100 anos se passaram desde que Aslam adotou Kalene como sua filha. Ela havia crescido, mas devido a maldição da Feiticeira Branca, ainda continuava parecendo uma criança de uns 10 ou 11 anos. Ela nunca entendeu como não havia crescido ou morrido até agora. E como muitas crianças, Kalene havia se tornado uma garota rebelde. Ela odiava o fato de os centauros não deixarem ela sair do acampamento. Diziam que era por causa do frio, mas ela sabia que era mentira. Kalene nunca havia conhecido o verão eo calor. O que ela mais gostava de fazer era treinar com sua espada. Claro que, devido ao clima frio, ela podia treinar apenas umas vezes por dia. Ela também odiava quando os centauros a tratavam como "alteza". Ela prefere ser chamada pelo nome, ou pelo apelido que ela adorava: Kanes. Como não podia sair do acampamento, Kalene recebeu aulas sobre praticamente tudo do mundo.

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Um dia, ela cansou de ser tratada igual a um bebê. Não entendia o porquê de não poder conhecer Nárnia inteira, afinal os centauros nunca lhe contaram sobre a Feiticeira. Ela queria sair, conhecer o mundo. Então, em uma manhã bem cedo, ela acordou, vestiu um de seus vestidos favoritos: um vestido branco de renda fina, com vários detalhes em rosa e preto, com mangas longas e saia mais ou menos rodada. Vestiu sua capa bege, bastante quente, um par de luvas e suas botas pretas favoritas. Os cabelos, estavam quase como sempre, com as mexas da franja presas atrás da cabeça com uma presilha. Pegou sua espada, alguns mantimentos e saiu de sua tenda sorrateiramente. Por pouco, não foi vista por um centauro que passou por ali.

-Puxa, essa foi por pouco! - Disse Kalene.

Ela seguiu seu caminho, saindo de perto do acampamento bem sorrateira, para não ser vista. Estava realmente frio naquela manhã, mas a capa de Kalene era bem grossa e forte. Ela andou a manhã toda, parando apenas para beber sua água, que por sorte. não havia congelado. Definitivamente, ela não estava preparada para aquele tipo de caminhada, pois nunca havia saído nem de seu acampamento. Pensou no que aconteceria quando os centauros descobrirem que ela fugiu. Ela continuou sua caminhada, conhecendo o reino que um dia seria dela. A cada barulho, ela empunhava sua espada, em defesa. Ela andou até avistar um pequeno castor se aproximando de alguma coisa. Sem pensar muito, ela seguiu o castor, até que ele se aproximou de um grupo de crianças ali perto. O mais velho não era tão criança, pelo contrário, já era quase adulto. A menina mais velha também não era tão criança, mas também não era muito velha. A menina mais nova era uma criança de uns 9 ou 10 anos. Mas o que mais chamou a atenção da jovem princesa foi o menino mais novo. Cabelos e olhos pretos, pele branca, um pouco mais baixo quea menina mais velha, parecia ter 12 anos. Ela observou o menino mais velho estender a mão para o castor cheirar e este negou, revelando a eles que sabia falar. Kalene escutou tudo.

-Lúcia Pevensie? - Perguntou o castor à menina mais nova.

-Sim? - Disse a menina, andando em direção ao castor.

Kalene se escondeu atrás de uma rocha para não ser vista. Ela viu o castor entregar um lencinho a menina.

-É o lencinho que eu dei ao Senhor... - A menina foi interrompida.

-Tumnus. - completou o castor. - Ele me entregou antes que o levassem.

-Ele está bem? - Perguntou Lúcia.

-Sigam me! - Sussurrou o castor, indo para algum lugar.

Kalene viu as crianças conversarem entre si e seguirem o castor após isso. Elase escondeu novamente para que eles passassem sem notá-la. Observou bem as crianças e pareciam muito com Filhos de Adão e Eva, ou simplesmente Humanos, como leu em seus livros. O que ela não sabia é o que estavam fazendo em Nárnia, pois ouviu dos centauros que nenhum Humano pisara em Nárnia por muito tempo. Curiosa com aquelas crianças, Kalene as seguiu até que o castor as levou até um pequeno dique onde ele morava.

-Castor! É você? Estava preocupada! - Disse uma castor fêmea saindo do dique. - Se eu souber que saiu com o Texugo outra vez... - Ela perdeu a fala quando viu as crianças chegando. - Não são texugos! Oh! Eu nunca pensei que viveria para ver esta cena! Olhe o meu pêlo, poderia ter avisado para eu me arrumar! - Disse se direcionando ao Sr. Castor.

-Avisaria uma semana antes se fosse adiantar! - Disse o Sr. Castor e as crianças riram, menos o menino mais novo.

-Podem entrar! Vamos ver se consigo alguma comida! E uma companhia civilizada! - Disse a Sra. Castor, sussurrando a última frase para o Sr. Castor.

Antes de entrarem, o Sr. Castor começou a sentir um cheiro diferente. Havia começado a ventar e provavelmente teria carregado o perfume de Kalene até o nariz do Sr. Castor. Kalene estava escondida atrás de uma árvore, não muito longe do dique. O Sr. Castor seguiu o rastro do cheiro dela direitinho. Ela estava distraída olhando para aquele garoto e nem viu o Sr. Castor chegando perto. Quando deu por si, o Sr. Castor já estava ao lado dela, com as patas na cintura e uma expressão de desaprovação no rosto.

-Quem é você, menina?! - Perguntou o Sr. Castor, assustando Kalene.

Kalene gritou muito alto e se afastou tão rápido do Sr. Castor que tropeçou em uma pedra, caiu e desmaiou com a queda e pelo susto.

-Nossa! Eu não sou tão feio assim, sou? - Disse o Sr. Castor.

A Sra. Castor se aproximou de Kalene e tirou algumas mexas de cabelo do rosto da garota, identificando-a.

-Esta é Kalene, Princesa de Nárnia! O que ela faz aqui, tão longe de casa? - Disse a Sra. Castor.

Edmundo, o garoto que Kalene tanto olhava ficou confuso. Ele tinha segredos que não contou para seus irmãos, como o fato de ter conversado com a Feiticeira Branca, ou para ele, Rainha de Nárnia. Ele procurou em Kalene semelhanças com a Feiticeira. Mesmo ela tendo dito que não tinha filhos, como essa garota poderia ser Princesa de Nárnia? Ela era linda. Tão linda quanto a Feiticeira, mas mesmo assim, não eram parecidas. Seria Kalene filha da Feiticeira?

-Vamos levá-la para dentro! Ela deve estar morrendo de frio! - Disse a Sra. Castor.

Pedro, o menino mais velho, ajudou a carregar Kalene para dentro da casinha dos castores, sendo seguido por Lúcia e Susana, a menina mais velha. Edmundo ficou ali fora por mais alguns instantes, olhando para o palácio da Feiticeira, até ser chamado pelo Sr. Castor.

-Apreciando a paisagem? - Perguntou o Sr. Castor.

Edmundo apenas acenou que não com a cabeça e entrou logo em seguida. Kalene e a Feiticeira não saíam de sua cabeça. Assim que ele entrou, viu a princesa abrindo os olhos levemente, deitada num canto,tentando acordar, enquanto a Sra. Castor servia comida para as crianças e passava um pano quente na cabeça de Kalene. Ninguém tirava os olhos dela, principalmente Edmundo. Ele realmente achou ela linda. Tanto que se viu encantado por ela. Mas não podia se esquecer de seu objetivo principal: fugir e se encontrar com a Feiticeira. O Sr. Castor chegou e se sentou a mesa, mudando o assunto para a captura de Sr. Tumnus, um grande amigo de Lúcia.

-Não há nada a fazer para ajudá-lo? - Perguntou Pedro.

-Foi Levado para a casa da feiticeira, e como dizem, poucos são os que passam pelo portão e voltam de lá. - Disse o Sr. Castor.

-Peixe com fritas? - Perguntou a Sra. Castor.

Nesse momento, Kalene acorda de vez, se levantando devagar. A Sra. Castor a alertou para não levantar tão depressa.

-Cuidado querida! Não vá se machucar! - Disse a Sra. Castor

-Não, tudo bem. Agora eu estou bem. Me desculpem pelo susto, eu não devia ter chegado desse jeito. - Disse Kalene.

-Sendo quem é, você deveria ser mais cuidadosa. Imagina se é capturada pela Feiticeira? - Disse o Sr. Castor.

-Mas que feiticeira? - Perguntou Kalene.

-Eu não acredito! Ela não conhece a Feiticeira! - Exclamou o Sr. Castor.

-A Feiticeira é uma pessoa má. Ela capturou o meu amigo, o Sr. Tumnuse se auto-proclama Rainha de Nárnia! - Disse Lúcia.

-Lúcia! Não seja assim grosseira! - Disse Susana. - Desculpe, não nos apresentamos, eu sou Susana, essa é minha irmã Lúcia, esse é meu irmão Pedro e aquele é meu irmão Edmundo. - Disse apontando para Edmundo.

Edmundo acenou para Kalene apenas. Ele se sentiu um idiota por não cumprimentá-la devidamente. Mas agora tinha certeza. Se Kalene não conhecia a Feiticeira, não poderia ser filha dela.

-E eu sou Kalene, Princesa de Nárnia. É um prazer conhecê-los! - Disse Kalene. - Mas quem é essa tal feiticeira? - Perguntou

-O nosso pior pesadelo há100 anos. Ela dominou Nárnia e se auto-proclama Rainha. Ela quemantém esse inverno constante. Você nunca viu o verão, viu? - Disse o Sr. Castor.

-Não, nunca vi. Na verdade, não sei o que seria um mundo sem neve. - Disse Kalene.

-Não se preocupe! Há esperança, querida! - Disse a Sra. Castor.

-Ah, sim! Muita esperança! Aslam está a caminho! - Disse o Sr. Castor.

-Quem é Aslam? - Perguntou Edmundo. Kalene o fitou sem ser notada.

-Haha! Quem é Aslam! Vocês não sabem? - Perguntou o Sr. Castor.

-Bem, não estamos aqui hámuito tempo.- Disse Pedro.

-Ele é só o Sr. dos bosques. O maioral. O verdadeiro Rei de Nárnia! - Disse o Sr. Castor.

-E ele é meu pai. É, tinha esquecido de mencionar isso. - Disse Kalene. Edmundo olhou pra ela imediatamente. Agora ele entendeu o porquê de ela ser considerada Princesa de Nárnia.

-Mas você nunca o viu, não é? - Perguntou o Sr. Castor.

-Não. Os centauros me contaram que ele partiu quando eu era bebê. - Disse Kalene.

-Mas isso é impossível! Aslam partiu há 100 anos! Você já deveria estar velha ou provavelmente morta! - Exclamou o Sr. Castor.

-Eu também nunca entendi por que nunca cresci! - Disse Kalene.

-Bem, Aslam está fora há algum tempo. - Disse a Sra. Castor.

-Mas ele voltou! E aguarda vocês na Mesa de Pedra! - Disse o Sr. Castor.

-Ele nos aguarda? - Perguntou Lúcia.

-Só pode ser brincadeira! Eles nem conhecem a profecia! - Exclamou o Sr. Castor. - Bem, o retorno de Aslam, a prisão de Tumnus, a polícia secreta, e acho que até a fuga de Kalene, está acontecendo por causa de vocês!

-Estão nos culpando? - Perguntou Susana.

-Não! Culpando não, agradecendo. - Disse a Sra. Castor.

-Espera aí! Como assim, a minha fuga? E que tal profecia é essa? Eu estou tão perdida quanto eles! - Disse Kalene

-Existe uma profecia: Quando a carne de Adão, o osso de Adão, em Cair Paravel no trono sentar, então chegará ao fim a aflição. - Disse o Sr. Castor.

-Essa rima não é muito boa! - Disse Susana.

-Eu sei que não é boa mas, será que não percebem? - Disse o Sr. Castor.

-Há muito tempo foi previsto, que 2 filhos de Adão e 2 filhas de Eva derrotariam a Feiticeira Branca e trariam paz à Nárnia. - Disse a Sra. Castor.

Kalene ficou um pouco desanimada, pois a profecia não falava de nenhuma princesa.

-E vocês acham que somos nós? - Perguntou Pedro.

-É melhor que sejam! Aslam já preparou o exército de vocês. - Disse o Sr. Castor.

-Mamãe nos deixou para não nos envolvermos em uma guerra! - Disse Susana.

-Não somos heróis! - Disse Pedro.

-Obrigada pela hospitalidade, mas nós temos mesmo que ir embora! - Disse Susana.

-Mas não podem sair assim! - Disse o Sr. Castor.

-Ele tem razão! Temos que ajudar o Sr. Tumnus! - Disse Lúcia.

-Não podemos fazer nada! Desculpem, mas está na hora de voltar pra casa. Ed? - Perguntou Pedro.

Kalene sentiu um aperto no coração quando viu que Edmundo não estava lá.

-Pra onde ele foi? - Perguntou Kalene.

Pedro notou o casaco de Edmundo largado na escada e a portinha dos fundos aberta, deixando o vento entrar.

​-Eu mato ele! - Disse Pedro.

Continua

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