_ Mamãe, papai... Precisamos conversa. – Miguel e Belle entraram no quarto dos pais, os dois a passos firmes. Fabinho ergueu o olho do notebook, encarando a esposa, que tentava não rir.

_ Tudo bem. Vocês tem horário marcado? – o pai colocou o computador de lado, sentando direito – Acho que não, porque está no horário em que a Cat aluga os peitos da sua mãe.

_ Qual o seu problema em fazer piada com os meus peitos? – indignou-se Giane, bufando.

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_ Eu amo seus peitos, maloqueira. São algumas das suas melhores qualidades. – ele deu um sorriso sacana, fazendo a esposa rir – Em todo caso... Acho que podemos encaixar vocês. Queiram se sentar.

As crianças pareciam confusas com o diálogo dos pais, mas sentaram na beirada da cama. Cruzaram as perninhas e olharam uma para a outra. Miguel fez sinal que Belle começasse.

_ Nós decidimo o que quer de anivesário. – ela disse, surpreendendo os pais.

_ Princesa, ainda faltam dois meses para o aniversário de vocês. – lembrou Giane, colocando Catarina para arrotar.

_ A gente sabe, mas tá muito longe. – explicou Miguel, fazendo bico.

_ E o que é tão urgente, que não pode esperar dois meses? – perguntou Fabinho, curioso.

Os gêmeos se entreolharam, assentindo um para o outro.

_ Um cachorrinho. – disseram ao mesmo tempo. Os pais se entreolharam, surpresos. Esperavam qualquer coisa, menos um cachorro.

_ E porque vocês querem um cachorrinho? – perguntou Fabinho.

_ Porque sim ué. – disse Belle simplesmente – A gente quer um cachorrinho.

_ Crianças, vocês sabem que cachorro não é brinquedo, certo? – perguntou Giane – Precisa dar ração, recolher a sujeira, brincar todos os dias.

_ A gente brinca. – garantiu Miguel.

_ Filho, quando se tem um cachorro, tem que fazer tudo que a mamãe falou. – explicou Fabinho – Nós vamos ajudar, mas se vocês querem um cachorrinho, a responsabilidade por ele é de vocês. Quando ele fizer coco, vocês precisam recolher. Precisam colocar ração na tigela dele.

_ Um cachorro é uma responsabilidade bem grande. – Giane endossou – Talvez grande demais para vocês, nessa idade.

_ Mas mãe...

_ A mamãe tá certa. – Fabinho tentou conciliar – Mas vamos fazer assim... Nós dois vamos conversar, pensar bem nisso, e depois falamos com vocês. Tá certo?

_ Tá bom. – os dois concordaram, mas pareciam tristes.

_ Bom, já está na hora de criança ir para cama. – o pai se levantou – E hoje é dia do papai colocar as meninas na cama. Pode ficar feliz tranqueira, vai ler história de super-herói.

_ Você é muito babaca. – ela saiu com Miguel, enquanto Fabinho pegava Catarina e seguia Belle.

~*~

_ Muito bem, vamos as pautas do dia. – Fabinho se largou na cama, enquanto Giane escovava os dentes – A Belle veio falando de um menino da escola, o que eu não gostei. O Miguel precisa começar a desenhar mais, tá desenhando muito mal. E essa história do cachorro.

_ Primeiro, o Daniel é amigo deles e vai fazer aniversário, por isso ela estava falando. Segundo, seu filho só gosta de desenhar monstros, porque ele fica assistindo desenhos de super-heróis. – riu a corintiana, saindo do banheiro – Larga de ser implicante.

_ É parte do meu charme. – ele virou de lado, ficando de frente para ela.

_ O que você acha dessa história do cachorro? – ela perguntou.

_ Honestamente? Eu adoraria ter um. Sempre quis, desde criança. – ele admitiu, fazendo-a rir – Mas eu sei bem que eles dão trabalho. E nós já temos três crianças dando trabalho.

_ Você acha que eles ajudariam? – o publicitário deu de ombros.

_ No começo, tenho que sim. Eles estariam animados e tudo mais. Só que não tenho tanta certeza de quanto isso duraria. – Giane concordou, deitando a cabeça e encarando o teto – Você acha melhor esperarmos eles ficarem maiores?

_ Não sei. – ela suspirou – Não sei se algum dia eles teriam responsabilidade de cuidar de um cachorro. Talvez quando tiverem a nossa idade e souberem como é cuidar de um filho.

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_ Aí eles não vão querer um cachorro, porque vão saber o trabalho que dá. – os dois riram – Eu acho que um cachorro pode ensinar o básico de responsabilidade. Aí quando eles estiverem maiores, eles podem acabar assumindo isso, sei lá.

_ Bom, a última palavra é tua pivete. – Fabinho deitou – Se você achar que devemos correr o risco, eu converso com um cliente meu, dono de uma petshop. Vejo raças, preços, esse tipo de coisa.

_ Tudo bem. – ela se aninhou nele – Mas procure cachorros pequenos. Não quero um dobermann ou pastor alemão correndo pela casa.

_ Tudo bem. Mas me recuso a ter poodle ou pinscher.

_ Fechado.

~*~

Como prometido, Fabinho conversou com o dono da petshop. Perguntou sobre raças, quais se dariam melhor com as crianças. Mostrou todas para a esposa, mas não conseguiram se decidir.

_ E se levássemos as crianças no canil? – propôs Fabinho – Mostramos as raças que gostamos e eles escolhem.

_ Difícil é o Miguel e a Isabelle entrarem em consenso. – suspirou Giane – Mas acho que é o melhor que podemos fazer.

_ Já podemos contar para eles? – Fabinho quase passava mal, tamanha era a ansiedade de contar para os filhos sobre o cachorrinho.

_ Você é pior que as crianças. – a corintiana negou com a cabeça – Conta logo, antes que você passe mal.

Ele sorriu, levantando e indo para a porta dos fundos. Giane riu sozinha, deitando no chão ao lado de Catarina. A caçulinha estava brincando com os pés (ela recentemente os havia descoberto e estava deliciada com eles), enquanto assistia um desenho na TV.

_ Acho que só nós duas somos normais, viu Cat? – ela cheirou o cabelinho da filha – Porque o papai e os seus irmãos... Tá complicado.

_ Muito bem, sentadinhos no sofá. – Fabinho tinha a cara séria, e as crianças estavam assustadas. Giane arqueou a sobrancelha, se perguntando o que os gêmeos teriam aprontado – Nós temos que falar, algo muito sério.

_ Foi a Belle. – Miguel apontou a irmã, intrigando os pais – Seja o que for, foi ela.

_ Miguel. – se indignou a menina, e Giane quase caiu na gargalhada. Fabinho parecia na mesma, tentando não rir.

_ Não quero nem saber. – o pai avisou, começando a andar de um lado para o outro – Crianças, eu e a mamãe andamos conversando. E chegamos a uma decisão.

_ Vocês vão se separa? – os pais arregalaram os olhos, enquanto Belle começava a chorar – Não faz isso papai, por favor.

_ Princesa, calma. – Fabinho se ajoelhou na frente dela, a abraçando. Giane parecia chocada, sem entender de onde a filha havia tirado aquilo – Porque você acha que eu e sua mãe vamos nos separar?

_ O papai e a mamãe da Gabi se separaram. – ela fungou – Ele falaru que tinha que conversa com ela, e separaram.

_ Fica calma meu anjo, eu e o papai não vamos nos separar. – prometeu Giane – Nós vamos nos aturar até o fim da vida, pode ficar sossegada.

_ O que nós conversamos, foi sobre o presente que vocês pediram. – Fabinho explicou, vendo os filhos sorrirem – Eu e a mamãe concordamos em dar o cachorrinho para vocês.

_ Com algumas condições. – Giane avisou – Primeira, vocês vão me ajudar a dar comida para ele. Segunda: ele fizer sujeira, vão me ajudar a limpar. Terceira, vão brincar com ele todos os dias.

_ E vão dar muito carinho para ele. – complementou Fabinho – Cachorro precisa de bastante carinho.

_ E que cachorro vai ser? – perguntou Miguel.

_ Nós não decidimos ainda. Mas vai ser fêmea. – avisou o pai – No final de semana, nós vamos em um canil, que é um lugar cheio de cachorros. Nós vamos mostrar os que nós gostamos, e vocês dois vão escolher um. Juntos.

_ Tudo bem. – concordaram as crianças – E nós pode escolhe o nome?

_ Pode. – concordou Giane – Mas sem brigar.

_ Não vamos. – prometeu Miguel – Já escolhemos antes de fala com vocês.

_ E podemos saber qual vai ser o nome? – perguntou Fabinho.

_ Vai chamar Nina. – contou Belle.

_ Eles escolheram o nome da cachorra com mais facilidade que nós escolhemos os nomes deles. – suspirou Fabinho, fazendo a esposa rir – Tudo bem, Nina então.

~*~

_ Muito bem crianças, chegamos. – avisou Fabinho, estacionando o carro – Ansiosos?

_ Sim. – concordaram os dois, enquanto os pais desciam do carro. O casal abriu a porta, deixando os filhos mais velhos descerem. Giane soltou Catarina da cadeirinha, a ajeitando no colo, enquanto a família entrava no canil.

_ Boa tarde. – a dona do canil se apresentou – Vocês devem ser os Campana, certo?

_ Isso. Eu sou o Fábio, essa é a Giane, a Catarina. E essa duplinha ansiosa são o Miguel e a Isabelle. – o homem os apresentou.

_ Meu nome é Eloísa. É um prazer conhecê-los. – ela apertou a mão de Fabinho – Bom, eu deixei separado os cachorrinhos que vocês pediram.

_ Muito bem crianças... Sigam a Eloísa que ela vai mostrá-los os cachorrinhos. – a mãe mandou, e os pequenos seguiram a mulher. O casal foi andando de mãos dadas, enquanto Catarina se chacoalhava no colo da mãe, observando tudo em volta.

_ A tampinha é curiosa. – brincou Fabinho, fazendo Giane rir.

_ Filha sua, queria o que? – ela perguntou, enquanto chegavam até onde os filhos estavam.

Diversos filhotes corriam dentro do cercadinho, mas os dois não pareciam muito animados com eles. Os gêmeos, na verdade, observavam outro filhote, em outro cercado.

_ Moça, que raça é? – perguntou Belle, abaixando em frente ao cachorrinho, que lambia a sua mão.

_ É um boxer. – a mulher caminhou até as crianças – É a última da ninhada. O casal que ia comprá-la mudou de ideia, porque se mudou para um apartamento. E boxer fica grande demais para um apartamento.

_ E para nossa casa? – perguntou Miguel, encarando os pais. Giane olhou Fabinho desesperada, mas ele parecia igual – Nossa casa é grandona.

_ Crianças, cachorro grande faz mais sujeira. – explicou a mãe.

_ E daí? – perguntaram os dois – Mamãe, essa é a Nina.

Fabinho e Giane suspiraram, trocando olhares. Ele deu de ombros, indicando que a escolha era dela. Ela encarou os filhos, e depois o pequeno filhote, que recebia os carinhos deles.

_ Tudo bem... Peguem a Nina e vamos para casa.

_ Viva. – os pequenos gritaram, enquanto Eloísa tirava a cachorrinho do cercado, a colocando no colo de Miguel – Oi Nina.

_ Eu quero pegar ela. – reclamou Belle.

_ Calma, um pouco cada um. – Fabinho riu, pegando Catarina – Amor, pega a minha carteira e acerta com a Eloísa. Eu vou coordenar o momento “adoração da nova mascote”.

~*~

Naquela noite, as crianças não queriam dormir. Ficavam pulando com a nova cachorrinha, querendo que ela pegasse as bolinhas que jogavam. O combinado com os pais foi que ela dormiria na área de serviço, pelo menos enquanto pequena. Depois, ficaria no quintal durante a noite.

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_ Muito bem, hora de todas as crianças irem para a cama. – decretou Fabinho, quando o relógio marcava quase 23h – Vamos pôr a Nina na caminha dela, e depois vocês vão para a de vocês.

_ Eu vou levar a Cat para o berço. – avisou Giane, levantando com a filha adormecida.

Fabinho foi com os filhos mais velhos até a área de serviço. Belle carregava Nina como se fosse um bebezinho, uma cena no mínimo engraçada.

_ Agora ela fica aqui na caminha dela, com o ossinho de brinquedo. – o homem deu o brinquedo ao filhote, que se enrolou em sua caminha – E nós vamos para nossos quartos.

_ Ela não vai fica triste? – perguntou Belle, e o pai negou.

_ Ela vai dormir aqui, que é o quarto dela. E nós vamos dormir no nosso. – ele explicou, fechando a porta e guiando os filhos para a escada – E tem gente morrendo de sono.

_ Que nada. To supe acordado. – Miguel bocejou, fazendo o pai rir.

Fabinho ajudou as duas crianças a escovar os dentes. Logo depois, Giane apareceu e pegou Belle, indo colocá-la para dormir, enquanto Fabinho fazia o mesmo com Miguel.

Já era perto da meia-noite quando se encontraram na cama, o publicitário praticamente rasgando o pijama da esposa, que gargalhava.

_ Calma afobadinho. Tá parecendo que nunca dormiu comigo. – ela brincou, fazendo-o rir.

_ Qual é pivete, tenho que aproveitar o tempo. Logo, alguém acorda. – ela teve que concordar, começando a tirar a roupa dela.

E realmente, alguém acordou. Mas não quem eles esperavam.

_ Isso são...

_ Latidos? – Fabinho completou a esposa, os dois abismados.

_ A Nina tá chorando. – Giane deduziu, bufando frustrada e caindo na cama.

_ Mamãe. – ouviram as crianças chamando – Papai.

_ Parabéns fraldinha, pelo visto ganhamos mais um filho. – Giane caçou a camisola, enquanto levantava da cama.

_ E eu não posso nem me resignar por ter passado pela parte boa. – bufou Fabinho, caçando seu short, enquanto se preparava para a maratona noturna.