Aprendendo a Amar
Um dia como todos
Erza acordou com o sol invadindo sua janela. Abriu os olhos relutante e sorriu ao lembrar-se da noite anterior. Tateou a cama ao lado e notou que estava vazia:
– Jellal?
Ele não estava ali. Ela sentiu-se triste e seu peito doeu, mas sabia que aquilo não teria terminado ali. Pelo menos queria acreditar nisso. Levantou-se da cama e foi à sala onde encontrou Gray sentado no sofá, descalço, sem camisa, despenteado, com cara de poucos amigos e massageando a têmpora.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Oi Zé do Bar – Erza cumprimentou-o.
– Por que me deixou fazer aquilo?
– Você já é grandinho pra cuidar de si mesmo. E eu é que pergunto: por que estava agindo daquela forma?
O rapaz resmungou:
– Eu...
– Gray-sama! – Juvia gritou – Seu café da manhã está pronto.
– Eu agradeço Juvia. Mas também agradeço se parar de gritar.
Erza riu e sentou-se no sofá da frente.
– Então você e Jellal fizeram as pazes?
A ruiva deu de ombros:
– Não sei. Ele simplesmente foi embora.
– Erza-sama, onde fica o banheiro? Vou tomar um banho!
– Ali Juvia, fique a vontade.
Gray e Erza comeram as torradas feitas pela azulada que estavam um pouco queimadas. Gray tomou alguns comprimidos e decidiu que iria tomar banho em casa e chegaria mais tarde na Empresa.
A ruiva despediu-se do amigo e seguiu para o trabalho. Assim que pisou no imenso prédio, correu para falar com a amiga. Lucy a recebeu pouco sorridente em sua sala: estava analisando os diversos cortes que haviam feito e que lhe estavam causando problemas. Decidiu não contar nada a ruiva para não estragar sua alegria.
– Estou com medo de que ele não fale mais comigo, Lu...
– Ah, se ele for imbecil o suficiente pra fazer isso, eu vou até a casa dele e lhe arranco os dentes!
– Erza? – um rapaz apareceu na sala.
– Romeo! – as duas exclamaram e abraçaram-no.
– Trouxe essas flores pra você, Erza – e lhe entregou um buquê imenso.
– Ah, não precisava Romeo...
O rapaz riu:
– Na verdade não fui eu que mandei.
– E quem foi? – a ruiva ergueu a sobrancelha. Lucy sorriu e fez sinal para que ela lesse o cartão.
“Desculpe sair sem avisar. Não entendo de flores, mas assim que as vi, lembrei-me de você”.
Eram rosas vermelhas para uma flor vermelha.
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Erza recebeu mais um recado de Jellal convidando-a para almoçar. Lucy passou a manhã inteira cuidando dos gastos até encontrar uma solução. Decidida de que daria certo, pensou em mostrar a Gray.
Bateu em sua porta:
– Pode entrar – ela ouviu sua voz exclamar de dentro.
– Gray, queria saber se... – sua voz travou. Como aquela sala lhe trazia surpresas...
Uma garota de longos cabelos rosa chiclete sorria para o moreno. Usava um vestido rosa curtíssimo e saltos finíssimos.
– Ah, Lucy. É você. Sherry, essa é a outra presidente da Empresa, mas não precisará se preocupar com ela. O que você quer Lucy? – o rapaz perguntou desinteressado, enquanto lia alguns papéis.
– Eu, ah... – a loira ficou desconsertada com tamanha cena – Queria que desse uma olhada nisso aqui. É sobre o corte de gastos da Fairy Tail.
– Tá, deixa aí na mesa que olho depois.
– Mas é que eu preciso disso agora.
– Agora não posso. Faço isso depois.
– E não pode por quê?
– Hunf – ele impacientou-se – Porque estou ocupado!
– O Gray está terminando de assinar meu contrato – a rosada explicou. Lucy a encarou:
– E você é...?
– Sherry Blendy, a nova secretária do senhor Gray.
– “Nova secretária”? Por que precisa de uma nova secretária, Gray? Algum problema com a Lisanna?
– Nenhum. Mas ela não está dando conta das minhas coisas com todas as tarefas que você dá pra ela.
– O que? Eu não dou tanta coisa assim pra ela!
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– Tanto faz. Vai ser melhor pra Lisanna e pra você também. Assim não iremos mais precisar dividir nem a mesma secretária. Também estou pensando em fechar essa porta que divide nossa sala, o que acha? Vai precisar de mais privacidade agora que tem um caso com o Laxus.
– Eu não tenho caso com ninguém! E sem querer desmerece-la, Sherry, mas Lisanna é capaz de...
– Desmerecer? É IMPOSSÍVEL você desmerecer a Sherry! Veja que esplendor de menina! Ela estudou nos Estados Unidos. Tem inglês fluente.
– Isso não me importa. O que quero dizer é que...
– E ela fala sueco. Você fala sueco?
– Não, eu não falo sueco – Lucy irritou-se – Mas que isso importa?! Não precisamos de alguém que fale sueco!
– E ela tem cabelo rosa. Você não tem cabelo rosa, Lucy.
A loirinha começou a irritar-se:
– Que importa! Ela NÃO vai ser sua secretária!
Lucy disparou para cima de Gray, para lhe tomar o papel do contrato. O moreno ergueu o documento no alto enquanto ria da tentativa frustrada de Lucy alcança-lo. Vendo a cena, Sherry suspirou:
– Hunf... Vou ver se o Lyon-sama quer almoçar comigo... Não sabia que iria dar tanto trabalho ser sua namorada...
– O que?
Lucy parou de prestar atenção no papel:
– Você é namorada do Lyon?
– Sim, sim! Já faz uma semana que começamos a namorar! Ah... Acredita que nós dois temos “Y” no nome? Não é romântico...?
Lucy olhou para Gray com o olhar penetrante:
– Isso tudo foi só uma cena pra me deixar com ciúme?
– Cena? Quem fez cena foi você. E se isso te deixou com ciúme, problema é seu – Gray sorriu maliciosamente.
– Você deixou de ser o cara mais frio do mundo pra se tornar o mais infantil do mundo. Vê se cresce, Gray – e Lucy saiu batendo a porta da sala.
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Lucy se quer saiu para almoçar. Convidou Natsu e Romeo para comprarem pratos prontos e decidiram ficar na sala da garota. Comeram enquanto assistiam à televisão. Erza voltou em seguida e contou aos amigos sobre tudo que acontecera no almoço com Jellal.
– Ah Lucy, ele pediu pra avisar a você e ao Gray que está tudo certo para assinarem os contratos. E que farão a festa de comemoração em um resort chamado Blue Pegasus.
– Hu. Nunca ouvi falar. Mas você terá que avisar ao Gray sobre isso, porque depois de hoje, só sentirei mais vontade de mata-lo.
Natsu e Romeo voltaram a seu trabalho. Erza ainda ficou um tempo para ouvir a história de Gray. A ruiva alegou que iria conversar com o rapaz a tarde, para pedir-lhe que deixasse Lucy em paz.
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Gray almoçara com Gajeel para quem decidira contar tudo que acontecera com Lucy, resumidamente. O companheiro só fez rir e falar que ele estava perdendo tempo. Começou a pensar em tudo que fizera ultimamente e sentiu-se ridículo. Estava tentando tratar Lucy da forma como ele sentia que ela o tratava. Por que as coisas não poderiam ser mais fáceis?
Ele passou a ler as anotações de Lucy e então entendeu o tamanho problema que ela tinha. Alguém havia mexido na contabilidade. Uma ideia passou por sua cabeça: decidiu que iria consertar tudo. Seria uma forma de pedir desculpas a garota.
E por falar em garota... A lembrança de seu primeiro beijo com Lucy flutuava em sua cabeça. Ele não conseguia esquecer a sensação que havia percorrido seu corpo. Queria tocá-la mais. Sentia necessidade de beija-la novamente. Já estava viciado em seus lábios.
– Gray?
Ele despertou com Erza lhe chamando na porta.
– Entra.
– Vim trazer um recado de Jellal – e ela contou sobre o resort.
– Ah, conheço lá. Passei muitas férias nesse lugar. Só acho os funcionários de lá meio esquisitos.
– Por falar em “esquisito”... E aquele seu papo sobre a Cana?
– Cana? Que Cana?
– Aquela morena de ontem...
– Ah, sim... Ela...
– Juvia não pode saber dela, Gray... O relacionamento que vocês tiveram foi muito polêmico.
– Hunf, tanto faz.
– Hu... Quem não gostou nadinha foi a Lucy... Ela ficou morrendo de ciúmes – Erza sorriu. Gray revirou os olhos.
– Eu não quero mais saber da... – então ele se tocou – Ela ficou? – ele perguntou parecendo uma criança curiosa.
Erza riu:
– Sabia que o que você estava fazendo ontem era cena. Por que fez tudo aquilo?
– Sei lá! O fora que a Lucy me deu me deixou muito irritado. Queria dar o troco! Oras, por que as mulheres podem fazer o que bem entendem com a gente e se fazemos o mesmo somos canalhas?!
– Gray... Há uma diferença entre o papel que as mulheres exercem num relacionamento e o dos homens. Elas mandam, eles obedecem. Elas decidem, eles fazem. É assim que a vida toca!
– Mas isso é injusto!
– Acha mesmo? Me diga Gray: se Lucy lhe pedisse para lhe trazer um doce, você traria?
– Claro – ele deu de ombros.
– E se ela lhe pedisse um balão? – e Erza fez um gesto amplo com as mãos.
– Eu teria um pouco de trabalho para conseguir um – ele riu.
– Mas traria?
Ele pensou e parou de sorrir:
– Traria...
– Viu? Você não seria capaz de lhe dar tudo que ela pedisse?
O rapaz ergueu a cabeça. Finalmente havia entendido. A voz de um homem grande soou em sua mente: “Nós homens somos os cachorrinhos de nossas esposas. E gostamos de ser um”.
– Eu seria capaz de lhe dar o mundo! – ele concluiu se levantando da cadeira – Vamos Erza! Preciso falar com a Lucy imediatamente!
– Calma garoto! Não é assim! Você tem que fazer direito. Primeiro precisa preparar algumas coisas... Depois entrará em ação.
E ambos começaram a planejar o que fariam. Pra começar Gray passaria a noite cuidando do problema administrativo de Lucy. E foi o que fez. Virou a noite imerso em contas. Fez tabelas, gráficos e razonetes até dizer chega. Quando finalmente achou que havia fechado o fluxo de caixa corretamente, ele adormeceu debruçado sobre a mesa.
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Lucy chegou em sua sala achando que o Mundo estava em suas costas. Várias pessoas na Fairy Tail já começavam a trata-la diferente. Seus dias estavam contados. Tudo por causa da ambição de algumas pessoas.
Notou que a porta da sala de Gray estava entreaberta. Decidiu entrar e pegar suas anotações antes que ele chegasse, para não ter que vê-lo. Mas pensou errado ao dar de cara com um moreno adormecido na mesa. Lucy quis saber o porquê dele ter ficado ali, mas decidiu apenas pegar seu terno e lhe cobrir as costas para que não pegasse friagem. Já estava de saída quando ouviu algo inesperado:
– Lu...
Ela virou-se e viu que Gray falava dormindo. Então aproximou-se para ouvir o que era.
– Lu...cy... Lucy...
Seus olhos cor de mel se arregalaram de surpresa. Ela aproximou-se para tocá-lo e tentar acorda-lo:
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!– G-gray...? – ela chamou. Ele levantou a cabeça e ela recuou assustada. O moreno simplesmente virou para o outro lado e voltou a dormir. Lucy suspirou aliviada e saiu da sala.
Ela voltou para seu escritório, sua expressão de susto mudando para um tímido sorriso.
– Viu um passarinho azul, hoje?
– Ah! Laxus! – ela assustou-se – Que surpresa vê-lo aqui a essa hora.
– Desculpe aparecer assim. Fiquei feliz que tenha aceitado nosso acordo. Já está tudo preparado para a festa de inauguração no Blue Pegasus. O pessoal do resort vai fechá-lo só para nossas Empresas e seus funcionários.
– Que bom que está tudo certo.
– Que bom que você conseguiu arrumar aquele problema financeiro!
– Consegui? Não, eu acho que não consegui.
– Bem, alguém conseguiu. Te vejo mais tarde. Talvez possamos almoçar juntos.
– Sim.
“Como isso foi solucionado? Será que... Não... Gray não faria isso”. E ela riu de sua própria ideia absurda.
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