Aprendendo a Recomeçar

Bônus: Um pedido em meio à confusão.


“Conheci o amor

Só de te olhar

Tava quase congelando

Você veio pra esquentar

Conheci o amor

E ele me fez ver

Que eu voei tempo demais

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Deixa eu pousar em você”

Contramão — Gustavo Mioto.

Alice

A felicidade que eu estava vivendo nos últimos meses era tão grande que quase parecia irreal, eu só tinha certeza que tudo que estava acontecendo mesmo por que a vida real ainda seguia seu curso com Lilly e Theo tendo discussões aos berros pela fazenda, eu ajudando minha administradora favorita como sua secretária, os meninos trabalhando nas plantações e com os animais, mas mesmo assim, se um ano atrás, não, se seis meses atrás alguém me dissesse que eu estaria feliz e namorando Hugo eu diária à pessoa que ela era louca, ou no mínimo tinha pirado, logo eu a “irmãzinha do seu melhor amigo”?

Mas era real, bem real tudo que tinha acontecido, Lilly aqui, toda sua história com Theo, as brigas que tiveram, os beijos, e finalmente a reconciliação. Do mesmo jeito que era real o que eu e Hugo tínhamos – finalmente – vivido. Nossos beijos e o relacionamento, os sorrisos, às vezes eu tinha que me lembrar que era tudo verdade e que não iria acordar de um sonho.

Já tinham quase dois meses que Lilly e Theo haviam se casado e eram os donos oficiais da fazenda, não que isso fizesse realmente diferença, uma vez que o casal continuou sua rotina de brigas, beijos e em meio a isso, trabalho. Era fácil trabalhar com Lilly, nós nos dávamos bem, entendíamos uma a outra e sempre que alguma de nós precisava sair à outra conseguia resolver o que tivesse. No fim eu consegui o que queria, não, não tudo, eu ainda não era uma dona de casa feliz, mas não precisei ir à faculdade para poder ajudar Cordélia e pude ficar aqui nessa terra que tanto amo.

- Alice! – a voz de Lilly me tira dos pensamentos e a encaro, já tem uma meia hora que estou sentada nos degraus da varanda com uma xícara de café intocada nas mãos. Hoje é domingo, ninguém trabalha e é bom só olhar o verde que parece não ter fim e pensar na vida, mesmo por que, meu namorado sumiu desde hoje de manhã e até agora não vi nem sinal dele nem de Theo. – Estava no País das Maravilhas, Alice?

- Acho que estava no país dos sonhos, isso sim. Mas e você estava onde? – pergunto quando ela se junta a mim nos degraus com um prato com uma fatia de bolo de chocolate enorme nas mãos.

- Cozinha – ela responde depois de engolir. – Fui fazer um lanche.

- Você sabe que acabamos de almoçar não é, Lilly?

- A gente comeu há umas duas horas e isso é só um lanchinho – Cordélia se defende me olhando feio e nós duas sabemos que se tiver uma hora que almoçamos é muito. – Mas e você, está fazendo o que aqui? – ela muda de assunto descaradamente.

- Esperando pra ver se meu namorado aparece. Você sabe onde ele se meteu?

- Não – ela nega com a cabeça. – Theo também sumiu depois do almoço. Ele recebeu uma ligação, pegou a caminhonete e saiu sem dizer pra onde ia.

- Será que aconteceu alguma coisa? – pergunto preocupada e Lilly parece ponderar.

- Provavelmente aconteceu, mas eu duvido que seja algo ruim, se fosse ruim Theo não teria saído com um sorriso no rosto me prometendo uma surpresa quando eu perguntei o que ele ia fazer.

- Uma surpresa? – sondo curiosa e Lilly sorri.

- Mais ou menos, eu perguntei o que tinha acontecido e ele sorriu, me beijou e depois disse “É segredo, mas logo você vai saber o que é”, aí antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele foi embora.

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- E quanto tempo tem isso?

- Sei lá, umas duas horas talvez - Cordélia dá de ombros tranquila terminando seu bolo.

- E por que você não está tipo, surtando já que seu marido saiu sem te dizer pra onde ia e com quem? – pergunto e me arrependo no instante seguinte quando vejo e os olhos de Lilly se arregalam de repente, mas mesmo assim tenho vontade de rir. – Sério que você não tinha pensado nisso?

- Mas que filho da mãe! – ela xinga. – Eu estava tão animada pensando no bolo de chocolate que eu tinha feito mais cedo que se quer pensei nisso! Droga! Ele saiu todo animadinho! Onde será que ele foi?

- Você acha que eu sei? Não vejo meu namorado desde de manhã quando ele me deu um beijo e saiu dizendo precisar resolver umas coisas do trabalho. Eu até estava acreditando nisso umas três horas atrás, agora não tenho tanta certeza de que eram assuntos do trabalho – reclamo irônica e ouço um soluço. – Lilly? – levanto os olhos e ela está chorando, mas não é um choro normal, é daqueles com soluços convulsionados. Quando foi que isso aconteceu?

- Eles... Estão... Nos... Traindo – ela diz entre soluços e me desespero. Não pela afirmativa. Por mais que eu não saiba onde Hugo e Theo estão tenho certeza de que eles não fariam algo como nos trair. Principalmente Theo a Lilly, meu primo é completamente apaixonado pela esposa. O que me assusta mesmo é o estado da minha amiga.

- Hei! Calma, eles não estão nos traindo, Ok? Só tiveram um imprevisto – digo tentando acalmá-la. Por que não tenho mesmo ideia do que está acontecendo. – Você mesma disse que deve ser algo bom, uma surpresa, se nos contassem não teria graça. Vamos, Lilly, por favor, para de chorar. tudo bem. A gente pode ligar, o que acha? A gente liga, eles se explicam, só se acalma.

- Não vamos ligar – ela diz um minuto depois limpando as lágrimas com as costas da mão. – Vamos atrás deles. Eu quero ver o que eles estão fazendo, onde e com quem! – Cordélia diz determinada e quem a visse não imaginaria que ela estava em uma crise de choro há alguns minutos. Na verdade, fora seus olhos vermelhos, ela estava perfeitamente bem outra vez, era assustador.

- Lilly, se acalme – pedi outra vez e ela me ignorou completamente ficando de pé e deixando seu prato vazio na mesinha que tinha ali na varanda. A segui deixando minha xícara com o café intocado ao lado seu prato.

- Eu só vou me acalmar quando ver meu marido – ela diz passando por mim e indo em direção ao carro que seu pai tinha mandado para ela, era um porsche lindo, branco e conversível que estava sendo muito judiado nas estradas de terra aqui da fazenda. Cordélia para no meio do caminho e me olha determinada. – Você vem?

- Vou, óbvio que vou, você está muito alterada e não vai dirigir assim, fora que também quero saber onde esses idiotas se meteram. Agora me dê às chaves.

- Como é?

- Isso mesmo que ouviu, não vai dirigir assim.

- Só por que fez vinte anos não significa que vai mandar em mim, Alice. Sem chance.

- Não estou mandando em você, estou evitando um desastre, ou pior, um acidente. Só me dê às chaves – peço mais uma vez estendendo a mão e ela cede, talvez por que saiba que se sentar atrás do volante é bem capaz de matar nós duas ou passar por cima de alguém, o que vier primeiro.

Eu não costumava dirigir muito, mas não teria perigo em uma estrada de terra deserta, ao menos agora, eu era uma opção melhor que a Cordélia. Minha amiga sentou incrivelmente irritada ao meu lado e nós seguimos em direção à vila e eu desejei muito, por amor a vida daqueles dois que eles não estivessem nem perto de alguma mulher, por que além de não saber se eu conseguiria evitar que a Lilly agredisse alguém, eu mesma não podia prometer que não ia dar ao menos alguns gritos.

Nós fomos o caminho todo em silêncio, eu imaginando o que de tão importante tinha acontecido para eles sumirem assim, principalmente Hugo que não vejo há muito tempo e Cordélia no mínimo como mataria o marido caso precisasse chegar a isso. Eu adorava minha amiga justamente por esse motivo, ela podia ser compenetrada e séria enquanto falávamos sobre a fazenda e seus fornecedores, e ao mesmo tempo completamente irracional como agora a pouco, louca e um amor de pessoa, tudo ao mesmo tempo. Acho que era por isso que Theo a amava tanto, meu primo, ao mesmo quando não estava discutindo coma mulher, era a tranquilidade em pessoa, dificilmente se estressava com alguma coisa e fazia piada de tudo, Lilly era seu oposto, seu complemento, e eu achava isso lindo.

E talvez fosse por isso que mesmo namorando Hugo eu ainda era um pouco insegura com nosso relacionamento, éramos meio iguais, gostávamos das mesmas coisas, não tínhamos grandes discussões, e isso era bom, eu não me importava, mas será que para ele é o suficiente? Sobretudo por que ainda não tínhamos avançado para depois dos beijos, e se ele visse que eu era uma garotinha assustada e se cansasse de mim? Eram várias perguntas, milhares de inseguranças e nenhuma resposta. Por isso que a ideia de Lilly não era assim tão absurda, e se fosse isso? E se Hugo estivesse se encontrando com outra e no fim Theo foi lá apenas para bater nele? Afinal, meu primo superprotetor era bem capaz disso.

- Alice, a cerca! – Cordélia exclamou puxando o volante e evitando que nós duas atravessássemos o arame farpado com carro e tudo. – O que foi isso!? – ela estava gritando meio histérica quando voltamos para a estrada e paramos o carro.

- Desculpa... Eu... Eu me distraí – murmurei com o coração descompassado pelo susto.

- Você quase matou a gente e eu que não posso dirigir!? – ela ainda estava gritando, por isso a segurei pelos ombros, Lilly parecia perto de ter um treco e eu que estava dirigindo.

- Fica calma! Eu me distrai com uns pensamentos ruins, mas agora fica calma, eu estou bem, vamos encontrar nossos homens e voltar logo pra casa, Ok? – ela piscou me encarando. – Lilly, Ok? Você está bem?

- Ok – ela murmurou. – Ok, eu bem... Eu acho. Vamos logo.

Dessa vez não me deixo distrair mais por pensamento algum, por que Cordélia agora além de irritada parece em pânico, e é estranho vê-la assim, justo minha amiga determinada. E não sei se é impressão minha, mas ela parece mais louca que o normal esses dias e não tenho ideia se isso é bom ou ruim.

Quando estaciono na praça perto da igreja não tem muitas pessoas na rua, aqui nunca tem quase ninguém na rua, às vezes isso é bom, às vezes como agora, que precisamos de informação isso é ruim. Felizmente dona Joana e dona Carmen, as senhoras mais bem informadas – para não dizer fofoqueiras – da vila, estão sentadas na calçada de suas casas vizinhas e é até elas que vamos atrás de saber se viram Theo e Hugo.

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Não é necessário mais que cinco minutos de conversa para sabermos que eles foram do mercado ao bar e depois à casa de Hugo e que de lá não saíram na última hora. Agora resta saber se estão sozinhos ou não, as senhoras não souberam dizer e Lilly jura que se pegar o marido com alguma piriguete mata o dois e por um momento acho graça de sua reação até me lembrar que Hugo está junto e não me deu noticias a manhã toda.

Numa vila que não é muito maior que um ovo, não gastamos nem dois minutos de carro para chegar ao apartamento de Hugo e ali estão a caminhonete de Theo e o carro do meu namorado que ele usa muito pouco já que vive de carona com meu primo.

- Por que sempre que eu venho aqui tem que ser numa situação dessas? – Cordélia reclama enquanto seguimos escada acima depois de cumprimentar seu João na portaria. – Dá última vez achei que Theo estava indo embora.

- É, mas terminou noiva, não foi tão ruim.

- Mas também não foi ótimo, acredite em mim.

Quando alcançamos o apartamento começo a me perguntar se isso foi realmente uma boa ideia, mas Cordélia não me dá tempo para pensar ou fazer nada antes de começar a bater na porta como quem quer derrubá-la, e, acho que se ela conseguisse fazer isso com os punhos, faria.

- Abre essa porta, Theo! Por que sei que está ai! Abre logo a droga dessa porta!

- Cordélia? – pergunta uma voz abafada e sei que é Theo, só pelo tremor.

- Quem você estava esperando seu filho da mãe! É claro que sou eu, sua esposa caso tenha se esquecido! – agora estou começando a achar que ela vai conseguir derrubar a porta, ou talvez, machucar a mão.

- Theo abre a porta logo ou a Lilly vai acabar quebrando algum dedo! – grito tentando afastar minha amiga da peça de madeira. É em vão.

- Alice você ai também? – Theo parece realmente em pânico agora e isso me deixa com um gosto ruim na boca. – Droga! – mesmo baixo o escuto praguejar e com certeza tem algo muito errado aqui.

- Como assim, “Droga”, Theo Sales!? – Lilly está gritando mais uma vez e eu só sei imaginar que tem algo que realmente não devíamos ver dentro desse apartamento. – Ou você abre essa maldita porta ou eu juro que dou um jeito de derrubá-la!

- Pelo amor de Deus sua louca, não vá se machucar! – Theo grita abrindo a porta, saindo e a fechando na velocidade da luz atrás de si. Ele não parece nada diferente de hoje mais cedo quando almoçamos juntos, as mesmas roupas, a bota, está exatamente igual, mas não é isso que me incomoda e sim o fato de que ele saiu e não nos deixou entrar.

- O que está acontecendo lá dentro? – pergunto sem saber se quero mesmo uma resposta.

- Vamos, Theo, responda! – Cordélia rosna e para nossa surpresa meu primo dá um sorriso divertido.

- Você pode, por favor, se acalmar?

- Por que todo mundo está me pedindo pra ficar calma hoje? Eu não quero ficar calma! Quero saber o que você e seu amiguinho estavam fazendo nesse maldito apartamento!

- Lilly não é nada de mais, só um segundo e...

- Por que a gente não pode entrar? – o interrompo. – Vamos Theo, diga a verdade! Hugo se cansou de mim, é isso? Ele tem outra? Ah pelo amor de Deus! Só me diz!

- Ai meu Deus... – Theo passa a mão pelos cabelos e olha de mim para a esposa parecendo desesperado e seu medo só me faz querer chorar.

- É isso mesmo? – murmuro com a voz tremula e ele nega em pânico.

- Alice, não, por favor, não chora, não é isso...

- Se não é isso, é o que então? – Cordélia inquire e ele engole em seco.

- Hugo pelo amor de Deus agiliza aí! – ele grita para o amigo e pouco me importa agora, não quero mais saber.

- Ok então, foda-se vocês dois! – grito dando meia volta e ele segura meu braço para me manter no lugar.

- Alice, olha a boca! – adverte e quero bater nele. “Olha a boca”, sério? Viro-me, me soltando dele e olho para Theo. Cordélia e eu cruzamos os braços o encarando.

- O que é agora? – pergunto irritada.

- Só tenham paciência vocês duas, um segundo, Ok? Hugo! – ele grita outra vez.

- Pronto! Tudo ok, pode deixá-las entrar! – meu até então namorado grita de volta e Theo finalmente nos dá passagem.

A visão a minha frente me faz sorrir mesmo que eu ainda queira bater nos dois. Hugo está de pé no que antes era sua sala de estar e agora é apenas um caminho de pétalas de rosas vermelhas que terminam em um coração onde ele está de pé com o violão de Theo nas mãos. Há velas, arranjos de flores e sua mesa quatro cadeiras está arrumada para dois com um vinho e louça, uma que tenho certeza que Hugo não tinha antes, é tudo lindo e faz meus olhos marejarem.

- Surpresa – meu namorado diz simplesmente, com um sorriso torto e quero ir até lá e beijá-lo com mesma intensidade que quero sacudi-lo pelos ombros por fazer isso comigo.

- Eu quase apanhei à toa. Ai – Theo reclama quando leva um tapa de Lilly que está ao seu lado em lágrimas, grossas e assustadoras. O que há de errado com ela afinal?

- O que significa tudo isso? – pergunto, mas ao invés de responder Hugo começa a dedilhar no violão. Quando os primeiros acordes soam e sua voz preenche o apartamento sorrio em meio às lágrimas.

Criei canções e melodias pra te conquistar,
Em cada verso, poesia pra me declarar.
Mas só palavras não vão traduzir o que é
Te olhar nos olhos e te ver sorrir.

E se eu parecer um bobo você pode rir,
É que esse seu jeito manhoso me deixou assim,
Completamente louco por você,
Fazendo minhas rimas só pra te dizer.

Você é o primeiro pensamento do meu dia,
Se eu não te vejo quase morro de agonia.
Sou dependente desse amor, seu beijo vicia,
Eu quero todo dia!

A noite cai, o meu sonho é você,
Dizer te amo já tá virando clichê.
Mas eu tô repetindo pra você saber,
Que eu adoro amar você!

Clichê — João Neto e Frederico.

- Se o recado não tiver ficado claro, eu amo você, Alice, amo de mais. Mais do que achei que seria possível, mais do que eu sequer achei que poderia – Hugo diz se livrando do violão e vindo até mim já que não me mexo, só consigo continuar chorando e sorrindo ao mesmo tempo. Meu namorado para a minha frente e segura minha mão. – Eu sou só um cara sem família, não tenho nada a te oferecer além do meu coração e todo meu amor. Mas mesmo assim, quero perguntar – ele sorri e meu coração que já batia descompassado quase para quando Hugo se ajoelha a minha frente. – Se você, Alice Azevedo, me daria à honra de ser minha esposa?

- Tipo, casando com você?

Hugo ri e faz que sim quando pega do bolso da calça uma caixinha com um par de alianças.

- Geralmente é assim que acontece. E então, o que me diz? Casa comigo?

- Sim! Sim, sim e sim! É o que eu mais quero! – digo e ele coloca a aliança em minha mão direita e faço o mesmo com ele antes de Hugo me puxar para um beijo que me deixa com as pernas bambas.

Ouço palmas e só então me lembro do casal a nos assistir. Separo-me de Hugo e olho para eles, Lilly já parou de chorar e agora tem um enorme sorriso no rosto assim como Theo, eles nos abraçam, ganhamos felicitações e não consigo deixar de sorrir e olhar para a aliança em meu dedo. É tanta felicidade que às vezes assusta.

- A gente vai indo agora – Cordélia anuncia e Theo a olha curioso.

- Vamos?

- É, vamos. Divirtam-se casal – ela diz sorrindo e só seu olhar sugestivo me faz corar, por que ela bem me contou o que fez com Theo, aqui mesmo nesse apartamento depois que foi pedida em casamento.

- Mas... – meu primo começa e é interrompido pela esposa.

- Mas nada Theo, vem. Até por que ainda não te perdoei totalmente por sumir e não me dizer nada. Eu quero um sorvete e alguns beijos – ela sorri animada como se não estivesse chorando há alguns minutos e arrasta Theo pelo braço sem lhe dar alternativa além de segui-la.

- Onde nós estávamos? – Hugo pergunta assim que o casal sai fechando a porta e sorrio.

- Acho que você ia me beijar.

- É, também acho – ele sorri antes de me puxar para um beijo longo, intenso e que remexe tudo dentro de mim.

A vida pode ser mesmo maravilhosa.

Ainda estamos nos beijando quando Hugo desce para o meu pescoço me fazendo arrepiar e pegar fogo, ele está arfando contra minha pele sensível, e deixo escapar um gemido e é nessa hora que ele se afasta e quase caio tamanha minha atordoação. Hugo pisca, os olhos brilhando de desejo e estou arfando também, sentindo cada lugar que ele tocou queimar.

- Acho melhor irmos comer, o que acha? – meu agora, noivo, pergunta indo até a mesa arrumada mais adiante.

- Hugo...

- Ah é, a gente acabou de almoçar. Que tal um filme? Champanhe? Acho que também tenho vinho.

- Hugo! – o interrompo e vou até ele e o abraço por trás encostando minha testa em suas costas largas. – Eu tenho outra ideia. Nós podíamos continuar de onde paramos há uns segundos – murmuro com toda minha coragem beijando a camisa que me separa de sua pele quente. Eu nunca tive tanta certeza do que quero como agora.

- Você tem certeza disso? Por que não sei se consigo parar outra vez.

- Absoluta – digo rindo. – Certeza absoluta. Amo você.

- Também te amo – é a ultima coisa que ele diz antes de se virar e me puxar para um beijo que me roubar o ar e o chão.

Ele volta a beijar meu pescoço e eu jogo a cabeça para trás involuntariamente para receber o carinho, Hugo me iça do chão e circundo sua cintura com as pernas. Ele caminha comigo assim em direção ao quarto e voltamos a nos beijar, outra e outra vez até que sinto a maciez do colchão sob mim. Hugo se fasta para se livrar da camisa e meus olhos passeiam por seus músculos, toco sua barriga e o vejo sorrir e tocar a barra da minha camiseta, ele espera uma confirmação minha e faço que sim antes dele puxá-la pela minha cabeça. Ele se livra de sua calça com uma velocidade surpreendente e no minuto seguinte está apenas com uma cueca boxer verde escura, eu posso ver seu membro mesmo sob o tecido e ainda que esteja envergonhada quero tocá-lo e ser tocada por ele, eu quero tudo.

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Ele me ajuda a livrar-me do meu short e antes que eu possa pensar sobre a situação sinto os lábios de Hugo beijarem minha boca, depois meu pescoço, a clavícula, o vale entre os seios, estou derretendo de um jeito bom e não quero que pare. Ele sabe como sou e não me dá tempo de ficar envergonhada, uma de suas mãos segura minha cintura e a outra toca o fecho do sutiã as minhas costas, Hugo levanta o olhar me pedindo permissão para se livrar da peça e sorrio o puxando para um beijo, espero que essa seja uma resposta suficiente.

Estou só de calcinha e não consigo sentir vergonha, não diante de seu olhar apaixonado, quase devoto, como se eu fosse a coisa mais linda no mundo. Hugo não precisa dizer nada, eu sinto seu amor em cada toque delicado, em cada gesto de paciência e o amo um pouco mais só por isso. Quando finalmente nos livramos das nossas últimas peças não tenho medo, só desejo a me queimar, eu quero tudo, quero mais. E mesmo quando Hugo está dentro de mim, mesmo quando sinto a dor que logo se vai o puxo para mais perto por que ainda não é o suficiente. Quero devorá-lo por inteiro e quero que ele me devore também.

Quando a vida explode num turbilhão de cor e luz estou exausta, feliz e apaixonada por esse momento único e maravilhoso que acabamos de compartilhar, um dia que ficará pra sempre guardado em minha memória e em meu coração.

- Amo você – digo a Hugo algum tempo depois quando estamos deitados em sua cama, enrolados um no outro apenas aproveitando a calmaria depois da nossa pequena tempestade.

- Não mais do que eu amo você, disso eu tenho certeza – ele sorri antes de me puxar para um beijo que será apenas o primeiro de muitos que espero trocarmos depois de longas horas de amor e prazer.

Afinal, quando aceitei seu pedido, o fiz imaginando cada momento incrível e brilhante que ainda viveremos na companhia um do outro. No amor que vamos cultivar, compartilhar e, algum dia, não muito longe, ver se multiplicar. Amor esse que espero durar para sempre, do tipo que terá momentos bons e ruins, altos e baixos, mas que passará por tudo, por que estaremos juntos, felizes e, acima de tudo, recomeçando, sempre.