Aquele Que Ficou

Capítulo 4 – Gohan


Sempre que visitava a casa de Bulma, Trunks pedia para brincar ou treinar comigo. E, quando tinha tempo livre para acatar o pedido do menino, às vezes o encarava com certa nostalgia. Eu conhecia Trunks há muito tempo, mas é claro que ele não se lembrava disso. Porque ele não era o “Trunks” que eu conhecia.

Lembrava muito bem de anos atrás, quando um rapaz com o mesmo nome veio do futuro para nos avisar sobre a chegada dos androides. Naquela época eu ainda era uma criança e, se me lembro bem, ele havia dito que tinha dezessete anos. O Trunks que conheci anos atrás era mais velho do que eu. O tempo passou, eu cresci e agora estava diante do menino chamado Trunks mais jovem do que eu. Aquilo era um tanto bizarro. Quero dizer, eu era um menino de onze anos que viu um adolescente forte o bastante para se transformar em Super Saiyajin muito antes de mim, forte o suficiente para derrotar Freeza como se não fosse nada, e que provavelmente era mais forte do que eu antes de eu começar o meu treinamento na sala do templo… e agora eu o estava vendo crescer. Já sabia como aquele garoto ficaria quando se tornasse mais velho, pois eu o vi com meus próprios olhos. Mas agora eu estava diante de uma criança que tinha quase a mesma idade que o meu irmão caçula. Ele também era forte, é claro, mas não chegava nem perto do rapaz que eu conheci, pois não tinha muita experiência em combate. E não era tão forte quanto eu.

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Os dois também possuíam personalidades muito distintas. O Trunks do futuro era sério e responsável. Era muito polido e tinha uma estranha obsessão por Vegeta, talvez porque nunca tinha conhecido o pai. Já o Trunks do meu tempo era mais extrovertido e convencido, mais parecido com o pai. Talvez porque Vegeta estava presente em sua vida e estivesse lhe causando más influências.

Era tão estranho acompanhar o crescimento de alguém cuja fase adulta você já tinha conhecido. Também tinha sido esquisito conviver com o Trunks do futuro e a versão bebê de Trunks anos atrás, mas, pelo menos isso era menos estranho, pois o bebê Trunks não sabia falar e não tinha uma personalidade definida na época. Também me deixava um pouco saudoso.

Eles possuíam o mesmo nome e a mesma aparência, apenas idades diferentes. Talvez pudessem até serem consideradas pessoas diferentes, pois viviam em mundos distintos. A criança diante de mim desconhecia por completo a existência do seu “eu” do futuro, pois não havia necessidade de saber disso. Na verdade, seria um enorme problema se soubesse. Não havia motivo para esse sentimento de nostalgia. Trunks do futuro não estava morto, apenas voltou para sua própria época. Na verdade, Trunks sempre estaria conosco. Ele estava ali, bem diante de mim. Era aquele que ficou.