Capítulo 6

Muitos perigos.

Após cruzarem um corredor com várias portas, Bryan e Sherry entraram na “Sala de Pesquisa A”. Ela era bem iluminada e ampla, com várias mesas cheias de computadores, tubos de ensaio, microscópios, entre outras coisas usadas pelos biólogos.

– Então é aqui que eles trabalhavam... – murmurou a promotora.

– Sherry, atrás de você!

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Ao ouvir Bryan, Birkin virou-se e viu um zumbi de jaleco, babando ácido, com parte do cérebro exposto. Cambaleava rapidamente em sua direção, vindo de um dos cantos da sala, braços esticados como um sonâmbulo.

Após soltar um gemido, a criatura foi eliminada por Jessen com um disparo certeiro na cabeça, por pouco não agarrando Sherry, que ficou sem fôlego.

– Você está bem? – perguntou o dentista.

– Sim, foi só um susto! Obrigada, Bryan!

– Bem, é melhor explorarmos esta sala! Veja, ali no canto há um armário! Deve haver algo dentro dele!

– Vou averiguar!

Deller balançou a cabeça quando Bryan eliminou Harry Smith, responsável pela sala de experimentos, agora um zumbi horrendo. Atento aos monitores, o antigo responsável pela White Umbrella verificou as posições de todos os invasores: Chris e Jill ainda estavam na sala onde conversaram com Wesker, procurando algum papel importante. William e Linda estavam se dirigindo para a enfermaria, enquanto Bryan e Sherry vasculhavam a primeira sala de pesquisa. Mas e a Unidade Alfa? Nem Wesker sabia onde esse intruso estava, e isso assustava Deller enormemente.

– Chegou a hora, Wesker! – exclamou Emanuel, subitamente. – Eles estão indo longe demais!

– Eu também acho, caro Deller... – disse o holograma, pensativo. – Pensei que ofereceriam menos resistência aos mutantes. É melhor agir rápido!

– Vou soltar meus gladiadores! Nada poderá detê-los!

– Como fará isso?

– Libertarei um de cada vez, ou eles acabarão se matando logo de cara na sala de experimentos! Alguma preferência?

– Mande nosso bom e velho Matt!

– Isto vai ser mais divertido que videogame!

Rapidamente, Deller acessou o computador central e entrou no terminal da sala de experimentos. A partir dele poderia soltar os mutantes ainda adormecidos em suas câmaras.

Digitando no teclado como um louco, Deller inseriu algumas senhas, fazendo surgir uma barra de progresso na tela.

– O líquido da câmara está sendo drenado, é possível ver por aquele monitor! – exclamou o biólogo, apontando para uma das telas no painel de segurança.

– Sim, de fato!

A câmera de segurança na sala de experimentos registrou o feito, enquanto Deller prosseguia. Após mais alguns comandos e um aviso informando que aquela operação era extremamente perigosa, o chefe do complexo arrancou da criatura os tubos de nutrição. Despreguiçando-se na cadeira, Deller disse, com os braços cruzados atrás da cabeça:

– Aproveite o show, caro Wesker!

No monitor da sala de experimentos, foi possível ver uma tempestade de vidro saindo de uma das câmaras. Imediatamente surgiu um alto mutante nu, de enrugada pele bege, que, após olhar para os lados por um instante, soltou um forte e terrível urro, como cem homens agonizando ao mesmo tempo.

– Você ouviu isso?

Sherry estava assustada. Ela e Bryan estavam lendo alguns inúteis papéis encontrados no armário quando ouviram aquele urro horrível, que definitivamente não era de um zumbi.

– Mas que diabos? – exclamou Jessen, tão confuso quanto a jovem.

Birkin, tomada pelo medo, acabou abraçando Bryan buscando proteção, prestes a chorar sobre seu ombro. Aquele momento lembrava quando ela, aos cinco anos de idade, fez o mesmo com a mãe ao amedrontar-se perante um cão feroz.

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– Acalme-se, Sherry! – sorriu Bryan. – Vamos apenas sair daqui, OK? Acho melhor nos juntarmos a William e Linda, eles já devem ter encontrado algo!

– Você está certo... – disse Birkin, recompondo-se. – Mas, mudando de assunto, veja o que eu encontrei!

A promotora entregou uma prancheta a Bryan, que continha uma espécie de relatório, lido atentamente pelo dentista:

Relatório de Armas Bio-Orgânicas do Exército Vermelho, laboratório de Vladivostok, 6/9/88.

Desejo relatar, por meio deste relatório, nosso progresso no desenvolvimento de uma arma superior às usadas pelo Ocidente.

Nosso trabalho começou há dois anos, quando do acidente em Chernobyl. Após testes com diversas amostras de formas de vida encontradas na área contaminada pela radiação, uma em especial chamou nossa atenção: a sanguessuga.

Esse animal sofreu uma significativa mutação em sua estrutura genética. Cultivadas em laboratório, as sanguessugas de Chernobyl produziram, através de uma secreção roxa, um novo tipo de parasita, que batizamos como “Nemesis”, a deusa grega da Justiça. Essa forma de vida, de alguma forma, altera o DNA dos hospedeiros fazendo com que desenvolvam características mutantes favoráveis aos nossos propósitos, de acordo com nossos últimos testes. É a oportunidade que temos para criar supersoldados.

Porém, há um revés. A ação de Nemesis em 90% das cobaias deu-se de forma extremamente lenta e insatisfatória, criando fraquezas e deformidades que não podem se manifestar. Estamos trabalhando para corrigir esses defeitos, e nesse ponto entra a questão que gostaria de tratar com maior destaque.

Uma empresa farmacêutica do Ocidente, chamada Umbrella Inc., ofereceu uma satisfatória quantia em dinheiro para que lhe vendamos o “Projeto Nemesis”. Eu recomendo que o Conselho pense bem nessa possibilidade, pois a Perestroika há tempos vem reduzindo nossas verbas e a Umbrella possui meios para corrigir as falhas no projeto, que seria transferido para alguma filial da empresa na Europa. Nós continuaríamos participando das pesquisas e seríamos beneficiados pelos resultados. É importante lembrar que o campo das armas biológicas é mais promissor que o das nucleares.

Atenciosamente,

Nicholai Zinoviev, Chefe de Pesquisas.

– Foram os soviéticos que iniciaram o Projeto Nemesis – concluiu Sherry. – A Umbrella simplesmente o comprou, aprimorando-o!

– Bem interessante... – murmurou Bryan, enquanto guardava consigo o relatório.

Súbito, um novo urro, parecido com o anterior, mas agora mais alto e próximo. Seja lá o que fosse, estava indo na direção deles.

– E agora? – exclamou Sherry.

– Rápido, vamos nos abaixar atrás de uma dessas mesas!

A dupla rapidamente rolou para trás de uma mesa de pesquisas, olhando apreensiva para a entrada da sala, cabeças camufladas pelos inúmeros aparelhos e utensílios.

De repente, algo entrou correndo no lugar, quase derrubando a porta. Era alto, pele bege enrugada e pastosa, vestindo uma calça preta e um jaleco rasgado. O pior era o rosto: não possuía olho direito (na perspectiva do monstro), tendo no lugar um remendo malfeito. O outro olho era apenas um globo branco, sem vida alguma. Também não tinha cabelo, e havia algo como tubos roxos enfiados em suas costas. A boca era grande e feia, a coisa não tinha lábios e a mandíbula estava exposta. Numa das mãos tinha algo como tentáculos roxos, que pareciam mais enguias agitadas. Resumindo, um mutante que parecia ter saído do inferno.

Sherry observava os movimentos da criatura com lágrimas nos olhos. Bryan, igualmente impressionado, logo se viu tremendo. O monstro caminhou alguns passos, parando no centro da sala. Por sorte não sabia que estava sendo observado.

Sem mais nem menos, o mutante exclamou, em algo que parecia mais um urro:

– S.T.A.R.S.!

Em seguida virou uma mesa com um potente soco, enchendo o chão de cacos de vidro. Por fim deixou a sala, rosnando como um cão raivoso.

Bryan e Sherry permaneceram calados, imóveis. Por pouco não haviam sido mortos pela terrível aberração. A promotora se levantou primeiro, trêmula, dizendo com voz fraca e oscilante:

– Os outros! Nós temos que avisar os outros!

Jessen, recuperando-se, pegou seu rádio e tratou de informar os companheiros de equipe sobre o que acabara de ocorrer.

Chris e Jill ainda examinavam a grande sala onde Wesker se revelara, quando um “bip” tomou o ambiente, fazendo a mulher de Redfield estremecer. Ela se esquecera que o barulho era feito pelo rádio, pensando se tratar de alguma terrível armadilha de Wesker. Era o inevitável cansaço.

O barulho vinha do rádio de Chris. Este verificou quem se comunicava:

– Aqui é Chris!

– Quem fala é Bryan! Vocês estão bem?

– Sim. Encontraram algo?

– Chris, eu preciso lhes avisar sobre algo. Eu e Sherry acabamos de ver um mutante terrível, maior que esses malditos zumbis! Era todo cheio de cabos e tentáculos, além de um olho cego e o outro costurado! Vocês sabem do que se trata?

Nesse momento Chris já havia sido tomado pela surpresa e temor. Disse, após um breve instante de silêncio:

– É melhor falar com Jill!

Chris passou o rádio para a mulher, que perguntou, curiosa:

– O que há de errado, Bryan?

– Jill, nós vimos um monstro terrível! Cheio de tentáculos e cara costurada! Ele gritou algo perto de nós, parecia “S.T.A.R.S.”!

– Meu Deus! – exclamou a mulher de Chris, quase sem ar. – É um Nemesis!

– Nemesis? Igual àquele que você enfrentou em Raccoon?

– Exato! Bryan, avise William e Linda! Esse monstro é muito perigoso! Evitem-no sempre e não tentem enfrentá-lo!

– OK. Nós encontramos algo interessante, mas conversaremos melhor depois, com mais calma! Desligo!

Jill devolveu o rádio ao marido, extremamente assustada. Agora havia um Nemesis atrás deles, o que dificultaria as coisas em 100%.

– Fizemos bem de não contar a eles sobre a proposta de Wesker? – indagou Jill.

Mas Chris não respondeu, e ambos sabiam o que aquilo significava. Estavam atolados até o pescoço na merda.

William e Linda estavam na enfermaria quando Bryan contatou-os. O relato sobre o monstro deixou-os extremamente apreensivos. Após encerrar a comunicação, McDouglas disse:

– OK, vamos nos juntar a Bryan e Sherry! Acho que não encontraremos mais nada útil neste setor e nossa prioridade agora é encontrar Deller e descobrir como desativar esse maldito Wesker, entendido?

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– Sim, amor!

Mas, antes que eles pudessem sair da enfermaria, alguém cruzou a porta, ganhando o local. O casal imediatamente apontou suas armas para o sujeito vestindo roupa tática preta, cabelo grisalho e face soturna, que estava armado com um fuzil AK-47.

– Quem é você? – indagou William.

– Meu nome não é importante! – rosnou o indivíduo, com forte sotaque russo. – Larguem suas armas imediatamente!

– E quem é você para nos obrigar? – riu Linda.

– Eu tenho doze anos de treinamento no Exército Vermelho, oito no U.B.C.S. e cinco nas forças de segurança da Biocom, onde sou chamado atualmente de Unidade Alfa. Posso estourar seus miolos num piscar de olhos!

– Vá se danar! – gritou McDouglas.

Antes que William pudesse puxar o gatilho, um disparo vindo do fuzil do intimidador feriu Linda no braço. Esta caiu sobre a cama da enfermaria, contendo o sangramento com uma das mãos.

– Ai, meu braço! – exclamou Malone, mordendo os lábios.

– Veja o que fez, filho da mãe! – bradou William, socorrendo a namorada.

– Foi apenas de raspão! – disse o agressor, extremamente frio. – Ouçam-me se quiserem sair daqui vivos!

– Então fale logo, idiota!

– Nós temos um inimigo em comum: Emanuel Deller. O problema é que trabalho para a Biocom e uma das minhas metas seria eliminar vocês. Porém, o quartel-general não sabe que estão aqui e eu não seria obrigado a fazer isso. E preciso da ajuda de vocês para escapar deste lugar!

– Como assim? – perguntou Linda, enquanto William lhe fazia um curativo.

– Meu nome é Nicholai Zinoviev. Aquela amiga de vocês, Jill Valentine, me conhece muito bem. Tivemos algumas desavenças em Raccoon City.

– Desavenças?

– Ela derrubou meu helicóptero. Naquela época trabalhava para a Umbrella, mas antes era um pesquisador a serviço da União Soviética neste laboratório, onde trabalhei no final da década de 80. Com o colapso do comunismo acabei me vendendo para a Umbrella, e com o fim desta, para a Biocom. Ela comprou este lugar no final dos anos 90.

– Então você conhece bem este complexo, não? – perguntou William, ainda cuidando do ferimento da namorada.

– Sim, eu conheço. E sei a única rota de fuga disponível no momento, já que esse maldito Wesker tornou a superfície inacessível. Descendo o elevador principal nós ganharemos a região de controle do complexo, onde ficam os setores Gama e Ômega. Neste último há uma passagem secreta que a Biocom não conhece, muito menos o pessoal da Umbrella quando trabalhou aqui. Ela leva para um complexo de cavernas que desemboca na doca subterrânea, onde há um antigo submarino soviético. A partir dele poderíamos escapar até o mar.

– Uma doca subterrânea? Muito engenhoso!

– O problema é que essa passagem secreta só pode ser aberta pela sala de controle, onde acredito que Deller esteja trancado. E precisaríamos inserir quatro chaves especiais na porta para abri-la. Nem me pergunte onde elas estão.

– A coisa vai ficar pior. Há um Nemesis à solta.

– Eu ouvi seu urro. Sei como evitá-lo, afinal ajudei a criar aquela coisa.

– Então você nos ajudará a encontrar essas quatro chaves? – indagou Linda, já melhor e com um sorriso esperançoso no rosto apesar de tudo.

– Sim, e me desculpe pelo tiro. Bem, vamos logo! Quanto mais demorarmos, menos chances teremos!

William olhou fundo nos olhos de Linda. O que seria melhor fazer naquele momento? Mesmo se não quisessem se juntar a Nicholai, não tinham muita escolha. Um “não” poderia matá-los, já que o russo não teria nada a perder fazendo isso.

– Vamos, então! – disse McDouglas, sem muito ânimo na voz.

– É melhor encontrarmos seus amigos no Beta! Sigam-me!

E deixaram a enfermaria, liderados pelo russo de cabelo grisalho.

Bryan e Sherry entraram no primeiro corredor do Setor Beta, caminhando lentamente na direção da área do elevador. O medo de encontrarem Nemesis novamente era grande.

– Acho que ele foi embora, Sherry... – murmurou Jessen.

Súbito, uma grade que tampava um duto de ventilação no teto cai na frente da dupla, junto com um daqueles asquerosos “bebês”.

– Oh, não! – gritou Sherry.

A criaturinha desproporcional correu na direção deles, gritando, mas antes que pudesse ferir-lhes, foi morta por um disparo certeiro de Sherry, que atingiu a região entre os olhos do monstro.

– Mas que coisa horrorosa! – exclamou a promotora, examinando o cadáver do mutante.

– Sem dúvida alguma!

Nesse instante o olhar de Bryan ganhou o de Sherry, e eles ficaram petrificados, se admirando, até que Birkin deu um sorrisinho.

– Você é muito bonita, sabia? – disse o dentista.

– Ora, obrigada! Mas você está sendo mesmo sincero ou é só para aliviar a tensão?

– O que acha?

E riram deliciosamente.

– Os pesquisadores e funcionários dormiam nesses dormitórios – explicou Nicholai, enquanto percorria com William e Linda o corredor em forma de “T”. – Alguns zumbis ainda estão dentro deles!

– Por que Deller quer se vingar da Biocom, afinal? – perguntou William.

– Porque ela foi responsável pela falência da Umbrella. Muito simples.

Após passarem pelo cadáver do lambedor, ainda estendido no chão, o grupo ganhou o primeiro corredor do Setor Alfa. Malone perguntou:

– O que você estava fazendo em Raccoon City?

– Fazia parte do U.B.C.S., a unidade de mercenários da Umbrella. Tínhamos a missão de salvar os segredos da empresa, com a fachada de resgatar os civis que não haviam se transformado em zumbis. Mas a operação foi um fracasso.

– Eu vejo que seu currículo não é nada limpo! – exclamou McDouglas.

– Chris, venha ver isto!

Redfield caminhou até a esposa, que estava parada na frente de uma das paredes da sala cheia de computadores, e perguntou:

– O que foi, amor?

– Veja este trecho da parede! A coloração é diferente e quando soquei, soou oco!

Chris socou a parede duas vezes, comprovando o que a esposa dissera: era oca.

– Deve haver algum mecanismo que abre uma passagem atrás dessa parede! – concluiu Jill.

– Mas o difícil será encontrá-lo...

– Então nosso intruso tem nome! – sorriu o holograma azul de Wesker, olhando para Deller. – Nicholai Zinoviev!

– Sim, o clássico comparsa da Umbrella que se vendeu para outra companhia! Traidor!

– Eu também fiz isso em vida, Deller... Ele deve ter tido seus motivos!

– Bem, vamos esperar. Daqui a pouco soltarei o segundo titã!

Nicholai, seguido por William e Linda, encontrou Bryan e Sherry ao lado do cadáver do Hermes, pensativos. O dentista perguntou:

– William, quem é o companheiro de vocês?

– Meu nome é Nicholai Zinoviev – respondeu o russo. – Estou trabalhando para a Biocom e tenho a missão de eliminar Emanuel Deller antes que cause mais estragos!

– Então você é da Biocom? – ironizou Sherry. – É tão culpado quanto Deller!

– Eu sei disso, e só estou colaborando com vocês porque também estou preso neste lugar!

– É verdade! – exclamou Linda. – Ele atirou em mim, mas conhece uma rota de fuga!

– E como é ela? – indagou Bryan.

– Nós temos que descer até a doca subterrânea para fugir num submarino, mas não será fácil!

Nisso, um urro altíssimo. Todos sabiam a quem pertencia.

– É ele! – desesperou-se Birkin. – Aquela coisa horrenda!

– Espere aí... – murmurou Bryan. – Nicholai Zinoviev era aquele que liderava os pesquisadores soviéticos neste lugar!

– Exato – respondeu o russo. – Eu ajudei a Umbrella a criar o Nemesis, esse monstro que está perseguindo vocês!

– Chega de papo! – diz William, checando a munição de sua arma. – Temos que sair daqui antes que esse monstro apareça! Rápido, para o elevador!

O grupo cruzou a saída do Setor Beta e, na área do elevador, correu até o transporte. Os cadáveres dos zumbis ainda estavam espalhados pelo chão. Bryan perguntou:

– Foi você quem matou os zumbis nesta área, Nicholai?

– Sim, mas quando cheguei já havia alguns desabilitados!

– Isso explica tudo...

William pressionou o interruptor do elevador, que por sorte já estava naquele andar do subsolo. Se tivessem que esperar a longa subida com certeza seriam pegos pelo Nemesis.

Assim que as portas se abriram, os cinco fugitivos entraram e Linda acionou o botão verde para que o transporte descesse. O trajeto para baixo teve início.

Logo que Chris e Jill cruzaram uma das portas da sala onde haviam conversado com Wesker, ganharam um novo corredor, com uma porta à esquerda e duas à direita.

– Mais lugares para investigar... – murmurou Chris.

Jill caminhou na direção da primeira porta à direita, mais próxima deles. Após cruzá-la, ganhou junto com Chris uma sala com algumas estantes de livros e um armário num canto. Aparentemente nenhum monstro.

– Vamos dar uma olhada – sorriu Jill, já percorrendo com os olhos o nome dos livros numa das estantes.

– Oh, meu Deus! – exclamou Chris. – Cuidado, amor!

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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

A mulher de Chris imediatamente virou-se para a esquerda. Viu uma criatura verde e corcunda, que mais parecia um sapo e tinha afiadas garras. Um Hunter, que soltou um estridente berro.

Jill atirou, mas a criatura correu para trás de uma das estantes. Chris a seguiu, apontando seu rifle.

– Tome cuidado, Chris... – disse Jill, recuperando-se do susto.

Ágil, Chris conseguiu emboscar o mutante, atingindo-lhe alguns disparos. Mas este saltou por cima da estante, ficando novamente na frente de Jill.

O monstro veio correndo na direção da ex-integrante do S.T.A.R.S., mas esta foi mais rápida e atingiu-lhe uma rajada na cabeça. O Hunter caiu morto numa poça de sangue verde.

– Hei, Jill! – gritou Chris. – Venha ver o que eu encontrei!

Jill foi até o marido e encontrou-o examinando algo na mão, dizendo:

– Veja o que encontrei no armário! É uma chave ou coisa assim!

Na verdade o artefato era uma mistura de chave e cartão, de cor azul, com a inscrição “Chave 2”.

– Vamos guardar, pode ser útil! – recomendou Jill, enquanto o marido guardava consigo o achado. – Há mais alguma coisa aqui?

– Não sei...

E continuaram investigando, sempre apreensivos, prontos para atirar em qualquer coisa que se movesse.

O elevador já havia percorrido metade do demorado percurso. Nicholai parecia pensativo, coçava o queixo com uma das mãos. Sherry disse:

– Espero que Chris e Jill estejam bem...

– Eles vão estar! – sorriu Bryan. – Sabem se virar muito bem!

Súbito, um estrondo, e o som do maquinário do elevador trabalhando cala-se sem mais nem menos. O transporte havia parado.

– O que houve? – perguntou Linda, confusa.

– O elevador parou por algum motivo no meio do caminho! – exclamou Nicholai, sempre frio. – O que poderá ter sido?

Imediatamente os cinco ouvem um urro sem igual. William rapidamente conclui:

– É o Nemesis! Está em cima do elevador!

– Mas que droga! – exclama Bryan.

E segue um forte som metálico, vindo de cima do elevador, como se algo do lado de fora estivesse socando o teto tentando rompê-lo para entrar.

– Oh, meu Deus! – desesperou-se Birkin.

– Acalmem-se! – disse Nicholai. – Ele não conseguirá entrar! Nemesis é uma criatura e tanto, mas este elevador é revestido de várias camadas de metal, que podem resistir a fortes impactos! Porém, precisamos sair daqui! A descida parou porque Nemesis deve ter rompido algum cabo e os freios de emergência foram acionados automaticamente! Se ficarmos aqui muito tempo esse elevador pode despencar!

– E como faremos? – perguntou William.

– Bem, de acordo com meus cálculos... Linda, abras as portas do elevador!

– Você está louco? – protestou a ruiva. – Aquela coisa pode entrar!

– Faça o que digo! – exclamou Nicholai, enquanto Nemesis socava o teto mais uma vez.

Linda acionou o interruptor e as portas do elevador se abriram, revelando uma das paredes metálicas do fosso por onde o transporte transitava. Nicholai se aproximou da borda, caminhando com cuidado para não cair, e olhou para baixo por alguns instantes, fitando o interminável buraco sobre o qual estavam.

– Nossa salvação está logo abaixo! – disse o russo. – Vejam, ali embaixo há um duto de ventilação!

Nicholai apontou e William e Bryan realmente viram a entrada de um duto de ventilação um pouco abaixo do elevador.

– O sistema de dutos leva diretamente para o mesmo destino do elevador! – explicou Zinoviev. – Se pudéssemos pular um a um e nos esgueirar pelo duto, escaparíamos desta enrascada! Além disso, Nemesis não cabe dentro dele!

– É nossa única alternativa! – concluiu McDouglas. – Acho que podemos fazê-lo! Algum protesto, garotas?

– Não! – respondeu Sherry.

– OK, então... – murmurou Nicholai.

O russo voltou novamente para a borda e, apontando seu AK-47 para baixo, disparou, arrebentando a grade que fechava a entrada do duto. Caminho livre, ao menos na teoria. Em seguida Nemesis socou novamente o teto.

– Eu vou primeiro! – ofereceu-se Nicholai.

– OK! – assentiu William.

Nicholai caminhou até a borda, olhou para baixo cerca de dez segundos e saltou, agarrando com perfeição a borda do duto aberto. Sem dificuldade conseguiu entrar na passagem, onde era possível ficar abaixado, debruçando-se sobre a entrada.

– Venham, é seguro! – gritou Nicholai.

– Eu vou! – exclamou William.

McDouglas caminhou até a borda e, antes de pular, olhou um instante para trás.

– Cuidado, amor! – suspirou Linda.

– Fique tranqüila!

William saltou, agarrando também a borda do duto. Após debruçar-se nele e entrar, gritou:

– Pode vir mais alguém!

Dentro do elevador, todos olharam uns para a cara dos outros.

– Pode ir, Linda! – disse Sherry, por fim.

– Obrigada!

A ruiva, na borda, olhou para baixo e viu o namorado acenando para que descesse, sorrindo. Logo ela saltou, agarrando a borda do duto, subindo auxiliada por McDouglas.

– OK, venha mais um! – exclamou Malone, já dentro da passagem.

– Você quer ir, Sherry? – perguntou Jessen.

– Não, Bryan, vá à frente! Assim me sentirei mais segura!

– OK!

O dentista foi até a borda e olhou algum tempo para baixo, tomando coragem. Depois pulou, sendo o que atingiu o duto com menos dificuldade entre os quatro que já haviam pulado.

– Pode vir, Sherry! – exclamou Bryan.

A promotora pública, que tinha certo medo de altura, se aproximou da borda e olhou demoradamente para baixo. Na entrada do duto Bryan a encorajava, gritando, mas nada parecia fazer com que conseguisse saltar, até que Nemesis esmurrou novamente o teto.

– Estou indo, Bryan! – gritou Birkin.

– Venha, não tenha medo! Eu seguro sua mão!

Após mais alguns segundos de receio, Sherry pulou.

Birkin agarrou a borda com uma das mãos e a mão de Bryan com a outra, subindo sem dificuldade para dentro do duto.

– Todos bem? – perguntou William.

– Sim, eu acho – respondeu Jessen.

Súbito, o som de algo se rompendo. Imediatamente o elevador passou por eles, descendo com velocidade incrível, e Nemesis em cima do teto. Os cabos haviam se soltado e Sherry estaria morta se tivesse esperado mais um pouco para pular. Aliviada, a promotora viu com Bryan quando Nemesis soltou um desesperado grito de horror e, após alguns instantes, o elevador se chocou contra o chão, originando grande explosão. Apesar da altura, era possível ver o amarelo das chamas lá embaixo. O mutante estaria morto?

– Vamos em frente! – exclamou Nicholai. – Agora que o elevador despencou, não há mais como subir e nossa única rota de fuga será a doca!

– Mas e as chaves? – perguntou Linda.

– Não se preocupe! Segundo minhas suspeitas, todas estão lá embaixo!

E seguiram pelo duto.

– Eu não acredito! – gritou Deller, esmurrando o painel. – Como eles escaparam do elevador? Era impossível!

– Nicholai está com eles, e ele conhece este laboratório como a palma de sua mão – explicou Wesker.

– Mas e as chaves? Como pude me esquecer das chaves? Chris e Jill já encontraram uma, logo eles entrarão aqui!

– Não se eu puder evitar! – sorriu o holograma. – Estou reservando algo muito grande para eles, Deller. Algo grande e doloroso. Todos pagarão pelo que me fizeram! Enquanto isso, por que não solta Ares-1?

– Sim! Havia me esquecido! Iniciarei o processo!

– Será mesmo formidável! A única meta de Ares-1 será eliminar Nemesis, que provavelmente sobreviveu à queda do elevador! Este laboratório será transformado em ruínas!

– É isso aí! Bem, a queda do elevador não será problema, pois Ares-1 pode saltar de grandes altitudes sem sofrer um único arranhão! Agora preciso trabalhar!

E Wesker começou a observar Deller iniciar o processo de libertação de Ares-1, o segundo titã da sala de experimentos.

Continua...