As Heroínas do Apocalipse

O que ele fez de tão ruim assim?


Carol ficou pensando naquilo que Abigail falou... Será que Rick era capaz de machucar alguém? Ela se virou, e encarou o menino. Ele parecia tão frágil, tão fraco, que naquele momento não conseguia nem levantar o dedo. Mas quem era Rick Camp antes de desmaiar? Essa pergunta ficou ecoando na mente de Carol por alguns minutos até Lia chamar sua atenção.
– Caroline! - Lia balançou as mãos para o alto. - O que foi? Você se apaixonou pelo menino é?
Lilly fixou seu olhar na sua irmã mais nova e tentou descobrir o que havia de errado com ela, porém, seu esforço foi em vão e ela continuou a ficar de vigia. Carol saiu daquele desvaneio e sacudiu a cabeça, negando com a cabeça; tentando afastar todos aqueles pensamentos sobre o menino que acabara de conhecer.
– Não! Claro que não Lia! To com dó dele só isso...
– Ta Carol, mas ele vai melhorar, então para de sentir pena do garoto! - Lia falou enquanto estudava Lilly, e Carol acabou concordando com a cabeça, ficando do lado de Rick esperando que ele acordasse.
Becky olhou de cara feia pra Carol enquanto mexia a sopa que eles estavam fazendo. Sam finalmente conseguiu acender o fogo com um esqueiro que acharam na cozinha e algumas partes de zumbis, como braços, pernas.
– Consegui! - Gritou Sam enquanto comemorava com sua 'dancinha da vitória'.
Becky sorriu de orelha a orelha enquanto preparava a sopa, ela estava feliz por Sam. Ele nunca vai gostar de mim, pensou ela. Mas isso não a impedia de ter uma queda por ele, não é?
Lilly estava de vigia quando viu que dois caras tinham chegado, com armas nas mãos. O primeiro tinha o cabelo castanho claro, e olhos castanhos brilhantes, e o segundo tinha cabelo preto e os mesmos olhos que o outro. Lilly deduziu que fossem irmãos.
– Você é Lilly Bloom? - Perguntou o mais alto, o moreno.
Lilly o estudou mais rápido que pôde, antes de lançar sua resposta. Ela sentiu que alguém vinha vindo por trás, pra saber o que estava acontecendo, e ela deduziu que fosse Sam. Como ele era o único homem que estava ali com elas, era provável que ele queria proteger suas companheiras por ter o físico melhor que a delas, por assim dizer.
– Pode ficar aí, continue a fazer as coisas. Eu resolvo. - Sem olhar pra trás, Lilly levantou o dedo indicador e isso fez com que Sam obedecesse. Em seguida ela ouviu barulho de passos ficando mais fracos, mais longes, e sentiu-se orgulhosa de si mesma como líder. Ela voltou a olhar os dois rapazes, que agora estavam com os olhos vidrados em Rick. Eles devem estar com Abigail, com certeza, pensou Lilly.
– Olá rapazes. Sim, meu nome é Lilly Bloom. Quem são vocês?
O loiro estava com a atenção voltada apenas para Rick, se dependesse dele, só o seu parceiro iria falar. Lilly também percebeu que, eles estavam com armas em mãos, um pouco mais fraca que a do pai de Lia, mas mesmo assim, se qualquer um dos dois desse um tiro, poderia levar á uma inflamação, e inflamação pode levar á morte. O pensamento fez com que Lilly tivesse pela primeira vez na vida medo de morrer, ou perder quem ela mais ama nesse mundo.
– Eu sou David, e esse é meu irmão, Spencer. Viemos buscar o garoto.
Lilly olhou de cima a baixo propositalmente para os irmãos e voltou a fitar David com os olhos arregalados.
– Sério que vocês são irmãos? Não parecem, nem um pouco. - Lilly falou, sem deixar espaço para que eles pudessem responder. - O garoto tem nome, Rick Camp. Então, sobre o garoto... - Lilly não terminou a frase, não sabia como.
Carol se levantou e foi ao lado de Lilly, com o arco e duas flechas em mãos.
– O garoto é nosso! - Falou Carol com toda coragem que conseguia achar naquele momento. Porém seu esforço foi em vão.
Spencer riu junto com seu irmão, as duas risadas mais diabólicas que Carol já havia escutado na vida, e isso fez com que ela ficasse com medo. Todos lá estavam com medo, até mesmo Sam.
– O garoto não era, não é e nunca será de vocês por que ele é nosso! - Foi a vez de Spencer falar, enquanto falava, balançava o seu revólver. - Rick Leonard Camp foi condenado á morte, e se por um acaso vocês não entregarem o menino, vocês vão morrer também.
Becky se permaneceu imóvel ao lado de Lia; Lia estava com sua AK-47 atrás de sua costa, como se estivesse escondendo, esperando o momento certo para atirar. Sam olhou com repugnância pros irmãos, e depois olhou para Rick.
Com lágrimas nos olhos, Carol largou seu arco e suas flechas no chão, e gritou:
– O que esse menino pode ter feito de tão ruim assim? Ele mal se consegue manter em pé!
Sam chegou mais perto de Carol, o que fez com que David levantasse o revólver e desse um tiro no teto, e Sam recuou. Os irmãos ignoraram a pergunta de Carol, como se aquilo não passasse de um 'bom dia' numa segunda-feira de manhã.
– Nem um passo, garanhão. Minha conversa são apenas com as irmãs Bloom. - David disse esbanjando confiança, e depois voltou a fitar as duas irmãs. - Vocês são mais bonitas que a descrição que nós ganhamos...
– O que você quer da gente, David? Como pode ver, não temos nada pra dar. O menino vai ficar até nossos cuidados até ficar bom, depois devolvemos ele pra vocês. - Lilly tentou falar aquilo como se fosse verdade, mas sua voz saiu trêmula. Pra disfarçar ela fingiu um sorriso. - Vocês topam, senhores?
Spencer olhou para David, e só pelo olhar já era evidente a resposta. Não.
– Lilly, Carol. Nós fomos muito bem informados que vocês são manipuladoras, mas isso não funciona conosco. Podem tentar o quanto quiserem - David foi interrompido por Lia.
– Há mais sobreviventes?
– Quem quer saber? - Perguntou Spencer.
– Lia Northmann. Nathalie pra você. - Lia olhou de cima a baixo pra Spencer, o que o deixou desconfortável o suficiente pra se calar.
Vendo que o irmão não iria fazer nada, David tomou o controle da situação.
– Vocês vão dar o Camp por bem, ou por mal? - Ele revisou o olhar entre as irmãs. - Eu prefiro pelo mal, cá entre nós, vai ser bem mais divertido.
– Quem você pensa que você é pra falar assim com elas? - Perguntou Sam.
– Eu sou David Sean, e você é um zé ninguém. Mas por enquanto, eu que mando por aqui, então, me passe o menino.
– Só por cima do meu cadáver.