POV Rebecca

Acordei com uma sensação ruim dentro do meu peito. Fiquei deitada por um bom tempo na minha cela até lembrar que era o dia do experimento. Um bolo se formou na minha garganta. Eu estava com um medo terrível do que poderia acontecer comigo.

Meus sentimentos estavam à flor da pele depois do que aconteceu com o Vincent. Eu não sabia se ele estava morto, mas não tinha esperanças. Era tudo muito assustador. O Scott o socou até os dedos doerem e então me retirou da sala. Enquanto eu era arrastada pra fora, o Vincent respirava fraco, mas não se movia.

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No fundo, eu ainda tinha uma pequena esperança. Bem pequena mesmo. Passei a noite chorando até cair no sono. Minha cabeça doía, mas eu não ligava. Eu só queria noticias sobre o Vincent. Era pedir demais?

Sentei na minha cama improvisada e passei a mão pelos meus cabelos bagunçados. Uma lágrima desceu vagarosamente pela minha bochecha enquanto eu me encolhia num canto e abraçava meus joelhos.

Metade de mim queria saber sobre o Vincent. A outra queria saber sobre o Rudolph. Ele tinha desistido de mim? Isso não fazia o tipo do Rudolph. Eu sonhava com o resgate. Estava praticamente me entregando a tudo que me obrigavam apenas pensando na ajuda do Rudolph. Mas será que ele realmente viria?

Enxuguei as lágrimas com as costas da mão. Era inútil chorar.

–Acorda! –Um guarda gritou enquanto girava a chave na porta da cela.

Permaneci em silencio e respirei fundo. Eu não tinha como fugir.

–Chegou a hora, garota. –Ele me algemou. –O senhor Scott e o pai estão aí para assistir.

–O Alfa também está? –Perguntei.

–Ficou surda? Eu já disse que sim.

Fiquei em silencio enquanto ele me arrastava para fora e me guiava pelos corredores. Mais dois guardas se posicionaram atrás de mim e outro agarrou o meu outro braço.

–Posso fazer uma pergunta? –Quebrei o silêncio.

Não obtive resposta. Mesmo assim, prossegui.

–O Vincent está bem?

–Não. –O guarda do meu lado esquerdo respondeu.

–Mas ele está vivo? –Me desesperei.

–Por enquanto, sim.

Uma pontada de alivio preencheu meu corpo. Respirei fundo. O Vincent estava vivo.

–Ele vai assistir o experimento?

–Cale a boca. –O guarda do lado direito falou com sua voz grossa. –Você já perguntou demais.

Ele apertou meu braço com mais força e acelerou o passo. Fizemos o trajeto todo de novo até o laboratório científico, conhecido também como o covil maligno do Scott. Passei pelos corredores brancos e limpos até uma porta de vidro embaçado, como as de alguns consultórios de dentista.

Os guardas bateram três vezes na porta e ela foi aberta um tempo depois. Estava um pouco escuro dentro do local. Não era muito grande. Parecia um corredor largo.

Em uma parede, havia uma janela de vidro enorme que mostrava um recinto bem grande. Do lado, uma porta de metal, que devia ser a entrada para o local. Havia duas pessoas conversando entre si. Elas viraram para olhar para mim.

Uma era o Scott, que estava perfeitamente bem arrumado. Mesmo que fosse uma das piores pessoas que eu conheci na minha vida, eu não poderia negar que ele era muito belo.

Do seu lado, um senhor que eu reconheci de primeira e meu coração bateu rapidamente com o susto.

–Senhor Jones?

****************

POV Rudolph

O andamento do ataque/ resgate já estava definido. Depois que fizemos os planos, tivemos que ter um treinamento árduo para que tudo fosse perfeito. Meus amigos estavam levando tudo extremamente bem até o momento que todos estavam juntos para as palavras finais e a recapitulação do ataque. Quando receberam os instrumentos de guerra, pude ver o nervosismo nos seus olhos.

A ficha tinha caído. Aquilo não era uma brincadeira, era uma batalha.

–Ei, tudo bem? –Akanta passou os braços por cima dos meus ombros. –Parece tenso.

–Estou legal. –Afastei o braço dela e desejei que algum dos meus amigos atrapalhasse aquele momento.

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–Qual o seu problema, Rudolph? –Ela parecia irritada. –Já pensou em parar de guardar tanto rancor? Nós agora somos apenas um.

–Eu só quero terminar logo tudo isso. –Permaneci sério. –E então eu vou embora desse inferno.

–Você é o Alfa, não pode ir embora.

–Mas vou.

–Pare com isso! –Ela cerrou os punhos. –Eu já estou cansada de você. É impossível te deixar feliz. Você sempre está reclamando. Desde a morte dos nossos pais você se tornou um ser humano insuportável.

–Eu fiquei insuportável, porque estava num lugar que não queria ficar. Sempre que eu tentava dizer que queria sair daqui, todos diziam não. –Encarei a minha irmã. –Talvez você não me conheça bem o bastante para saber o que me deixa feliz.

–Você é um lobisomem. O seu lugar é aqui. –Ela continuou. –Aqui nós somos aceitos.

–Como você pode dizer isso de um lugar que condenou um garoto só por querer uma vida diferente? –Eu tentava esconder minha raiva. –Eu não vou ficar aqui, Akanta. Nem você, nem o Benjamin e nem o Tristan vão me fazer pensar o contrário. A pessoa que me faz feliz não mora nessa droga de acampamento. E eu vou permanecer ao lado dela.

Caminhei para longe tentando não continuar a discussão e fui até os meus amigos, que conversavam juntos.

–Ansiosos? –Perguntei.

–Mais ou menos. –Angel respondeu. –Você e sua irmã estão brigados?

–Quando não estivemos? –Tentei fazer piada, mas ninguém achou engraçado. –Meus irmãos são uma merda. Acho que somos um bando de desequilibrados.

–O único desequilibrado é você. –Tristan falou. –Eu sou normal.

–Falou o cara que se veste que nem um hippie, mas tem cara de gótico.

–Eu não tenho culpa se nasci com essa pele branca de defunto, ok? Eu tento parecer mais vivo.

–Calem a boca, vocês dois. –Amanda falou. –Estamos praticamente numa batalha.

Ficamos rindo por um tempo até a ficha cair de vez no chão. Estávamos indo para uma batalha. Talvez fosse o meu ultimo dia.

–Onde está a Sarah? –Olhei para os lados.

–Ela desapareceu no meio da multidão. –Eleonora respondeu. –Não avisou. Simplesmente saiu.

–Talvez esteja passando mal. – Supus. –Ela sabe se virar.

–Você não vai fazer um discurso? –Nick perguntou. –Já que é o Alfa, devia ir lá pra dar uma força de grupo.

–É melhor não. –Tristan negava com a cabeça enquanto acendia um cigarro. –Eu prefiro que ele permaneça longe de multidões nesse acampamento.

–E quem disse que eu quero falar algo para esse bando de idiotas raivosos. –Revirei os olhos.

–Viu? É por isso.

–Você precisa treinar a arte do discurso. –Angel deu batidinhas nas minhas costas. –Precisa muito.

–Você sabe que horas que a gente vai marchar até o acampamento vermelho? –Amanda perguntou para mim.

–Não faço ideia. Só me falaram as estratégias e onde eu vou ter que atuar. Bem, basicamente todo mundo ouviu isso.

Viramos a cabeça ao perceber que um oficial qualquer fazia um discurso motivacional e todos vibravam junto com ele.

Ignorei. Palavras motivacionais me faziam sentir mais desequilibrado que o normal.

–Boa sorte para todos vocês. –Olhei para os meus amigos. –Se formos para morrer, morreremos com dignidade e lutando.

–Para com esse papo de morte, eu quero ser positiva. –Angel falou. –Vamos conseguir.

–Sim, vamos. –Tristan concordou.

Demos um longo abraço em grupo até que finalmente ouvi um grito.

–PEGUEM SUAS ARMAS, SENHORAS E SENHORES. HORA DE LUTAR.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.