As Mulheres de James Sirius Potter

Saphira Hope Malfoy (parte II)


(...)

O feriado chegou e eu estava… completamente aterrorizado. Enquanto me arrumava para o jantar na casa dos Malfoy eu percebi que nunca tinha conhecido os pais de nenhuma das minhas garotas. Não que eu tivesse me envolvido seriamente com alguma delas além de Teresa, Maya e Saphira, mas, ainda assim, eu apenas não sabia como agir.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Você está… isso é nojento! Você… — Lily suspirou, fazendo uma careta e então apontando para minhas axilas.

A careta dela refletiu na minha própria quando eu percebi que estava completamente suado e então bufei, arrancando o terno e jogando-o de lado.

— Olha, tio Draco e tia Astória são muito mais legais do que parecem. — Albus avisou me encarando da porta, bebendo uma xícara de chá enquanto me encarava.

— Fale por você, sonserino. — Rosnei e ele ergueu um dos braços, em rendição e eu bufei. — Desculpa.

— Você ainda pode desistir e, Victoire com certeza tem o telefone da garota Chang. — Mamãe comentou, apanhando a camisa que eu tinha jogado e usando ela para secar minha testa.

— Mãe!

— Eu só quero o melhor para você. — Suspirou. — Vá tomar outro banho, eu vou pegar o terno do seu pai. — Resmungou derrotada, pegando o paletó e passando para a cozinha enquanto eu subia.

— James. — Meu pai me chamou do quarto dele e eu girei os calcanhares, caminhando até lá e chegando bem a tempo de vê-lo enfiar um frasco com um líquido dourado no bolso.

Ele sorriu ao me ver e então me ofereceu um copo que eu encarei com o cenho franzido e uma sobrancelha arqueada.

— Só um pouco de água para te ajudar a relaxar. — Ele piscou. E eu segurei o copo, alternando o olhar entre o líquido e ele.

— Isso… aquilo era…

— Eu adoraria ter um pouco disso na minha visita a mansão Malfoy. — Ele torceu a boca e eu o encarei perplexo mas animado ao mesmo tempo, não demorando até tomar até o último gole de água que tinha ali.

— Harry, querido, você se lembra… — A voz da mamãe subia as escadas e se aproximava o que me fez engasgar e papai tomou o copo de minha mão, dando generosos tapas em minhas costas.

— Então não foi muito difícil para mim, sabe? Seu tio Ron com certeza foi um problema, mas seu avô… o que dizia querida? — Ele disse como se estivéssemos no meio de um conselho e então ergueu o rosto quando mamãe entrou no quarto.

— Seu terno, lembra aonde ele está? Terei que fazer alguns ajustes, com certeza, James, banho! Você não vai querer se atrasar. — Ela continuou resmungando algumas coisas e eu apenas assenti, deixando o quarto em direção ao banheiro e ouvindo a voz de meu pai antes de entrar lá;

— Não se esqueça, apenas seja você mesmo! Você já procurou na terceira gaveta? Como? Eu não sei porque ele estava engasgado. Ah.. isso é do meu remédio.

A conversa entre ele e mamãe continuou mas eu parei por ai, rindo da cara de pau do meu próprio pai e percebendo que eu tinha a quem puxar.

(...)

Podemos dizer que o banho, eu mencionaria a água que papai me dera mas minha pode estar ouvindo, conseguiu me acalmar consideravelmente. Pelo menos ao ponto de eu me sentir confiante o suficiente para cantarolar enquanto a senhora Potter enfiava uma agulha bem próxima a meus países baixos. Só sei que alguma coisa naquela água (badumtss) me fez relaxar.

— Olha só quem se acalmou. — Lily comentou, levemente desapontada, retornando à sala e mordiscando um cookie.

— Digamos que aquela água faz milagres. — Ri para mim mesmo e fiz uma careta quando, no momento seguinte, fui espetado.

— Gostava mais quando você estava nervoso, tinha mais chances de fazer dar errado. — Disse com a boca cheia de biscoito e apesar de a intenção dela ser outra, eu entendi muito bem o que ela disse naquele resmungo.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Eu respirei fundo, enquanto mamãe cortava a linha e analisava o resultado dos ajustes. O que eu mais tinha eram respostas para Lily. Poderia contra atacar, ameaçar de contar sobre o relacionamento dela com Hugo (o que eu ainda não tinha feito), prometer destruir aquele relacionamento, entre tantos outros, mas quando eu finalizei a volta que mamãe me fizera dar eu apenas encarei minha amada irmãzinha e sorri.

— Eu não sei o que Saphira te fez e acredito que não tenha feito nada, acho nobre da sua parte ficar contra ela para me defender mas, olhe só, ela não fez aquilo. Então eu sugiro que você a aceite, Lily, se queremos manter a boa convivência na família. Eu a amo, você a aprovando ou não, isso não vai mudar o que sinto.

Meu sorriso se alargou ao fim da frase e eu tinha falado com toda a sinceridade. Eu amava a minha irmã mas também amava Saphira e já conseguia imaginar um futuro com ela, era melhor que aceitassem aquilo de uma vez. Lily parecia elaborar uma resposta mas como não conseguia pensar em nada continuava a mastigar o biscoito e mamãe suspirou, atraindo minha atenção para ela.

— Você realmente ama essa garota, não é? — Perguntou, analisando-me, e eu ergui os ombros. — Ok, certo, eu só quero que seja feliz, James. Certo, preferia que fosse feliz com uma Longbottom, mas se é uma Malfoy quem você ama. — Ela balançou a cabeça e então se aproximou, beijando minha testa e então segurando meu rosto um momento antes de me abraçar. — Só tome cuidado com as bebidas. — Sussurrou em meu ouvido e eu tive que rir.

— Evitarei os drinks do sogro. — Garanti e ela sorriu divertida, ao tempo que nossa lareira se iluminava em chamas esmeralda.

A visita inesperada era ninguém menos que Rose, que trajava um vestido roxo com babados que a fazia parecer quase fofa. Franzi o cenho para ela enquanto a ruiva ainda batia as cinzas de suas vestes e, ao terminar, ela ergueu o rosto, exibindo um largo sorriso ao caminhar até minha mãe e lhe abraçar.

— Eu só estou de passagem. — Ela informou, prevendo a pergunta que dona Ginny faria em breve e eu a observei com uma sobrancelha erguida, recebendo um sorriso amarelo em resposta.
— Sem chance! — Informei assim que minha mãe deixou o cômodo, avisando que buscaria algo para ela comer.
— Ah, James, qual é! — Ela resmungou, manhosa.
— E nem adianta vir com essa vozinha para cima de mim. — Informei, convicto do que eu faria, ou não faria.
— Mamãe prometeu que me levaria, mas teve problemas de última hora na F.A.L.E. Papai está sendo pirracento quanto a este assunto como sempre foi, minhas aulas já começaram e apesar de estar me saindo muito bem, modéstia à parte, não quero me dar o luxo de aparecer na mansão Malfoy sem uma parte do corpo. — Choramingou e eu balancei a cabeça em negativo, não dando muita importância para seus problemas.
— Então vá pela rede de flu. — Sugeri, caminhando até o espelho que ficava pendurado na sala de estar e admirando meu reflexo. Excepcional, como de costume. Mamãe tinha conseguido fazer milagres naquele terno velho do papai.
— Até porque, claro, eu vou mesmo invadir a casa do meu namorado pela lareira. — Ela revirou os olhos, cruzando os braços sobre o seio exatamente como minha mãe costuma fazer quando está sem paciência.
— Então dê um jeito, não aprovo isso e não irei ajudar.
— O quão hipócrita você é? — Ela perguntou, jogando as mãos para o céu e caindo no sofá.
— Numa escala de um a dez? Menos cinco. Saphira e Scorpius são gêmeos mas não são a mesma pessoa. Seu namorado fez uma grande borrada, a minha... — Interrompi a fala, enrolando meus dedos na gravata e girando o corpo para encarar minha prima, optando por deixar o pano caído sobre meus ombros. — Uma de porte médio, mas eu fiz ela se desculpar. Sabe por quê? Porque eu prefiro ajudar as pessoas que eu amo a se tornarem pessoas melhores ao invés de me juntar a ele em um plano diabólico que vai deixar terceiros machucados de alguma forma. Quer mesmo entrar nesse assunto? — Perguntei arqueando as sobrancelhas e eu sabia que ela estava rangendo os dentes pelo movimento discreto de seu maxilar.
— Então, por que veio nos visitar nesta linda véspera de Natal? — Minha cara de pimenta perguntou, pousando uma bandeja com cookies e chocolate quente sobre a mesa de centro antes de caminhar até mim ao ver que a gravata estava pendurada e decidir dar um nó nela.
— Eu também irei ao jantar nos Malfoy, mas mamãe teve uns problemas de última hora e não poderá me levar, daí pensei que, talvez, James pudesse fazer isso por mim. Mas ele já deixou claro que isso não vai acontecer. — Informou com um tom melancólico e eu semicerrei os olhos em sua direção, encarando-a diretamente para ver se ela tomava vergonha na cara, o que não aconteceu, já que ela manteve a boca torta e o olhar tristonho para minha mãe.
— Oras, como assim? Mas é claro que ele te leva, está indo para lá também.
— Eu não aprovo com este namoro e não serei cúmplice dessa traição.
— Você não tem que aprovar nada. — Ela sorriu, dando tapas em meus ombros para tirar qualquer eventual sujeira.
— Tio Ron não aprova! — Contrapus como se tudo que eu quisesse fosse deixar prevalecer as ideias do meu padrinho.
— Querido, por seu tio Ron você não estaria vivo hoje. Seu pai estaria casado com uma eslovena qualquer e eu dedicaria minha vida em um convento e ajudaria os sobreviventes da guerra a superar traumas com a palavra de Deus. Seu tio Ron é um babaca. — Concluiu, enfim, dando-me um beijo na testa. — Você vai levar Rose.
— Mas mãe! Isso é traição a nossa família, o namorado de Rose...
— James Sirius Potter! — Ela não deixou eu terminar. — Olhe para seu próprio umbigo antes de julgar sua prima. Pode não ter percebido, mas você está fazendo exatamente a mesma coisa que ela, confraternizando com o inimigo, palavras do seu tão amado tio Ronald.
— Mas mãe, o Scorpius...
— Não me interrompa! E não me venha com essa história do menino Malfoy outra vez, eu já ouvi. E, quer saber de uma coisa? Gosto muito da garota Lisa e sinto que isto tenha acontecido, mas aconteceu, ela parece já ter superado, supere você também. Além do mais, até onde eu sei, nenhum dos amigos de Scorpius bateu em Rose ou fez ameaças à vida dela. Sim, sua irmã minha contou. — O rosto dela já adquiria aquela velha conhecida coloração vermelha e agora eu encarava meus próprios sapatos. — Ninguém na família está muito contente pelas escolhas que vocês fizeram. Malfoys? O avô de vocês está morrendo de desgosto. Mas é a vida de vocês. Sua vida e a vida da Rose. E, infelizmente. — A última palavra foi mais um resmungo sussurrado do que parte efetiva da bronca. — Não estamos em livros antigos e não podemos dizer quem vocês devem ou não amar. — Ela parou, tomando uma grande lufada de ar e então pegando um dos biscoitos e partindo-o ao meio. — Então, James, sugiro que siga o exemplo de todos nós, que estamos nos esforçando para ignorar o passado para que você possa ser feliz no futuro e pare de tentar dizer a sua prima com quem ela deve ou não ficar. — Pontuou, colocando um dos pedaços do biscoito na boca. — E vocês deveriam ir logo, vão acabar se atrasando. Bom jantar para vocês. — Disse, recuperando a postura e voltando para a cozinha com a bandeja que havia levado.
— Cara... Você podia ter dormido sem essa. — Albus comentou mordiscando um cookie que tinha trago da cozinha e eu rosnei em sua direção.
— Você vai ficar aí parada? — Perguntei para Rose que entendeu o recado e pulou em minha direção, tocando em meu ombro e olhando-me de soslaio.
— Sinto muito por isso. Não podia imaginar que ela viria com uma bronca dessas... — Desculpou-se e eu fiz uma careta, aparatando logo em seguida e começando a duvidar se o que papai tinha me dado servia para dar sorte ou acabar com o que tinha dela.
(...)

Eu já tinha ouvido histórias sobre a mansão Malfoy, muitas dela em diversos pontos de vista diferentes. Nenhuma delas, entretanto, fazia a construção parecer tão… aconchegante quanto realmente aparentava ao vivo.
Rose e eu estávamos parados do lado de fora dos portões da mansão, que tinham o brasão da família todo envolto em luzes natalinas e alguns bonecos de neve feitos dessas mesmas luzes mais abaixo.
No jardim por detrás destes portões toda e cada árvore estava envolvida por luzes prateadas e alguns dos típicos enfeites desta época do ano, as maiores substituíam as estrelas no topo por uma forma reluzente do brasão, tudo de uma maneira que ressaltava as cores verde e prata e conseguiu me deixar levemente desconfortável, apesar de ainda não passar o ar assombroso das histórias que eu ouvi.
Para completar a bela vista percebi que finos flocos de gelo começavam a cair e, enquanto observava, acabei chegando a conclusão de que tinha esquecido meu casaco sobre o sofá, coisa da qual eu me arrependi imediatamente no momento em que percebi o frio que estava fazendo.
— Cê tá com frio? — Perguntei para minha prima, estendendo-me por mais um tempo ao contemplar a vista.
Não era porque estava frio que eu deixaria de ser um cavalheiro e Rose estava de vestido, então, se necessário fosse, eu abdicaria de meu terno por ela.
— Tô legal. — Disse em resposta ao mesmo tempo em que o barulho de um zíper quebrava o silêncio, atraindo minha atenção para ela e fazendo-me surpreender ao ver que agora ela trajava um grande e grosso casaco.
— Como você…? — Ela interrompeu minha pergunta ao erguer uma bolsinha, não muito maior que sua mão, em minha direção. E aí eu entendi tudo. — Você é igualzinha sua mãe. — Conclui e ela riu.
— Acho que tenho uma extra aqui, para casos de emergência, quer? — Ofereceu, já enfiando o braço dentro da bolsinha e remexendo-o lá.
Refleti sobre as impressões que causaria em uma primeira noite com os Malfoy usando um casaco de Rose e estava prestes a dispensar a gentileza de minha prima quando os portões se abriram, revelando por detrás deles um elfo miúdo e aparentando um ótimo humor, que vestia uma espécie de smoking para elfos, o que me surpreendeu, e portava um grande e estranho sorriso.
— Boa noite, senhor e senhorita. — Seu sorriso se alargou. — Sejam bem-vindos a mansão Malfoy.
— Oh, Edrin! Dispense todo este formalismo. Sou só eu! E esse é James, meu primo. — Rose adiantou-se, curvando-se um pouco e beijando o topo da cabeça do elfo.
— É… um prazer cara. — Afirmei, estendendo a mão para cumprimentá-lo.
— Oh, senhorita Rose, é sempre bom recebê-la aqui. Venham, venham, está frio aí fora, lá dentro está quente, vamos entrar. — Chamou, movendo suas mãozinhas esqueléticas em um movimento convidativo e pondo-se a caminhar pelo corredor que levava até a grande casa ao fim dos jardins.
Rose sorria e não demorou a se colocar ao lado do elfo, fazendo perguntas sobre diversos assuntos que eu não consegui acompanhar muito bem.
Dentro dos muros da mansão coisas novas eram acrescentadas à paisagem, uma estátua aqui e outra acolá, algumas em formas de animais — em sua maioria serpentes —, outras em formas de humanos. Todas visivelmente esculpidas em materiais caros, como prata, e igualmente deslumbrantes.
— Tenham uma ótima noite. — A voz do elfo voltou a soar, desta vez atraindo minha atenção ao mesmo tempo que a porta da frente se abria.
Ele pôs-se a correr para dentro da casa enquanto eu me contentava em ultrapassar a porta e bater nos flocos de neve que caíram por meus ombros e cabelo.
— Então você já é íntima do elfo? — Perguntei pra Rose enquanto ela enrolava seu casaco e fazia um breve esforço para enfiá-lo de volta na bolsa.
— Claro! Edrin é um amor de elfo, você não disse que eu sou igualzinha a minha mãe? Deveria esperar por isso. — Ela sorriu e eu estava prestes a contra-argumentar quando o barulho de saltos batendo contra o chão se aproximou.
— Você deve ser o James! — Uma voz feminina soou, atraindo minha atenção para aquela direção e eu sorri.
A mulher que se aproximava era absurdamente bela. Pelo que Saphira já tinha me contado sua mãe deveria ter cerca de 40 anos, mas não aparentava muito mais que trinta. Tinha os cabelos negros, diferente do marido e dos filhos, e os olhos eram alguma coisa entre o azul e o verde.
— E você deve ser Astória. — Arrisquei e seu sorriso se alargou.
Ela pousou a taça que carregava em um móvel e abriu os braços, caminhando em minha direção e puxando-me para um abraço.
— Eu ouvi falar tanto de você! Seja bem-vindo, meu querido. É tão bom te receber aqui. — Disse enquanto me apertava e eu fiquei sem reação por um minuto.
— Hã… muito obrigado, senhora Malfoy. Também ouvi falar bastante de você. — Conclui que era o melhor a se dizer e retribuí o abraço, mas não por muito tempo já que, sem demora, ela se afastava, segurando-me pelos ombros e então apertando minha maçã do rosto.
— Ora, como é educado! Chame-me de Astie, sim? Não sou assim tão velha. — Brincou, deixando-me levemente ruborizado e novamente sem reação, mas felizmente isto não interferiu em muita coisa, logo ela me soltava e ia na direção de Rose. — Ah, Rosinha! Você está tão maravilhosa! — Ela também apertou minha prima em um abraço e depois trocaram beijos na bochecha.
“Muito calorosa para uma Malfoy” Foi o que eu conclui enquanto aguardava, quase que incômodo, e me perguntava aonde Saphira estaria.
— Potter. — Uma voz fria chamou minha atenção e eu virei minha cabeça em direção ao novo chegado no recinto.
— Malfoy. — Respondi com um breve aceno de cabeça, odiando o fato de estar no covil dele e não poder fazer nada.
— Uuh, quanta testosterona aqui. — Astória voltou a falar no momento em que Rose se jogava nos braços do namorado, fazendo-me desviar a atenção para a parede. — Seja bem educado com nosso convidado, Scorpius. — Repreendeu o filho que revirou os olhos antes de concordar com a mãe.
— Seja bem-vindo, James. — Forçou-se a dizer e eu realmente preferia que ele não tivesse o feito, já que no minuto seguinte eu tive que responder:
— Obrigado. — Meu incômodo era evidente, assim como o de Scorpius e Rose parecia estar no meio de um campo minado. Astoria, por sua vez, se estivesse percebendo alguma coisa fingiu que não estava.
— James, Saphira está terminando de se arrumar, sinta-se à vontade para entrar, a sala de estar fica na porta a esquerda, no fim do corredor. — A mulher disse após alguns segundos de estranho silêncio. — Rose, venha comigo. Eu encontrei um livro na Floreios semana passada e tenho certeza que você vai adorar! — Emendou, pegando sua taça e então segurando o braço de minha prima, levando-a para o lugar contrário ao que tinha apontado para mim e então sendo acompanhadas por Scorpius, que parecia querer tanto quanto eu dividir o cômodo comigo.
Assim que eles sumiram por detrás de uma porta eu respirei fundo e olhei em volta. “No fim do corredor, certo” Conclui mentalmente e então fui na direção que ela tinha indicado.
Eu devia estar aparentando um peixinho fora d’água e era exatamente assim que eu me sentia, Saphira tinha que demorar pra se arrumar logo hoje? Era tudo que eu pensava enquanto passava pelo longo corredor que tinha uma iluminação quase precária, por assim dizer.
Mais ou menos na metade do caminho ouvi uma voz rabugenta e sobressaltei-me ao perceber que um dos quadros estava me analisando. Estava distraído demais para prestar atenção no que ele falava e optei por continuar o caminho, torcendo para que Saphira já estivesse lá.
Ao, enfim, alcançar o final do corredor, girei os calcanhares e entrei na porta à minha direita, reparando então que a sala de estar dos Malfoy mais parecia um escritório.
A figura de um homem todo vestido em preto atraíra minha atenção, estava parado feito uma estátua em frente a uma janela e eu identifique, graças a cabeça loira, quase branca, que se tratava de ninguém mais, ninguém menos, que Draco Malfoy. As palavras “à sua esquerda” brilharam em minha mente e assim eu conclui que entrara na porta errada.
Evitando fazer barulho dei meia volta e estava passando pela porta quando uma voz séria preencheu o cômodo.
— Senhor Potter. — Ele disse, provocando uma careta derrotada em meu rosto antes de eu respirar fundo e voltar-me para a sala.
— Senhor Malfoy. — Cumprimentei e observei que ele ainda encarava a vista por detrás da janela.
Por um minuto não tive nenhuma resposta e, enquanto esperava, fiz uma nota mental de que em minha próxima visita a mansão Malfoy eu deveria pegar a capa emprestada com Albus e levar para lá, apenas para evitar este tipo de incidente.
Agora, enquanto Draco girava lentamente para me encarar, todas as descrições sobre o quão horrível poderia ser àquela mansão passaram a me fazer sentido.
— Então, gostou dos jardins? — Ele perguntou, analisando-me por um momento e logo em seguida caminhando na direção de uma estante, aonde em uma da porta ele analisou duas garrafas antes de optar por uma terceira, que retirou dali junto com dois copos.
— Hã… é… é… um jardim incrível, senhor. — Minha única preocupação no momento era simples, meu pai conseguiria encontrar meu corpo?
Quero dizer, ele não citaria o jardim a toa, de jeito nenhum, eu quase podia ver a mente dele trabalhando. Então tudo fez sentido para mim, todas àquelas estátuas eram na verdade pessoas empalhadas e que foram banhadas em prata logo após o procedimento, por isso tamanha riqueza em detalhes. Eu provavelmente estava suando mais vez.
Ele fez uma expressão satisfeita enquanto tirava a tampa da garrafa e então começava a servir um dos copos que havia pego.
— A vista na primavera é ainda mais bonita. Saphira adora ficar por lá boa parte do verão. Com gelo?
— Eu… há… não bebo senhor, obrigado. — Menti lembrando-me do aviso de minha mãe.
— Ah! — Concluiu ao terminar de servi um único copo e então pousou a garrafa na mesa, deixando o segundo recipiente vazio.
Provavelmente como um modo de tortura, ele tomou um gole de sua bebida, sem pressa, e eu apenas fiquei parado lá, feito um boboca, esperando que ele me matasse de uma vez ou cedesse o quanto antes minha carta de alforria.
— Sabe filho… — Comentou, mas parou por um minuto para degustar a bebida. A única coisa que eu sabia era que ele era um medibruxo, ele com certeza sabia fazer uma morte parecer um acidente. — Eu não gosto de você. —Disse sem mais rodeios e então um repuxado sinistro no canto de seu lábio me fez refletir se ele estava tentando sorrir.
— E-eu… — Ele esperava uma resposta?
— Ah, não me entenda mal! Por favor. Bem me lembro que tive alguns… problemas... com seus familiares quando adolescente, mas não, meu ponto não é esse. Veja bem, eu gosto bastante de seu irmão. Um rapaz de ouro ele, apesar dos pesares. — Mordi meus próprios dentes para evitar que eu desse uma resposta, eu bem sabia a qual “pesares” ele se referia. — E a garota Rose… Bem, inegável dizer que eu não aprovei no começo, devo confessar que ainda não lido bem com esta situação, mas já tenho a mente mais aberta do que quando eles começaram a namorar, você, entretanto. — Ele parou mais uma vez para me analisar e instintivamente eu arrumei minha postura. — Você não achou que eu não saberia caso alguém… brigasse com meu filho em proporções com as quais você fez, achou? — Indagou e eu quase podia sentir que ele julgava a última frase como uma bela piada.
— Senhor eu…
— Poupe-se. — Interrompeu-me antes mesmo que eu pudesse pensar em uma boa explicação para tal. — Os motivos que o levaram a isso pouco me importam, apenas duas pessoas têm o direito de tentar educar meu filho, e nenhuma delas é você. — Avisou antes de tomar mais um gole de sua bebida, deixando-me sem reação, ou pelo menos sem reação nenhuma que pudesse ser usada considerando minha posição ali. — Sua sorte, entretanto, é minha Saphira está feliz, garoto. Eu sinceramente não entendo o que ela viu em você, já que o relacionamento dela com Vicent estava muito bem, obrigado e, claro, se fosse para que ela ficasse com um Potter eu optaria por Albus, mas ela escolheu você. — Ele suspirou, indicando que já tinha tido esta conversa com Saphira antes. — E, apesar de não gostar de você, rapaz, eu amo o sorriso da minha filha, logo, enquanto você a fizer feliz, acredito que possamos deixar estes… acontecimentos passados de lado por um bem maior.
— Senhor, eu amo sua filha, eu nunca iria…
— Entretanto. — Interrompeu-me mais uma vez e eu respirei fundo, ainda encarando-o. — Se eu sonhar que você fez a minha garota sofrer mesmo que por um milésimo de segundo, eu irei declarar guerra contra você, senhor Potter, e farei tudo que me é possível para que vocês não fiquem juntos. Estamos entendidos?
A mudança repentina em sua expressão chegou a me assustar, lembrei de Albus falando algo como “tio Draco não ser tão horrível” e conclui o quanto meu pobre irmão estava enganado.
Levei certa de um minuto para absorver tudo aquilo, tinha sido uma ameaça? Eu tinha certeza que sim. Com um movimento quase imperceptível de cabeça eu concordei e então ele tomara o último gole de sua bebida.
— Foi ótimo conversar com você, senhor Potter, mas temo que não vai encontrar o que procura aqui, a sala fica na porta do outro lado do corredor. — Informou, virando de costas e dando assim a conversa como encerrada.
Com movimentos quase robotizados eu virei e deixei o escritório, caminhando para a sala de estar. Quase me sentia sufocado por minha gravata e agora eu tinha absoluta certeza de que estava suando . Passei a mão em minha testa e tomei uma grande lufada de ar, enquanto chegava a uma simples conclusão: aquela noite seria longa.
(...)
Cerca de cinco minutos depois eu tinha conseguido me recuperar, pelo menos por hora, e agora estava na sala, observando os quadros e perguntando-me se Saphira ficaria pronta para o natal ou se era melhor esperar pelo dia dos namorados.
Mais um tempinho se passou e quando eu, enfim, ouvi um barulho no topo das escadas, percebi que toda a espera tinha valido a pena.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

De cima a baixo e de baixo para cima, ela estava perfeita. Estava calçando saltos, mas nada muito alto, suas pernas estavam expostas até o joelho, que era onde terminava seu vestido que tinha uma coloração verde tão escura que poderia ser facilmente confundindo com preto. Seus cabelos louros estavam ondulados e ela parecia ter pego as duas partes da frente e prendido na lateral da cabeça, com presilhas prateadas e brilhantes, de modo que aparentava estar meio preso e meio solto.

Enquanto ela descia as escadas lentamente e com um sorriso estupidamente belo no rosto, eu acredito que fiquei hipnotizado. Não conseguia olhar em direção nenhuma e, isso pode soar meio piegas, mas meu coração estava batendo tão rápido que eu quase não tinha fôlego. Quando ela se aproximou mais, o ar deixou meus pulmões através de um sopro que se assemelhou bastante a um assobio e fez Saphira sorrir ainda mais.

— Está aí há muito tempo? — Perguntou então, rompendo a curta distância que tinha entre nós e selando meus lábios por uma fração de segundo.

— Acabei de chegar. — Disse sem muito interesse, minha única vontade naquele momento era conseguir um beijo decente dela, ela riu.

— Eu vi você nos jardins com a Rose. — Informou como se estivesse dizendo que me pegou no meio de uma mentira. Eu dei de ombros.

— Valeu a pena a espera. — Forneci-lhe um sorriso torto e então a puxei para perto mais uma vez, dessa aproveitando ao ter os lábios dela entre os meus.

Minha real vontade era de bagunçar todo o cabelo pomposamente arrumado dela e rasgar aquele vestido, os saltos poderiam ficar sem problemas, mas dos joelhos para cima minha real intenção era acabar com tudo que ela levou todo aquele tempo para arrumar. Entretanto, agi completamente ao contrário das minhas vontades e a beijei com calma, tomando o devido cuidado para não bagunça-la, apesar de não crer que estava conseguindo muitos resultados com isso.

A verdade é que Saphira e eu nunca chegamos aonde, meses atrás, era a minha meta. Quando eu sondava o assunto ela levava a conversa em outra direção e sempre que a coisa esquentava alguém aparecia para jogar um balde de água fria ou a própria Saphira arrumava uma desculpa e me deixava sozinho e frustrado.

Agora, porém, nem mesmo que eu quisesse muito fazer o que já disse anteriormente, eu teria que me segurar por simples motivos: Eu estava na casa dela e o pai dela estava por aí.

— Oh! Merlin! Arrumem um quarto.

Meu rosto se afastou do de Saphira e, juntos, olhamos na direção de onde a voz vinha. Deixando a lareira e dando tapas em sua roupa para afastar o pó de flu que ficara ali estava Mellody Wood, que logo concluiu seu trabalho e então nos encarou, revirando os olhos.

— É tipo, você sabia que os pais dela podem entrar aqui a qualquer momento, não sabe?

— Mellody! — Saphira repreendeu e a loira recém-chegada fez um biquinho.

— Nho, eu sei, você não é esse tipo de garota, certo? — Ela tinha manipulado a voz para ficar na mesma entonação que normalmente usamos ao falar com bebês. — Apenas deixe Freya saber disso.

— Mellody!

— Eu amo você. — A amiga riu.

— Você não ia passar este natal com sua família? — Saphira perguntou e então Wood levou as mãos ao peito, como se tivesse sido atingida por uma flecha no coração.

— Assim você me magoa. — Fingiu enxugar uma lágrima, mas logo abandonou a encenação melodramática de lado. — Sim, eu ia, mas então papai começou a falar sobre quadribol e seus tempos dourados e então Austin se juntou e Clarissa está lá pelo natal e aquela garota só volta ao normal quando alguém fala de quadribol e, bem, você deve imaginar. — Ela rolou os olhos para cima e bufou, deixando claro que odiava ou as conversas sobre quadribol ou simplesmente as conversas em família.

— Mas você não joga como goleira ou qualquer coisa assim? — Entre na conversa, segurando Saphira pela cintura e a abraçando por trás.

— Eu faço sacrifícios necessários para o bem da minha casa.

— Bem? Ah, se você é a melhor goleira que eles têm... — Comentei desinteressado e ela ergueu uma sobrancelha para mim.

— Você vai engolir cada letra que acabou dizer no jogo final, Potter, cada bola que eu defender e deixar seu timinho aterrorizado vai valer por uma.

— Ah Mellzinha, você pode defender quantas quiser, não que consiga tamanha façanha, mas seu enorme esforço só valerá a pena se o seu timinho estiver sempre 150 pontos a frente do meu já que, claro, meu apanhador é o melhor da escola.

— Seu apanhador? Aquele que não consegue se concentrar direito quando eu estou por perto? Ah é, boa sorte.

— Achei que tinha vindo aqui para não falar sobre quadribol. — Saphira interveio e eu fiquei grato por isso, não tinha respostas para a idiotice de Alvo, mas deixei a fala de Mellody registrada para resolver esse problema, não me daria a esse luxo no meu último jogo.

— Ele quem começou. — Mellody disse na defensiva. — Vou ver a tia Astie. — Emendou logo em seguida e saiu batendo seu salto contra a madeira do chão.

Saphira virou a cabeça para me encarar e então riu, eu arqueei a sobrancelha.

— Desculpe, amor, mas nós vamos detonar vocês no último jogo. — Disse com uma voz mansa e então ergueu o rosto para depositar um beijinho em meus lábios.

— Veremos, Saphira. — Encerrei o assunto ali e ela riu.

— Vem, vou te apresentar a minha família.

— Eu meio que já os conheci. — Disse enquanto ela me puxava para casa afora.

— Vai conhecer de novo. — Informou, sem querer prolongar o assunto.

O que eu não esperava encontrar ao chegar no hall de entrada, entretanto, era dois novos convidados.

Uma loira, alta, não aparentava ser muito mais velha que Astoria que a estava abraçando neste momento. E um rapaz, moreno e igualmente alto que entregava a Edrin uma espécie de jaleco. A mulher eu não tinha ideia de quem era, mas o rapaz me era vagamente familiar.

— Caleb! — Saphira exclamou, explicando de onde eu o conhecia e então soltando da minha mãe para correr até o primo e dependurar no pescoço dele.

— Hey Hope. — Ele cumprimentou sorrindo e a abraçando de volta.

— Por que demoraram? — Astoria perguntou e Caleb bufou.

— Eu disse para sua irmã vir antes que eu estaria de plantão esta noite, ela me ouviu? Não. Estava parada na recepção e me esperando quando eu desci. — Explicou e recebeu um tapa no ombro em resposta.

— Filho ingrato. — Foi o que a loira disse e eu segurei para não rir, evitaria chamar a atenção.

Não que Saphira tivesse os mesmos planos.

— James! Venha cá. Tia Daphne, este é James, James, minha tia Daphne. — Ela sorriu divertida e me mexi desconfortável, caminhando até a mulher e segurando sua mão estendida, optando por dar um beijo em seu dorso para causar boa impressão.

— É um prazer, senhora...

— Daphne, nada de senhora. — Ela sorriu, parecendo impressionada.

— É um prazer, Daphne.

— E Caleb....

— Ele é o rapaz da copa de quadribol? O que roubou seu sapo de chocolate? — Perguntou me analisando enquanto apertava minha mão.

— Em minha defesa era o meu sapo.

— Nós não queremos entrar nessa discussão. — Saphira avisou e eu ergui as mãos, em rendição.

— E o jantar? — Caleb perguntou, agora não encarando ninguém em especial. — Eu estou faminto, acho que minha última refeição foi o almoço... de ontem. — Comentou pensativo.

— Estamos apenas esperando... — Astoria começou mas teve a voz interrompida por uma nova voz feminina.

— Já chegamos. — Informou e no instante seguinte uma nova loira entrava pela porta, acompanhada de um homem alto e negro e, logo atrás deles, uma outra loira, esta deveria ter a idade de Caleb, vinha junto com Freya e Edward.

— Blayse, Pansy, Georgia e seus já conhecidos Edward e Freya Zabini. — Saphira sussurrou em meu ouvido e eu concordei.

Enquanto observava a família chegar e cumprimentar quem já estava ali, conclui que a surra que eu levei de Freya fora justa. Pelos motivos errados, claro, mas até o momento eu nunca tinha ligado Freya à Edward e, levando em consideração que eu meio que tinha socado o irmão dela, não me pareceu tão injusto, afinal.

Apesar de ele bem merecer e eu não ter me arrependido disto nem por um minuto.

— Acho que podemos ir agora. — Draco informou e, assim, sumiu para dentro da mansão sendo seguido pelo restante.

Ao chegamos na sala de jantar percebi que os lugares estava praticamente marcados e fui para onde me Saphira me puxou, quando todos sentaram, porém, percebi que quadro cadeiras estavam vazias.

— Tem alguém faltando? — Perguntei não deixando de estranhar que já tinha gente demais por ali e mais algumas para chegar.

— Uhum. — Saphira concluiu ao olhar em volta. — O quê achou que só você tinha muita gente perto nos jantares natalinos? — Desafiou.

— Não foi isso que eu quis dizer. — Defendi-me, apesar de ter sido aquilo mesmo que eu tinha pensado.

Estava prestes a perguntar quem eram os outros convidados, não queria me surpreender com Goyles ou Notts por ali partindo um pedaço do peru enquanto imaginavam ser minha cabeça, mas a chegada de outros três reprimiu minha resposta.

Eram os mais velhos no recinto, isso deu pra se concluir rapidamente e eu me surpreendi ao ver a tia Andrômeda por lá. Os outros dois, demorei um minuto para perceber, eram Lucius e Narcissa Malfoy. Enquanto eles cumprimentavam os demais eu cheguei a uma simples conclusão, as senhoras Malfoy aparentavam ser muito mais adoráveis que seus respectivos maridos.

De certo modo eu estava feliz por Andromeda estar ali, graças ao fato de Teddy ser afilhado do meu pai ela vez ou outra estava lá em casa e eu me apegara a ela como se fosse uma avó minha, eu dividia os pais com o Teddy e, em troca, ele dividia a avó.

— Teddy teve assuntos para resolver em Hogwarts e pediu desculpas por não poder comparecer. — Ela informou para Draco e Astoria enquanto os cumprimentava.

— Ah! Bem, avise para ele que não desistirei da presença dele nas próximas comemorações, ele é da família, afinal. — Astoria disse com um sorriso sincero no rosto e Andromeda riu, concordando.

— Oh! James! — Concluiu contente ao meu ver e então veio até mim, dando-me um beijo meio molhado na bochecha. — O que está fazendo aqui, criança?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Eu... hã... eu estou com Saphira. — Disse e então ela alternou o olhar entre nós dois, dando um largo sorriso, como se aprovasse a união.

— Acredito que já podemos... — Caleb começou mas foi interrompido por Draco.

— Edrin, pode servir. — Informou ao elfo e, em um estalar de dedos, a comida estava na mesa.

O jantar foi melhor do que eu esperava. Apesar de estar estranhando o fato de ter tanta gente presente, principalmente considerando que, a não ser por Rose e eu todos eram sonserinos ou um dia foram, as coisas saíram muito bem, obrigada.

Freya e o irmão gêmeo, juntamente a Scorpius, me ignoravam e eu não podia estar mais grato por isso. Vez ou outra alguém direcionava uma pergunta para mim e, se os sorrisos de Saphira eram indício de algo, eu estava me saindo bem.

Mais ou menos na metade do jantar a lareira que ficava naquela sala se acendeu e meu amado irmão surgiu ali, ele cumprimentou parte das pessoas, pegou um bolinho de abóbora, e sumiu de volta na lareira. O que eu não pude deixar de reparar, entretanto, fora a careta que Mellody fez assim que ele apareceu, lembrando-me da briga que eles tiveram por causa de Veronica e o fato de ter Albus ter fingido que ela não estava ali.

Meus problemas com a concentração do meu irmão estavam resolvidos, eu só precisava de um plano para fazer com que essa briga deles durasse até o final da temporada.

Apesar de todos os pesares, o jantar foi bem proveitoso e depois de um tempo eu me senti até mesmo confortável por lá, graças a Astoria que fazia questão de que não fosse diferente.

Depois do jantar parte dos convidados se espalhou e agora eu estava sentado em um sofá, abraçando Saphira enquanto observávamos a lareira.

— James? — Ouvi a voz da minha prima e fiz um som qualquer indicando que estava ouvindo. — Hora de ir. — Informou.

— Nãao. — Saphira protestou manhosa.

— Só mais cinco minutinhos, mãe. — Pedi e Rose riu.

— Eu vou me despedir dos outros, devia fazer o mesmo. — Avisou e eu suspirei, beijando o topo da cabeça de Saphira.

— Você poderia dormir aqui. — Comentou passando os dedos por meu braço.

— Isso é um convite? — Fiz questão de deixar o tom malicioso no ar e ela emburrou. — Estou brincando. — Avisei e ela suspirou.

— Tem quarto para você se quiser ficar. — Disse e eu a observei.

— Não acho que seja uma boa ideia, seu pai não gosta de mim e provavelmente não ficaria feliz se eu dormisse aqui logo na primeira noite.

— Por que acha isso?

— Porque ele me disse... bem na minha cara. — Disse pensativo e ela sussurrou um “ah”. — Além do mais, eu tenho que levar Rose em casa. — Mais um “ah”. — Vejo você amanhã? — Perguntei arqueando uma sobrancelha e ela suspirou.

— Estarei lá. — Prometeu e eu concordei, segurando seu queixo e então selando seus lábios.

— Agora me leve para despedir dos demais, pretendo voltar inteiro para casa. — Brinquei e ela riu, levantando-se do sofá e segurando minha mão.

Assim que as despedidas chegaram ao fim, fui até minha prima e, então, desaparatamos.

***

Ahhh, os natais n’A toca. Não importava o quanto aquela casa fosse expandida, ela sempre pareceria pequena demais quando todos resolviam aparecer.

O clima por lá estava incrível. Os presentes já haviam sido distribuídos, no momento eu estava vestindo meu super estiloso suéter que tinha um J bordado e um S interligado ao J, o resto de meus primos ganharam alguns bem parecidos, com exceção dos mais velhos, estes ganharam luvas ou cachecóis.

A cozinha estava apinhada de gente, o que estava enlouquecendo a senhora Molly Weasley, que dava um belo de um grito sempre que Louis ou Fred apareciam por lá e beliscavam alguma coisa. O restante da família se espalhava da melhor maneira que podiam pelos cômodos do primeiro andar e, para a surpresa de todos, tio Charles tinha resolvido dar o ar de sua graça.

Minha diversão dos últimos vinte minutos estava sendo ver a bronca que vovô Arthur estava desferindo contra um de seus filhos mais velhos pelo pequeno detalhe de ele ter trago um dragão consigo.

— Mas pai, como você esperava que eu viesse para cá?

— Como qualquer bruxo normal, Charles! Olhe quantas crianças têm aqui!

— Tio Charles, quando você vai me deixar voar nele? — Pediu Dominique interrompendo a briga.

— Em breve, ruivinha.

— Charles! — Vô Arthur e Tio Bill disseram ao mesmo tempo.

— Você não vai voar em dragão nenhum, mocinha. — Tio Bill informou e Dominique revirou os olhos.

— Eu já tenho 17 anos! Não sou uma “mocinha” mais. Na verdade nunca fui, vá procurar sua filha mais velha. — Retrucou emburrada.

— Você não vai deixar nenhum de seus sobrinhos subir naquela coisa! — Arthur disse.

— Eu já tenho 50 anos! — Não consegui conter a gargalhada, mas esta ficara congelada no ar, assim que alguém com tom de voz nada contente chamara por mim.

— James Sirius Potter! Você está de brincadeira comigo?! — Victoire se aproximava e eu conseguia ver a fumaça saindo de suas narinas e orelhas.

— Não fui eu. — Comentei desinteressado e ela respirou fundo.

— Eu lhe peço para se livrar dela pelo verão e meses depois você aparece com ela aqui a namorando?! — Perguntou sem tentar esconder o desapontamento.

— Me comove sua empolgação para com minha felicidade. Ela já chegou?

— Acho que está na porta. — Disse e então eu levantei. — James... — Chamou, bem mais calma que há segundo atrás. — Eu só estou preocupada com você. —Confessou e eu suspirei.

— Vic, eu não sei qual é a sua história com o Caleb, mas a minha com a Saphira será diferente. Eu a amo e ela me ama, não tem o que dar errado. — Ela repuxou um sorriso quase melancólico.

— Para você é tão fácil...

— E o que tem para complicar? — Ela suspirou. — Eu a amo, Vic, e estou mais do que disposto a passar pelo que for para provar isso, até vocês acreditarem.

— Você a ama como amava Ruby? — Desafiou, como um teste final.

— Muito, muito, mais.

— Okay, você venceu. Farei isso por você. Mas que fique claro que se ela fizer qualquer coisinha para você...

— Você vai detonar com ela? É, eu sei. Por isso você é a melhor prima.

— Como é a história James Sirius? — Dominique surgiu ao meu lado.

— Loira. A melhor prima loira. Agora se me dão licença. — Passei por elas e consegui escapar, mesmo sabendo que Dominique não estava muito contente com minha afirmação.

Consegui costurar por entre todos os meus demais familiares até, enfim, chegar a porta. Ao abrir dei de cara com Saphira que, para variar, estava deslumbrante.

— Está ai há muito tempo? — Perguntei e ela bufou.

— Sim! Há uns dez minutos ou mais. Você sabia que tem um dragão no seu quintal?

— Sim! Não é sensacional? — Perguntei e ela arqueou uma sobrancelha. Eu ri e então a puxei para perto, a beijando rapidamente. — Vem, tem muita gente para você convencer que é incrível.

— Você sabe que eu estive aqui no verão, não sabe?

— Sim, mas no verão o dono do dragão não estava aqui, vem, vou ver se ele deixa a gente dar uma volta.

— Potter! — Protestou com a voz quase esganiçada.

— O quê? Está com medo? — Desafiei e quem ficou com medo fui eu, da expressão dela.

— Saphira, não é? — Percebi que tínhamos chegado aonde Victoire estava e observei de uma loira para outra.

— Sim. — Respondeu somente, sem muito interesse e0m minha prima. Percebi que Victoire respirou fundo.

— Aceita um cookie? — Ofereceu estendendo na direção de Saphira a bandeja que carregava. — Não está envenenado. — Informou, com a voz bem menos adorável e de certo começando a perder a paciência.

Saphira, provavelmente contra sua vontade, ergueu a mão e pescou um dos biscoitos, forçando um sorriso que ficou quase cômico.

— Obrigada. — Disse e Victoire também lhe lançou um sorriso igualmente falso antes de virar-se e sair.

Bem, pelo menos ela tentou.

— Vai ser uma noite maravilhosa. — Comentei sorrindo, carregando a fala de um otimismo exagerado, Saphira suspirou, enquanto mordia um pedaço do biscoito e tentava concordar.

Eu queria poder dizer que todos foram amigáveis. Mas não foi muito bem assim. Claro que todos foram — ou tentaram — ser simpáticos com Saphira, já que não era a primeira vez dela n’A Toca. Entretanto, Dominique se recusava a permanecer a dois metros de Saphira, de modo que ficou a maior parte do tempo junto com Lucy e Louis; Fred ainda tinha um pé atrás com Saphira — desde o episódio Freya —, mas não agiu como se ela tivesse com lepra. Lily foi bem... Lily.

Quando minha irmã me viu passar por entre milhares de parentes com Saphira, veio para perto de mim. Saphira esperou e eu também; Lily mantinha a expressão neutra, mas seus braços estavam cruzados. Então, veio a mensagem:

— Não vou mentir: não gosto de você. E passei a não gostar ainda mais depois que sua amiguinha... — Aqui, Lily disse com nojo e raiva — Bateu nele. Mas vou tratá-la bem, porque meus pais me deram educação e porque esse boboca gosta de você. Ah, não precisa fingir que gosta de mim. Mas também não quero que me trate igual às pessoas que você maltrata, porque, comigo, as coisas são bem mais embaixo...

— Lil's... — meio que gemi. Acho que a Felix Felicis podia funcionar ainda.

— Calado. — mandou Lily. Nossa, como ela era uma mini Ginny! — Entendeu, Saphira?

Saphira mordeu a parte interna da bochecha.

— É um começo, Potter caçula. — respondeu Saphira. — Eu gosto do seu irmão e você é a irmã dele, então...

— Ótimo! — Lily bateu palmas, com um sorriso de quem dizia que a ameaça havia cumprido o seu dever. — Espero que prove a torta de chocolate! Está uma delícia. — e saiu da nossa frente, indo atrás da torta que eu pretendia comer mais tarde.

Olhei para Saphira, que estava com a expressão de quem estava longe. Eu ergui uma das sobrancelhas.

— Hey — chamei e ela me olhou. — O que achou?

— Achei... bem... achei que ia precisar chamar Freya para bater nela também, já que imaginei que ela viria com cem pedras nas mãos — Saphira sorriu para mim e eu devolvi o sorriso, já que sabia que ela havia dito brincando.

Eu sabia que ela não havia engolido a ameaça de Lily (Saphira realmente não conhecia as mulheres da minha família), mas que estava tudo bem por ela.

Apresentei-a ao tio Charles, o dono do incrível dragão. No início, eu percebi que Saphira ficou com nojo do meu tio. Aquilo me deixou mal, mas tio Charles sabe ser um bom tio e ela acabou se soltando perto dele. Então eu pude aproveitar a noite melhor.

Minha mãe teve o tato suficiente de não ser... bem, uma Weasley. Ela foi cordial, simpática e educada como ela não era acostumada a ser. Porque, se fosse por ela, estaria ignorando Saphira há muito tempo. Mas, minha mãe conseguiu ser tudo aquilo sem parecer falsa! E eu adorava aquilo na minha Cara de Pimenta. Meu pai é Harry Potter, não precisava dizer muita coisa. Ele conseguia ser bonzinho até com um mosquito. Não seria diferente com Saphira; mesmo ela sendo uma Malfoy.

Em certo ponto da noite, quando todos comeram o belo banquete que minha avó, tia Fleur e minha mãe ajudaram a preparar, eu havia reparado em dois sumiços: Fred e Dominique. Quando perguntei a Vic, ela havia me respondido que eles foram passar o restante do Natal na casa de Lisa, já que ela não pôde vir porque o pai dela estava terminando de gravar algum filme.

Já era bem tarde quando todos foram se aquietando. Tio Charles fora obrigado por todas as mães da casa a levar o dragão embora - eu queria ter dado uma volta! - e só voltar aparatando e de cabelo cortado - essa foi a fala da vovó.

Estava ficando tarde e só estávamos eu, Albus e Rose na sala. Teddy e Victoire estavam conversando com os mais velhos na cozinha, os mais novos deviam estar fazendo bagunça em silêncio em seus quartos e meus pais haviam ido para casa. Como Saphira já havia passado uma parte das férias aqui, a mãe dela deixou que dormisse n’A Toca. E minha avó havia feito questão que ela ficasse - ela realmente gostava de ser legal.

Então, quando todos decidiram que estava na hora de irmos dormir, pensamos aonde Saphira dormiria.

— Hum... a Dominique nem Lisa e nem Fred vão dormir aqui hoje. — disse Teddy. — Saphira vai poder dividir o quarto com a Rose, apenas.

Vic deu uma risadinha, mas logo fez uma expressão neutra, guardando o que quer que seja para si mesma. O que era bom.

— Eu sei. — respondi, suspirando. — Eu vou dormir sozinho? Já que o traidor do Fred não está aqui?

— E eu sou o quê? Um desperdício de espaço? — indagou Albus, cruzando os braços.

— Um mini Harry. — Falei, inclinando a cabeça, fingindo analisá-lo. Albus me empurrou e eu ri.

— Eu e Vic vamos para a casa da minha avó. Um de vocês podem ficar com o meu quarto. — Teddy deu de ombros.

— Eu quero ficar com o quarto que divido com Fred. — falei, embora fosse intrigante saber o que Teddy tinha no quarto que ele tinha só para si. Não me perguntem qual foi a façanha para tal, porque eu já pedira um quarto só para mim e a resposta foi um redondo não.

Como eu e Albus sempre tivemos a curiosidade de saber o que Teddy tinha no quarto, meu irmão não protestou quando o quarto dele ficou vago.

— Ela pode dormir comigo. Tem duas camas vagas mais o colchonete da Lisa. — Rose interveio e Saphira pareceu ter adorado a ideia, pelo menos alguém em casa gostava dela e ela gostava de alguém da minha família. Mesmo que fosse pelos motivos errados.

Teddy e Victoire, então, se despediram e saíram d’A Toca - não se podia aparatar ou desaparatar dentro de casa, ordens do papai e tio Ron -, e nós ficamos mais um pouco na sala, rindo. Quando vovô desceu as escadas, fazendo com que nós nos assustássemos e nos levantássemos rapidamente para subir. Ao passar pela estante, onde se encontrava a televisão, Saphira avistou alguns DVD's em cima da mesma.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— O que é isso? — perguntou, parecendo interessada, enquanto subia as escadas. Eu olhei e respondi que era apenas uma série trouxa, fazendo com que ela perdesse o interesse.

Nos despedimos e eu entrei no quarto. Era tão vazio sem Fred! Se eu falasse alguma coisa, poderia até fazer eco. Mas ainda havia a presença de Fred ali, como suas meias espalhadas, algumas peças de roupas em cima da cama, um par de sapatos sociais... era a cara de Fred, quando saía com pressa para algum lugar.

Eu troquei de roupa e deitei na cama. Mas não conseguia dormir. Talvez fosse a falta de Fred, talvez fosse o fato de que Saphira estava a dois quartos de distância do meu, enquanto eu estava sozinho. Era uma tentação. Eu estava sozinho!

Virei-me para o lado da parede e fechei os olhos. Escutava tudo e o nada ao mesmo tempo, concentrando-me em dormir, porque, o tempo todo eu pensava que eu poderia aproveitar esse momento sozinho em meu quarto com Saphira. Eu estava doido por ela. Nós estávamos namorando há uns dois meses e, mesmo antes disso, eu não havia feito nada. No máximo, algumas provocações e até... bem, umas tocadas. Mas, fora isso, eu não havia sentido o calor de Saphira nem uma vez, quero dizer, com nós dois totalmente despidos.

Droga! Novamente o mesmo pensamento. Voltei a me concentrar a escutar o nada daquele lugar, segurando-me para que eu não tivesse de me saciar com as próprias mãos... que decadência! Então, pensando o quanto me masturbar era ridículo, adormeci.

Talvez eu tivesse apenas cochilado, porque, minutos depois, escutei o leve ranger da porta se abrindo. Ótimo, Fred voltara e agora eu teria o seu "leve" ronco para me ajudar a voltar a dormir. Entretanto, ao invés de ouvir a cama dele fazer barulho — porque ainda não tínhamos consertado o estrado, era legal daquele jeito, pois tudo ali era consertado com magia —, eu senti a minha cama afundar.

Girei a cabeça para ver quem diabos estava deitando ao meu lado — poderia ser Lily, mas ela agora tinha Hugo. Estremeci com esse pensamento — e distingui cabelos louros brilhando a luz fraca da lua. Lá fora nevava.

— Sou só eu. — Sussurrou a voz de Saphira ao meu ouvido.

— Isso é um sonho? — perguntei. Sei lá, vai que era?

— Não, seu idiota. — respondeu Saphira, passando a mão pelo meu peito. — Não consegui pregar o olho... — disse ela, passando uma das pernas em cima das minhas e beijando o meu pescoço. Um arrepio perpassou pelo meu corpo.

— Por favor, eu não vou aguentar essa tortura, Saphira. — Eu meio que gemi, ao sentir seus lábios mordiscarem minha orelha. — Se quiser, peço até misericórdia.

Ouvi seu riso em meu pescoço, quando seus lábios sugaram a minha pele. Àquela altura, eu já estava pirando.

— Mas como os homens são uns molengas quando se trata de abstinência...

— Sou apenas um humano. — justifiquei e me virei por completo, para poder olhá-la. Saphira sorria com malícia, vestida apenas com uma camisola de manga comprida. — E tenho uma namorada má.

— Você poderia ter saído com outras. — disse ela, meio que desafiando para que eu a largasse ou a traísse.

— Não sou assim, Saphira. — Respondi, passando a mão em seus cabelos. — Eu, por mais que eu queira muito, vou respeitar o seu tempo. Não vou fazer nada que você não queira. E, além do mais, não tenho vontade de fazer com mais ninguém. Só com você. — Fiz uma pausa. — Então eu espero o tempo que for preciso, ainda me torture.

Saphira ficou me olhando por tanto tempo, que eu pensei que poderia voltar a dormir naquele momento e que não seria tão ruim assim. Pelo menos ela estaria ao meu lado. Mas, então, Saphira disse:

— Eu quero.

— O quê?

— Você, James. — Suspirou. — Eu quero perder minha virgindade com você. — Esclareceu ela e eu a encarei, surpreso.

— Você está... você está falando sério? — perguntei e ela assentiu. Meu coração disparou. - Está mesmo preparada para isso?

— Você está me fazendo perder a paciência. — Replicou Saphira, pegando meu rosto nas mãos. — Eu confio em você e amo você. Isto é o suficiente. — E me beijou.

Senti meu coração bater muito rápido, enquanto seus lábios se encaixavam nos meus. Passei as mãos para suas nádegas e juntei seu corpo ao meu, apertando-a contra minha crescente ereção. Meu outro braço passou por debaixo da cabeça dela, segurando sua nuca, para beijá-la melhor.

Então, Saphira deu impulso e parou em cima de mim. Ela ficou sentada e tirou a camisola, revelando um corpo de tirar o fôlego. E foi aí que eu me lembrei. Peguei a varinha que estava na mesinha de cabicera e apontei para a porta, trancando-a e silenciando-a.

— Boa, grifano. — e ela voltou a se inclinar para me beijar, fazendo-me sentir seus seios por cima do pano da minha camisa, que Saphira fez questão de tirar logo depois.

Seus lábios estavam nos meus novamente, enquanto minhas mãos foram para seu quadril, apertando-a contra meu membro duro. Então, de repente, eu levantei e fiquei sentado, de modo que Saphira ficasse também. Distribuí beijos pelo seu pescoço, até chegar em seus belos e pequenos seios, onde os juntei com as mãos, massageando-os e logo depois sugando-os, ouvindo Saphira gemer baixinho. Aquilo realmente me deixava doido.

Saphira pegou meu rosto e o levantou para me beijar novamente, rebolando em meu colo. Era tão excitante! Ela se levantou e tirou a única peça de roupa, ficando nua sob a luz do luar. Era uma visão tão bela, que eu mal conseguia respirar. Então eu tirei minha calça, liberando meu amigo. Saphira pareceu um pouco hesitante, talvez nunca tivesse visto um... bem, um pênis. Portanto, eu estiquei a mão para ela que, depois de alguns segundos, aceitou e eu a puxei para frente. Eu não deixei seus olhos nem por um segundo, querendo que ela visse que eu a estava dando uma escolha. Ela podia ou não aceitar.

Mas Saphira aceitou e eu levei sua mão até ele. Ela o envolveu com as mãos quentes e lentas, me fazendo fechar os olhos e reprimir um gemido profundo. Sua carícia era delicada e eu adorava cada minuto daquilo.

Engraçado... quem diria que a garota que era inabalável, parecia tão... exposta, tão... menina. Como uma garota de dezesseis anos e que nunca tinha feito sexo era. E era essa inocência que me fez amá-la ainda mais. Saphira aumentou o ritmo, até que eu a parei. Eu levantei e a beijei, levando-a novamente para a cama. Eu a deitei lentamente, ainda a beijando, e passei distrubuir beijos pelo seu corpo, até chegar na região que apenas eu havia chegado. E eu sentia orgulho de ser o seu primeiro e era obrigado a fazer daquela noite inesquecível para Saphira. Queria ela se sentisse amada em um nível superior.

Ela se contorceu sobre os lençóis, não conseguindo evitar os gemidos altos. Ainda bem que eu havia enfetiçado o quarto. Eu continuei a beijá-la, sentindo-me satisfeito por ela estar recebendo aquela nova sensação. Era boa tanto para ela, quanto para mim. Eu levantei a cabeça, recebendo um som de desaprovação dela. Eu ri e fui até a minha mala, procurando por uma camisinha. Quando eu achei, eu fiz os prcedimentos certos e a coloquei.

Voltei para Saphira, que me olhava de modo curioso. Deitei sobre ela, apoiando-me em meus cotovelos. Olhei bem em seus olhos.

— Não vou mentir, isso vai doer. Mas quero que me diga, ok? Se estiver te machucando ou qualquer coisa do tipo. — avisei e ela assentiu, impaciente.

— Aja mais e fale menos. — Ela respondeu e eu ri.

Então, com o máximo de carinho e cuidado, eu me encaixei nela.

(...)

Tenho que admitir que os feriados foram os melhores que eu já tive, de modo que, na volta para Hogwarts, eu estava nas nuvens. Durante a ida, Saphira ficou apenas uns dez minutos em minha cabine antes de ir para a que Freya, Mellody e alguns alunos da Sonserina de encontravam. Pois, Dominique e Lisa não aguentavam respirar o mesmo ar que Saphira e eu não estava muito afim de encontrar Freya. Ainda não a perdoara. E nem iria, para ser sincero. Ela deveria fazer par com Clarisse.

Logo que voltamos, os NIEM's tomaram conta da maior parte do meu tempo —ainda que eu fugia para ver Saphira sempre que podia —, porque, depois de conversar com a professora McGonnagall, eu tinha que estudar bastante se eu quisesse uma vaga de professor de Transfiguração em Hogwarts em um futuro próximo. E era o que eu queria.

Saphira me ouviu falar com Dominique, Fred, Stephen e Lisa o meu desejo de ser professor e, no início, zombou da minha decisão. Ao ver que eu não achara graça, percebeu o quanto isso era importante para mim e começou a me forçar a estudar mais do que antes.

E, com tudo isso, havia os jogos de quadribol. Eu precisava liderá-los nos campeonatos, se quisesse ter a Taça das Casas e o Troféu de Quadribol. Tivemos quatro jogos para decidir quem ia jogar contra quem. No final, a Grifinória iria enfrentar o clássico, que era a Sonserina. Que, por incrível que pareça, estava em primeiro lugar no campeonato e, nós, em segundo. Entretanto, eu me recusava a ficar em segundo. Eu me recusava a perder.

Então era isso. O nosso último jogo. O meu último jogo, assim como era o último de Lisa, Fred e Stephen. Eu ouvia os gritos de incentivos e ovações do lado de dentro do vestiário. E eu odiava admitir que estava nervoso. Eu parei em frente a minha equipe reunida; todos esperavam a minha palavra. A palavra do capitão.

E eu não sabia o que dizer.

— É isso aí, cambada. — Falei, olhando-os. — É o meu último ano como capitão deste time. Eu vi todos vocês evoluírem como um time e isso me deixa orgulhoso, porque percebo que fiz um bom trabalho. — Eu olhei para meu primo, Lisa e Stephen. — Esse ano eu estou levando comigo três peças fundamentais do time da Grifinória e sentirei falta de cada um de vocês.

— Tá muito sentimental, hein. — disse Klaus no fim do vestiário.

— Vou sentir a sua falta também, Caudwell. — Retruquei, esperando que mais alguém falasse alguma coisa. Como ninguém disse mais nada, continuei: — Portanto, não vamos deixar que aquelas cobras vençam! Eu não lutei o ano todo e os outros anos também, para que, no meu último ano de glória, a gente perca para Sonserina. Eu me recuso a perder! Estão me ouvindo?!

— Sim! - eu ouvi todos gritarem e sorri.

— Quero nossos nomes outra vez na Taça das Casas, quero nosso nomes nesse Troféu de Quadribol! — exclamei e meu time fez barulho. — Vamos detonar algumas cobras, Leões!

Todos gritaram, batendo com as vassouras no chão de azuleijo. Eu assenti para eles, aprovando a atitude deles. Era exatamente isso que eu esperava, tentando não me lembrar que, naquela manhã, na hora do café, Saphira havia me provocado. Eu a amava, mas ninguém provocava a mim, falando do meu time.

— Ei, grifano. — dissera ela e eu me virei para olhá-la. Saphira estava toda verde e prata, obviamente já tendo escolhido o lado para qual iria torcer.

— Que desgosto. — comentei e ela revirou os olhos.

— Achou mesmo que eu iria torcer para você? — perguntara ela. — Antes de eu namorar você, eu já era da Sonserina.

— Ah, você conhece o ditado: a esperança é a última que morre. — Respondi, fazendo Saphira bufar.

— Eu amo você, Potter. Mas saiba que a Sonserina está muito avançada nos treinos em termos de equipe... e Mellody ainda está com raiva de Albus. — Ela dera de ombros. Eu me inclinei para frente, ciente dos olhares sobre nós. Eu estava confraternizando com o inimigo.

— Saphira... sua Casa vai comer lama. Somos leões, querida. E sabe o que leões fazem? Saphira apenas me olhou. — Acabam com cobras. Eu acabarei com a sua Casa... mas sem ressentimentos. — Eu voltei a ficar na posição correta.

— Veremos, James Sirius Potter.

— Claro que veremos. Veremos a Grifinória erguer, mais uma vez, a Taça das Casas! — Completei, sorrindo. — Te vejo mais tarde, amor. — E me afastei dela. Ninguém mexia com o meu time. Nem mesmo a garota que eu namorava.

Voltei ao presente, ainda olhando meu time berrar e gritar. Sorri e ergui minha própria vassoura, fazendo-os gritar muito mais. Era isso que eu gostava de ver; poderia ser difícil, mas não era impossível, porque eu não desistia.

Eu gritei e me virei para sair do vestiário, guiando o time para o lado de fora. A multidão gritou quando ambos os times saíram; eu ergui as mãos, soprando beijos e sorrindo para todos, como se já tivesse vencido.

Meu time ficou em suas posições, enquanto eu apertava a mão do capitão da Sonserina, com a minha parceira ao lado. Quando madame Hoch disse que queria uma partida limpa e todo aquele mesmo discurso de sempre, ela soprou o apito e todos nós alçamos voo. Lisa estava ao meu lado, como sempre.

— James, escuta aqui. — Começou ela e eu prestei atenção. — É melhor não facilitar as coisas para a Casa da sua namoradinha.

— Quando estou em campo, não sei distinguir amor e competição. — Respondi, um pouco irritado.

Lisa sentiu minha irritação, assentindo, enquanto voávamos com nossos bastões, atrás do nosso time. Um balaço quase acertou Lily, quando Lisa o rebateu, jogando-o para mim, que arremessei contra um artilheiro da Sonserina.

— Ótimo. Porque eu não saio desta escola sem a Taça das Casas, ou eu não me chamarei mais Elisabeth Carter!

— Achei que tivesse um Stella no meio — disparei, fazendo com que Lisa ficasse boquiaberta por alguns segundos. Mas logo esquecemos isso, porque um dos batedores da Sonserina havia mandado um balaço na direção de Stephen.

Ao fundo, eu ouvi Roxie narrar.

— E a Sonserina tem a posse da goles! — Exclamou a irmã gêmea de Fred. — Derek Lawson passa para Edward Zabini, que arremessa para Lara Patt e... ela desvia de Lily Potter... é ponto da Sonserina! — A parte da arquibancada que estava verde e prata ovacionaram, indo à loucura. E eu estava começando a ficar preocupado. — Não deixa eles passarem vocês, Grifinória!

— Weasley! — repreendeu Minerva, mas minha prima a ignorou.

— E, mais uma vez, a Sonserina está com a posse da goles! — Roxanne falou, parecendo irritada. — Um balaço vindo da Grifinória, acerta a mão de Lara Patt, fazendo com que a goles escape de sua mão!... Isso aí, Carter!... Stephen Thomas pega a goles e saí em disparada, mas Goyle intercede com outro balaço e a Sonserina tem novamente a posse da goles! Fred Weasley, meu irmão, para quem não sabe, o que é meio impossível, agarra a goles de Derek e passa para Lily, que tenta a sorte jogando no aro da Sonserina e... Mellody Wood, ainda não perdoeei você e nunca vou perdoar... É sério, diretora!... pega a goles no último segundo...

(...)

A gente tava perdendo. E feio. O pomo de ouro havia sumido mais de uma vez, mas nem Albus nem a apanhadora da Sonserina haviam conseguido pôr os dedos na bolinha dourada e alada. O que era bom, em parte. Se a apanhadora não o pegara, significa que a gente ainda tinha chance. Ainda que fosse pequena.

Eu e Lisa não caímos nem uma vez. Isso acontecia quando estávamos em campo; parecíamos sincronizados um com o outro, impedindo que nenhum dos nossos jogadores caíssem de suas vassouras. Nós dois evitávamos que todos fossem atingidos e isso era bom, pois o nosso time estava inteiro. Pois, embora a Sonserina estivesse na frente, eles tinham perdido um jogador, que tentara fazer uma jogada suja contra minha irmã. Lisa e eu não deixamos barato e lançamos a goles no cabo da vassoura cara de Derek Lawson. Ele estava bem.

O placar era 170 para Sonserina e apenas 60 para Grifinória. Simplesmente, a gente tinha que pegar o pomo de ouro. Para ganhar a Taça das Casas, faltavam apenas 50 pontos. Se Albus pegasse o pomo, a gente vencia. E meu nome estaria na Sala de Troféus, junto com o meu avô, meu pai e Victor Gregor.

Foi então que um milagre aconteceu. E eu ouvi Roxanne narrando.

— E Tyler Brandon arremessa outra balaço na direção de Ja... espera! — ela gritou tão alto, que os auto-falantes chiaram. — Aquele não é Albinho indo atrás do pomo?! — eu quase fui derrubado por um balaço, mas Lisa me salvou.

Queria agradecer mas não tínhamos tempo para isso, os batedores rivais já se focavam em acertar meu irmão e eu não podia perder essa oportunidade, Mellody parecia mais do que disposta a não nos deixar marcar nem mais um ponto. Infelizmente, Albus era prioridade, portanto, os outros ficaram vulneráveis, porém, quanto antes terminássemos com aquilo, menores as possibilidades de alguém se machucar.

— Isso, Grifinória! E James e Lisa vão escoltar Albus! Eles ficam emparelhados com a Kelly Tenner, a apanhadora da Sonserina, para quem não sabe, e ambos impedem que ela chegue até Albus... VAI, GRIFINÓRIA! Albus chega mais perto, mais perto... É SÓ ESTICAR A MÃO E... MAIS UM POUCO... VOCÉ CONSEGUE!... E ALBUS SEVERUS POTTER CAPTURA O POMO, DANDO A VITÓRIA PARA A CASA DOS LEÕES!

Eu gritei, soquei o ar, sorri e dei piruetas, indo até o pódio onde Roxanne narrava, agarrando o microfone de suas mãos. Todos berreram e McGonnagall só faltou pular no meu pescoço para me impedir de falar ao microfone. Só não o fez, porque eu ainda estava em minha vassoura.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Eu só quero agradecer ao meu time, ao meu irmão incrivelmente sinistro. — Mas não foi isso que eu falei, levando um esporro da diretora. — Aos meus pais, que nos puseram no mundo, perfeitos e maravilhosos; quero agradecer também à leãozinho, porque sim. Ao meu primo Fred comilão, ao Stephen bonzinho, à minha irmã Lily cabeça-dura, ao meu goleiro, Harry espertinho! Estou deixando Hogwarts, mas lembrem-se de James Sirius Potter! Aquele que, pela primeira vez, agarrou o microfone e fez esse agradecimento! — berrei e a multidão riram e berraram. De longe, vi a cara emburrada de Saphira. — Ah, e um último recado! Saphira Malfoy... QUEM ESTÁ VENDO AGORA, HEIN? TE AMO, AMOR! A GRIFINÓRIA VENCEU!!!

Larguei o microfone e desci até onde minha equipe estava. Eles me derrubaram no chão, ficando um em cima do outro, comemorando uma vitória sensacional e sofrida.

(...)

Depois daquele jogo eu fiquei mais feliz do que poderia imaginar. Eu gritava, cantava, bebia e cheguei até mesmo a dar um beijo na boca do meu irmão, o que eu só descobri que tinha feito no dia seguinte. Eu tinha ficado absolutamente em Êxtase, em nenhuma outra vitória nossa, que se eu bem me lembrava tinham sido três desde que eu entrei no time, eu fiquei tão contente e satisfeito com o resultado.

E então vieram os N.I.E.MS.

Cerca de três dias após o final da temporada. Minha felicidade fora tanta que eu tinha me esquecido deles.

Tinha estudado e me dedicado bastante nos últimos tempos, é verdade, mas no momento em que Fred me acordou avisando que deveríamos tomar café logo para não passar pelos testes de barriga vazia, eu quase, olhem bem, quase, entrei em pânico.

O nervosismo tomou conta de mim, bem pior do que da vez em que fui a mansão Malfoy. Eu tinha ciência de como os resultados daquela prova poderiam decidir todo o meu futuro. Tinha a vontade de ser professor, tinha conseguido bons resultados com os NOM’s, mas teria que ser perfeito nos NIEM’s, e aquilo me assustava um pouco. Nunca fui perfeito em nada.

A não ser no quesito beleza, claro, mas não era como se eu pudesse controlar isso.

Enquanto eu me forçava a engolir o café da manhã, Saphira apareceu.

— Você vai arrasar com esse teste. — Garantiu, puxando meu rosto para perto e então me beijando. Suspirei e apenas fiz um movimento com a cabeça. — Você fica tão fofo tímido. — Disse, sorrindo e apertou minha mão. — Você tem se esforçado James, vai dar tudo certo. E eu estarei torcendo por você.

— Já disse que amo você hoje? — Perguntei e ela riu.

— Eu estarei esperando por você no final da prova. — Com a afirmação ela sorriu, um sorriso ... cheio de segundas intenções, se assim posso dizer, mas não demorou nem um segundo a voltar para sua eventual expressão de garota pura. Isso não me enganava mais, devo dizer, mas ela continuava usando. — Se ficar muito nervoso durante a prova, pense em mim. — Ela mandou um beijo e então levantou-se para ir, mas acabou voltando em um segundo e parou as minhas costas, levando a boca para perto do meu ouvido e sussurrando. — Pelada...

Um arrepio percorreu toda a minha espinha e então ouvi o salto bater no chão enquanto ela corria e gritava para que as amigas a esperassem. Peguei o copo de água que estava ao meu lado e o bebi de uma só vez, quase jogando em meu rosto, eu precisava me concentrar!

A concentração veio em um minuto, quando Minerva surgiu e parou em frente a mesa dos docentes e funcionários, propagando sua voz por todo o salão principal já agitado.

— Veteranos, preparem-se. Os NIEM’s começarão em vinte minutos.

Fez-se a tragédia.

(...)

Após o anúncio de Minerva o salão principal virou um caos. Todos os alunos do sétimo ano corriam ao mesmo tempo de um lado para o outro para ajeitar o que quer que faltasse para a prova, eu incluso.

Fred tentava bater algum tipo de recorde e enfiava quanta comida coubesse na boca, Dominique fingia não se importar, mas depois de um tempo saiu do salão afirmando ter que pegar uma pena, Lisa realmente surtou com o aviso e saiu correndo, eu fiquei parado por um tempo, suando, e então corri para o banheiro mais perto.

Eu terminava de lavar minha boca quando uma espécie de sino tocou e a voz de Minerva ecoou pelo que eu julguei ser todo o castelo. Tinhamos cinco minutos para nos reunirmos mais uma vez. Meu café da manhã tinha ido, literalmente, por água abaixo e eu não teria tempo para repor.

Encarei-me no espelho e joguei água no rosto, tentando me passar confiança. O quê? Até os caras mais... James ficam vulneráveis às vezes.

Saphira estava certa, eu tinha me dedicado àquilo e eu iria para aquela prova e iria detonar com ela. Do mesmo modo que havia feito com a sonserina há poucos dias atrás.

Sorri, mais confiante que segundos atrás, e deixei o banheiro enquanto a voz de Minerva soava de novo, indicando três minutos.

(...)

Se as horas após o jogo podiam ser consideradas as melhores da minha vida, o tempo em que fiquei fazendo os testes foi, com certeza, o pior.

Quase meia hora eu desperdicei estando absurdamente nervoso e quando, enfim, me acalmei. Mais ou menos. O nervosismo deu lugar ao foco e a determinação e eu me dediquei completamente àquilo. Quando Minerva informou que nos restavam apenas mais vinte minutos para concluir eu percebi que tinham apenas mais quatro pessoas além de mim no local, três deles eram ravinos.

Concentrei-me e corri com a pena pelo pergaminho, quase xingando o tempo que eu perdia ao tê-la que molhar na tinta, mas escrevendo depressa para conseguir meu objetivo.

O aviso de cinco minutos veio no mesmo momento em que eu coloquei o ponto na minha última resposta. Soltei o ar de meu pulmão como se estivesse o segurando desde o primeiro minuto de prova e então ergui o rosto, Minerva entendeu o recado e meu pergaminho flutuou para perto dela.

— Tenha uma ótima tarde, senhor Potter. — Disse antes de virar de costas e então eu percebi que só tinha sobrado eu.

Passei a mão pelos cabelos, enfim deixando o salão e respirando fundo ao sair de lá, Saphira me esperava sentada em um degrau.

— Olha só o nerd. — Anunciou me encarando e sorriu. — Achei que teria que entrar lá e te arrastar pelos cabelos. — Brincou. — Como foi? — Perguntou se levantando e eu me aproximei.

— Fui... como é que você diz? Fabuloso! Por favor, sou James Sirius Potter. — Disse e ela revirou os olhos.

— Você é tão óbvio, Potter! E é tão fácil falar como você. — Afirmou e cruzou os braços.

— Ah, é? Então tente, Malfoy. — Desafiei e ela me encarou.

— Eu sou James Sirius Potter e todo mundo ama o James. — Ela tinha engrossado um pouco a voz e fez caras e bocas tentando representar, eu gargalhei.

— Um pouco mais de prática você chega lá. — Afirmei e ela riu. — Eu não sei como fui e não sei se quero saber.

— Droga! — Ela suspirou.

— O quê? — Perguntei preocupado.

— Eu queria tanto zoar com você. Mas não posso, porque tenho que ser uma boa namorada. — Ela bufou, mas então me encarou, passando os braços por sobre meus ombros. — Mas ok, usarei isso daqui alguns anos, deverá ser mais divertido.

— Você é tão engraçada. — Disse usando do meu sarcasmo e ela riu.

— Você está tão tenso... — Suspirou e então beijou meu pescoço, afundando o nariz ali por um tempo e sussurrando contra minha pele: — Vem, sei exatamente o que fazer para você relaxar. — Depositou mais um beijo ali e então se afastou, entrelaçando meus dedos com os dela e me puxando para onde quer que fosse.

— Eu acho que vou fazer essas provas todos os dias. — Pensei em voz alta e ela me olhou sobre o ombro, sorrindo com malícia.

(...)

O fim do meu sétimo ano estava próximo. Eu já sentia o pesar e a melancolia se instalar em meu corpo, fazendo com que eu me arrastasse pelos cantos. Saphira era uma das poucas pessoas que conseguiam me colocar para cima. Até porque as pessas que deveriam me pôr para cima também estavam saindo comigo.

Eu estava deitado na cama que a Sala Precisa havia materializado para mim e Saphira. Ela estava com a cabeça em cima do meu peito nu e eu acariciava pele exposta de suas coatas com as pontas dos dedos. Estava de olhos fechados e distante. Nem sabia se ela havia caído no sono, até que ele sussurrou.

— No que está pensando?

— Que eu não a verei muito ano que vem... nem a maioria dos meus amigos. — Respondi, ainda me sentindo a quilômetros de distância. — Posso ver Fred e Dominique, mas Lisa não será tão frequente, já que ela vai fazer Direito dos Nascidos Trouxas e Setephen vai realizar testes para o time de quadribol, Chuddley Cannons — Eu a olhei, admirado. — Sabia que olheiros vieram e o escolheram?

Saphira ergueu a cabeça para me olhar.

— Você foi o capitão da Grifinória durante três anos e nunca perdeu um jogo. Odeio admitir, mas você é bom nisso. — Eu dei uma risada e ela continuou. — E não chamaram você?

— Ah, mas era para eu, Stephen, Fred e Lisa aceitarmos a oferta. Mas apenas Stpehen aceitou. — Respondi. — Amamos quadribol, mas queremos mais do que apenas ir para todos os lugares. Quero estar aqui, ensinando. Sou melhor nisso. E gosto disso. E Fred... bem, Fred ama comida. Não me surpreende ele querer ter um restaurante no futuro. Nunca mencionei, mas ele cozinha muito bem.

Saphira ficou em silêncio por algum tempo, apenas me encarando. Eu não sabia dizer se ela estava me olhando com admiração ou tentando decifrar se eu era mesmo a perfeição em pessoa.

— James. — Ela se apoiou nos cotovelos e passou a mão em meu rosto. — Eu amo você.

E, então, me beijou. Eu sorri entre o beijo, e agarro sua cintura para perto de mim. Acaricei sua língua com a minha, encaixando meus lábios com precisão nos dela.

Saphira passou para cima de mim, tirando-me do meu momento nostálgico e passando a aproveitar o corpo dela se encaixando no meu.

(...)

A primeira semana de junho chegou e trouxe consigo a última semana de aula. Pela primeira vez em todos os meus anos por lá eu não fiquei feliz com a chegada das férias, pelo menos não completamente.

Os alunos — na verdade, as alunas, a maioria delas ravinas — vinham preparando uma espécie de baile de formatura desde o começo do ano letivo, tudo bem conversado com Minerva e os demais professores e o dia tinha, enfim chegado.

Estava na sala comunal e àquela sala nunca tivera tão vazia de garotas quanto agora, apesar de apenas as do sétimo ano — e algumas mais novas que estivessem acompanhando seus namorados — estivessem indo para o baile, o restante parecia estar se espalhando pelos dormitórios para ajudar as formandas.

Um monte de rapazes-pinguim transitava pela comunal, esperando a hora em que pudessem sair ou, então, suas acompanhantes aparecerem.

— LILY LUNA POTTER! — Gritei para o buraco que levava aos dormitórios femininos, tinha desistido de tentar subir até lá depois de escorregar pela sétima vez. — Eu preciso de você mais do que seja lá quem que você esteja ajudando. — Gritei de novo, mas não ouvi uma resposta.

Bufei e me afastei alguns passos, girando os calcanhares em questão de segundos e me preparando para gritar de novo. Parei, entretanto, ao ver que alguém descia as escadas.

Ao contrário do que eu pensei quem vinha era Lisa, não minha irmã, e ela estava... bem... Ela usava um vestido longo vermelho, que marcava bem sua cintura e avantajava seu busto, com duas fendas até suas coxas. Seus cabelos estavam trançados para o lado, seus olhos estavam com aquele formato de gatinho e sua boca estava com um tom vermelho mais claro.

— Lily disse que não vai descer. — Lisa disse ríspida, descendo meio de lado devido ao salto alto.

— Ah! Graças a Deus! Eu me assustei, você está parecendo um ser humano. Irreconhecível! Mas só abrir a boca que vemos que é você. Estou feliz em ver que não te trocaram por uma versão educada. — Resmunguei e ela revirou os olhos, Stephen passou por mim e caminhou até ela, estendendo-lhe a mão e sorrindo.

— Você está maravilhosa. — Disse, quase como se tivesse perdido o ar e meu rosto se converteu em uma careta.

— Arrumem um quarto. — Aconselhei assim que Lisa se inclinou para beijá-lo, já que estava alguns degraus acima dela e sorri assim que eles me fuzilaram com o olhar. Vi também que as costas do vestido dela estava nua, mostrando o seu dragão brilhante e colorido, quando Lisa deu as costas para mim. — Bem, vou buscar minha namorada, ela terá que me amar com minha gravata sem nó. JÁ QUE MINHA IRMÃ NÃO ME AMA DE JEITO NENHUM. — Gritei novamente para o buraco.

— Vai gritar no ouvido da sua avó. — Lisa aconselhou, dando um tapa em minha cabeça.

— Garota, você precisa de sexo. — Comentei, dando tapas no ombro de Stephen ao passar por ele e saindo da sala antes de ouvir os xingamentos.

Caminhei em direção as masmorras, desejando por um momento que Maya fosse da Grifinória, ela com certeza não estaria naquela agonia que as demais estavam. Quase como se alguém tivesse ouvido meu puro e sincero pedido, ouvi sua voz:

— Pode parar aí, mocinho. — Sorri, virando o corpo e a observando surgir de um corredor. — Quero dizer, é sério James! Sete anos, não meses ou dias, anos! E você ainda não sabe dar nó na gravata? — Revirou os olhos e bufou, pegando o pano do meu pescoço e passando os dedos por eles, para desamarrotar.

Maya estava, simplesmente, maravilhosa. Ela estava com um vestido amarelo, que contrastava perfeitamente com sua pele escura. Seu cabelo estava preso por uma presilha dourada do lado direito e o restante estava solto para todas as direções, principalmente pra cima, evidenciando a rebeldia de seus cachos. Quase não usava maquiagem, a não ser, talvez, por um leve brilho em seus lábios.

— Você está... — Ela finalizou o trabalho com a gravata e deu um passo para trás. — Wow... — Foi o que consegui formular e ela riu, inclinando a cabeça um pouco para o lado.

— Você não está nada mal. — Retribuiu e eu sorri.

— George é um cara de sorte. — Afirmei e ela revirou os olhos. — O quê?

— Eu terminei com aquele idiota. — Disse sem interesse. Fiquei boquiaberto por um momento, tentando formular uma resposta ou um pensamento a respeito e ela me observou. — O gato comeu sua língua? São apenas fatos James, quero dizer, ele é um cara legal, mas ainda um idiota. — Deu de ombros. — Só queria conseguir alguma comida antes da festa, eu nunca me lembro de comer ao longo dela. — Balançou a cabeça e então me deu um beijo no rosto. — Até mais tarde. — Desejou e então passou por mim, provavelmente indo para a cozinha.

Permaneci boquiaberto por alguns minutos, não saberia dizer se fora porque, depois de todo aquele tempo, percebi o quanto Maya tinha... crescido, ou se pela surpresa ao saber que ela não estava mais namorando.

Recuperei-me do choque e me lembrei o que tinha ido fazer por lá, assim sendo retomei meu caminho em direção as masmorras, agora com a gravata devidamente amarrada.

Assim que eu terminei de descer as escadas, a porta se abriu e, de lá, saiu uma das beldade vestida de rosa. Saphira estava usando um vestido que ia até os joelhos; a parte de cima do vestido era de alças finas e rosa escuro, bem colado na cintura, como se tivesse sido trançado e a parte de baixo era todo rodado de cor um tom mais claro de rosa. Seus cabelos estavam presos em uma trança, mas diferente do da Lisa. A trança meio que envolvia a parte de cima de sua cabeça, com algums fios soltos e cacheados. A maquiagem estava leve e seus lábios estavam apenas com um batom rosa claro. E seus sapatos eram de salto, prateado.

Eu estava... encantado.

Saphira reparou que eu a estava medindo e sorriu.

— Tira uma foto, dura mais. — Disse ela, enquanto eu estendia a mão e Saphira a pegava.

— Você está tão... linda. — Elogiei igual a um pateta. Saphira riu e o riso dela me fez voltar à realidade. — Eu vou tirar... ou alguém vai. Vamos para a minha formatura.

(...)

Depois que nossos diplomas foram entregues e uma menina da Lufa-Lufa disse o discurso, o baile, finalmente começou. Eu andei com Saphira para todos os lados, exibindo-a para quem quisesse ver. Minha namorada.

Então, depois de dar umas voltas significativas e algumas fotos, fiz Saphira voltar comigo até onde meus amigos estavam. Entretanto, ao invés de continuar, eu parei. Porque eu estava surpreso e em choque (mais do que quando Maya disse que terminara com George) ao ver aquela bunda. Eu nunca me esqueceria daquela bunda perfeita de... Teresa Melikov.

Ela conversava com Lisa, rindo de alguma coisa que eu perdera. Saphira estava segurando minha mão e eu tinja consciência disso. Mas eu estava confuso e queria saber por que raios aquela brasileira estava fazendo aqui depois de dois anos. Dois anos! Arrastei Saphira onde elas estavam, observando que aquele vestido azul, longo e brilhante de Teresa. Eu não sabia o que pensar.

Vi Lisa apontar para mim com a cabeça e Teresa se virou. Se eu não tivesse ficado pasmo com Saphira, talvez tivesse perdido o ar ao ver Teresa, com aquele decote até abaixo dos seios e o cabelo solto, batom vermelho e bochechas coradas. Eu não entendia o que ela estava fazendo ali; no dia da minha formatura, depois de dois anos, quase três. Depois que comecei a namorar com Saphira, eu não mandava cartas com frquência para Teresa, que sabia que eu estava namorando.

— Querido! — disse Teresa em português para mim, quando eu já estava perto o suficiente. Mas, eu pude perceber, que não havia mais aquela malícia, aquele significado naquela palavra. — Então essa é a famosa Saphira?

— Teresa... o que está fazendo aqui? — perguntei, ignorando a pergunta anterior.

— Nossa, que recepção maravilhosa. — Teresa revirou os olhos. — Quer que eu vá embora?

— Claro que não. — Respondi e depois olhei para Saphira, que estava muito calada. — Sim, essa é a Saphira... Saphira Malfoy.

— Hum... — Teresa avaliou por dois segundos. — Eu não mandei você calar a boca e te chamei de Barbie?

— E não era você em quem eu quase avancei? — Rebateu Saphira, fazendo Teresa rir.

— Ai, meu Deus. — disse em português e se virou para Lisa. — Que menininha que James foi arrumar! — Ela, ainda em português, direcionou o comentário para leãzinho. — Não suporto ela e o irmão.

Lisa deu uma risadinha. Havia me esquecido que Lisa sabia falar e entender português.

— Minha língua, Teresa. — suspirei e ela ergueu as palmas das mãos para cima, em rendição.

— Ok, ok. Eu vim porque é sua formatura, cabeção. E conheci a Lisa! Sabe, aquela que você defendeu... do irmão dela. — Apontou com a cabeça para Saphira, que tentou escapar do meu aperto.

— Não fale do meu irmão, sua estrangeira. — Rosnou Saphira e eu a puxei para perto. Teresa continuou no mesmo lugar.

— Ainda por cima é preconceituosa...

— Então, você se deu bem com Elisabeth?! — cortei o ânimo das duas. Eu estava suando para cacete. A expressão de Teresa se iluminou e ela sorriu, passando um braço no de Lisa.

— O quê? Lisa é demais, James. — Teresa riu. — Como eu não me daria bem com ela?

— Hã... e você, Lisa?

— Eu? Bem, Teresa é incrível! Agora entendo porque todos a adoram. — respondeu leãozinho e depois riu. — Eu disse a ela que, se fosse homem, ela seria minha alma gêmea.

Eu ainda sentia a tensão emanar de Saphira e de mim. Já Teresa e Lisa pareciam ser grandes e melhores amigas. Engoli em seco. A mão de Saphira apertava a minha com força, tentando não partir para cima de Teresa e Lisa.

Então, Saphira se virou para mim.

— Eu... vou me acalmar. Porque eu prometi a você. — disse e depois me beijou lenta e longamente e saiu por entre os demais alunos.

Eu me virei para as duas e cruzei os braços.

— Muito obrigado por serem amáveis. — falei com ironia.

— De nada. — responderam as duas ao mesmo tempo.

— Poderiam ser mais gentis...

— E ela poderia ser mais simpática... ops, isso não será possível. — Completou Lisa. — Não me sinto culpada por isso. Vou ver o que Stephen quer, ele está acenando para mim. Falo com vocês depois. — Ela se afastou e eu me virei para Teresa.

— Teresa.

— James.

— Por que a implicância?

— Porque não vou com a cara dela? Fala sério, James, o que vocês têm em comum? — Perguntou Teresa, erguendo uma das sobrancelhas. — Não precisa responder. — Então ela suspirou. — Ok, ok. Vou me comportar, prometo... eu sei que não há mais nada de romântico entre nós dois, mas senti sua falta.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Ela me olhou com aquela cara de cachorro que caiu da mudança e eu percebi que não conseguia ficar com raiva dela por muito tempo. Nunca iria conseguir.

— Tudo bem, mas não provoque. — Pedi e ela assentiu. — Eu aceito um abraço. — Ela sorriu e veio até a mim. O engraçado é que eu não senti meu coração disparar ou tentar memorizar o perfume dela. Foi apenas um abraço, do tipo que eu dava em Dominique.

— Eu já volto. — disse ela e eu assenti. Teresa se afastou e arrastou Lisa para o banheiro. Eu ri e balancei a cabeça, preocupada com Saphira que ainda não havia voltado. Precisava deixar claro que meu coração se acelerava apenas perto dela.

(...)

Eu estava numa roda de amigos. Eu ria e conversava, mas ainda estava preocupado com Saphira, pois ela não havia voltado. Lisa e Teresa já tinham retornado e se juntado a mim, George, Spencer, Jackson, Dominique, Fred, Kenton, Stephen e Henry.

— Mas isso não tem sentido. — continuava Jackson.

— Claro que tem. — disse Lisa, com seu jeito amoroso de ser.

— Não, não tem. — Me intrometi. — Eu falei que a defesa deles estava fraca. Fala sério, quem ia fazer ponto daquele jeito? Tinham que ter demorado para pegar o pomo. — Eu olhei para trás. Nada de Saphira.

Lisa deu um soco no meu braço e eu a empurrei de leve.

— É para concordar comigo, seu imbecil.

— Desde quando concordamos em alguma coisa fora de campo? — Eu dei um sorriso debochado. — Além do mais, pare com isso, sabe que eu tenho razão.

— Só se for na sua cabeça, né? — disse Teresa e todos riram. Mostrei a língua, mas não pude deixar de sorrir. Era ótimo estar com todos reunidos uma última vez antes de tomarmos o nosso caminho.

Nós ainda estávamos conversando, quando escutei a voz de Faye Creevey gritando:

— Meninos e meninas, virem-se para a foto!

Nós nos viramos, surpresos. A loira riu, ajeitando a câmera no rosto e nós nos posicionamos; eu fiquei entre Teresa e Lisa; Stephen ficou do outro lado da namorada, Fred entre Teresa e Dominique; Jackson, George, Sepencer, Kenton, Maya e Henry ficaram um do lado do outro. Passei o braço na cintura de Teresa e pelos ombros de Lisa, e botei um belo sorriso no rosto, inclinando a cabeça um pouco para o lado. Então a garota gritou "XIS!" e apertou o flash da câmera.

O flash me cegou por alguns segundos e, enquanto tentava recuperar a visão, eu pude ver Saphira parada à porta do Salão Principal, olhando-me com os olhos vermelhos e maquiagem borrada. Aquilo me assustou tanto, que eu deixei o pessoal para trás e fui atrás da minha namorada. Quando ela viu que eu estava me aproximando, saiu em disparada para as escadas. Eu corri.

O som da festa e da música ficara para trás enquanto eu seguia Saphira. Os sons que eu ouvia, agora, eram apenas de nossos sapatos. As escadas mudaram, de forma muito conveniente, pois eu parei bem em frente a ela. Saphira, entretanto, não parecia disposta a conversar e mais do que rapidamente se virou, continuando seu caminho enquanto eu gritava seu nome. Era estranha, a atitude dela. Saphira nunca fugia de nada.

— Saphira! — gritei outra vez. E, dessa vez, Saphira parou e me olhou. Seus olhos estavam cheios de lágrimas.

— O quê?! — berrou ela e pareceu que eu tinha levado um soco no estômago, porque a voz dela estava repleta de dor.

— O que você tem? Nem faz sentindo perguntar se você está bem, porque é óbvio que não está. Então diga o que houve!

— Você! Você e ela! — gritou, se afastando de mim novamente. Eu fui atrás.

— Eu e ela? — repeti, meio tonto e completamente confuso. — Teresa? Não existe nada entre eu e ela! Há tempos que não existe!

Saphira deu uma risada sarcástica e sem humor. Aquilo me assombrou e eu dei um passo para trás. As escadas se moveram.

— Você é tão estúpido que nem vê! — berrou ela, fazendo vários quadros reclamarem e sua voz ecoar pelos corredores vazios.

— Ver o quê?! Saphira... você não está fazendo sentindo nenhum! — Eu já estava ficando irritado. — Cuidado com essas escadas, sua louca!

Mas Saphira parecia que não estava me escutando. E eu estava começando a ficar preocupado com as escadas, elas se moviam demais e muito rápido.

— Talvez eu esteja mesmo louca! — rebateu Saphira. — Louca porque você é um idiota! Porque eu sou a maior trouxa de todos os tempos!

— Saphira, pelo amor de Deus...! — Exclamei, exasperado.

— Por que está comigo? — Perguntou ela, sua voz estava cheia de dor. E eu não podia estar mais confuso. — Por que você insiste em nós dois, hein?! Quando tem ela? Por que você não...

— Saphira, cuidado... — pedi, me aproximando dela devagar. Eu estava vendo que aquelas escadas estarem prestes a se mover outra vez e se eu chegasse perto dela bruscamente, ela ia me escapar.

Saphira não me ouviu. Ela parecia furiosa. Seu corpo girando, fazendo com que ficássemos frente a frente. Meu coração se apertou. Sua maquiagem já era, seus olhos estavam inchados e lágrimas incontáveis rolavam por eles.

— Por que você não volta para lá e fica com a sua pre...

Mas eu nunca saberia com quem eu deveria ficar, pois, nesse momento, Saphira deu um passo para trás.

E a escada se moveu.

Eu gritei seu nome.

E Saphira caiu das escadas.

Eu gritei. Alto. E, apesar de saber disso, eu não conseguia ouvir minha voz, apena a dor em minha garganta pelo esforço. Minhas mãos correram por meu corpo a procura da varinha mas demorei apenas um segundo para entender que não conseguiria nada, tinha deixado o artefato na mesa antes de sair atrás dela.

A cena pareceu se mover em câmera lenta, as escadas continuavam a se mover, cada uma delas desviando do corpo de Saphira, o olhar em seu rosto passara de furioso para apavorado e, então, seu corpo atingiu o chão, sua cabeça virou para o lado e seus cabelos lhe cobriram o rosto.

Eu sentia uma grande pressão sobre minha cabeça enquanto tentava enxergar o caminho a minha frente e corria. Meus ouvidos não estavam funcionando muito bem, mas eu conseguia ouvir zumbidos, talvez os quadros estivessem falando, não que eu me importasse. Pulava degraus e tentava o quanto antes chegar aonde Saphira estava, arrisquei mais uma olhada enquanto pulava de uma escada que começava a se mover e percebi que um líquido vermelho começava a compor àquela cena de terror.

Meu coração se apertou, pulei mais dois ou dez degraus e então a alcancei.

Meus joelhos derraparam no chão, minhas mãos tremiam, meus olhos estavam repletos de lágrimas. Gritei seu nome mais uma vez e então, em um ato inconsequentente e impensado, a puxei para meus braços.

— Saphira! Meu amor. Olha para mim. Abra os olhos. — Implorei, afastando os cabelos de seu rosto e o segurando com uma das mãos. Apesar da maquiagem borrada ela parecia serena.

Afundei minha cabeça em seu peito e solucei, seu nome saía em sussurros pela minha boca e então percebi que alguém se aproximava.

A apertei ainda mais contra meu conto, o terror começando a tomar conta de mim e então alguém me puxou para longe, tentei me rebater e voltar para ela, mas não tinha forças para isso e logo a imagem de Minerva e Madame Pomfrey tamparam minha visão de Saphira.

— Venha, garoto. — Acho que era Filtch quem falava. — Vamos pegar um chá para você, deixe-as fazer o trabalho delas. — A voz do zelador estava diferente do usual, e então me deixei ser arrastado por ele para a cozinha, sem forças para relutar.

Minhas costas estavam contra a parede e meu olhar vago observava o amanhecer surgindo. Não chorava mais, as lágrimas haviam secado há algumas horas. Madame Pomfrey não me dera permissão de entrar na enfermaria, então eu estava sentado lá, do lado de fora, esperando a oportunidade de vê-la. Depois de Filtch me forçar a tomar o maldito chá, eu corri direto para lá.

— Onde ela está? — A voz que ainda carregava um quê de sono ecoou, desesperada, enquanto passos apressados se aproximavam. Tombei minha cabeça para o lado e visualizei Scorpius, Mellody e Freya se aproximando. Os três vestiam robes e estavam descalços ou com pantufas, nem perto de todos os frufrus que normalmente viviam envolvidos. — O que você fez com ela? — Gritou assim que me viu. Não respondi, apenas virei a cabeça na posição inicial e continuei a observar o Sol subindo.

Pelo canto do olho percebi que Mellody se colocara a frente dele e o abraçou.

— Não é hora para isso. — Disse tentando acalmá-lo, sua voz também indicava que tinham sido acordados recentemente.

— O que aconteceu? — Minha cabeça se ergueu novamente, estava surpreso. A voz calma que me redirecionara a pergunta sem nenhum tipo de ponta afiada ou ameaça vinha de Freya.

— Ela… — Minha voz morreu, minha cabeça tombou, não estava conseguindo suportar seu peso.

— Acabei de saber, o que foi que aconteceu? — A voz do meu irmão preencheu o ambiente junto com seus passos apressados. Ao mesmo tempo que fiquei feliz por eles, invejei o fato de terem podido dormir a noite toda.

— Ela… surtou. E então saíra correndo e gritando e as escadas… — Minha voz era um fio de nada, saia quase em sussurros e mais uma vez eu não consegui completar a frase. Mas a mensagem parecia ter sido passada.

Mellody soluçou, Freya socou a parede, Scorpius caiu e Albus optou por amparar a loira.

Joguei a cabeça para trás, batendo-a na parede, mas não me importei com a dor.

As portas da enfermaria se abriram e todas as cabeças foram naquela direção, Madame Pomfrey se colocou para fora, a expressão cansada e quase melancólica. Passou a mão no rosto e suspirou.

— Crianças, eu estou fazendo tudo que está a meu alcance… — A voz refletia o cansaço em sua expressão, seus olhos me procuraram e adquiriram algo muito próximo à pena. — Não consegui fazer nada em relação ao bebê, eu sinto muito. — Desejou e meu cenho se franziu.

— Bebê? — Ouvi as palavras saírem de minha boca, Scorpius e Albus.

— Ela estava grávida. — A resposta veio de Mellody, sua voz soava como se tivessem lhe torturando. — Ia te contar ontem a noite. — Acrescentou a informação e eu a encarei por um momento, depois Freya, e então o mesmo olhar perdido.

Eu iria ser pai. A probabilidade e pontinha de felicidade que surgiram com a afirmação foram esmagadas pela realidade. Não mais. Ela tinha perdido o bebê.

— Ela quer ver você, senhor Potter. — Informou e eu a encarei.

— Eu vou. —Scorpius disse passando por mim, mas a medibruxa o impedira.

— Sua irmã insiste em falar com James, senhor Malfoy. — Informou e eu percebi que ele me olhava. Ergui-me sem ter certeza de onde tirara forças para isso e a senhora assentiu com a cabeça. — Você pode entrar assim que ele sair. — Disse a Scorpius e então virou-se, indicando-me o caminho e fechando as portas atrás de si assim que eu passei.

Saphira estava em uma das primeiras macas, ainda estava com o vestido rosa mas a maquiagem e cabelo não faziam mais parte do figurino, corri até ela, tinha os olhos fechados mas seu peito subia e descia calmamente.

— Saphira? Meu amor? — Chamei, segurando sua mão entre as minhas, seus olhos se abriram lentamente.

— James. — Sua voz saiu em sussurro, cansada, dolorida. Meu coração se apertou. — Você está aqui. — Concluiu, como se estivesse surpresa com isso, como se, por algum momento, tivesse passado por sua cabeça que eu não estaria com ela.

— É claro que estou! Eu sempre estarei. — Afirmei, trazendo sua mão para perto e a beijando.

Seu lábio se repuxou na lateral, um sorriso triste que apenas serviu para me devastar ainda mais.

— Ela me disse que eu estou com hemorragia interna. — Interrompeu a frase para tossir, eu tentava compreender as palavras mas elas soavam como se fossem de outra língua. — Começou há alguns minutos e ela não está conseguindo estancar. — Informou e meus olhos percorreram todo seu rosto, não percebi que apertava sua mão com força até ela fazer uma careta.

— O que… o que você está, falando Saphira? — Minha voz estava esganiçada, minha cabeça girava, a pressão nos ouvidos tinha voltado. Ela piscou, lentamente, fechando os olhos por uns dois segundos antes de voltar a abrí-los.

— Eu amo você, James. E eu sempre irei amar. — Disse e respirou fundo, eu já estava prestes a responder quando ela voltou a falar. — Diga a Scorpius, Albus e as meninas que irei sentir a falta deles. — O ar que ela havia tomado há segundos atrás começava a se esvair de seus pulmões e então ela fechou os olhos.

Sua mão que retribuía o aperto da minha relaxou, agora só eu a segurava. Sua expressão passou a ser completamente serena e seu peito não fazia mais movimento algum.

Foi nesse instante que meu mundo desabou.

(...)

A janela acabava mostrando meu reflexo e eu tentava ignorá-lo, preferindo me concentrar na fina chuva de primavera que caía do lado de fora. As vezes, porém, acabava tendo a atenção presa por aquilo que era uma face de mim que eu nunca pensei que um dia veria.

Eu, James Sirius Potter, estava destruído. Minha aparência a qual eu sempre presara não era nem porcentagem do que já fora um dia. Meus cabelos estavam completamente bagunçados, mas não do jeito charmoso que costumava, apenas bagunçados. Bolsas arroxeadas se acumulavam abaixo dos meus olhos devido as noites mal dormidas e, mesmo pelo reflexo mal refletido da janela, podia notar que minha pele estava pálida, quase como se eu estivesse doente. Talvez estivesse, afinal.

Apesar de todo o meu estado mórbido, nenhuma lágrima escorrera por meu rosto desde que eu deixara a enfermaria. Era como se o único sentimento que habitava em mim fosse o vazio. Um grande buraco negro posto no lugar de onde meus sentimentos habitavam. Eu sentia a dor, e o vazio, mas nada além disso.

As gotas de chuva continuavam a cair molhando a grama e respingando na janela, meu olhar morto acompanhava a trilha que a água fazia sobre o vidro enquanto minha mente se esforçava para manter toda a atenção ali. A casa se divida entre silêncio total e sussurros no corredor, todos deles vindos de Lily ou de minha mãe, mas nunca me esforçava para entender o que elas diziam.

— James? — A porta do meu quarto abriu com um rangido e eu sabia que Ginny estava parada na soleira desta. Seu tom era baixo e calmo, quase como se ela estivesse me abraçando com suas palavras. — Está na hora, querido. Não queremos nos atrasar. — Informou e eu reuni forças para fazer um breve movimento com a cabeça, indicando que eu tinha entendido e iria em breve.

Ela suspirou e puxou a porta de volta quando saiu. Eu engoli em seco, observando a chuva que continuava a cair e, no instante seguinte, aparatei.

A mansão Malfoy estava absurdamente diferente em comparação a última vez em que fui lá. Agora ela atendia perfeitamente às descrições macabras dadas por meu pau e tios. Os portões estavam abertos e eu sabia que o convite para entrar era dispensável, assim sendo, comecei minha caminhada até a casa, percebendo que a chuva decidira dar uma pausa por ali, apesar de as nuvens ainda estarem carregadas no céu.

A caminhada não foi longa mas cada passo parecia tirar de mim uma força da qual não podia abdicar facilmente, estava absurdamente cansado e os motivos para tal poderiam ser listados. Um elfo estava parado na porta, enxugava seu nariz em um pedaço de pano a cada dez segundos e eu o reconheci como Edrin.

— S-Senhor Potter… — Ele cumprimentou, aparentemente estava ali para recepcionar os recém-chegados mas não parecia estar em condições de fazer alguma coisa além de chorar. Em resposta apenas maneei a cabeça em sua direção e então adentrei a mansão.

Os soluços e lamentações me guiaram até o cômodo principal da casa, ali eu praticamente me arrastava, obrigando meus pés a continuarem seu caminho. Pessoas se espalhavam pelo corredor e algumas enfurnadas em cômodos ao longo do meu caminho. Um velho homem de cabelos brancos e longos fumava um charuto enquanto discutia abertamente sobre negócios com um outro homem grisalho que não pude ver o rosto. Conclui, infeliz, que se tratava do avó de Saphira, Lucius Malfoy.

Após da visão nada agradável do velho não dando a mínima importância para os acontecimentos, acelerei o passo e consegui alcançar a sala, parando todos os meus movimentos ao alcançá-la e travando meu maxilar ao dar de cara com o caixão posto sobre uma espécie de mesa no centro da sala.

E foi como se todo o ar do mundo tivesse sido retirado e uma repentina tonteira me jogou contra a parede mais próxima, fazendo-me buscar apoio por lá enquanto meus olhos procuravam por outra vista. Acabou não sendo uma boa ideia, afinal.

O primeiro lugar em que meus olhos pousaram fora em um canto a minha direita, aonde Mellody Wood estava mais vulnerável do que eu jamais me lembrava de ter visto. Estava jogada no chão, provavelmente tinha sido pega desprevenida da mesma maneira que eu, e seu único apoio era meu irmão, que a abraçava forte ao mesmo tempo em que compartilhava com ela lágrimas incansáveis.

Perturbado demais com a cena, virei a cabeça para o lado e mais uma vez uma imagem impensável me prendeu por um tempo, Freya Zabini lutava contra as próprias lágrimas, enxugando o rosto constantemente mas jogando o trabalho fora sempre que seu choro tornava a molhá-lo. Ela queria demonstrar sua habitual força, mas de certo estava tendo dificuldades com isso.

Um movimento brusco à minha esquerda chamou minha atenção e então percebi Scorpius se desvencilhando de um desconhecido e caminhando até o caixão, puxando de lá a mão mais pálida que o usual da irmã e apertando com a sua, enquanto sussurrava palavras intelígiveis em meio a seu choro, mas, por algum motivo, eu sabia exatamente o que significavam. “Por favor, abra os olhos”.

Minha cabeça começou a doer e era como se a dor em meu peito tivesse aumentado. O ar ainda me faltava e eu cheguei a conclusão de que não estava pronto para aquilo. Não agora. Não desse jeito.

Reunindo forças mais uma vez, deixei para trás o apoio da parede e me pus a caminhar pelo caminho de volta ao que eu fizera, mais rápido do que conseguia imaginar, saindo pelos jardins e tentando buscar pelo ar que continuava me faltando.

Como se eu já não estivesse atordoado o suficiente, as imagens voltaram para minha mente, o caixão, o pranto dos amigos, o desespero do irmão. Fechei os olhos, apertando minha cabeça com as próprias mãos e inspirando fundo, o maxilar ainda travado e, ao perceber que nada daquilo adiantava, comecei a andar em passo acelerado pelo mini labirinto que eram aqueles jardins.

Primeiro eu andei, depois eu corri. E então, quando a frustração tomou conta de mim eu parei, chutando o vento e gritando para este, tentando assim tirar aquilo que se alojava em meu peito e causava toda aquela dor que me corroía por dentro.

O ar voltou pouco após o grito, em uma grande lufada, mais um soluço, e ao tempo que meu pulmão se enchia de ar novamente, meus olhos ficavam úmidos e minha garganta se apertava em um nó. Mais uma lufada de ar e eu passei a mão pelo rosto, afastando as lágrimas e parando com as mãos apoiadas sobre o joelho, a respiração pesada e a mente com um único pensamento: Eu não poderia ficar ali, não conseguiria fazer isso.

Um tempo se passou e eu continuei naquela mesma posição, tentando controlar a dor em meu peito e minha respiração. Minutos ou horas, não saberia dizer, se passaram, mas finalmente conseguira realizar tal feito.

O céu estava mais escuro do que quando eu chegara, a chuva cairia a qualquer momento, porém eu não dava a menor importância para aquilo. Respirei fundo, erguendo a cabeça para o céu e passando a mão pelo rosto mais uma vez.

Olhei ao redor, a procura do caminho de volta, mas me surpreendi ao deparar-me com uma estátua. Ela não tinha muita coisa diferente das demais ali, era esculpida em prata e tão solene quanto as demais, o que chamara minha atenção, entretanto, era que ela representava cada traço de Saphira e eu consegui identificar isso mesmo a distância.

Como se ela fosse um grande imã e eu algum objeto de metal, comecei a caminhar em sua direção, sem nunca tirar os olhos de lá, nem mesmo para prestar atenção no caminho. Em um minuto tinha alcançado o local desejado.

A estátua era muito maior de perto e com uma riqueza muito maior de detalhes. Era estranho como, mesmo em prata, ela continuava linda. O sorriso em seu rosto era genuíno, podia perceber isso e ao tentar buscar seus olhos verdes e não encontrar nada além do material da estátua senti outro aperto no meu peito.

— Minha Hope… — Uma voz fraca atraiu minha atenção.

Sentada em um banco em frente a estátua estava Astória Malfoy. Seus cabelos soltos estava sendo bagunçados pelo vento que fazia ali e seu rosto estava manchado por lágrimas secas. Mexi-me um pouco desconfortável e então a mulher abaixou a cabeça, voltando a chorar.

— Ela amava você, James. — Disse entre o choro e eu fiquei sem reação por um momento, tentando imaginar o quão difícil para ela aquilo estava sendo. Se eu, mesmo que em silêncio, estava sofrendo, não poderia nem mesmo colocar minha dor em comparação a de uma mãe que perdera sua filha tão nova.

— Eu também a amava, senhora Malfoy. Eu sempre irei. — Afirmei, estranhando o som da minha voz, talvez por não usá-la já há alguns dias.

Astória virou-se em minha direção e eu percebi que seus olhos estavam completamente vermelhos, de certo ela não parara de chorar nem por um minuto desde que recebera a notícia e eu sustentei o olhar por um tempo, para que ela visse que eu não estava mentindo.

Outra lágrima escorreu por seu rosto e então ela virou o rosto de volta para a estátua, fazendo com que eu repetisse o movimento.

Mais uma vez não sei dizer quanto tempo passou. Permanecemos ali, Astória com seu choro silencioso e eu imóvel, apenas a contemplar a homenagem que fizeram para Saphira, perguntando-me quando ela foi posta ali, enquanto o vento tentava levar consigo a dor, inutilmente.

Uma gota caída do céu fora o que nos trouxera de volta a realidade. Encarei o céu percebendo que chuva voltara e nesse meio tempo Astória se levantou, sem fazer questão de enxugar seu rosto.

— Acho melhor irmos, já deve estar na hora. — Chamou, olhando uma última vez para a estátua e eu concordei, deixando-a passar na frente e a seguindo pelo caminho de volta para a mansão.

Logo na porta, deparei-me com Freya e Mellody novamente, agora abraçadas uma a outra e ainda chorando.

— Oh, queridas… — Ouvi Astória dizer, antes de cair no choro mais uma vez e caminhar até as duas. Ao contrário dela, entretanto, continuei o caminho até a sala de estar.

A mansão estava muito mais cheia do que da última vez que eu estivera ali, agora eu identificava mais rostos, como o de Vicent Goyle, Benjamin Nott, dentre outros.

— James! — Ergui o rosto para minha mãe e ela suspirou. — Estava preocupado, querido, porque não avisou que viria sozinho? — Perguntou e eu a encarei por um tempo, antes de desviar dela e, enfim, alcançar a sala.

Agora o caixão não surpreendia de primeira já que estava cercado de pessoas. A chuva engrossava do lado de fora e eu encostei na parede mais uma vez, batendo a cabeça contra esta e observando o cercadinho em torno do caixão sem realmente ver nada.

Albus apareceu então, surgindo por aquelas pessoas e ainda chorando. Ele olhou diretamente em minha direção e então eu suspirei, abrindo os braços para poder abraçá-lo.

— Ela era minha melhor amiga. — Disse sem tentar controlar suas lágrimas e eu concordei, batendo em suas costas por um tempo.

— Eu sei, ela se tornou a minha também. — Disse somente e, de repente, desejando que todo aquele pesadelo acabasse de uma só vez.

Quase como se meus pedidos tivessem sido atendidos, a pequena multidão se disperçou e deu lugar a cena de dois homens estranhos a meus olhos se aproximando com o que eu reconheci como a tampa do caixão.

Albus se afastou de mim e eu congelei aonde estava. Queria correr até lá e impedir que eles fizessem isso, era como se, apenas naquele momento, a realidade da situação tivesse caído sobre mim. Aquilo era um penúltimo passo para que se tornasse definitivo, e eu não queria que fosse verdade.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Enquanto o caixão estava aberto sempre teria a possibilidade dela acordar, assustada e confusa mas bela como sempre. Porém, conforme a tampa abaixava, quase em câmera lenta, todas as possibilidades de ela voltar para mim iam embora. Eu queria correr e queria impedí-los, mas estava congelado na posição em que me encontrava, minha respiração estava presa e tudo que eu conseguia fazer era olhar, enquanto os mesmos dois homens fechavam e lacravam o caixão.

Era aquilo. Definitivamente. Ela não era mais minha. Não voltaria. Tinha acabado.

Eu ainda estava em estado de choque quando ouvi a voz de Draco Malfoy no recinto, não entendi muito bem o que ele dizia mas de algum modo sabia o que eu tinha que fazer. O homem tentava manter o semblante sério, provavelmente queria passar segurança para a esposa que estava frágil, mas seus olhos vermelhos e inchados indicavam que ele também tinha sua fraqueza.

Desgrudei-me da parede e caminhei com Albus até um dos lados do caixão. Draco e Scorpius estavam do outro e, ao sinal do mais velho, erguemos o caixão. Sem o uso de magia ou qualquer outra artimanha, em respeito à jovem que jazia ali dentro carregaríamos por nossa conta durante todo o caminho.

As pessoas abriram a passagem e então começamos a marchar para fora da mansão. Não sentia o peso do caixão, quase como se não existisse, então não fora uma tarefa difícil de realizar. Meu maxilar estava travado mais uma vez e, ao sair, percebi que a chuva estava mais grossa do que nunca.

Como em um passe de mágica meu pai brotou ao lado, segurando um enorme guarda-chuva preto e caminhando ao meu lado, evitando assim que eu me molhasse.

Após deixarmos os portões, com uma multidão nos seguindo, nosso destino seria o cemitério do vilarejo. Calculei que demoramos cerca de vinte minutos para alcançar o local e mais alguns poucos até alcançar o lugar exato aonde o enterro aconteceria.

Um homem baixo e gorducho que eu reconheci como sendo um padre já estava a nossa espera, segurando um guarda-chuva com uma mão e uma bíblia na outra, cumprimentou-nos com um breve aceno de cabeça enquanto, mais uma vez ao sinal de Draco, abaixávamo-nos e deixávamos o caixão sobre o chão, agora estaria sob os cuidados dos responsáveis pelo enterro.

Dei um passo para trás, sentindo só então a dor em meu braço pelo esforço e corri os olhos ao redor. As pessoas se espalhavam ao redor da cova. Percebi que Astória auxiliara o marido para protegê-lo da chuva, mamãe cuidara de Albus e Rose estava ao lado de Scorpius. Me senti horrível no mesmo momento em que o pensamento tomou forma mas, por um segundo, eu senti inveja de Rose, por ela ainda poder estar ao lado da pessoa que amava, sem ser carregando-o em direção ao seu adeus eterno.

Senti um aperto em meu ombro e soube sem precisar olhar que meu pai era quem o realizava. abaixei a cabeça e então o padre começara a falar, tendo minha atenção apenas nos cinco primeiros segundos, depois eu apenas viajei para longe dali, acompanhando a chuva que caía sem parar.

A fala uníssona da maioria dos convidados me puxou de volta ao local em que eu estava e então eu percebi que uma corda fora amarrada em torno do caixão, este que agora era erguido para, em seguida, ser colocado no buraco e começar a descer os sete palmos cavados e, então, eu conclui que não conseguia ficar ali nem por mais um minuto. Sem que ninguém percebesse, saí dali, deixando que a chuva me molhasse da cabeça aos pés.

Eu vi Mellody se agarrar à Albus, como se fosse cair, quando o caixão sumiu naquele... buraco. Entretanto, eu não estava perto para ver aquilo. Eu já estava longe. Porque, tudo ali, me lembrava dela. E do meu filho

Então eu parti. Sem avisar, sem olhar para trás outra vez. Porque, se eu olhasse, eu voltaria. Caminhei para fora do cemitério, olhando para frente.

Quando cheguei aos portões, não sabia por que, eu olhei para o lado. A chuva estava densa e eu quase não enxergava nada, mas eu vi. Eu vi uma pessoa, apenas a silhueta do que se parecia ser uma mulher. Ela estava com um enorme guarda-chuva preto nas mãos, encostada em um carro preto. Eu não sabia quem era. Não me interessei em saber, na verdade. Sabia que ela me olhava, porém, se ela sabia que eu a olhava, não demonstrou.

Foi por apenas dois segundos. Logo depois, olhei pra frente, e aparatei.