As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor.
Quando algo vai valer apena.
#Narrado por Diana#
Daniel me deixou em casa, e enquanto caminhávamos, ele me contava sobre Catharina. Disse que conhecia ela há um tempo, e que recentemente ela havia beijado ele.
- Ora ora, Daniel tem uma namorada. – disse a ele.
- Não, eu dei um fora nela uns dias depois.
Quando cheguei em casa, tive mais um interrogatório. Minha mãe queria saber tudo o que havia acontecido.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Foi legal mãe. A avó dele fez uns bolinhos de chuva. Eram deliciosos! E ela me contou mais sobre Daniel, e sobre a família deles. E Daniel me trouxe antes do pai dele chegar.
- Por quê? – perguntou ela espantada.
- Eles não se dão muito bem... Problemas familiares. – respondi. E segui para o banheiro.
No dia seguinte na escola, Daniel faltou. Eu fiquei preocupada. Mandei uma mensagem pra ele, mas ele não respondeu. Passei a aula inteira desconfortável. Eu estava realmente sentindo a falta dele. Flávia percebeu minha angústia e associou-a a chegada do meu irmão.
- Mana, vai ficar tudo bem. Nada vai mudar. – disse ela.
Eu demorei a entender e depois assenti.
Catharina me encarou durante algumas aulas. Já havia percebido que ela não gostava de mim, e eu não sabia o porquê. Nunca trocamos nem duas palavras.
Quando a aula acabou, enviei outra mensagem a Daniel, mas sem resposta novamente. Eu estava ficando aflita. Pensei em ir a casa dele, mas o pai dele ainda não devia ter ido para o trabalho.
Cheguei em casa. Lucas e meu pai estavam lá. Eu abracei os dois. Eu estava animada para conviver com o meu novo irmão, por mais estranho que possa parecer.
- Você vai dormir no meu quarto. Já separei um espaço pra você. – disse a ele.
- Obrigado Diana.
Antes de o meu pai ir embora, ele tentou abraçar a minha mãe, mas ela negou novamente. Ele então veio a minha direção.
- Eu volto daqui a um mês. – disse ele. Nos abraçamos.
- eu te amo pai. – disse a ele.
- eu também te amo muito filha. – ele chorou enquanto dizia isso e eu não sabia o por que.
Ele abraçou Lucas também. E disse a ele que não importava ter conhecido ele agora, já o amava da mesma forma que me amava, e daria o tempo certo para que ele se acostumasse com a ideia de ter um pai.
Quando ele saiu, Lucas e eu sorrimos um para o outro. Minha mãe me mandou mostrar a casa a ele enquanto ela terminava o almoço. Mas antes de seguir para a cozinha, ela abraçou Lucas e disse que ele era bem-vindo.
- Vem Lucas, vou te mostrar o nosso quarto! – disse a ele.
Por sorte, meu quarto não era rosa ou qualquer cor feminina. Não tinha detalhes muito afeminados também. Era branco, tinha uma cama, uma mesa de estudos onde estava o meu computador, uma estante enorme de livros, um tapete grande no meio do quarto, um abajur em cima de uma mesinha de cabeceira, um guarda-roupa, uma prateleira com CDs e DVDs, e espaço de sobra para outro inquilino.
- Seu quarto é bem organizado. – disse ele.
- Eu faço o possível. – afirmei a ele.
Ele caminhou pelo quarto até a estante de livros.
- Já leu todos esses? – perguntou.
- Sim. E se você quiser ler qualquer um, pode ficar a vontade.
- Obrigada. Eu gosto de ler. Mas eu gosto de desenhar também. – disse ele.
- sério? E que tipo de desenho você faz? – perguntei.
Ele me olhou meio sem jeito. Pegou a bolsa dele e tirou dela um caderno de desenhos.
- toma, pode olhar. – disse ele enquanto me entregava o caderno.
Eu peguei e sentei na cama. Ele sentou do meu lado. Quando eu abri o caderno, não acreditei no que estava vendo.
Eram desenhos de roupas, tanto femininas quanto masculinas. Haviam vestidos e calças. Saias e blusas. Tudo desenhado de forma absolutamente fantástica. Eu estava boquiaberta.
- Ual! Você fez tudo isso? – perguntei.
- Fiz. – respondeu ele constrangido.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!- Isso é lindo Lucas! Você tem muito talento e criatividade! – disse a ele enquanto folheava o caderno. Cheguei em algumas páginas onde as folhas estavam rasgadas.
- Meus avós fizeram isso. – disse ele se referindo as páginas amassadas e rasgadas.
- eles não gostavam de te ver desenhar? – perguntei.
- Não gostavam de me ver desenhar isso. Não gostavam de me ver dançar também. – ele se levantou e continuou falando. – Não gostavam quando eu lia alguma coisa “comprometedora”, nem quando eu saia com meus amigos.
Eu fechei o livro e deixei-o sobre a cama. Fui na direção dele e pus as mãos no seu rosto.
- mas eu gostei dos seus desenhos, e vou adorar te ver dançar um dia. E garanto a você que conseguirá fazer novos amigos aqui e irá sair com eles para onde você quiser.
Ele sorriu e me abraçou.
Depois que almoçamos, voltamos para o quarto e ficamos arrumando as roupas dele em uma parte reservada do guarda-roupa para ele. Então começamos a fazer perguntas um para o outro.
- e então, tem namorado? – perguntou ele.
- Não, não mesmo! – respondi rindo.
- porque? Você é tão bonita Diana! – disse ele.
- se eu tivesse seus olhos, metade dos meus problemas estariam resolvidos! – disse a ele.
Ele começou a rir. Fez uma pausa e me encarou.
- Se eu fosse do seu sexo, todos os meus problemas estariam resolvidos.
Eu olhei para ele sem acreditar no que acabara de escutar. Fui na direção dele e sussurrei animada.
- Você é gay? – perguntei.
Ele riu e assentiu com a cabeça.
- Lucas! – exclamei sem acreditar. – quantos anos você tem?
- Catorze. Mais daqui a dois meses eu faço quinze. – respondeu.
- você já teve alguma experiência pra ter certeza disso?
- Mas é claro Diana! Não acha que eu simplesmente supus isso. – respondeu ele sem jeito.
- Então você já beijou um... garoto? – perguntei ainda surpresa.
- Sim. Desde mais novo eu não consigo sentir atração por garotas. Tentei namorar uma, porém... Não deu muito certo. Eu não gosto das coisas que geralmente os meninos gostam. E quando eu conheci o Rodolfo... – ele abaixou a cabeça ao pronunciar esse nome, depois retornou a atenção a mim. – Eu percebi que era diferente. Que era gay. Isso me assustou, mas ele me disse que eu não posso fingir ser quem eu não sou.
- Esse Rodolfo é seu namorado? – perguntei meio sem jeito.
- Ex-namorado. Ele está morando em Santa Catarina, e eu estou aqui. Relacionamentos à distância não dão certo, principalmente para dois adolescentes. Meus avós nunca iriam aceitar, muito menos os pais dele.
- Que complicado... Sinto muito. – assenti.
- Tudo bem, eu vou ficar bem. Tenho você agora, tudo o que eu queria era uma irmã. – disse ele.
Aquilo me soou tão bom, e todo o meu desespero passou. Eu estava tão satisfeita e feliz de tê-lo ali.
À noite, fizemos pipoca e comemos enquanto assistíamos musicais da Broadway, e eu contava sobre os meus avós pra ele. Contei sobre a avó Helena. E decidimos que no dia seguinte ele conheceria nosso avó.
Lucas pediu meu computador emprestado e eu deixei-o usar.
- Muito obrigado. – agradeceu ele.
Meu celular tocou. Era uma ligação, de Daniel.
- Alô? – indaguei ao telefone.
- Oi “hum-hum”. Sentiu minha falta hoje? – perguntou ele.
- Daniel! Por que não foi pra escola?
- Eu tive alguns “problemas”. – respondeu.
- Seu pai?
- Não. Eu não posso falar. Desculpe.
- Tudo bem... Meu irmão já veio aqui pra minha casa. – avisei a ele.
- E isso é bom?
- Está sendo ótimo. – respondi enquanto observava Lucas. – Mas, não falte segunda-feira.
- Vou tentar. Agora preciso desligar. Boa noite, Diana.
- Boa noite, casmurro.
Lucas começou a me encarar ironicamente, franzindo a testa. Depois riu.
- casmurro? Hum... Interessante. – disse ele.
- Qual é, é só um colega. Conheço ele há duas semanas apenas.
- Mesmo assim, a gente nunca sabe quando algo vai valer apena. – continuou ele.
- Mas ele é só um amigo. – respondi enquanto reafirmava para mim mesma. – Só um amigo.
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