexeu e eu acordei. Olhei ao redor, desejando que tudo tivesse sido um horrível pesadelo, mas não era. Estávamos na mesma sala de hospital.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Oi... – Ela sussurrou olhando para mim.
- Oi. – Dei um meio sorriso. – Como está se sentindo?
- Péssima.
- Eu também.
Ela se sentou na cama, e eu fiz o mesmo. Me espreguicei e então me levantei.
- Vou buscar algo para você comer.
- Eu não estou com fome.
- Mas vai ter que se alimentar direito.
- Tudo bem...
- Eu já volto, está bem?
- Você pode... Ficar um pouco comigo? Eu posso comer, depois...
Olhei para ela me pedindo tão docilmente.
- Claro... – Eu sorri e voltei para a cama.
- Não estou preparada ainda.
- Eu também não... Mas precisamos ser fortes.
- Você é mais forte que eu.
- Acho que ontem foi comprovado que não. – Eu sorri.
- Mesmo assim...
- Vamos ficar bem, com o tempo... Eu espero...
- Eu também espero.
Antes do silencio voltar, a porta foi aberta por Iara. Ela parecia atordoada e assustada ao mesmo tempo.
- Iara. – Hermione exclamou. – O que aconteceu?
Ela não respondeu. Apenas olhava com os olhos arregalados para Hermione e para mim.
- Iara... Vocês já...? – Eu parei a pergunta, e ela continuou sem responder. – Pelo amor de Deus Iara, fala alguma coisa!
- Vocês já desligaram os aparelhos?
- Sim... – Ela finalmente respondeu, mas continuou com o mesmo rosto assustado. Hermione apertou minha mão, e vi que ela estava prestes a chorar, quando Iara como se acordasse de um transe, balançou a cabeça.
- Vocês não vão acreditar no que aconteceu!
- O que? – Perguntamos juntos e eufóricos.
- Doutor Victor foi desligar os aparelhos hoje cedo. Assim que desligamos ficamos observando o bebê. E a reação dele foi algo que não esperávamos.
- Iara, por favor, não entre em detalhes. – Eu pedi olhando para Hermione.
- Não Rony! Vocês não estão entendendo! O bebê está bem... Pra falar a verdade, está ótimo! Ele está conseguindo respirar sem a ajuda de aparelhos, e já está se mexendo! Está respondendo bem aos exames, e doutor Victor acha que ele já pode ser amamentado! É um milagre! – Ela exclamou animada.
Eu e Hermione ainda estávamos em estado de choque. Não conseguíamos digerir aquelas palavras, ou não conseguíamos acreditar.
- Fala alguma coisa gente! – Iara riu.
- Então... Nós... Nós não vamos perdê-lo? – Hermione finalmente perguntou.
- Não! Ele está bem! Vai ficar com vocês! Parabéns, vocês são oficialmente pais de um lindo e saudável garoto! – Ela sorriu emocionada.
Hermione olhou para mim como se não acreditasse. Abri um largo sorriso, e ela também sorriu para mim.
- Nós conseguimos! – Ela disse antes que eu a puxasse para um abraço. – Não acredito... Ele está bem Ron! Nosso filho está bem!
- Está! – Eu disse ainda abraçado a ela.
- Eu disse para não perdermos a fé Rony!
Fé... Me lembrei da madrugada anterior. Algo aqueceu o meu coração naquele momento, e eu não sei explicar o que foi. Mas percebi naquele momento que eu tinha fé, e que a fé era a maior arma que tínhamos.
Xx
Era inacreditável como as vidas das pessoas podem mudar de um dia para o outro. Olhando através da janela, observei Hermione amamentar nosso bebê, com a ajuda de Iara. Ele se mexia a todo o momento, e aquilo era uma coisa linda de se ver. Juntando as imagens de quando ele estava dentro daquela incubadora, imóvel, era realmente um milagre.
Fechei os meus olhos e agradeci. Agradeci por ter me devolvido uma das coisas mais preciosas da minha vida, e agradeci pela minha família estar novamente unida, e mais completa do que antes.
- Ali! – Gina disse apontando em minha direção. – Viemos o mais rápido que pudemos! Demoramos um pouco porque deixamos as crianças na casa da mamãe.
- Papai, cadê a mamãe? E o meu irmãozinho? – Rose veio correndo em minha direção. Peguei-a no colo e beijei o rosto dela, animado.
- Ali. – Apontei para o vidro. – Aquele ali é seu irmãozinho.
- Ele tem os cabelos iguais os meus! – Ela disse animada. – Podemos ir lá?
- Ainda não... Mas logo, logo nós vamos para casa, e você pode ajudar sua mãe a cuidar dele. – Eu sorri.
- Eu vou ser uma irmã mais velha muito legal!
- Vai sim! – Nós três rimos.
- E como vocês estão? – Harry perguntou sorrindo.
- Melhor impossível. É tão boa essa sensação de alívio...
- Harry, porque você não leva Rose pra comer alguma coisa? Saímos sem tomar café. – Gina disse.
- Certo...
Coloquei Rose no chão e os dois saíram juntos.
- Eu vi onde você estava ontem. – Gina disse assim que os dois se afastaram.
- Viu? – Perguntei tenso.
- Vi, mas não quis dizer nada. Fico feliz por você ter entendido. Viu só como as coisas acontecem? Você tem o seu filho de volta.
- Sim... Percebi que vocês tinham razão. Basta ter fé.
- Com certeza. – Ela sorriu. – Vou me juntar a eles, estou morrendo de fome. E você trate de comer também, agora não tem mais motivos para ficar abatido. – Ela riu.
- Pode deixar.
- Daqui a pouco voltamos para ver Hermione. – Ela disse e logo depois se virou.
Iara fez sinal para que eu entrasse na sala, e então eu entrei. Não me cansaria nunca de ver a cena de Hermione amamentando nosso filho.
- Precisamos dar um nome para ele. – Hermione disse olhando para mim. – Sugere algum?
- Escolhi o de Rose, vou deixar esse pra você escolher. – Eu sorri.
- Mas eu quero que você escolha... Afinal ele está aqui graças a você também. – Ela piscou para mim. – Segura ele... – Ela disse.
- Mas... Eu posso?
- Claro, como eu disse... Ele está ótimo. – Iara sorriu.
- Certo... Não sei se ainda tenho jeito pra isso.
- Você nunca perde o jeito. – Hermione riu.
Me inclinei para pegá-lo em meus braços, e então ele se mexeu. Meu coração disparou com aquele toque. Para quem o viu imóvel nas mãos do médico, aquilo era um alívio enorme. Hermione tinha razão, eu não perdi o jeito. Ele se acalmou em meus braços, e abriu os olhos azuis de encontro ao meu.
- Se parece comigo mesmo. – Eu sorri para Hermione.
- Não sei o que dá em mim, que só faço filhos que não são parecidos comigo. – Ela sorriu.
- Quem sabe o próximo. – Iara disse.
Eu e Hermione nos olhamos e então rimos. Precisaríamos de muito tempo para conseguir recuperar daquele grande susto.
- E então... Qual vai ser o nome? – Hermione perguntou.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Olhei bem para ele, e me lembrei de uma história que minha mãe sempre contava para mim e para meus irmãos. De um homem que durante a guerra foi muito corajoso, e que viveu por muitos anos sendo apelidado de “O Forte”.
- Acho que... Ele combina com Hugo.
- Hugo? – Iara olhou para mim. – É muito bonito!
- Eu gostei. – Hermione sorriu.
Sorri de volta para ela.
- Então será... Hugo Weasley.
- Sim, Hugo Weasley. – Olhei para ele, e mais uma vez, sem saber se era da minha imaginação ou alguma coisa paternal, ele deu um pequeno sorriso para mim.
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