Apenas Um Olhar

Capítulo 08² - Parte um.


CAP 08 – Hot Kiss, make like this

— Não vai me dizer mesmo? – Perguntei com um bico.

— Claro que não, estragará a surpresa – Ele falou baixo, sorrindo da minha situação, o traste.

Ele me vendara assim que entrei no carro. E estou assim desde alguns 15 minutos. Mas pra onde, mãe? Pra onde o Sasuke vai me levar? Se for para um motel, vou engasgá-lo com a sua própria camisinha. E se for para um lugar chique? Meu Deus se for pra mais um daqueles jantares de filhinhos de papai, como o do hotel? Aí sim, eu o mataria por ser tão estúpido em me levar a um lugar desses – Afinal, meu único papel em lugares chiques é de ser a macaquinha do circo dos horrores – Minhas opções estão se acabando, e acho que como estou faminta, minha imaginação fértil não está a ativa em cem por cento de sua capacidade. Godofredo, alguma sugestão?

— Quem sabe ele está te levando para uma boate de strip? – Respondeu com o dedo indicador levantado.

— Oh sim, claro. Porque é para uma boate de strip que os homens levam suas namoradas... Para ver peitos e bundas de desconhecidas, meu sonho de consumo – Tentei ser sarcástica, mas a opção dele em si, já era uma piada, o que mais fazer?

— Você pediu minha opinião, e eu dei... Porque está tão brava? – Perguntou enquanto serrava as unhas – Já está naqueles dias?

— Filho da puta! – Falei comigo mesma.

Ou talvez nem tanto.

— O que eu fiz agora? – Sasuke me perguntou sem entender nada; as sobrancelhas unidas.

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— NÃO, não era com você... – Respondi nervosa. O que eu digo? O que eu digo? Não posso arriscar meu namoro recém reatado contando para meu namorado que eu sou bipolar – Ainda mais que a minha outra personalidade é um gay, revoltado, emo, bissexual, promíscuo e sem escrúpulos – Hora de colocar meus momentos criativos em ação...

— EU NÃO SOU PROMÍSCUO! – Godofredo protestava – Retrate-se.

— Agora não, Godô! – Disse mentalmente, dessa vez – E se você não é promíscuo, minha tia come manga e assovia o alfabeto.

— O QUÊ?

— Você pagaria para que um pervertido abusasse sexualmente de você! EU SEI QUE ESSA É A SUA FANTASIA, VOCÊ ESTÁ NA MINHA CABEÇA!

— Foi um sonho, e foi só uma vez! – Defendia-se levianamente.

— Chega, fica em off. Tenho outras coisas para me preocupar agora.

— E então? Vai ficar aí com esse olhar abobalhado sem me dar nenhuma explicação? – Ele já estava nervoso. Mas eu ainda não tinha nenhuma resposta boa para dar, como eu disse anteriormente, minha imaginação fértil tem sérios blackouts quando me encontro em estado de “Etiopiano”.

— É que... É que... – Gaguejei e ele sabia que eu estava tentando esconder algo. Funciona imaginação, só dessa vez, não pense com o estômago! Situações desesperadas pedem medidas desesperadas.

— É que o quê, Sakura Haruno? – Ele agora dirigia mais veloz, com os ombros tensos. Eu cheguei a pensar “Filho da mãe, agora vai me matar, to fudida!”. Mas me acalmei por dois segundos para bolar algo... E a primeira coisa que me veio à cabeça, foi o que saiu por minha boca – RESPONDA!

— É que lembrei agora de uma coisa que me deixou muito irritada! – Tentava demonstrar indignação. Sorte a minha que Sasuke estava tão nervoso quanto eu e não notara minha fraca e insignificante encenação de ator de novela do SBT – O cara que eu vi na minha entrevista de emprego disse que só me daria o cargo se eu tivesse um filho com ele... Filho da puta! – Xinguei e esperneei, ficando com uma expressão carrancuda.

— O QUE VOCÊ DISSE – Pra que eu fui despejar a primeira coisa que essa minha mente doentia pensou? Eu vi esse Sasuke ficar azul, vermelho, roxo... Só faltou chamar o sol e fazer um revival dos Teletubbies – QUEM FOI? ME DIZ O NOME DELE!

Parece que uma pequena crise de ciúmes inofensiva não vai fazer mal...

— Era um carinha prepotente, de cabelos prateados, olhos azuis claros, porte médio, tatuagem na mão direita, só lembro isso – Fiz o cruzamento de um fazendeiro poderoso do Texas com um ex-prisioneiro do seriado Oz – Um boboca, sério. Mas eu só falei alto assim porque me lembrei e o sangue subiu à cabeça... Vamos esquecer?

— Por enquanto... Para não desperdiçamos a noite em que fizemos as pazes falando de um maldito idiota que não terá futuro – Por que Sasuke? Você vai matar ele? Medo do Sasuke essa hora – Mas amanhã você me conta essa história direitinho.

— Ok, eu conto – Respondi suspirando aliviada – Estou com fome.

— Já estamos chegando, agüente um pouco mais – Ele respondeu, voltando ao normal.

— Ótimo, porque do jeito que estou eu comeria meu próprio cabelo se ele estivesse com catchup e maionese.

— Exagerada... – Suspirou exasperado.

— Paga pra ver – Disse bufando.
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— Coloca mais uma agora – Disse ainda sorrindo.

— Espera, não é tão fácil! – Ela sorria também. As mãos pequenas tremiam descontroladamente, como sinal do nervosismo – Mas acho que vou conseguir dessa vez.

— Meu Deus! Olha a hora... – Cocei a cabeça e mantinha o olhar no relógio de parede no canto da sala – Não acredito que ficamos duas horas e meia montando esse castelo, Hinata.

— Já está assim, tarde? – Ela olhou-me desapontada – Espero que Tenten não fique me esperando muito... Se ela estiver em casa, vou levar uma bronca daquelas – Terminou chorosa.

— Não se preocupa Hinata, eu vou te deixar em casa – Falei todo cheio de mim, mas ela como resposta, apenas deu aquele sorriso tímido. Aquele que as pessoas dão só pra não deixar o amigo no constrangimento.

— Eu me preocupo com a hora que você for embora e me deixar sozinha com a fera – Disse sorrindo apreensiva.

— Nisso eu não posso ajudar muito mesmo... – Sussurrei, enquanto pensava em algo para ajudá-la – Mas se você quiser, ainda tenho aqui em casa os analgésicos para elefantes, do tempo em que eu trabalhei no zoológico!

— Você sugere que eu dê uma dose de tranqüilizante de elefantes para a Tenten? – Repetiu assolada, parecia não acreditar no que eu disse. Às vezes me esqueço de que Hinata é a pessoa mais ingênua e pura que conheço... Conviver com pessoas como Shikamaru, Temari, Tenten, Teme, Sakura... Me deixou meio bolado com relação a armações e pegadinhas. Eles sim são uma má influência!

— Tava brincando – Sorri nervoso e gesticulei com as mãos para que ela se acalmasse – Você acha que eu falaria isso sério?

— Tem razão, desculpe – Ela suspirou e voltou a atenção para o castelo de cartas quase terminado

Era a última carta, e nós dois estávamos tensos. Como se aquilo fosse uma final de campeonato, ou algo realmente importante. Mas para nós, era. Estávamos há mais de duas horas trabalhando naquilo.

E Hinata se curvou lentamente para colocar a última carta no topo do castelo. Engoli seco e tentava não deixar o vento derrubar, formando uma barreira sobre o castelo quase terminado.

— EU NÃO MEREÇO ISSO! – Aquele vagabundo do Shikamaru desceu as escadas, se reclamando de alguma merda em que ele tinha se metido. O inútil bateu a porta de casa com tanta força, que uma rajada de vento derrubou nosso castelo todinho.

Hinata ficou estática, com a última carta na mão, e uma expressão desolada.

— NÃO! – Gritei sem acreditar – Shikamaru seu filho da...

— Naruto-kun! – Hinata me repreendeu antes que eu dissesse uma coisa muito feia a respeito da mãe do Shikamaru, e a pobrezinha não tinha nada a ver com a história.

— Tudo bem, tudo bem... – Sussurrei mentalmente um xingamento. Então, sentei-me ao lado dela, encostados na parede e beijei sua testa – Nós podemos fazer outro...

— Mas não hoje, estou atrasada – Ela sussurrava.

— É eu sei; eu vou te deixar em casa, pegue suas coisas – Sorri.

— Ok – Ela respondeu sorrindo também.

Nós caminhávamos vagarosamente pelas ruas noturnas de Tókio. A companhia dela era tão agradável, eu diria até aquecedora. Porque por incrível que pareça, para Hinata eu não era um idiota como todos pensavam... Eu tinha o meu valor, eu era reconhecido por algo que eu era capaz de fazer. Isso me faz sentir bem... vivo.

— Sabe como eu vou te chamar agora, Hinata? – Eu disse enquanto dobrávamos a esquina para a casa dela.

— Como, amor? – Ela perguntou, curiosa.

— De meu solzinho – Respondi sorrindo comigo mesmo.

— Porque? – Perguntou com uma cara de surpresa.

— Porque só de ficar com você, eu já sinto como se o meu dia escuro se iluminasse completamente – Disse envergonhado – Você irradia em mim, como um sol. O meu solzinho... – Sorri sem graça.

Ela ficou corada e sorriu docemente, meu coração quase derrete ao ouvir a risada melodiosa que saiu de sua boca.

— Não fale isso... Você por si só já se ilumina, Naruto-kun.

— Mas agora com você, eu virei uma constelação inteira – Continuei sorrindo.

Chegamos ao prédio e eu a deixei na portaria. Dei um beijo saudoso e a abracei, desejando boa noite. Quando me virava para ir embora a ouvi dizer:

— Será que ainda tenho a opção do tranqüilizante para elefantes? – Sorriu nervosa e mexeu nos cabelos – Brincadeira... Eu te amo.

— Eu te amo mais – Sorri e segui meu caminho de volta.
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Descobri uma coisa muito interessante sobre mim mesmo. Eu sou um otário, babaca, idiota, bastardo, sem cérebro e muito, mas MUITO estúpido. Acabei caindo! Caí na lábia da Temari, e pra quê? Pra me meter em suas confusões de novo, sair com a culpa e ir preso pela terceira vez antes dos 20 anos por culpa daquela garota mal acostumada.

E o pior de tudo era que eu acabei a deixando desse jeito. Porque sempre que ela vinha com esses favores absurdos, eu aceitava apenas por querer ficar perto dela, pelo sentimento que eu guardava por ela, por querer cuidar... Eu me fodo toda vez! Sempre que encontro a Temari eu acabo assim, fudido!

E agora, eu passaria pela maior merda de toda minha vida. Cair fora já não era uma opção. Foi uma promessa, sei lá, pareceu uma promessa. Faria esse maldito favor e eu teria o meu dia com ela, seria mais que um dia, seria “o” dia. Eu com certeza tenho planos para o que fazer nessa data tão importante. Fazê-la se arrepender de todas as vezes em que fui espancado, mordido, espetado, preso e assediado por culpa dela. Ainda tenho pesadelos com aquele professor pedófilo!

Mas agora que já tinha aceitado, não era hora de reclamar, tinha que mostrar serviço e ir logo à procura da próxima vítima.

Cheguei ao prédio onde Temari trabalhava, a pessoa que procurava também estava lá. Uma colega de trabalho. A pessoa de quem eu devia cuidar era uma mulher, uns três anos mais velha, que estava à procura de um secretário – No meu caso, já que eu me candidataria – E o plano de Temari era basicamente, eu cortar a cabeça dessa mulher fora. O motivo? Não sei bem ao certo, mas algo com relação a ações ou cotas... Não me interessava. Eu teria um emprego provisório e ainda pagaria tudo que a Temari já me fez de ruim – Se bem que para que isso acontecesse eu necessitaria de um feriado judeu inteiro – Sairia apenas no lucro. Dignidade? Não sei bem onde a coloquei, mas depois quem sabe... Eu a acho e crio vergonha na cara.

Cheguei à porta do escritório da tal mulher e bati duas vezes na porta. Logo a mesma atendeu.

— Bom dia, Shikamaru Nara? – Perguntou com um meio sorriso.

— Sim – Respondi tentando ser carismático (?) ou simpático apenas – Vim para a entrevista.

— Mas é claro que veio, por favor sente-se – Ela disse, sentando na poltrona e acenando para que eu tomasse a cadeira à sua frente – Seu currículo me impressionou, para alguém tão jovem você já é bem experiente.

— Bom, não sou muito mais novo que a senhorita... – Disse sussurrando a última parte, com a intenção de que ela me dissesse seu nome. Nem isso Temari teve o escrúpulo de me dizer.

— Konan – Ela assentiu.

— Que a senhorita Konan – Terminei a frase que ficara cortada, e sorri.

— Sem todas essas formalidades, apenas Konan já é o suficiente – Ela riu como se tivesse feito uma piada de si própria – Se você for realmente trabalhar para mim, tente me fazer parecer mais jovem, ou faço você trabalhar horas extras sem remuneração – Terminou sorrindo classicamente.

— Espero que isso não aconteça... Konan – Ri nervoso. A última coisa que preciso é de uma multidão de papéis para envelopar, enviar e organizar. Não sou nem filial de correio – Creio que o tratamento não será um problema.

Ela sorriu, mexeu nos cabelos azulados e voltou-se para uns papéis.

— Que bom isso me anima – Sussurrava – Vou fazer uma semana de testes com você. Durante esse período você estará em avaliação. Se gostar de seu modo de trabalho estará contratado, se não... Bom o McDonalds do outro lado da rua está procurando um novo Ronald... – Ela sorriu, mas não achei engraçado, esse carinha do McDonalds tem cara de ser pedófilo, tenho medo dele, por que eu tenho medo de pedófilos. Trauma do professor; entendem?

— Espero então que você realmente goste do meu trabalho – Falei t entando parecer autoconfiante – Assim não terei que me passar por um palito de fósforos pedófilo... – Sussurrei, enquanto enxugava uma gota de suor que descia por minha testa.

— Como disse? – Perguntou com uma sobrancelha arqueada.

— E falei isso em voz alta? – Espantei-me.

— Sim, mas vamos fingir que isso não aconteceu, tá? – Ela sorriu descontraída. Pelo menos não parecia ser aquele tipo de chefe, mandona, rabugenta e metida. Ela parecia ser legal.

— Se por você tudo bem, pra mim então... – Disse sorrindo.

— Já é quase meio dia, e o que vou pedir hoje? – Suspirava, parecendo cansada da rotina.

— Posso fazer uma sugestão? – Perguntei.

— Claro – Ela disse voltando a atenção para mim – À vontade.

— Quer almoçar num restaurante italiano que conheço e recomendo? – Opinei.

— Você vai pagar a conta? – Ela perguntou arqueando uma sobrancelha.

— Hã?

— Estou brincando... Vamos dividir – Que bom que ela se diverte às minhas custas.

Pelo menos senso de humor ela tem, quem sabe ela leva a brincadeira que eu estou prestes a fazer na esportiva.

Continua ~

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