Ao Contrário

2. Capítulo II: Primeiro dia como Rainha.


2. Capítulo II: Primeiro dia como Rainha.

—Obrigada Angeliny!-eu disse quando ela me entregou a caneta que caiu no chão.

Essa pequena frase eu já tinha dito não sei quantas vezes. Tinha passado dois dias desde o meu casamento e Angeliny estava se mostrando uma ótima dama de companhia. Educada, talentosa e eficiente. Não sei se a minha implicância com ela é por causa do Kile ou porque ninguém pode ser melhor que a Neena. Ou talvez não seja por nenhum desses motivos e sim porque eu estou infeliz.

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Se passou 48 horas e eu já estou cansada de tomar chá, de conversar e falar em que estados tem que melhorar mas sem colocar a mão na massa. Dinda disse que eu vou visitar alguns lugares e assim vou me sentir importante. Mas o problema, é que não era isso que eu queria para a minha vida. Não era que outra pessoa fizesse e eu recebesse o crédito porque eu escolhi a pessoa certa para fazer algo. Não! Eu queria fazer.

Eu sei que a minha aparência, não deve ser das melhores, estou usando aquelas roupas comportadas como a Dinda usa, ás vezes, madrinha gosta de colocar longos vestidos. Mas aqueles vestidos eu não uso, eu não sou velha para me cobrir. Acho que para a minha roupa está completa, faltava apenas aqueles chapéus horríveis que parece que tem um ninho de passarinho em cima. Eu estou com uma blusa, uma sai e um blazer da mesma cor, sapato creme não tão alto e um cordão de pérola. Mas não é só a minha vestimenta que está ''triste", o meu rosto, eu sei que não é dos melhores, mas ninguém diz nada.

Eu estou com saudade de algo que eu nunca tive, ou pelo menos tive uma única vez, na Seleção quando eu arrumei o quarto da Neena. Foi a primeira e a última vez que eu agi como uma arquiteta. Uma Rainha não pode fazer outra coisa além de ser Rainha. O Kile disse para mim ontem, eu fiquei feliz que ele tentou. Mas uma Rainha não pode fazer o trabalho sujo, acho que depois desse comentário eu fiquei mais triste. Eu e o Kile não falamos mais do que o necessário, acho que não temos o que dizer um para o outro.

—Eadlyn você está anotando?-Dinda perguntou, eu percebi que ela queria fazer uma cara de que não gostou mas ela não conseguia.

—Sim Dinda, eu vou ver o orçamento desse mês e do mês passado. Comparar e ver se houve gastos ou sobras de dinheiro.-eu disse, estávamos andando pelo castelo, com a Gina e elas me ensinavam como dirigir o castelo. Porque mais que o Rei comandasse o país é a Rainha que comanda o castelo. Pelo menos o Rei tem os seus ministros, mas a Rainha é ela sozinha e seus funcionários.

—Então continuamos, a comida foi como Gina disse, se você quiser algo especial é só pedir mas por favor pelo menos uma hora antes do jantar....-Dinda continuou a falar mas eu parei de segui-las, madrinha e Gina não deram falta, continuaram a andar.

Eu parei na janela do corredor para o jardim, e eu vi os soldados treinando com o General Leger, alguns chutavam as pernas no ar, socavam o ar, lutando sozinho. Outros lutavam um com outro. E naquele momento eu queria ser um soldado para extravasar a minha raiva, a minha raiva de não ter escolha, a minha raiva por eu ter sido quase obrigada a ser a Rainha de Illéia.

—São bonitos mesmo Eady mas eu não acho certo você admirar outros homens quando a sua Tia está logo ali na frente.-Angeliny disse e eu me virei para ela.

—Eu não estava admirando os guardas, eu apenas estava vendo a luta. E eu sou casada Angeliny, mesmo contra a minha vontade, eu respeito o meu marido.-ela assentiu e abaixou os olhos, eu respirei fundo.

—Desculpa Angeliny estou estressada demais. Vamos, antes que a minha Dinda sinta a nossa falta.-eu disse e ela me seguiu.

E a minha tarde foi essa, aprender, aprender e aprender como ser uma boa Rainha para Illéia. O jantar foi como sempre, Kile chega me dar um selinho e senta na sua cadeira, não diz nada se não tiverem falando com ele, eu falo o necessário apenas. Quando todos acabaram e se levantaram eu segui o General Aspen, eu precisava falar com ele, a ideia de fazer algo além de tomar chá, era satisfatória demais para eu esquecer.

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—Tio... espera.-eu disse quando eu alcancei ele de braços dado com a Madame Lucy.-Tio eu posso falar com você?

—Vai meu amor, nossa Rainha precisa de você!-Madame Lucy beijou o seu marido e me deu um beijo no rosto.

—Eady quando você vem com Tio eu sei que você quer alguma coisa. Então me diga o que a minha majestade deseja?-Tio Aspens sorriu para mim.

—Então Tio, eu vi você treinando os seus homens hoje cedo e eu gostei, eu sei que é errado, mas eu queria fazer algo diferente sabe. Ser Rainha não é o que eu imaginava, estar casada com o Kile também não é como eu imaginava, e eu quero isso, eu preciso extravasar a minha raiva.-eu disse e eu sabia que o meu tom de voz mostrava desespero mas eu não me importei.

—Troque de roupa e nos encontramos na sala de treinamento do segundo andar.-Aspen falou e eu segui para o meu quarto, eu só pude sorrir feito uma idiota.

Cheguei no quarto e o Kile não estava lá. Eu sabia que depois do jantar ele não tinha mais trabalho e sinceramente eu não queria saber onde Angeliny estava, se não estava no meu quarto me esperando. Entrei no closet que agora eu divido com o Kile, não achei nenhuma legging então coloquei uma calça de moletom horrível que na minha época de uma garota normal que morava no castelo eu usava. Coloquei uma blusa preta larguinha e calçei o chinelo, não sei se usa tênnis ou fica descalço nessas coisas. Tirei a minha maquiagem que era leve e quando fui ver já tinha se passado cinquenta minutos e nada de Angeliny aparecer. Respirei fundo e saí do quarto indo em direção a sala de treinamento do segundo andar.

Quando entrei as luzes estavam acessas, era uma sala enorme, não tinha ninguém. Eu entrei e fiquei admirando os equipamentos que eu não fazia ideia de como se chamavam mas que eram bem interessante.

—Gostou?-me assustei com a voz do General atras de mim.

—Essa coisa de andar silencioso é verdade mesmo!-eu disse e ele riu.
Pensei que ele iria falar como era errado uma Rainha aprender a lutar, treinar, não ser delicada. Mas não, ele me ensinou as maneiras de me alongar, porque eu vou ser sincera só sabia, o alongamento de tentar colocar a mão no dedão do pé. Depois de muito alongamento, foi corrida, fiquei correndo igual a uma idiota na sala. Mas eu não estava odiando, na verdade estava gostando. Quando faltava dez minutos para acabar a minha aula, Tio Aspen me levou até o tatame e onde estava um saco de box.

—Você disse que queria extravasar a sua raiva. Essa é a sua chance.

Eu bati. Bati muito. Tio Aspen me ensinava como bater de forma correta e a melhor maneira para não me machucar. Mas mesmo eu estando com a luva, machuca. Ele me ensinou os chutes certos. E no final da aula eu estava morta.

—Tio muito obrigada eu estava precisando desse saco de pancada.-eu disse e ele sorriu. Eu estava me sentindo mais leve.

—Eadlyn você sabe como você é especial? Eu sei que você está infeliz, dá para ver no seu rosto. Nós sentimos muito, mas você sempre quis ser uma Arquiteta Eadlyn.-eu assenti de frente para ele mesmo não precisando.-Então o que lhe impede de seguir o seu sonho? Você tem um país para construir. Dizem que você não pode, mas quem irá lhe impedir, o Kile? Duvido, ele faz tudo que você pede. Você é a Rainha Eadlyn. A Rainha que o povo escolheu, a Rainha que povo ama. Você é diferente, você sabe disso, você alcançou o amor dos mais necessitados quando era a garota que morava no castelo. Não deixe que os outros digam o que você pode ou não fazer Eadlyn. Você é a Rainha. Você pode comandar Illéia se quiser, é só você querer.

Eu estava anestesiada com as palavras do meu Tio, eu apenas o encarava eu não consegui dizer nada, acho que ele percebeu, porque ele me deu um beijo na testa e antes de sair disse.

—Você pode vim aqui a hora que quiser Majestade a porta estará sempre aberta.-e ele saiu me deixando sozinha.

E pela primeira vez eu sorri, eu sou a Rainha de Illéia, se o povo me escolheu, eu vou escolher ajudar-los. E eu passo por cima de quem for se alguém me impedir, ou eu não me chamo Eadlyn Schreave.

Cheguei no quarto e Angeliny estava me esperando, fechei a porta e ela começou.

—Eadlyn mil desculpas por não está aqui depois do jantar, mas houve um contra tempo.-ela disse, eu tive vontade de perguntar se o contra tempo dela se chamava Kile mas eu estava cansada de mais para perguntar.

—Tudo bem Angeliny, mas que isso não aconteça mais. E traga para mim um dorflex estou precisando.-eu disse e entrei no banheiro.

Coloquei o meu conjuntinho calça e blusa xadrez do pijama e logo depois de tomar o remédio eu me deitei na cama e não vi a hora que o Kile chegou.

Quando eu abri os olhos eu sabia, que hoje seria especial.

—Angeliny pegue o vestido mais formal que eu tiver no closet e um salto alto preto. Hoje acordei para ser a Rainha que Illéia nunca viu.

Eu estava parecendo uma mulher séria, não daria que eu estou prestes a fazer 19 anos e sim que eu tenho 25 anos. Eu sorri com esse pensamento, meu vestido ele tem um decote na parte de trás mas nada vulgar, o meu cabelo estava solto e liso, a minha maquiagem estava forte nos olhos e a minha boca estava bem clara. E os meus olhos brilhavam.

—Angeliny preciso que você descubra quando será a próxima reunião do conselho.-eu disse e ela assentiu.

No café da manhã todo mundo percebeu a minha diferença mas ninguém disse nada, eu estava sorrindo toda hora, eu me sentia poderosa, eu estava confiante.

Quando acabou o café, fui em direção a cozinha. Eu precisava assumir as minhas responsabilidades, chega de aprender. Quando cheguei todos abaixaram a cabeça. E instintivamente aquela cena quando eu desci até a cozinha para falar sobre a minha irmã na Seleção não saía da minha cabeça.

—Eu quero dizer que eu estou oficialmente assumindo o comando de tudo. Acho que já aprendi bastante esses dias com a minha Dinda e estou pronta. Quero dizer a todos que nos daremos muito bem, não vou fazer nenhuma mudança, irá continuar tudo como estava, peço apenas que não me irritem como da última vez que eu os visitei, porque agora sabemos que eu sou a Rainha. Mas fora isso, tenho certeza que daremos super bem. Já que aqui cada um conhece o outro lado. Qualquer coisa, eu digo qualquer coisa mesmo que precisarem de mim, podem vir diretamente falar comigo. Tenham um bom dia e um bom trabalho. Aos que estão presente passam essa informação para os outros, por favor. Se me dão licença.-eu disse e me retirei.

Estava fazendo umas contas com a Dinda, que essa por sinal estava prestando mais atenção com a minha mãe e minha irmã vendo o melhor lugar para passarem as férias de família. Quando a Angeliny veio correndo até mim.

—Eadlyn descobri. A reunião vai acontecer agora, na sala de reuniões.-eu levantei a cabeça e dei o caderno, os papéis para ela e eu saí correndo, pelo menos tentei com o salto.

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—Vamos Angeliny temos que chegar lá pelo menos para o início da reunião.

Quando chegamos na porta, o guarda olhou para mim, eu me virei para ele e para Angeliny.

—Me desejem sorte, vou enfrentar as feras agora.-eu disse e respirei fundo entrando.

Todos pararam e olharam para mim, mostrei meu lindo sorriso falso.

—Espero que eu não tenha chegado tarde demais para a reunião.-eu disse.

Deveria ter uns vinte homens na enorme mesa longa, com o Kile na ponta ao lado do antigo Rei e ao lado do general, e havia apenas uma mulher sentada no meio daqueles homens, se ela conseguia, eu também conseguiria. Eu me virei para um guarda.

—Pegue uma cadeira e coloca ao lado do meu marido.-eu disse e ele assentiu.

—Não pode.-eu escutei uma voz de velho falar que fez o guarda parar no lugar e meu olhar de ódio ser direcionada para ele quando eu me virava, o velho estava ao lado do general.

—Como o senhor disse?-eu falei séria.

—Desculpe Senhora mas a sua presença não é permitida aqui, é uma reunião sigilosa, tenho certeza que houve um engano.

—Não meu senhor não houve engano nenhum. Eu estou no lugar que desejo estar. E como essa reunião é sigilosa seeu sou Rainha de Illéia. Como vocês podem conversar sobre algo que eu não posso saber?!

—Não Majestade, não foi isso que Shakan quis dizer, a presença da senhora não é desejada, a senhora pode continuar com os seus afazeres de Rainha.-um senhor mais jovem falou sorrindo.

—Não meu senhor. Eu quero dizer a todos e espero que todos escutem muito bem porque odeio me repertir.-eu disse séria e fui andando até ficar mais próxima do Kile e de frente para todos.-Eu sou a Rainha de Illéia, fui escolhida pelo povo e não pelo Kile como todos sabem. Eu não queria está aqui, queria está fazendo a minha profissão. Sim eu tenho uma profissão, então não pensem os senhores que vou gastar os anos da minha vida fazendo pouco para Illéia, se eu estou aqui para ajuda-los, eu vou fazer de tudo para ajuda-los. Então eu não vou ficar fazendo apenas coisas de Rainha. Isso é muito pouco para mim. E sim vou ajudar o meu marido a cuidar do país. E antes que alguém me interrompa.-eu disse olhando para o tal de Shakan.-Eu sou a Rainha e sou superior a todos vocês, o único que pode me impedir de permanecer a essa reunião é o meu marido. Kile eu posso ficar?-os seus olhos azuis estavam brilhantes e eu poderia dizer que estavam até felizes, ele assentiu com a cabeça e eu sorri para ele.-Òtimo meu marido concordou então eu acho que podemos começar com a reunião se ninguém tem algo interessante a dizer.

Logo quando acabei de falar a minha cadeira estava ao lado do Kile, eu sorri para o guarda. Uma garota me entregou uma pasta com os tópicos da reunião e um café. E um copo d'água foi colocado na minha frente.

Posso dizer que a reunião foi longa, discutimos sobre várias melhorias e gastos que poderíamos fazer em Illéia, eu dei algumas ideias e fiz algumas desavenças. Mas a principal foi com Shakan, esse queria me colocar para baixo, sempre discordando que eu dizia mas eu não poderia dizer algumas verdades para ele, eu estava em um território novo, alguns não sabia como agir, nunca viram um Rainha em uma reunião dessa. E a mulher corajosa se chamava senhora Brice, foi super simpática comigo e quando acabou a reunião ela disse que eu agi como uma Rainha. E com eles tem que sempre está com a cabeça erguida porque se não ele pisam em você.

Quando eu acabei de falar com ela, o Maxon e o General, fui até o escritório do Kile. Bati na porta e ele disse entra. O seu escritório continuava igual mas agora ele estava sentado na cadeira do rei e não tem mais a sua antiga mesa, o escritório continuava rústico, tom de madeira mas dava para perceber que tinhas uns toques do Kile, como um quadro do seu desenho de carro preferido que por coincidência era o meu desenho também. Kile sempre gostou de desenhar.

—Eadlyn.-ele sorriu para mim.-Tenho que dizer que parecia que você participava dessas reuniões a vida toda.

—Foi como eu disse eu estudei muito para agora pensar pouco sobre como ajudar o meu país. Mas eu vim aqui para dizer que eu quero uma sala, pode ser pequena, mas eu quero um escritório também.-eu pensei que ele iria dizer, fique aqui comigo, tem espaço para nós dois, mas é claro que ele não me queria ao seu lado.

—Pode deixar eu vou pedir para desocuparem uma sala aqui do corredor para lhe dar.-Kile falou e eu assenti pensei que ele iria dizer mais alguma coisa mas voltou abaixar os olhos para a sua mesa e eu assenti de novo e saí.

Eu sou Eadlyn Schreave, a Rainha de Illéia, e ninguém é mais poderosa do que eu.