POV KATNISS

—Eu preciso que você traga as crianças, não quero ficar longe enquanto esse homem estiver a solta.

Digo a Effie antes de ser liberada para vê-lo, ela sorri me dando um abraço tentando passar força.

—Darei um belo café da manhã e as trarei para você.

Sorrio agradecendo, eles estão me ajudando muito.

Assino vários papéis antes de entrar, sou a responsável e o contato de emergência de Peeta.

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Entrego com pressa, a expectativa de ver seus olhos abertos. Sinto falta de seus beijos, de descobrir qual sabor eles terão da próxima vez que beija-lo.

Giro a maçaneta sentindo o cheiro de hospital me enjoar, não é um local muito agradável de ficar, ainda mais estando sob essas circunstâncias.

Aperto a ponta da manga do casaco que Effie me arranjou, sinto o frio da tensão.

Viro dando de cara com ele, os olhos ainda fechados. Rapidamente aproximo da ponta da cama, agarro sua mão acariciando sua pele gelada.

Esfrego passando meu calor, tentando trazer de volta a sensação de vida. Peeta me dá isso, a expectativa positiva de um futuro bom.

—Bom dia, padeiro.- abro um sorriso recheado de ironia. Nunca sei o que dizer em horas assim, tudo parece ser comum demais.

—Você me deu um grande susto.- a superfície fria do aro dourado captura minha atenção.

Começo a brincar com sua aliança, rodá-la em seu dedo enquanto mordo o lábio. Tiro filetes de pele, sentindo o gosto de sangue.

Deixo o silêncio gritar, olho perdida pra janela vendo a cidade a todo vapor.

O mundo parece pequeno demais quando estou agoniada.

A chateação transforma meus pensamentos e ações. Fazer algo simples, como pegar na mão dele, me causa um grande baque.

—Você precisa me prometer que não vai me odiar.- sussurro tocando meu nariz em sua bochecha, sentada em uma poltroma quente e confortável.

—Não é justo, Mellark.- engulo o bolo de choro, revirando os olhos lotados de lágrimas. -Porque agora eu vou lembrar e sentir.

Estou tropeçando no meu medo. Sentindo que seu estado está longe de meu controle, não posso mais lhe lembrar da hora do remédio e evitar tocar num assunto gatilho.

Só me resta pensar e pedir para que esteja tudo normal, apesar de achar difícil.

Toco seu queixo anguloso, o desenho de sua feição me deixa tão fascinada. Ao ponto de aproveitar bons minutos para admirá-lo, decorar e analisar todos os detalhes.

— Você é tão inesquecível. -confesso num fio de voz, temendo que meus segredos que estão sendo despejados, sejam ouvidos.

Por que é mais fácil esconder, mesmo já estando escancarado?

—Posso não falar muito sobre o que sinto, mas você sabe, Peeta. Afinal me conhece como ninguém. Sabe como funciono, de como gosto das coisas, minhas preferências e defeitos.

Passo a bochecha por seu cabelo, inalando o gostoso e fraco cheiro de sua colônia máscula.

Desarrumo os fios, tendo o impecilio do gel que os segura. Mesmo assim dou um jeito, deixando-o mais casual e normal.

Agora é somente o meu Peeta.

O garoto que espero ver ao acordar, que prepara os melhores pães que ja comi, tem os beijos mais saborosos e enlouquecedores do mundo, o abraço que me faz sentir em casa, o homem que me tem nas mãos.

—É, você conseguiu o impossível.- rio pelo nariz, passando os lábios pelo canto dos seus, podendo sentir o quanto estão ressecados. Me pergunto se está com sede, resolvo pegar um copo de água e hidratá-lo.

Passo a ponta de meus dedos úmidos, deixando sua boca convidativa.

Recomeço meu monólogo.

—Rye e Willow estão agoniados querendo o pai.- rio unindo as sobrancelhas, a frase saiu muito diferente do que eu achei que seria.

—Elas são nossas crianças. - entrelaço nossos dedos. -E eu gosto muito disso, como nunca achei que...

Paro ao sentir seu aperto de volta, suas unhas passam na minha pele quando seus dedos fecham.

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—Peeta?

Levanto aproximando meu corpo o máximo que consigo, inclino vendo seu rosto de perto.

Sinto sua mão recuar, seu rosto afunda saindo de perto do meu.

—Hey, sou eu.- sorrio voltando a sentar, sua expressão de pânico me deixa assustada.

—Peeta?

—Fora daqui.

Tiro minha mão da cama, encolhendo o corpo sabendo porque está dessa maneira.

O veneno invadiu sua mente.

—Não.- ele tenta sentar, arrebenta o tubo que injeta medicamentos em sua veia. Um alarme é ativado, levanto empurrando a poltrona.

Sua vontade de vir até mim é muita, ele ignora a dor e joga os pés pra fora da cama apoiando antes de dar alguns passos vacilantes na minha direção.

—Peeta...

Antes que ele possa me alcançar, enfermeiros entram o segurando. Grudo na parede observando o loiro se debater antes dos seus joelhos sederem, uma mulher finca a seringa no braço dele, o desmaiando.

—O que vocês fizeram? -um homem me bloqueia quando tento ajudá-lo, rapidamente recolocam Peeta na cama.

—Você tem que sair daqui.

Pela primeira vez não contesto, saio esperando um médico vir me dizer o que já sei.

Peeta me odeia.

***

—Não sei o que farei agora.- puxo a pele ao lado de minha unha, gotas de sangue caem, manchando o tecido claro do casaco.

—Estamos com você, querida.- sorrio apertando sua mão.

—E as crianças?- pergunto perdida.

Estar sozinha é uma coisa, mas agora temos 2 crianças.

—Podemos ficar com eles.

—Não, eles precisam dos pais.

Tento parecer uma boa mãe, compensar a que não tive.

—Alguma pista do homem?- ela nega, minhas esperanças vão por água abaixo. Como achá-lo agora?

—Pedirei ajuda a Paylor.

—Você não pode ir atrás dele sozinha!

—Já enfrentei muito mais do que um homem, Effie.

Ela sorri com as bochechas pegando fogo, apesar de não querer contato com ela precipitadamente, seu apoio está sendo fundamental. Ainda mais agora quando praticamente estou sozinha, com medo e recheada de insegurança.

—Não sei como agradecer vocês, por me ajudarem tanto.

—É nosso trabalho, afinal ainda somos um time.

Não tenho ideia do que ela quer dizer, mas acabo concordando.

O mesmo médico de antes vem até mim, espero as notícias mesmo não querendo ouvir. Será um peso grande demais, não aguentarei tudo isso sem ele. As crianças não podem ficar perto dele assim, de maneira tão inconstante.

—Senhora Mellark?

—Ja sei. Eu o perdi.

Sento, sendo amparada por Effie. O choro vem antes que eu possa controlar, algo forte me atingiu desestabilizando o controle que eu fingia que tinha.

—Hey.- o doutor toca meu ombro, dobra os joelhos como se tivesse falando com uma criança. -Estamos usando o mesmo tratamento de antes, mas dessa vez vai demorar. Peeta não é mais aquele adolescente de 19 anos.

—Não e também não somos mais só nós dois.

—Faremos o possível.

—Obrigada.- limpo o rosto antes de seguir o médico, não entro no quarto. Observo o loiro pelo vidro, não gostando do que vejo.

Preciso descobrir como foi da primeira vez, assim saberei como agir. Ou será bem diferente, já que as circunstâncias mudaram.

Somos casados, com filhos e adultos.

Toco a superfície gelada do vidro, desejando voltar a algumas semanas e tê-lo pra mim. Quero vê-lo na padaria, fazendo doces e pães enquanto preencho o tempo observando-o.Colo a testa curvando meu rosto antes reabrir os olhos.

—O que eu vou fazer sozinha, Mellark?- isso não estava em nossos planos. -Você vai ficar comigo, lembra? Juntos.