As Palavras Não Ditas

Capítulo IV


— O afilhado da minha irmã namorava com uma garota a uns três anos, se eu não me engano, mas a mesma o largou sem motivos. Ele me pediu para ir com ele em uma balada na cidade e eu aceitei – conta Annie

— Ok, mas diga o que isso tem haver com o loiro da Kat? Ele também levou um pé na bunda – diz Johanna

— Deixa eu terminar Johanna. Enfim, como ele encheu a cara e se agarrou com qualquer uma, eu resolvi ir até o bar e beber alguma coisa que não tivesse álcool, afinal eu embarcaria no dia seguinte e não pegava bem tá bêbada. Ele tava no bar, eu me sentei ao seu lado, ele tava enchendo a cara – continuou – Disse que tava péssimo porque tinha perdido uma amiga querida.

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— Olha Kat, tava sofrendo por você – comenta Johanna irônica e eu reviro os olhos entediada com seu comentário.

— Continue Annie – peço

— Começamos a conversar e ele me disse o nome dele. Nem me toque que era o mesmo Peeta, seu mesmo Peeta. Ele parecia péssimo Katniss, estava abatido, cheio de bebida e não parava. Quando sai ele já estava na quinta dose de uísque puro.

— E foi só isso?

— Bem ele pediu meu número, disse que eu era engraçada e que queria manter contato.

— Você deu?

— Eu anotei em um papel, mas eu acho que ele nem sequer achou. Na saída eu vi ele entrar em um carro sendo segurando por outro cara loiro.

— Obrigada por me contar Annie.

— Você não está magoada com isso não é? Eu a vi chorando quando estavam se falando – perguntou Annie sentando-se ao meu lado. Eu apenas sorri triste.

— Não é fácil largar alguém que você ama, mas ele precisava disso. Eu precisava disso – digo – Mas ficarei bem, não há nada que o tempo não cuide.

— Você nunca nos contou como isso começou – comentou Johanna sentando-se no sofá a frente.

— Era como um diário, mas só passei a escrever depois do beijo que Peeta me deu. Depois disso nunca mais parei, era meu confidente, ali eu desabafava meus sentimentos, as palavras que eu nunca tinha coragem de dizer – conto – Agora elas estão com quem pertence.

Me levanto e caminho até meu quarto. Eu preciso descansar, dormir e tentar esquece-lo por um momento. Preciso organizar os pensamentos, os sentimentos. Preciso deixa-los irem embora, as lágrimas saírem, até não restar nenhuma...até eu conseguir virar a página.

Peeta

— Sinto muito – foi o que Clove disse quando me viu em frente à tela. Ela havia escutado a conversa, ela sabia de tudo, foi em seu ombro que eu chorei, sem me importar com o que diriam.

Só me lembro de chegar em casa, subir para meu quarto e beber novamente até esquecer tudo, nem que seja somente naquele momento. Porém nem mesmo isso eu consegui. Prim e Delly entraram no meu quarto, tomaram a garrafa de vodka e a jogaram na pia. Elas me viram quebrar tudo que havia na caixa, os presentes. Eu rasguei as fotos, eu gritei para o mundo, eu gritei comigo.

Eu vi Delly chorar, enquanto pedia que eu parasse. Eu parei? Sim, aquilo nada me levaria, já que ela não estava mais aqui. Por que doía tanto a rejeição? Por que doía tanto ser abandonado?

Era como se tivesse rasgando meu coração, sem de importar nem um pouco se isso doeria. Por que ela me fazia sentir isso? Eu não deveria estar assim, é só uma amiga, que esteve junto a mim nos melhores e piores momentos. Não consigo me lembrar de algum evento da minha vida sem que ela esteja presente. Abro o caderno e volto a ler, tenho que terminar isso, para sempre... Resolvo ir para as mais recentes.

05/06/2014

Faz dois dias que estou doente, eu odeio estar doente. Não saiu de casa e fico praticamente o dia todo assistindo televisão no sofá da sala, isso quando Peeta não está em casa me fazendo companhia. Ontem u falei com Gale, pelo telefone, ele é legal, embora Peeta diga que ele não serve para mim. Porém somos somente amigos, eu o ajudo com Madge, uma garota fa minha sala por qual Gale sente uma grande paixão . Então, se eu posso ajuda-lo a encontrar o amor, eu irei, já que não possuo a mesma sorte.

13/07/2014

Nós brigamos outra vez, pelo menos motivo de sempre, mas não deixarei de ajudar Gale com Madge. Ele me disse que ele –Gale– estava me usando, me fazendo se voltar contra ele e eu não estava percebendo isso, porque estava cega de bondade. Gale me disse que Peeta está com ciúmes e que isso é normal, também disse que entenderia se eu não quisesse mais ajuda-lo. Por que ciúmes? Somos somente amigos, ele acabou de iniciar o namoro com Glimmer, que é perfeita. Eu sou só Katniss, a irmãzinha, que ele tem que proteger. Nunca serei Katniss, que conquistou seu amor...

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30/09/2014

Ele me viu chorando,m e ofereceu seu ombro e eu me permiti realmente chorar. Por que você tem que ser assim? Por que tive que me apaixonar justamente por você. Deveríamos apenas ser amigos, irmãos, mas eu tive que estragar tudo nutrindo um idiota sentimento. A verdade é que não é mais algo que posso classificar como paixão, tornou-se algo maior, mas forte. Eu acordo pensando nele, durmo pensando em seus olhos, sonho com sua gargalhada. Eu não queria, mas não posso controlar o que sinto.

12/12/2014

Eu desejo que esse ano seja melhor... Não quero mais lágrimas nem mais sofrimento, me acostumei a priorizar sua felicidade e ele está feliz, eu o conheço e sei disso. Se ele está feliz eu também estou . É estranho isso, talvez seja um defeito, mas sem dúvida é o melhor dos defeitos, mesmo que as vezes seja o que mais faz sofrer. Bem, eu nunca diria isso, mas eu penso em mudar, sair da zona de conforto e me aventurar no desconhecido.

30/01/2015

Eu passei, fui aprovada na faculdade. Próxima semana me mudarei pafa Dublin, na Irlanda, onde cursarei Psicologia. Meus pais me apoiaram desde que recebemos a notícia, papai me dizia o quanto orgulhoso estava de sua princesinha. Prim ainda estava triste com a notícia da separação , desde que nasceu, sempre fomos muito unidas e nunca nos separamos por mais dd uma de uma semana, mas também está feliz pela minha conquista. Peeta também mostrou-se feliz, comemoramos junto com Clove no shopping. Todos formados, prestes a entrar na universidade que sempre desejamos. Estamos satisfeitos. Eu estou feliz, tão feliz que a felicidade mal cabe dentro de mim...

05/02/2015

Hoje é meu último dia em casa. Eu terminei de arrumar minhas malas, terminei dr me despedir de meu quarto e sai com Preta para encontrar com nossos amigos. Nos encontramos com Cato e Clove, fomos ao parque, confesso que foi uma das noites mais divertidas dos últimos anos. Com o passar da noite percebi que Perta estava cada vez mais quieto, calado, isolado... ninguém havia percebido, mas eu sim. Sabia que ele sentia o peso da saudade antecipadamente, assim como eu estava sentindo, embora disfarçasse bem. Eu o conhecia mais do que a mim próprio. Mas ele terá de se acostumar, ele ficará livre e eu também.

06/02/2015

Acordei com a sensação de perda, mas isso era apenas passageiro. Está é a última vez que escrevo neste caderno, que carinhosamente apelidei de As Palavras Não Ditas. Obrigada, você foi um ótimo ouvinte e um excelente confidente, sem sombra de dúvidas sabe guardar um segredo a sete chaves. Vou lhe deixar com seu verdadeiro dono, a quem as palavras aqui escritas realmente pertencem. Lhe colocarei em uma pequena caixa, deixarei a mesmo com Clove para que ela entregue quando eu parar de falar definitivamente com Peeta. Mas antes de partir te darei um silencioso adeus, como um sussurar, em agradecimento pelos seus anos de serviço. Eu realmente agradeço, mas chegou a hora de ir para sempre, partir.

As últimas palavras

Peeta, quando ler isto já será um pouco tarde, mas mesmo assim tenho que lhe falar. Durante todos esses anos eu as guardei comigo, as palavras que nunca tive coragem de dizer, mas isso era uma tarefa sufocante demais. Então eu as escrevi, fiz delas meu pequeno diário, meu pequeno confidente,já que não tinha coragem de falar, pelo menos as escreveria. Porém chega um momento que posso mais guardá-las apenas para mim e meu diário, então estou devolvendo elas a você. Acredite, elas nunca foram minhas, não de fato. Sempre foram suas e estou apenas devolvendo ao legítimo dono.

Desculpe-me se fui covarde, mas eu não queria estragar a bela amizade que tínhamos. Eu mantive meus sentimentos em segredo até o momento que podia, mas eu não iria conseguir partir sem te dizer a verdade. Desculpe se foi tarde, desculpe se te magoar. Essa nunca foi minha vontade, por favor acredite em minhas palavras, nem minha intenção. Já que não conseguia dizê-las, eu as escrevia para você, agora elas são suas. Queime-as, as rasgue, jogue-as ao mar, mas saiba a verdade.

Katniss.