Selando uma amizade

Quando foi dezenove horas em ponto Armando parou com o carro em frente ao prédio aonde Catalina mantinha sua agência de Relação Pública, o porteiro ao se comunicar com a secretária dela informou que Catalina ainda iria demorar um pouco e por isso pediu para eles subirem. O casal se acomodou na recepção e ficaram esperando Catalina que não tardou a sair.

- Armando – Catalina se aproximou com um sorriso, mas parou a caminhada assim que viu Betty – Meu Deus Betty, você mudou – Betty sorriu timidamente – Menina, aquela franja realmente não te favorecia e veja só que sorriso lindo, esses óculos também mostram mais o seu rosto e que belo rosto Betty. Você está muito bem. – Catalina estava empolgada com as pequenas mudanças de Beatriz e vendo todo seu potencial fez uma nota mental de acentuar essas mudanças enquanto tivessem em Cartagena, se dependesse de Catalina, Betty voltaria de Cartagena digna de virar uma modelo.

- Obrigada dona Catalina – Betty estava completamente tímida, nunca na vida tinha sido elogiada por sua beleza, não sabia como reagir, Armando apenas sorria orgulhoso.

- Desculpe fazer vocês esperarem, mas eu estava no telefone com um cliente –

- Catalina, somos profissionais como você, sabemos que esses imprevistos são comum – Armando a tranquilizou – Já podemos ir? –

- Claro – Catalina liberou a secretária e eles foram para o elevador – Aonde vamos jantar Armando? Porquê eu estou de carro e terei de ir com ele, então me diz o restaurante – Armando olhou para Beatriz e ela apenas lhe deu um sorriso confirmando que ele podia seguir com sua vontade.

- Nós não iremos a nenhum restaurante Cata, e sim a – ele fez uma pausa – meu apartamento – sua vontade inicial era dizer nosso apartamento, se referindo a Betty e a ele, porém não era hora ainda.

Catalina foi o seguindo com seu carro, ela estava curiosa com aquilo tudo, sua intuição feminina dizia que ela iria se surpreender com aquele jantar, Armando estava tão misterioso e Betty mais tímida que o comum. Ela foi seguindo o carro dele até um luxuoso prédio de apartamento, ele abriu a porta da garagem com o controle e estacionou o carro, indicou que ela guardasse na vaga ao lado da dele. Catalina ficou encantada com o apartamento, jamais pensou em Armando morando em um lugar tão acolhedor assim.

- Armando eu estou encantada com tudo, esse apartamento é perfeito para se viver, embora eu esteja achando ele bastante grande para um solteiro como você – Cata não era ingênua, conhecia Armando a bastante tempo e sempre sobe da infidelidade dele, que alias, não era segredo para ninguém, nem mesmo para sua prometida Marcela, e sabia que embora ele fosse noivo, nem nos sonhos pensava em realmente se casar, ao menos era o que ela sempre acreditou.

- Eu não sou um homem solteiro Cata, sou um homem totalmente comprometido e apaixonado, que me caso dentro de um mês – Nesse momento Armando puxou Betty pela mão e a abraçou, ela estava totalmente envergonhada, porém Catalina não ligou os fatos, afinal embora os olhos dela tivessem vendo, era muito irreal pensar que Armando estivesse tendo algum relacionamento intimo com Betty.

- Como assim? Marcela não me disse nada sobre já ter data para o casamento –

- Que Marcela? Quem falou nessa mulher? – Catalina então olhou para os dois, viu uma Betty de rosto vermelho e olhando o chão, já Armando tinha um sorriso e abraçava Betty pela cintura.

- Espera – Catalina disse e continuou olhando pasma os dois – Você quer me dizer que vocês vão se casar? Vocês dois? Ual! – Catalina estava surpresa e sentou no sofá sem cerimonia alguma – Mas e Marcela? Como isso pode ocorrer? –

- Nos iremos te explicar – Armando disse respirando fundo, Betty e ele se sentaram no sofá frente a Catalina – Cata a história toda é mais complicada do que você pensa, então saiba que te contaremos tudo e você será a primeira e a única a conhecer nossa história –

- Armando – Catalina interrompeu ele – Não se sinta obrigado a me contar nada e pode confiar na minha descrição, você sabe que você sempre foi um amigo para mim e você Betty sempre foi tão doce comigo que jamais poderia te fazer algo que lhe trouxesse um dano, fiquem tranquilos vocês dois, comigo o segredo de vocês está salvo – Betty sorriu aliviada, Catalina realmente era uma mulher especial, Armando simplesmente teve mais certeza que Cata era a muleta certa que eles precisavam naquele momento, acima de tudo Betty que estava tão sozinha sem poder dividir seus sentimentos com alguém, embora ela não lhe falasse muito, ele podia sentir que ela estava agoniada e precisava desabafar.

Armando contou tudo, desde a quebra da Ecomoda, que deixou Cata preocupada já que tinha seu nome vinculado a empresa, depois ele explicou sobre o embargo e como Betty agora era a dona legal da empresa, contou sobre o sórdido plano de Mario o qual Cata ficou enojada dele, porém acabou tendo dó quando viu a tristeza e o arrependimento em seus olhos, por fim contou que ele se apaixonou perdidamente e já não podia mais viver sem Beatriz, dependia dela para ser completo.

- Essa história é realmente fantástica, vocês poderiam ganhar dinheiro com um livro – Armando riu, estava se sentindo mais leve.

- Quem sabe um dia Cata, quem sabe? – Armando falou relaxado.

- Não sejam loucos vocês dois – Betty protestou, mas também estava se sentindo tranquila como a tempos não ficava, era bom o sentimento de ser livre, ao menos naquela noite e apenas com Cata.

- Mas deixa eu vê se entendi – Catalina disse enquanto refletia – Vocês vão se casar porquê a empresa está no nome da Betty e assim ela ficará no nome dos dois, é isso? –

- Não! – Armando gritou – Nem pensamos nisso Cata, por Deus, não! – Armando disse enojado – Cata nos vamos casar porque nos amamos – Armando segurou a mão de Betty e olhou dentro dos olhos daquela que para ele já era sua mulher, o olhar com carinho de ambos fez Cata suspirar, definitivamente aquilo dava um livro – E também vamos nos casar porquê Beatriz está esperando uma menina, eu vou ser pai Cata – Armando não se cabia em si de orgulho, enfim tinha verbalizado que seria pai.

- É sério isso? – Catalina perguntou mais uma vez surpreendida – Parabéns a vocês então, por tudo – Os três se levantaram e pela primeira vez receberam um forte abraço e um parabéns pela recém paternidade.

Eles jantaram tranquilamente, conversando sobre o bebê, sobre o casamento, sobre Cartagena e sobre coisas alheias a isso, definitivamente agora eles eram três amigos e mais que isso, três melhores amigos.