Prólogo

Culpa do quadribol. Tudo era sempre culpa do quadribol. James Potter implicava por causa do quadribol, não havia sossego por causa do quadribol, e as pessoas enlouqueciam por causa do quadribol. Agora, Scorpius Malfoy seria expulso da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts por causa do quadribol! Não que ele jogasse. Ah não... Se ele jogasse, tudo seria melhor porque teria amigos além de Albus Potter, que jogava quadribol! E porquê Albus preferir quadribol a estudar, Scorpius seria expulso e provavelmente deserdado.

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— Shhhh... — O Potter chiou com o dedo na boca. — Você vai acordar toda a escola se continuar pisando forte assim.

— Eu não estaria pisando forte se estivesse dormindo. — Scorpius sibilou, recebendo um olhar de censura de Albus. — Estou falando sério. Da próxima vez que pedir ajuda para estudar, eu juro que vou deixar você se ferrar, Potter.

— Olha o palavreado! — Um quadro soou no meio do corredor.

— Apaga essa luz – resmungou outro.

— Ótimo. — Albus rangeu os dentes. — Agora todos os quadros do castelo vão acordar.

O loiro revirou os olhos.

— Quem está com a varinha acesa é você, idiota.

Estavam no primeiro andar, que dava direto para a sala do Professor Binns. Não que um fantasma precisasse realmente de um escritório, mas onde mais guardaria o material usado na classe de História da Magia? A cada passo que davam, Scorpius acrescentava mais e mais opções na lista de formas como Draco Malfoy, seu pai, o puniria.

Outra vez, Albus Potter estava com dificuldades em Herbologia e pediu auxílio a Scorpius. Podia não ser a melhor matéria, mas, quando se está no sexto ano, há uma preocupação a mais com as NIEMs, as provas de "Níveis Incrivelmente Exaustivos de Magia". Porém, com o jogo contra Corvinal se aproximando, não havia nada além de quadribol na cabeça do sem noção.

Resultado: Albus Severus Potter ignorou o reforço do Malfoy e o convenceu, nenhum deles sabe como, a roubar o gabarito da prova de Herbologia. Felizmente, e para a graça dos dois sonserinos, o Professor Longbottom estava com uma tosse de cachorro há dois dias, então Binns estava encarregado de aplicar a prova em exatas...

— Nós ainda temos 4 horas para estudar, o que acha de desistir disso? — gemeu Scorpius, coçando os cabelos loiros numa tentativa inútil de se distrair.

— Onde está o seu senso de aventura?

— Eu não gosto de aventuras — falou, balançando seu corpo alto demais. — Sou um sonserino e conquisto minhas ambições por mérito próprio, estudando.

Albus se virou para ele devagar, alargando um sorriso debochado e dizendo:

— No meu caso, por esperteza própria.

— Safadeza própria — corrigiu Scorpius.

Não continuaram a discussão. A porta da sala do professor Binns estava bem à frente, esperando apenas um instante para ser aberta. Albus desativou a luz que emanava da ponta de sua varinha. Estava para conjurar um feitiço, quando a mão de Scorpius foi para sua frente, impedindo que ele continuasse. O moreno achou estranho, mas não se moveu até o amigo empurrar lentamente a madeira da porta e dar visão ao interior da sala com um pequeno corpo se movendo próximo à escrivaninha do Professor.

Poderia ser um elfo ou um diabrete foragido.

Mas não. Era pior.

— Achei!

O cabelo desgrenhado e comprido se levantou com a animação da dona da voz, denunciando-a automaticamente. Entretanto, quando Rose Weasley notou que estava sendo observada, era tarde demais para explicações. A prova de Herbologia estava nas suas graciosas mãos.