Eu fecho a janela, volto a afogar a cabeça do travesseiro e me perder em deprimentes pensamentos de natal. Quantas pessoas devem perder outras bem no natal? Será mesmo que eu sou a única pessoa no mundo que não liga para o natal e nem para ganhar presentes maravilhosos? Junto aquele mar de pensamentos tristes eu acabei adormecendo, foi um sono perfeitamente bom e sem sonhos... Até eu acordar com a voz de Connor gritando que o pai dele viria o buscar, Connor sempre amava ver seu pai porque ele não sabia como controla-lo então dava doces e brinquedos para ele calar a boca. Eu sempre odiei o fato do pai dele sempre vir como se tudo estivesse bem sem Ammy, sempre que o via ela se trancava no quarto e ficava deprimida mesmo sabendo que era o certo estar longe daquele babaca. Eu me levanto me segurando nas coisas para não cair de sono, quando eu ouço uma buzina, olho pela janela e é ele mesmo. Continua do mesmo jeito, com cara de mongo e sínico, Connor corre e pula em seus braços.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Filhão! – ele o recebe. – Cadê sua mãe?

Eu prendo o cabelo e vou para a sala, é minha hora de ataque. Não é a primeira vez que eu surto com ele, também surtei quando ele pediu o divorcio. Ammy esta sentada na mesma poltrona conversando com Zoe, eu me sento no outro sofá quando Connor entra o arrastando. Ammy percebe que ele quer falar algo e desliga o telefone.

– Ammy, eu quero conversar sobre o Connor.

Ammy vira os olhos de raiva já esperando uma bomba, quando se levanta e caminha até a cozinha com o olhar pedindo para segui-la. Eu prendo Connor com os pés para ele não ir atrás. Alguns minutos quase intermináveis até ele voltar e levar Connor embora, eu odiava o pai do Connor, mas o amava quando o levava. Eu não odeio o Connor, eu só gosto dele longe de mim. Mas não imagino minha vida sem Connor para atrapalhar.

Connor corre para os braços de seu pai, Ammy dá um pequeno beijo em sua testa quando ele já esta no colo. Eu consigo sentir a dor de Ammy ao ver que Connor seja criado desse jeito, tipo que quando erámos crianças esse era o nosso maior medo. Então ela odeia tudo isso.

– Não se esqueça de escovar os dentes e fazer xixi antes de dormir! Me ligue e não esqueça jamais que eu te amo mais que tudo! – Ela diz com os olhos se enchendo de lágrimas como se fosse a última vez que fosse vê-lo, é o que eu mais odeio em Ammy.

– Eu também de amo mamãe!

O pai dele continua o carregando, e Ammy esta encostada na divisória entre a sala e a cozinha. Eu apenas aceno para Connor e corro para fechar a porta antes que ele desista de leva-lo. E enfim: “Livre estou... Livre estou... Não posso mais segurar” , volto a me jogar no sofá e esperar o tempo passar. Até Ammy acabar com os meus planos desanimados para o dia e resolver desabafar, ela não disse isso só que estava quase implorando com aquela cara de “cachorrinho que caiu do caminhão de mudanças”.

– Aproveite que estou feliz e venha logo desabafar!

Ela dá um breve sorriso e senta-se ao meu lado, cruza as pernas e joga uma almofada encima. Eu viro-me para ela abraçando os meus joelhos sentada ao sofá, aquilo estava me parecendo muito o dia em que ela me pediu conselhos amorosos, eu sei que ninguém entende, mas não é mesmo para entender. Eu ainda me lembro que disse o seguinte: “Diga que o ama! Isso é idiotice de criancinha, ainda bem que eu passei dessa fase!”, vamos lembrar que eu só tinha doze anos nessa época e essas coisas de “namoradinho” não faziam parte do jeito de Ashley Cooper passar uma pré-adolescência.

– Joseph, quer levar Connor para passar um ano com ele. Ele vai para outro país assim depois que noivar, e quer muito levar meu bebê.

Ignorando o fato que ela usou a expressão “bebê” ao invés de “praguinha”, a situação que Ammy se encontrava me deixava intrigada.

– Ninguém vai levar a minha praga de mim! Eu não vou deixar que Joseph e nem ninguém o tire de nós, eu prometo.

Ela me deu um longo abraço, uma lágrima tentou escapar dos meus olhos só que eu a prendi com toda a força. Acho que aquele negócio que as mães dizem de “Segura esse choro que você nem apanhou ainda!” funciona mesmo para o futuro, seria muito melosa se chorasse.

🌴

Faltavam poucos minutos para dar vinte e duas horas, eu já havia tomado banho e estava com aquela toalha na cabeça correndo atrás das minhas coisas para poder me arrumar para o show. Eu não estava completamente arrumada, digamos que eu estava com uma meia branca e a outra eu não fazia ideia, uma blusa escrito “Kiss Me” toda amarrotada e correndo com uma toalha na cintura para poder achar alguma calça que ficasse combinando com aquela blusa. Eu estava muito atrasada para o show e nem estava pronta, quando eu finalmente achei a calça perfeita eu a colocava enquanto procurava o outro pé da meia e o par de tênis. Assim que os calcei alguém bateu na porta, meu coração gelou na hora, Ammy abriu a porta e era mesmo Thomas.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

– Ash você esta pronta? – A voz de Ammy se aproximava.

– Quase... – Eu jogo o cabelo para trás o prendendo, suspiro e... – Estou horrível, mas vou ficar assim mesmo.

Eu coloco o dinheiro no bolso e caminho até a sala onde vejo Thomas parado na porta e Ammy dava-o leves fitadas, sinto minhas mãos gelarem e finalmente o cumprimento com um pequeno beijo na bochecha.

– Divirtam-se, não abusem!

– Ammy.. eu não vou nem falar nada!

Ela fecha a porta e eu me viro, lá na minha frente estava o mesmo carro daquela noite. Com as mesmas vozes e jeitos estranhos, eu engulo seco e caminho até o carro abrindo a porta. Não me parecem tão estranhos assim, tem uma ruiva tingida ela tem um sorriso gigante e parece que sabe dançar bem apesar de estar com uma camiseta escrito: “Eu quero que você se foda junto com sua opinião”, também tem um que se sente um galã ele é moreno e tem olhos castanhos-esverdeados, é mesmo bonito só que não é para tanto e também tem Holly, a Holly é uma estranha que... Se eu falar isso posso acabar indo para o inferno. Então a fecho e olho para eles com um sorriso de cumprimento.

– Você me parece muito retardada, sério eu gostei de você – a ruiva diz. – Eu sou Ally, você deve ser a Ashley!

Eu acabo começando a rir quebrando aquele clima pesado, quando o moreno se aproxima e eu tento me apertar o máximo que posso á porta para manter distancia, ele me parece pervertido.

– Eu sou Dylan, mas você pode me chamar de chuchu...

– Que nojo Dylan, por favor o chame somente de Dylan! – Ally grita enquanto usa a mochila para bater nele.

Eu viro o meu olhar para frente percebendo que Holly me fita pelo o espelho do carro enquanto passa um brilho labial, eu achava que isso só acontecia em filmes achava que ninguém era demente o suficiente para fazer uma idiotice dessas. Thomas entra no carro e dá partida, a noite nem havia começado e já percebi que aquilo me daria o que falar.