Capítulo 82:

Ben e Anita aproveitavam o silêncio do casarão em uma tarde de sábado, para namorarem um pouco, já que os dois encontravam sempre dificuldades para encontrar um momento de tranquilidade, em que os dois pudessem ficar a sós.

–Amor, infelizmente eu vou ter que ir. – Afirmou Ben, com um beijo.

– Ah não, fica mais um pouco vai. – Disse Anita, com cara de quem queria convence-lo, lhe envolvendo em um abraço.

– Mais? – Riu ele. – Anita eu passei a manhã inteira aqui, e já tá quase anoitecendo. – Justificou ele.

– Então fica até a noite. – Falou ela, o enchendo de beijos.

– Não dá, nem que eu queira. – Disse ele, para frustração dela. – Eu recebi uma mensagem do trabalho, vou ter que dar uma passada lá. – Se explicou Ben.

– Ai poxa vida. – Resmungou Anita. – Mais, vem jantar aqui então. – Sugeriu ela.

– Daqui a pouco a Vera vai me correr daqui desse jeito. – Brincou ele as gargalhadas.

– Hamm, to nem aí. – Respondeu ela sem se importar. – Tá já que a gente só vai se ver a noite, eu vou convidar a Julia pra ir no cinema comigo, tem problemas. – Pronunciou Anita.

– Não, nenhum. – Garantiu ele. - Vocês vão ver aquele filme que a gente viu outro dia. – Ben perguntou.

– Ahm, sim a Julia queria ver, e como o filme é ótimo não é sacrifício nenhum ver de novo. – Ela confirmou sorridente.

– Mais só uma coisa, não deixa o celular desligado não tá, fica atenta nele. – Pediu ele.

– Você quer me convencer de que não tá preocupado, mais você tá preocupado com essa história das cartas. – Anita falou, percebendo.

– Um pouco, mais não custa à gente tomar cuidado vai, por precaução mesmo. – Ben justificou, passando a mão de leve nos cabelos dela.

– É, ai Ben eu só quero paz, espero mesmo que esses bilhetes seja uma brincadeira boba de alguém, que não seja coisa do Antônio. – Confessou ela, com aflição. – Mais ao mesmo tempo eu tenho medo de tá me agarrando numa possibilidade que não existe. – Anita disse nervosa.

– Eu sei, não vamos também ficar tão apavorados com isso a ponto de nos afetar. – Ben aconselhou. – Mais chegou mais alguma coisa? – Questionou o garoto.

– Não, a última foi aquela, com aquele monte de declaração em forma de poema, tomara que não chegue nenhuma. – Disse Anita quase implorando.

– Vai ficar tudo bem tá, seja lá quem for o idiota que manda esses recados, não vai ser o suficiente pra afetar nós dois. – Prometeu ele, a puxando para um abraço apertado.

– Tomara. – Anita respondeu, precisando muito confiar.

– Eu vou indo então, mais tarde eu passo aqui. – Falou ele levantando, e segurando a mão de Anita.

– Tá bom, vai tranquilo eu vou ficar numa boa. – Disse ela para tranquiliza-lo, indo até ele. – Com muita saudade, mas vou. – Brincou Anita rindo.

– Ah meu deus, que namorada carente que eu fui arrumar. – Implicou ele, levantando suas mãos ao rosto dela.

– Ah só um pouquinho. – Disse ele rindo, os dois se uniram em um beijo, e foram caminhando até a porta enquanto se beijavam.

– Tchau, até mais tarde. – Falou ele já saindo.

– Tchau. – Despediram-se com um ultimo beijo, antes de Anita fechar a porta. Ao andar pela sala vazia Anita recordou-se que tinha algo ainda a resolver com a irmã, sabendo que ela estava trancada na quarto resolveu ir ter uma conversa com a loira, que não podia ser mais adiada.

– Eu quero falar com você. – Anita afirmou ao chegar ao quarto.

– Passa outra hora, eu to ocupada. – Sofia respondeu da cama de maneira séria.

– Outra hora não Sofia, agora, a gente vai conversar agora. – Disse Anita taxativa.

– Ai Anita, que saco, me deixa em paz. – Sofia respondeu ríspida.

– Deixaria se você me esquecesse também. – Ela rebateu caminhando até a irmã, e cruzando os braços.

– Anita para, sem drama, você não é nada importante, para de querer ser o centro das atenções. – Sofia falou altiva, sorrindo debochada.

– Ah é mesmo, ótimo, bom pra mim e muito melhor pra você. – Anita retrucou com a cara amarrada, vendo que Sofia fazia questão de ignora-la. – Sofia, eu to falando com você, da pra prestar atenção em mim. – Anita disse arbitrária, perdendo a paciência.

– E eu já disse que eu não quero falar com você, me deixa, minha revista é mais interessante de que ter que olhar pra tua cara. – Sofia afirmou, sem se importar.

– E eu já disse que não saio daqui, sem ter essa conversa com você. – Anita respondeu, puxando a revista da mão da loira.

– Anita, qual foi. – Reclamou Sofia raivosa já. – Você é songa -monga, e agora inconveniente também. – Esbravejou ela.

– E você é o que. – Anita falou irônica. – Uma menininha mimada, fútil, ou uma pessoa sem escrúpulos, e um projeto de mau-caráter, porque eu to começando a ficar em dúvida. – Anita jogou na cara dela.

– Anita se você quer me ofender, vai ter. – Sofia disse irritada com as palavras dela.

– Foi você que começou. – Anita devolveu, sem se intimidar e colocando a revista que tomou de Sofia sobre a poltrona ao lado dela.

– Eu falei a verdade, você sempre foi, uma coisinha sem graça, sem personalidade, deixou esse quesito todo pra mim, não é. – Sofia falou, sem medo.

– Bacana, o que você chama de falta de personalidade eu chamo de caráter, é esse o nome que as pessoas dão pra aquelas que respeitam as decisões alheias, e não ficam infernizando e passando por cima dos outros pra terem o que querem, só porque a vida resolveu sorrir pra outro lado. – Anita respondeu, encarando Sofia.

– Você é patética Anita. – Riu Sofia. – Fala, anda logo, o que você quer. – Sofia perguntou.

–Ótimo, vamos ao assunto mesmo. – Anita até que aprovou a atitude dela. – Você me disse que queria, quer dizer queria não, que eu tinha que contar pra mamãe que eu menti pra ela, pra passar a noite com o Ben, me ordenou que eu fizesse isso. – Começou a se explicar Anita. – Então eu conto, eu vou contar. – Anita disparou, com os olhos fixos em Sofia que pareceu não acreditar.

– O que, para de onda Anita. – Sofia falou espantada, levantando.

– É isso mesmo, mas tem uma condição. – Anita afirmou sorrindo audaciosa.

– E que condição. – Indagou ela. – Ai Anita, você acha mesmo que eu vou fazer alguma coisa quanto a isso. – Sofia riu sarcástica.

– Ah vai, ou você ou eu faço. – Anita disse. – Eu conto pra mamãe tudo, mais você também vai contar que sabotou o casamento dela, toda a história. – Anita disse ordenando.

– O que, se pirou. – Sofia ficou sem acreditar, ela jamais faria aquilo, nem que mesmo o preço fosse ver Anita encrencada.

– Ou conta você, ou conto eu, você escolhe. – Comunicou Anita. - Eu vou contar a minha mentira, já que você acha que eu tenho que jogar limpo com a mamãe , eu também acho, eu vacilei em não ter falado pra ela que na verdade eu ia era passar a noite com o Ben. – Admitiu ela. – É isso, a mamãe merece saber quem são as filhas dela, e eu acho bom você se preparar, porque dessa vez eu não vou voltar atrás Sofia, quem sabe assim você não aprenda a ser uma pessoa melhor. – Anita especulou.

– Eu não vou falar nada, você tá louca. – Gritou Sofia com raiva, e tensa ao mesmo tempo.

– Então conto eu, você escolhe, o que é melhor pra você, você tem o final de semana pra pensar, na segunda nós resolvemos, mas eu acho que ela iria gostar de saber da tua boca, e não da minha, e não adianta tentar negar se eu for falar, porque eu tenho quem confirme essa história, e você sabe muito bem. – Anita garantiu.

– Você pode esquecer, eu não vou falar nada. – Sofia não se deu por vencida. - Você veio com isso só pra eu não falar do que você fez, não é. – Perguntou a loira, torcendo para que fosse isso, apenas um blefe da irmã.

– Não, essa é a minha proposta, a mamãe vai saber das mentiras de nós duas, e eu não vou voltar atrás, pode esquecer Sofia. – Anita afirmou. – Pensa bastante, você vai precisar, eu vou dar uma saída, vou sair com a Julia, se por acaso alguém perguntar. – Anita falou, antes de deixar o quarto, deixando Sofia anestesiada com as afirmações que havia ouvido de Anita.