–Que milagre, Lene sendo pontual. - Mari zombou assim que sentei na cadeira a sua frente.

Toda manhã sempre tomávamos café em uma cafeteria bem famosa em Arrundall, tínhamos esse ritual desde os 15 anos de idade.

–Não começa, já basta minha mãe. - disse e ela riu.

– O que vocês estava fazendo que demorou tanto para aparecer no jantar da sua mãe? - ela questionou e Vick interrompeu nossa conversa.

–Bom dia meninas, vão querer o de sempre? - ela questionou sorrindo.

–Sim Vick, e não se esqueça dos cookies de chocolate. - Mari pediu antes de Vick nos deixar a sós. - Agora desembucha.

–Fiquei apenas olhando os vitrais da catedral. - desconversei olhando para a televisão.

–Sei, e eu sou a sininho.

–Tá bom, Eu e o Gabriel ficamos ontem.

–O que ?!- Mari gritou e todos da cafeteria viravam para nos ver.

–Desculpem. - pedi olhando para os outros clientes envergonhada, antes de me voltar para Mari. - Mari pelo amor de Deus, seja discreta.

–Não acredito que você fez sexo com aquele deus grego em uma igreja?!- ele questionou chocada.

–Claro que não sua doida, fomos para outro lugar. - disse e Vick veio trazer nossos pedidos interrompendo nossa conversa. -Obrigada Vick.

–De nada meninas. - ela disse e nos deixou a sós novamente.

–Quero saber quando você vai parar de ser essa “devoradora de homens” ?!

–Acho que nunca.

–Sabia que é bom acordar todo dia ao lado do mesmo homem?! E dormir com ele todo dia também?! Você nunca pensou em se apaixonar ?!

–Não me vejo acordando e dormindo só com um cara, e muito menos me apaixonando. Isso são qualidades para mulheres românticas como você amiga.

–Obrigada amiga pela sua sinceridade. - ela zombou e revirei os olhos.

Mari tinha ficado noiva por 2 anos até que ás vésperas d seu casamento ela descobriu que seu noivo estava de caso com a secretaria de seu consultório. Essa notícia acabou levando o noivo para o hospital por ter sido atingindo na cabeça por uma jarra de cristal.

Desde então Mari está fechada para “balanço”, como ela mesma diz.

–Você também pode aproveitar a vida amiga. - sugeri desviando do assunto desagradável.

–Não mesmo. Os únicos homens com quem quero me relacionar são os dos livros e as “múmias” que restauro. - ela brincou e rimos antes de começarmos a tomar nossos cafés.

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–Dra. Grimaldi, será que podemos conversar a sós. - Gabriel pediu enquanto eu explicava alguns procedimentos para um dos técnicos que me acompanhavam.

–Claro, Samuel continue a fazer do jeito que lhe expliquei. - pedi e acompanhei Gabriel para um lugar um pouco afastado dos outros.

–Sobre ontem à noite...- ele começou sem jeito e sorri.

–Não se preocupe, sou adapta de um relacionamento por uma única noite. - tranquilizei e ele respirou aliviado o que me fez rir.

–Não é por que transamos que nosso trabalho vai ser atrapalhado por isso, sei ser profissional.

–É bom saber disso doutora, e quando quiser repetir a dose...- ele disse malicioso e piscou para mim.

–Você será o primeiro a saber. - garanti maliciosa antes de voltar para os meus fazeres.

–O que o deus grego queria? - Mari questionou assim que parou ao meu lado perto a mesa onde estavam alguns documentos.

–Esclarecer “ás coisas”. - disse sem importância.

–Coitado do homem que acha que pode te prender. - ela brincou e rimos enquanto continuávamos nosso trabalho.

Assim que o expediente foi encerrado fui para casa cedo o que era um milagre, já que eu adorava um milagre, já que eu adorava “esticar” a noite um pouquinho.

–Mãe? - chamei assim que entrei em casa.

Minha mãe a dona Clarissa era uma mulher linda, divertida, amorosa e esforçada. Ela me criou sozinha com o salário de professora do jardim de infância, quando eu era pequena perguntava sobre meu pai e ela ficava nervosa, como se não pudesse falar ou pensar nele.

Quando cresci entendi que talvez, ele a deixou gravida sem olhar para trás. E era por isso que não entregava meu coração para alguém, por que no final você sempre sai com o coração machucado ou gravida.

–Na cozinha filha. - ela disse e fui até ela.

–Chegou cedo, por acaso seu namorado não está disponível hoje? - ela questionou brincalhona e revirei os olhos.

–Eu não tenho namorado D. Clarissa. - disse abrindo a geladeira para pegar uma garrafa de água.

–Mais devia ter querida. - ela disse mexendo em uma panela.

–Você é linda, inteligente, qualquer rapaz iria amar você.

–Mas eu não estou querendo compromisso no momento mãe, estou feliz assim.- disse me sentando em uma cadeira enquanto mamãe prestava atenção no jornal.

“Hoje o jornal de Arrundall transmite com muito pesar a notícia de que nosso soberano, o rei Lorenzo Maxwell acaba de falecer no palácio de Arrundall.” - o repórter disse e ouvi a zoada de algo sendo quebrado.

–Mãe. - disse e corri para ajudá-la, pois ela parecia que ia desmaiar.

–Vem vou ajudar você a sentar. - disse ajudando-a a sentar-se na cadeira. - Você quer água? Ou um médico?

–Estou bem Madeleine, só preciso sair. - ela disse desorientada enquanto se levantava.

–Nada disso mãe, você está pálida e gelada. Não vou deixar você sair sozinha. – disse seria e ela me ignorou enquanto saia da cozinha sem dá nenhuma explicação do por que passou mal, ou para onde iria.