Antes que novembro acabe...

Vinte e três – São três palavras.


Vinte e três – São três palavras.

— Ah. Mas você já está comendo? – Will surgiu de lugar nenhum.

— É só chocolate. – respondi dando mais uma mordida na barra de chocolate.

Eu tinha saído de casa e decidido esperar o loiro no meio fio, em frente de casa, com uma barra de chocolate como companhia. Porque eu estava nervoso e achei que comer um pouco fosse, sei lá diminuir minha ansiedade, mas a verdade era que o açúcar só me deixou mais nervoso.

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Observei o loiro sentar ao meu lado no meio fio. Ofereci o chocolate a ele, mas ele recusou, coisa que eu já sabia que ele faria. Will não era muito fã de doces, mas eu sabia que ele tinha uma quedinha por biscoitos ou qualquer coisa que houvesse morango. Eu não sabia de onde vinha essa obsessão dele por morangos, mas ele apenas gostava de tudo que levasse morango.

— O que você tem? – perguntou depois que abraçou de lado, deitei minha cabeça no seu ombro.

— E se não gostarem de mim? – soltei e comi mais um pouco de doce.

Will suspirou e beijou o topo da minha cabeça.

— Eles vão gostar, Noah. E além do mais o que importa é que eu gosto de você.

Levantei meu rosto para fita-lo.

— Também gosto de você. – declarei e ele sorriu pra mim ao passo que meu coração dava um salto.

Eu gostava quando ele sorria, porque de uma maneira estranha eu sabia que o sorriso que ele me dava era só pra mim. Ninguém via aquele sorriso. Era só meu. E isso me enchia de um sentimento tão puro e tão grande, que todas as minhas inseguranças eram apagadas. De repente, eu não estava mais pensando nas coisas que Matt disse ou o que Elizabeth disse sobre o passado de Will, nem se os pais deles iam gostar de mim ou não. Eu só estava pensando em Will e em como eu queria ficar com ele, em como eu gostava de ficar com ele.

— É melhor irmos. – ele sussurrou contra meu cabelo, o vento de fim de tarde batendo em nós e fazendo ele me apertar mais contra si.

— É. – respondi, mas não nos mexemos e eu terminei de comer o chocolate, descartei a embalagem por ali mesmo, mas ainda continuamos no mesmo lugar.

— Noah, - ele começou depois de um tempo. – eu andei pensando e fazendo algumas contas

— Fazendo contas? – ri e ele riu também.

Era o tipo de piadinha que rolava entre nós. Eu era o cara dos números enquanto ele era o das palavras. Exatas e humanas.

— Sim, fazendo contas.

— E quais foram os resultados? – perguntei o encarando.

— Quer ser meu par no baile? – e sorriu.

— Baile? – soltei surpreso pelo convite repentino.

— É. – Will colocou um pouco do meu cabelo atrás da minha orelha. Eu tinha que cortar meu cabelo, estava cada dia mais comprido e a franja incomodava. – As turmas de terceiro ano estão organizando um baile de formatura e temos que levar um par, e como não há nenhuma regra sobre quem temos que levar, eu pensei que você gostaria de ir comigo. – então encostou a testa na minha, observei ele fechar os olhos. Mas não fechei os meus. – Mas isso vai acontecer em novembro e como eu estarei aqui e você estará aqui... – ele abriu os olhos, desencostou a testa da minha e fitou os meus olhos. – Quer ir ao baile comigo?

Engoli em seco enquanto sentia meu corpo contrair nos braços de Will. Eu não estaria aqui em novembro, pensei. Desviei meus olhos dos dele e me desvencilhei dos seus braços. Era preciso que eu contasse de uma vez que eu me mudaria para Los Angeles para viver com os meus avós e que não voltaria tão cedo para Dickson. Mas eu ainda não podia. E agora ele estava me convidando para o seu baile de formatura em novembro, estava me encarando como os olhos mais azuis que já vi, todo esperançoso e crente que eu diria sim. E eu quero dizer sim, no entanto nem sequer estarei aqui em novembro.

— Will, - comecei e coloquei a mão na nuca, olhando para baixo. Não era o momento certo, não era ali que eu queria ter essa conversa. Eu nem ao menos queria ter essa conversa. – eu... é melhor nós irmos. – optei por dizer e olhei pra ele de relance. – Não quero chegar atrasado no jantar.

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O loiro franziu a testa pela mudança de assunto abrupta. Me encarou durante um tempo, avaliou minha expressão corporal e eu sabia que ele já tinha percebido que havia algo de errado comigo. Mas ele não insistiu. Muito quieto Will assentiu e começou a andar. O loiro tinha ficado chateado, eu sabia. Minha fuga do assunto e consequentemente do convite tinha o deixado chateado. No entanto, me limitei a segui-lo.

Will tinha vindo a pé. Eu não sabia onde estava seu carro ou por que ele não veio nele, mas decidi não perguntar apesar de querer. A verdade era que eu queria falar com ele, iniciar uma conversa. Mas o clima pesado que tinha se imposto entre nós estava dificultando isso, então nos mantivemos em silêncio. Durante todo o caminho tentei repassar as palavras na minha cabeça, o modo certo de lhe dá a notícia, tentei prever suas emoções ou o que ele poderia dizer e todas não pareciam nada boas. E quando estávamos há uma rua da sua casa, resolvi me pronunciar.

— Will. – chamei baixo e puxei a manga da minha camisa. Ele não olhou pra mim.

— Não precisa ficar nervoso. Meus pais são legais – falou meio irritado e continuava andando.

Apressei o passo e segurei o braço dele.

— Will. Olha pra mim. – pedi. Mas ele não olhou. – Que droga, Will! – fiquei irritado.

— Que droga digo eu! – exclamou e me assustei com o tom alto da sua voz. – O que há com você? O que está acontecendo, Noah? Por que aceitou conhecer os meus pais se nem ao menos quer ir a um baile de escola comigo?

— Eu... eu – suspirei, passei a mão no cabelo, levantei o rosto e fitei a sua face. – Eu não vou estar aqui em novembro. – disse de uma vez. E vi seu rosto ficar confuso. Decidi contar tudo de uma vez. – Depois do que Mark fez conosco, meu pai acha que Dickson não é um lugar seguro pra mim. – fechei os olhos e reuni coragem para dizer a parte central disso tudo. – Vou voltar para Los Angeles, Will. Meu pai cedeu minha guarda para meus avós.

— O que? – ele soltou baixo como se não pudesse acreditar no que tinha escutado.

— Vou voltar para Los Angeles. – repeti mais para mim mesmo do que para ele. Eu precisava dizer isso mais vezes para que eu começasse a acreditar.

Mas Will ficou muito quieto. Seus olhos estavam em mim, me fitando com incredulidade. No entanto, ele não gritou, não disse que eu estava mentindo, não me deu as costas ou simplesmente perguntou quando aconteceria minha viagem. Ele apenas me olhou. Encarou meu rosto durante alguns minutos e então, vi seus olhos fiarem muito brilhantes. O azul ficou muito claro, então ele ergueu a mão esquerda e limpou os olhos por baixo dos óculos. Will estava chorando.

— Will... – chamei e dei um passo em sua direção, mas ele me deu as costas.

— Vou dizer aos meus pais que você não pôde vim. – falou e começou a andar.

— Will. – segurei seu braço. – Não faz isso.

— Você que não devia fazer isso. – ele se soltou de mim. – Se vai terminar comigo devia ao menos arranjar uma desculpa melhor em vez de inventar algo como isso.

— O que?! Você está se ouvindo?! Eu não quero terminar com você! E eu não estou mentindo! Acha mesmo que eu mentiria sobre isso? Por que, raios, eu mentiria sobre isso?! Você é tudo que eu quero e está aqui, não em LA.

O loiro me encarou durante alguns segundos e então simplesmente avançou em minha direção, me segurou pelos ombros e me beijou. No calor do momento, fui pego de surpresa então permaneci de olhos abertos, mas então os lábios do loiro começaram a se mexer contra os meus e então me vi fechando os olhos e me deixei levar. O beijo dele tinha gosto de morango, percebi. Meus dedos se fecharam em volta do tecido da sua camisa, apertando o tecido e o trazendo para mais perto.

Como vou viver em LA sem ele? Me perguntei. Como vou ficar sem ver o seu sorriso ou sentir o seu cheiro? O que eu vou fazer?

O loiro encostou a testa na minha, quebrando o beijo.

— Ainda quer conhecer meus pais? – perguntou baixinho, a respiração dele batendo contra meu rosto.

— Mas é claro. – e voltei a beijá-lo.

Então ele me abraçou, forte.

— É melhor entrarmos. – disse e ao longe o sol estava se pondo, apenas algumas estrelas já tinham a aparecido no céu. Assenti e ele segurou minha mão quando passamos pela porta.

Mais tarde poderíamos conversar direito sobre isso, por enquanto o que importava era o jantar e fazer os pais dele não me odiarem.

— Mãe! – o loiro exclamou assim que entramos. – Chegamos!

Uma mulher esbelta de cabelo escuro e olhos igualmente escuros surgiu no topo da escada. Ela era realmente bonita e assim que nos viu, sorriu. E então desceu a escada meio apressada demais, chegou até onde estávamos e abraçou Will como se não o visse a mil anos.

— Você nem em disse que iria sair. – ralhou, mas não parecia realmente brava. – Não viu como estava ventando lá fora, por que não levou um casaco? – parecia que Will tinha oito anos de idade, tive vontade de rir mas me contive.

— Mãe. – o loiro reclamou.

A mulher parou, suspirou, mexeu no cabelo e então voltou a sua atenção pra mim.

— Você deve ser o Noah, o namorado do meu filho.

— Isso. – falei baixo e estendi a mão pra ela, mas a mulher me pegou em um abraço apertado.

— Que bom que veio! – ela era extremamente alegre, sempre sorrindo e parecia realmente animada com a minha presença ali. – Eu fiz lasanha para o jantar, acho que seria mais atraente para vocês, jovens. – ela me soltou e disse jovens como se fossemos de outra espécie. Tive vontade de rir.

— Mãe, - alguém chamou e olhamos os três para o topo da escada, onde Liam estava. – onde está aquela minha jaqueta vermelha? – perguntou a mãe. – Oi, Noah. – e acenou pra mim, acenei de volta.

— Eu deixei no seu guarda-roupa. – respondeu e quando Liam ia nos dar as costas ela demandou. – Já vamos jantar, desça logo.

Liam assentiu e então nos deu as costas.

— Vem, Noah. Sente-se. – pegou na minha mão e me fez sentar no sofá. A mãe de Will sentou ao meu lado. – Vamos conversar enquanto o Luke não chega.

Ou seja, enquanto o pai de Will não chegava. Engoli em seco. Tudo bem que ela estava sendo bem legal comigo, mas não tinha como eu ficar relaxado. Olhei para Will pedindo socorro, mas ele apenas se limitou a dizer que ia beber água e me deixou sozinho com a mãe dele. Traidor.

— Então você é de Los Angeles, certo?

— Isso mesmo. – respondi. – Meu pai achou que Dickson ia ser um bom lugar para viver.

— Realmente, Dickson é um ótimo lugar para viver. – falou. – O que estraga são as pessoas. – a fitei, então ela segurou minhas mãos. – Sinto muito pelo que Mark fez.

Baixei os olhos. Eu realmente não gostava de pensar nisso, de pensar nas coisas que ele me disse ou no modo como o corpo de Will ficou lá, jogado no chão como se não fosse nada.

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— Não foi certo o que ele fez – continuou. – e eu sei que Mark deve ter tido um motivo pra agir daquele jeito, mas o que importa é que você está aqui, que Will está aqui. – eu não podia acreditar que ela realmente tentou defender Mark, mas decidi deixar isso de lado. Eu não podia comprar briga com a mãe de Will.

Me preparei para dizer alguma coisa depois que retirei minhas mãos das delas. No entanto, a porta foi aperta. Um homem de meia idade loiro entrou, o cabelo cor de areia estava bagunçado e ele tinha uma aparência cansada, mas assim que viu a mulher no sofá, sorriu e foi como se todo o seu cansaço tivesse sido lavado dele. Desejei silenciosamente poder amar alguém assim, onde eu pudesse me sentir bem só de olhar para ela.

— Olá querido. – ela disse se levantando, eles deram um beijinho rápido e logo ele me notou.

— E você deve ser o Noah. – ele estendeu a mão e eu a apertei.

— Prazer, senhor Moore. – comprimentei.

— Hum. – ele me avaliou depois que soltou minha mão. – Você não se parece nada com um delinquente. - Sorri amarelo pra ele. – Mas não se preocupe Will já me contou sobre o que aconteceu naquele dia, então eu não culpo você.

— Er... que bom. – acabei dizendo.

— Ótimo. – e sorriu colocando a mão no meu ombro. – Vamos comer.

###

Karine, a mãe de Will, serviu uma grande porção de lasanha pra mim. Ela estava sempre sorrindo e cuidando de tudo a sua volta. “Use o guardanapo, Liam” ou “Coma mais um pouco, Will”. Coisa que achei interessante, pois eu nunca tido a chance de ver uma mãe em ação e posso dizer, que fiquei maravilhado com a capacidade que Karine tinha de cuidar de todos a sua volta e dava para perceber que eles eram bem unidos. A família de Will era alegre, pequena e unida. Todos pareciam compartilhar de um profundo sentimento de proteção para com o outro.

— Então, Noah, seu pai é médico mesmo? – Karine perguntou.

— Sim. Ele é cirurgião no hospital. – respondi.

— Mas e sua mãe, Noah? Ela não veio com vocês por que?

Porque ela se matou num hospital psiquiátrico.

— Minha mãe faleceu há alguns anos.

— Oh. Desculpe, querido. Eu não sabia.

— Tudo bem. – e voltei a comer e, nossa!, aquilo estava bom demais.

— Chegou uma carta pra você, Will. – Liam comentou depois que caímos em silêncio. Will, que estava sentado ao meu lado, olhou pra ele. – Era da faculdade.

— Faculdade. – o senhor Moore resmungou e a senhora Moore tocou-lhe o ombro como que dizendo “relaxe”.

— Pai, já conversamos sobre isso. – Will respondeu com calma e voltou a comer sua comida.

Fiquei parado, comendo em silêncio, esperando o desenrolar da conversa. Deu pra sacar pelo tom de voz que o senhor Moore não gostava muito da ideia do Will fazer faculdade de jornalismo.

— Você sabe o que eu penso sobre isso. – o homem falou encarando o filho.

— E você sabe o que eu penso sobre isso. – rebateu e eu acabei dando um sorrisinho sem querer, meio que com orgulho do loiro por ele não abaixar a cabeça e por baixo da mesa segurei a mão dele. Apertei os seus dedos, acariciei a sua mão meio que dizendo “Tudo bem, fique calmo”. Will baixou os olhos e pelo canto de olho percebi suas bochechas ficando rosadas.

— A lasanha está muito boa. – comentei numa tentativa de dissipar o climão.

— Ah, que bom que gostou. – Karine sorriu. – E acho que você vai gostar da sobremesa, foi Will quem cozinhou.

Olhei para o loiro.

— Você cozinha?

— Eu tento.

— Tenta e consegue. – Liam entrou na conversa. – Você precisa provar as coisas que ele faz, são incríveis!

— Não é pra tanto. – o loiro disse.

— Espera. – eu me dirigi a ele. – Você está sendo modesto? É que eu não consigo saber. – e todos na mesa explodiram em risadas ao mesmo tempo que Will estreitava os olhos pra cima de mim.

— Foi mal, Will. Mas ele tem razão. – Liam comentou com um sorriso no rosto, notei que ele se parecia mais com a mãe do que com pai. O garoto carregava os mesmos olhos escuros e o mesmo tom de cabelo, mas tinha algo na forma dos olhos e no modo como ele sorria que lembrava o pai, Luke. – Você não é o cara mais modesto do mundo.

O que era bem verdade. William era o cara com o ego maior que já conheci. Se tinha uma coisa que ele gostava de fazer, era se gabar por aí como um pavão.

— Ei, eu sou modesto, ok? – o loiro se defendeu. – Não é mãe? – e olhou pra mãe que encolheu os ombros como que pedindo desculpas e o meu sorriso só aumentava. – Pai?

— Sinto muito filho, mas Noah tem razão. – e todos riram mais uma vez.

— Seus traidores. – o loiro disse rindo e nós rimos mais.

Era legal estar com eles. De um jeito maluco era como se eu me sentisse em casa, eu realmente gostei da família do loiro, eles tinham uma interação natural. E eu nem ao menos tive problemas com os pais de Will, eles eram bem legais e realmente pareciam dispostos a começar um relacionamento comigo já que agora era oficial, eu e Will estávamos realmente juntos. No fim do jantar, me ofereci para ajudar a tirar a mesa enquanto o senhor Moore fazia o mesmo e a senhora Moore, junto de Liam e Will iam para a sala nos esperar para continuarmos com o papo.

— Sabe, eu não gosto de muitas coisas que William se dispõe a fazer, como por exemplo a amizade dele com aquela garota, Elizabeth, ou a ideia dele fazer jornalismo. Mas sei que eles dois tem uma história juntos e que ele realmente gosta de escrever, e respeito isso. No entanto, quando eu soube que você era o namorado dele... – o homem me fitou, seus olhos claros se fixaram nos meus castanhos e engoli em seco. Estávamos em frente a pia, enquanto ele lavava e eu secava. – confesso que não gostei muito da ideia, afinal você não tem uma reputação muito boa.

— Eu fiz muitas coisas erradas, senhor. – confessei. – Foi por isso que acabei vindo morar em Dickson.

— Sim, sim. Seu pai me contou.

— Contou?

— Tivemos uma conversa no dia que você destruiu minha loja. – e me olhou mais um pouco como se eu fosse negar, desviei o olhar. – Bom, mas a verdade é que – ele voltou a lavar mais um prato e logo me entregou, me ocupei de secar com o guardanapo. – Will gosta de você e não parece pouco. – sorri involuntariamente enquanto secava o prato. – E o que eu quero saber é se você corresponde-o.

— Sim. – falei prontamente nem ao menos parei para pensar. Eu realmente gostava de Will, tinha vezes que eu me pegava sorrindo apenas por lembrar dele. – Eu gosto dele.

— Eu já sabia. – confessou e me passou mais um prato.

— Sabia? – até que eu não me senti tão intimidado por ele.

— Eu sempre sei das coisas que envolvem meu filho.

Assenti.

— Mas você Noah parece ser um bom garoto, apenas andou tendo ideias erradas. E acho que você e Will vão ficar bem.

O que percebi, ali, durante essa conversa com o senhor Moore foi o fato de o pai de Will está realmente preocupado. Ele queria saber quais eram minhas intenções, se eu tinha capacidade de corresponder às expectativas que o loiro estava depositando em mim, porque, no fim, ele não queria que o filho se magoasse.

— Vou cuidar dele. – me ouvi dizer.

E Luke assentiu.

— Sei que vai.

###

— Pra onde está me levando exatamente? – perguntei quando percebi que Will não dobrou na esquina que me levaria para casa

— Tem um motel no fim da rua, sabe. – comentou e eu corei furiosamente.

— O-o que? – gaguejei inutilmente e ele riu da minha cara.

— Você fica uma gracinha todo vermelhinho. – e apertou as minhas bochechas.

— Pare com isso. – briguei e o empurrei enquanto ele ria mais. Cruzei os braços e olhei para a paisagem pela janela ao meu lado.

— Ei. – tentou uma aproximação. – Eu estava brincando, não precisa ficar assim a não ser que você queira mesmo ir para o motel.

— Ah, cala boca. – resmunguei e ele riu mais um pouco ao mesmo tempo que deixava um beijo na minha bochecha.

Silêncio.

Então Will estacionou. Parei para observar onde estávamos. Ainda estávamos na cidade, mas não tínhamos ido para motel algum para meu alivio. Will tinha parado o carro em uma espécie de bosque, claro, estava mais para uma pracinha abandonada. Ele saiu do carro e eu segui seu exemplo.

— Onde estamos? – perguntei.

— É uma pracinha abandonada. – contou. – Funcionava quando eu me mudei pra cá, mas então foi esquecida e ninguém nunca se importou muito em arrumar as coisas por aqui.

— Hum. – eu fui até um trepa-trepa todo enferrujado e toquei com a ponta dos dedos. – Você brincava aqui?

— Sim. Eu e Elizabeth.

O olhei e ele sorriu pra mim. Tinha um banco perto dele, provavelmente para os pais ficarem de olho nos filhos enquanto eles brincavam. Observei o loiro sentar ali, fui até ele e sentei do seu lado. O garoto passou o braço pelos meus ombros e me trouxe para perto, deitei minha cabeça no seu ombro.

— O que você quer me dizer? – perguntei porque eu já tinha percebido que o loiro queria me contar alguma coisa.

— Não quero que vá embora. – confessou. – Não quero ir embora.

Levantei meu rosto para fita-lo.

— Você vai embora? – perguntei meio receoso com a resposta.

— Fiz um exame para a faculdade de Boston – contou. – e passei. Tenho até o próximo mês para fazer minha matricula e então começarei o curso em agosto.

— Mas e a escola?

— Já estou praticamente passado e se eu explicar a situação para a diretoria, eles não hesitariam em me dá o diploma. – ele tinha razão.

— Mas isso é ótimo. – comentei, porque de fato era. – É uma ótima faculdade.

— Uma ótima faculdade que vai me afastar de você. – ele me apertou mais contra o seu corpo.

— Também vou embora.

— Eu sei. – então virou o seu corpo ficando de frente pra mim e deitou sua cabeça no meu ombro. – Não quero que vá.

Acariciei seu cabelo enquanto suspirava. Já passava das dez da noite e Mike já teria ligado se não soubesse que eu estava com a família do Will e que meu namorado era super responsável e fiel a horários. Afinal, eu devia estar em casa até as onze horas.

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— Não quero ir. – confessei, então Will levantou o rosto e me fitou. Era meio difícil ver o azul dos seus olhos apenas com a luz do poste, mas eu sabia que eles estavam tão azuis quanto o céu.

— Quer fazer uma loucura? – perguntou e sorriu travesso pra mim.

— Uma loucura? – estreitei meus olhos pra cima dele.

O todo certinho William Moore quer fazer uma loucura?

Ele se afastou de mim, ficou em pé. Andou de um lado pro outro com mão no queixo e o rosto muito sério como se estivesse resolvendo os problemas do mundo. Então ele pegou o seu celular e vasculhou ali, apenas me limitei a cruzar os braços e esperar.

— Aqui! – e mostrou a tela do celular pra mim.

Apertei os olhos para a tela, segurei o celular e li o que estava escrito na imagem.

— Festival anual do sorvete em Madill? – e na imagem apareciam várias pessoas sorrindo com crianças correndo em volta com sorvetes na mão.

— É. O que acha? – parecia eufórico e eu comecei a rir.

— Isso é sério? – soltei depois de rir muito.

— Claro que é. – e tirou o celular da minha mão, parecia meio irritado por eu ter rido do seu plano.

Fiquei de pé, fui até ele.

— Hey. – chamei e beijei o seu rosto. – Só vou se prometer pagar um sorvete pra mim. – sussurrei contra sua orelha e ele riu.

— De chocolate pra você.

— E de morango pra você. – falei e ele me beijou.

Eram quase dez horas de viagem, 611 milhas e muita mais muita gasolina. Eu ainda passei em casa para arrumar uma mochila com coisas básicas e dá alguma explicação ao meu pai. Claro que Mike deu uma surtadinha levinha, mas no fim disse que eu podia ir sendo que tive que prometer que usaria camisinha. Foi vergonhoso dizer isso, mas deu vontade de rir depois. Pais, sempre tentando te proteger. Ainda fiquei um tempo encarando o casaco que ganhei de Maya, ponderei se o levava ou não. Mas por fim decidi levar, em nome dos velhos tempos mesmo que os velhos tempos não tenham sido tão bons assim.

— Ligue assim que chegar lá. – Mike mandou e eu assenti. Ele ainda me abraçou e só depois me deixou entrar no carro de Will.

Então eu e o loiro partimos para a nossa loucura no meio da noite.

— Belo casaco. – o loiro comentou quando me viu usando o casaco que Maya tinha mandado pra mim.

— É. – disse apenas e enfiei minhas mãos nos bolsos que haviam na parte da frente do mesmo.

O loiro deu partida no carro e logo estávamos nos afastando dali. Acho que no fim ele tinha razão, devíamos a nós mesmos essa folga de Dickson. Ia ser legal cair na estrada e se divertir por aí num Festival de Sorvete mesmo que parecesse bobo.

— Do que está rindo? – ele perguntou.

— De nós. – respondi. – Estamos mesmo indo para um Festival de Sorvete?

— Estamos. – riu.

Me inclinei em sua direção e o beijei rapidamente. Era noite, já devia ser umas dez e meia e provavelmente só chegaríamos em Madill depois do meio-dia do dia seguinte, mas tudo bem. O festival seria na segunda-feira e duraria três dias e hoje era domingo, o que nos dava tempo suficiente para chegar lá e descansar antes de nos esbaldar em sorvete.

Escutamos música durante o trajeto inteiro, cantamos algumas. Brincamos de fazer covers e de contar piadas, contamos histórias e ficamos em silêncio curtindo a companhia um do outro ao som da noite. Era bom ficar em silêncio com Will, não era incomodo e eu não tinha necessidade de falar e falar e preencher esse espaço, não. Não havia nada disso. Eu gostava de apenas ficar. Ficar ao lado dele e escutar a sua respiração, gostava de ficar ao seu lado e saber que ele estava realmente ali.

— Pode dormir, se quiser. – ele falou. – Eu te acordo depois para reversarmos.

— Tudo bem, eu aguento. – me fiz de durão mas acabei bocejando e ele balançou a cabeça rindo. – Pensando bem... – encostei minha cabeça no encosto do banco. – eu acho que vou dormir só um pouco.

— Dorme, Docinho. – ele acariciou meu cabelo e eu pensei em dizer algo sobre o modo como ele me chamou, mas acabei fechando os olhos e dormindo.

O sol estava batendo no meu rosto quando acordei. Meu pescoço ficou dolorido e minhas costas estavam me matando. Ainda tentei me espreguiçar mais o pouco espaço do carro não deixou que isso acontecesse. Então olhei para Will.

— Bom dia. – falei, minha voz rouca.

— Bom dia. – ele bocejou e esfregou os olhos.

— Opa. – eu pisquei. – É minha vez.

— Posso aguentar mais um pouco. – disse, mas deu outro bocejo.

— Will.

— Tudo bem, tudo bem. – então parou o carro e nos trocamos de lugar.

— Pode dormir agora, quando chegarmos lá eu te acordo. – prometi e o ajudei a colocar o cinto de segurança, o loiro apenas assentiu sonolento.

Eu sabia dirigir. O problema era que eu não tinha carteira. Mas no tempo que passei em frente ao volante não aconteceu nada de errado. Eu conduzi o carro numa boa e durante as próximas horas Will dormiu e eu segui até nosso destino meio que me perguntando a cada cinco minutos se eu estava mesmo fazendo isso porque ainda me parecia meio surreal que tivéssemos “fugido” de Dickson para vir a um festival de sorvete em uma cidadezinha vizinha, de outro condado.

A faixa enorme na entrada de Madill foi o que me mostrou que eu estava no lugar certo.

“XXI FESTIVAL ANUAL DE SORVETE DA CIDADE DE MADILL.

DIAS 13, 14 E 15 DE JUNHO.

JUNTE-SE A NÓS E VENHA PROVAR OS MAIS VARIADOS SABORES DE SORVETE.”

— É, parece que estamos no lugar certo. – comentei comigo mesmo.

— O que? – o loiro disse acordando, ele esfregou os olhos de um jeito fofo e ainda bocejou.

— Chegamos, amor. – falei e só depois que eu disse foi que me dei conta do que chamei Will.

O loiro me encarou durante um tempo e logo um sorriso começou a tomar forma no seu rosto e eu abaixei os olhos. Não era minha intenção chama-lo assim. Sei lá o que aconteceu, foi apenas um ato involuntário. E acho que Will sabia disso porque ele apenas se inclinou na minha direção e deu um beijo no canto da minha boca.

— Vamos encontrar um lugar para dormir? – perguntou.

— Vamos. – e seguimos para dentro da cidade, eu ainda estava dirigindo.

Logo que passamos pela entrada percebemos que a cidade estava animada. Me perguntei porque Dickson não tinha um festival também. Quem sabe o festival do chocolate ou da jujuba. Ia ser legal pra caramba.

Depois de muita procura e de muitos “não temos vagas” acabamos encontrando vaga em um motel nenhum pouco atraente e que não servia exatamente para as pessoas dormirem. E é claro que eu não pude recusar porque não tínhamos outro lugar para ir a não ser dormir no carro e minhas costas já estavam pedindo arrego depois de horas dentro daquele carro.

— Não acredito que vamos dormir aqui. – falei depois que me joguei na cama, minha mochila estava jogada perto do pé da cama.

— Podemos fazer outra coisa, se não quiser dormir. – Will comentou se jogando do meu lado e com os pés ele tirou os tênis, tirei os meus também.

Ficamos deitados, olhando pro teto onde tinha um espelho enorme, do tamanho da cama para as pessoas ficarem se olhando enquanto... bom... fazem certas coisas. Decidi não pensar nisso e nunca contar ao meu pai que dormir em um motel.

— Se bem que eu estou cansado demais para fazer outra coisa. – o loiro falou e deitou de lado, ficando de frente pra mim.

— Vamos dormir. – declarei. – E mais tarde saímos para conhecer a cidade.

— Parece uma boa ideia.

— É uma ótima ideia. – e vi ele fechar os olhos, fechei os meus também e quando dei por mim estava dormindo.

Não tive sonhos, o que era bem comum pra mim. Eu nunca fui de ter sonhos. Dormir se resumia a fechar os olhos e pronto. Por isso quando acordei não foi uma surpresa pra mim acordar mais tarde e não ter tido sonho algum. No entanto o que me surpreendeu foi o fato de Will está abraçado a mim quando acordei. Seu braço estava em volta da minha cintura e ele me mantinha perto de si como se eu pudesse fugir a qualquer momento. Eu me peguei sorrindo com isso. Mas então peguei meu celular que estava no bolso do meu casaco e dei uma olhada no horário. Já passava das três da tarde. Suspirei e olhei para Will. Ele parecia estar tendo um sonho maravilhoso, estava até mesmo com sorrisinho mínimo no rosto e eu não queria acorda-lo, por isso apenas tirei o seu braço de cima de mim e fui tomar banho e depois ligaria para o meu pai.

O banheiro até que era legal. Todo ladrilhado com linóleo quadriculado e com uma banheira enorme, provavelmente para duas pessoas e o boxe com o chuveiro, até que era bacana. Eu acabei indo tomar banho no boxe. Não tinha água quente, então tive que me contentar com a água gelada mesmo, o que pelo menos serviria para me acordar de vez. Foi um banho revigorante de qualquer forma, pois a água me ajudou a ficar mais desperto e quando sai do banheiro já vestido e enxugando o cabelo com a toalha, eu realmente me sentia como se tivesse dormido vinte e quatro horas direto, ou seja, bastante descansado.

— Oh. – soltei assim que vi Will sentado na cama. – Você acordou.

— Oi. – ele sorriu e tirou os óculos, limpou as lentes na barra da camisa. O cabelo todo bagunçado parecia um ninho de pássaros. – Acho que dormi demais. – comentou e olhou para a janela, onde o sol já estava começando a baixar. E então olhou pra mim. – Conseguiu descansar?

— Humrum. – assenti e ele se pôs de pé.

Se espreguiçou como um gato veio até mim e me deu um beijo na bochecha.

— Devia ter me esperado. – repreendeu de mentirinha.

— Esperado para que? – perguntei desconfiado.

— Para tomarmos banho juntos. – disse na maior cara de pau como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Você sabe, - ele sussurrou no meu ouvido. – como da última vez...

— Que tal você ir tomar o banho logo. – o interrompi, meu rosto ficando muito vermelho ao passo que o loiro apenas ria. Eu o empurrei em direção ao banheiro e ele só ria, alto.

— Qual é, Noah. – ele ainda disse depois que fechei a porta do banheiro com ele dentro. – Eu sei que você gostou.

— Vou te esperar lá embaixo. – falei apressado e sai do quarto enquanto escutava as risadas do loiro.

O lance do banheiro era uma coisa meio intima demais pra mim. Aconteceu naquele dia em que acordei na casa de Will depois de ter tomado um porre enorme na festa de comemoração que Emma fez para meus amigos depois que eles ganharam a competição de Declato contra Dickson. O fato foi que eu e Will tivemos uma briga e depois fizemos as pazes e depois fizemos algumas coisas que se estenderam até o banheiro. Tínhamos feito isso apenas uma vez e eu ainda tinha momentos de pura excitação quando pensava nisso. É claro que eu queria repetir, mas eu ainda era muito vergonhoso para admitir isso a ele, mesmo que eu quisesse. Pra falar a verdade, eu estava apavorado. Eram tantas emoções em mim, tantas coisas que Will me fazia sentir que eu não sabia como agir. E quando ele vinha com esse papo de banho ou com ideias minimamente pervertidas, eu apenas me esquivava e corava até a raiz dos cabelos de tanto nervosismo.

No meu namoro com Bianca, nós nunca chegamos nesse nível em que estou com o loiro. Onde tudo se resume a tocar e sentir, nada de palavras... E convenhamos, que não dá pra ter uma conversa dessas com Mike. Ele até mesmo pensa que Will e eu já fizemos sexo. E mesmo que eu pudesse ter uma conversa dessas com ele o que exatamente eu diria: Pai, o que você faz quando quer muito transar com seu namorado mas não tem coragem de admitir isso pra ele e pra si mesmo?

Melhor não dizer nada. Acho que o melhor a fazer é esperar. Ou talvez eu possa ligar para Kate, ela sempre foi boa me dar conselhos. Ela com certeza vai saber o que eu tenho que fazer.

Foi então que lembrei que devia ligar para meu pai. Peguei meu celular e procurei o número dele e então cliquei em ligar.

— Oi, pai. – falei assim que ele atendeu.

— Oi. Não era pra ter me ligado há duas horas? – ele foi logo dizendo.

— Acabamos dormindo – confessei e o escutei suspirar.

— Mas me diga, – mudou de assunto. – como é por aí? Está se divertindo?

— Ah, aqui... – olhei pela janela do motel. A rua estava bem movimentada. – É legal. E todo são bem receptivos. Nós vamos sair agora para conhecer a cidade e comer alguns sorvetes.

— Não vá comer tantos doces. – meu pai avisou.

— Tá pai. Relaxa. Não vou exagerar. – revirei os olhos.

— Noah, eu estou falando sério. Doces fazem mal, você sabe o que a sua avó pensa sobre isso.

— Ah, pai, qual é. Doces são bons e nunca me fizeram mal até hoje.

— Tem certeza? Na última páscoa você passou a noite inteira vomitando porque comeu chocolate demais.

— Aquilo foi porque... porque... – suspirei, pois não tinha uma defesa pra isso. – Tudo bem. Prometo que não vou exagerar. – me dei por vencido e pelo canto de olho vi Will descer a escada. – Preciso desligar, pai. Te ligo mais tarde.

— Tudo bem. Se cuida.

— Tá bom. – e desliguei.

— Vamos? – o loiro foi logo dizendo assim que viu.

Assenti. Seu cabelo loiro estava molhado e ele estava com cheiro de sabonete de canela.

— Vocês vieram para o Festival? – a moça da recepção perguntou olhando demasiadamente para Will.

— Sim, sim. Sorvetes. – o loiro riu e a moça acompanhou.

— Eu tenho um panfleto em algum... – ela vasculhou as gavetas atrás do balcão. – Aqui! – ela estendeu a ele um panfleto. – Aqui tem a programação de todas as atrações e os lugares.

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Eu me aproximei e peguei o panfleto da mão dela. Passei meus olhos por ele.

— Obrigado. – agradeci e ela sorriu pra mim.

— De nada.

— Olha só, se formos agora pegamos a competição do melhor sorvete. – Will disse lendo o panfleto sobre o meu ombro.

Nós demos tchau a moça da recepção e logo estávamos saindo do motel.

— De acordo com isso – falei apontando para o pedaço de papel. – é por ali. – e apontei para a frente.

O loiro passou o braço por sobre meu ombro e começamos a andar. O sol batendo contra nós dois e o ar puro preenchendo nossos pulmões. Madill não era uma cidade maior do que Dickson, acho que ou tínhamos o mesmo tamanho ou Madill era menor, mas em compensação tinha mais pessoas do que em Dickson, o que dava a cidade um clima alegre e cheio. Havia muitas pessoas nas ruas, tirando fotos, sorrindo ou comendo sorvete. Havia sorvete por todo o lado, desde carrocinhas aos pôsteres sobre sorvete espalhados pela cidade.

— Esse pessoal leva a sério esse negócio de sorvete. – comentei depois de ver a décimo carrinho de sorvete.

— Você quer um? – o loiro perguntou.

— Pode ser.

Compramos sorvetes e continuamos seguindo até o local da competição, que quando chegamos lá descobrimos que era uma grande quermesse, um tipo de parque de diversões tamanho mini. Mas era tudo tão bem arrumado e cheio de pessoas que nem tive tempo de comparar ele ao parque de diversões em LA. Will foi me puxando para dentro do local e logo estávamos andando por ali, uma música agitada tocando a nossa volta. E muitas e muitas pessoas. Percebi que esse evento era de grande importância econômica para Madill. Já era fim de tarde e o sol já estava começando a se pôr, dando a aquele lugar um tom de dourado.

— Ah, vem. – e puxei o loiro em direção a uma barraquinha de pescaria. – Vamos tentar a sorte. – falei quando vi Will revirar os olhos. Eu comprei uma ficha e peguei uma vara de pescar.

— Pegue o azul. – o loiro mandou. Acabei rindo disso. Will tinha essa coisa com azul também. Era uma das suas cores favoritas e ele acreditava fielmente que azul trazia sorte, mais até do que verde.

Direcionei o anzol pra lá e depois de algumas tentativas falhas consegui pegar o tal peixinho azul. O homem da barraca pegou o peixinho de borracha e olhou o número na parte de baixo do peixe. 10. Ele conferiu na sua prateleira e nos entregou um saquinho de balas.

Will fez cara feia pra isso ao passo que eu começava a rir, abri o pacote e peguei uma das balas e coloquei na boca.

— Vamos para outro. – o loiro me puxou enquanto eu agradecia ao senhor e lhe dava tchauzinho. – Rá. – eu olhei para onde ele estava olhando. Tiro ao alvo.

— Você sabe atirar? – perguntei enquanto andávamos até lá, e tirei uma bala do pacotinho e coloquei na boca do loiro. – Coma. São boas. – ele mastigou meio incerto e depois fez uma cara de quem estava gostando.

— Um pouco. – respondeu minha pergunta sobre saber atirar. Ergui uma sobrancelha pra ele. – Tudo bem. Não sei.

Comecei a rir.

— Deixa que eu vou então. – falei e fui até lá. Comprei uma ficha e segurei a arma de brinquedo.

— Sabe atirar? – perguntou surpreso.

— Eu costumava jogar pintball com os meus amigos da escola em LA. – contei e mirei a arma. – Qual você quer? – perguntei me referindo aos prêmios e pelo canto de olho vi o loiro sorrir.

— Aquilo. – e apontou para uma câmera de polaroide. Assenti e apertei o gatilho.

Acertei no primeiro pato, que ficavam zanzando de um lado pro outro como num trenzinho e havia mais deles rodando presos numa roda. Eu fui mirando e atirando e não era tão diferente dos vídeos games que já joguei ou dos jogos de pintball com meus amigos. Pra falar a verdade, até que eu estava me saindo bastante bem.

— Uau. Até que você foi bem.

— Surpreso?

— Muito. – admitiu e eu ri.

— Aqui. Seu prêmio. – o atendente da barraca me estendeu o prêmio, mas assim que vi meu sorriso sumiu.

Achei que tinha acertado patos suficientes para ganhar a tal câmera.

— Mas e aquilo? – perguntei ao homem apontando para câmera.

— Ah, aquilo não faz parte dos prêmios. Acho que esqueceram de tirar dali. – e ele se apressou em tirar a câmera dali.

Olhei para o prêmio que ele tinha me dado. Era um ursinho de pelúcia na forma de um morango com olhos e um sorriso infantil bordados nele.

— Eu gostei. – Will disse e olhei para ele. O garoto estava sorrindo. Estendi a pelúcia pra ele e ele segurou, mas eu ainda queria ter ganhado a câmera pra ele.

Will segurou minha mão e saímos dali levando o morango de pelúcia.

Ainda paramos em algumas barracas de comidas. Comemos muitas comidas caseiras, bolos, salgados e alguns tipos de mingaus e, claro, sorvetes de vários sabores. Paramos em uma fila para tirar fotos com a mascote da festa, que era um alguém vestido de sorvete gigante. Eu e Will fizemos várias poses ao lado do Sorvete e depois partimos para tirar fotos em uma cabine de fotografia. Fizemos caretas e nos beijamos algumas vezes durante as fotos e eu gostei bastante do resultado.

Compramos ingressos para visitar a casa de espelhos e levamos alguns sustos lá, porque vez ou outra apareciam algumas pessoas fantasiadas de fantasmas, que davam mais emoção a brincadeira. Foi divertido e até aquele dia eu nunca tinha dado tanta risada quanto naquele dia.

Já passava das sete e tínhamos acabado de sair do carrossel. O cabelo do Will estava todo bagunçado e eu estava ajeitando enquanto ele ria e dizia que queria ir de novo.

— Não não. – falei. – Vamos comer alguma coisa.

Ele revisou os olhos, porque devia ser a vigésima vez que parávamos para comer alguma coisa. Em parte por minha causa. Não era que eu sentia muita fome, era mais porque havia tantas coisas diferentes ali que eu queria provar todas. A começar pelos doces e depois os bolos e assim por diante.

— Eu vi um doce que parecia delicioso. – comentei o puxando pela mão.

— Como consegue comer tanto? – reclamou. – Para onde vai tanta comida?

E dessa vez eu revirei os olhos. Então ele se aproximou e apertou minhas bochechas.

— Já sei pra onde vai. Fica tudo nessas bochechas fofas.

— Pare. – e o empurrei enquanto ele só ria. Massageei minhas bochechas ao passo que ele enlaçava minha cintura e me dava um beijo em cada uma das bochechas.

— Onde está aquele doce que você falou? – reconsiderou e eu sorri.

— É por ali. – apontei com o queixo.

E seguimos pra lá.

— Sabe, você ficou uma gracinha com esse casaco. – comentou enquanto eu mostrava a mulher da barraca qual doce eu queria.

Olhei para o casaco que estava usando ainda era o que Maya tinha mandado. Depois que o vesti na noite passada não fui capaz de não usá-lo hoje ou amanhã e provavelmente pra sempre. Eu tinha uma consideração muito grande com esse item, por todas as coisas que já fizemos e talvez por quem o tinha me dado. Erika não foi uma boa mãe, ela tinha muitos problemas para poder conseguir lidar comigo e eu entendo isso, hoje sou capaz de entender ela melhor, mas infelizmente isso não elimina o rancor ou a tristeza que ela deixou em mim. Eu a amei e talvez ainda a ame, mas e ela? Nunca realmente sentiu nada por mim? Essa rejeição ainda doía apesar de ela não estar mais aqui, mas o casaco estava aqui. A única coisa que ela tinha me dado e que por isso era especial pra mim, ainda estava aqui. Levantei meu rosto e olhei para Will, dei um sorriso pra ele.

— Aqui, querido. – a senhora me deu o doce.

Peguei o potinho da mão dela e enfiei a colher de plástico ali. Levei a primeira porção a boca e fechei os olhos enquanto saboreava aquilo. Era delicioso. Eu não sabia o que era, parecia bolo com muita calda de chocolate ao mesmo tempo que parecia um mousse.

— Você precisa provar isso. – falei pra Will e estendi a colher pra ele, nem esperei ele dizer alguma coisa fui logo colando na sua boca.

— Hum. – ele soltou assustado e depois começou a saborear. – Nossa! – ele pegou minha colher e colocou mais um pouco na boca. – Isso é bom.

— Eu sei! – exclamei e comi mais um pouco.

Então o loiro olhou para o lado e pareceu se lembrar de algo. Ele segurou minha mão e me puxou. E quando fui perguntar para onde estávamos indo, tropecei numa pedra e cai.

— Oh. – Will se assustou e veio me ajudar.

— Ah, droga. – falei ao ver que meu doce tinha caído em cima de mim e sujado toda a minha camisa um pouco tinha caído no meu casaco, mas não tinha sujado muito.

Will estendeu a mão pra mim e me ajudou a levantar.

— Poxa. - lamentei. – O meu doce.

— Eu compro outro pra você. – ele disse enquanto eu sacudia minha camisa tentando tirar um pouco do excesso de chocolate. Ele se afastou e logo voltou trazendo vário lenços de papel. Eu peguei e comecei a limpar minha camisa.

— Vem, Noah. – ele chamou e voltou a me puxar, o segui.

No fim, Will estava com tanta pressa assim porque a queria ir na roda gigante e os assentos já estavam acabando. Conseguimos chegar a tempo e eu sentei meio emburrado no lugar que tínhamos conseguido, o morango de pelúcia ao meu lado esquerdo e Will no meu lado direito, e então a roda gigante começou a fazer seu giro.

— Tudo bem aí? – ele perguntou enquanto eu me limpava.

— Humrum. – resmunguei meio irritado. Era minha camisa predileta.

O loiro se aproximou de mim, pegou um dos lenços de papel e me ajudou a limpar minha camisa.

— Acha que vai manchar? – perguntei.

— Acho que não. – respondeu e então beijou meu pescoço. Eu virei meu rosto pra ele e comecei a beija-lo.

— Você tem gosto de chocolate. – ele disse sorrindo e eu acabei sorrindo de volta.

O loiro se encostou em mim e ficamos parados, só observando o movimento ali embaixo. Ninguém estava nos vendo, nem prestando atenção em nós. Era a primeira vez que eu ficava realmente feliz e relaxado. Respirei fundo e fechei os olhos, depois os abri e olhei em volta. Estávamos muito alto e a roda tinha parado como sempre fazia. O céu estava cheio de estrelas e tinha umas nuvens aqui e outras ali, e minha intuição disse que ia chover. Mas decidi não me preocupar com isso.

— Eu gosto daqui. – acabei falando.

— Eu também.

— Quando vai para Boston?

— No fim de junho. E você, quando vai para Los Angeles?

— Na próxima semana. – respondi com um suspiro e enlacei minha mão com a dele. – Minha Avó já mandou as passagens.

— Entendo. – disse simplesmente.

— O que vamos fazer? – perguntei. Eu não queria deixa-lo assim como sabia que ele não queria me deixar, mas a vida estava se impondo sobre nós e mostrando quem manda.

— Vamos dá um jeito. – ele respondeu e me beijou.

Foi então quando a chuva começou. Nós rimos durante o beijo enquanto a água descia sobre nós e lá embaixo as pessoas começavam a gritar e se esconder. A roda logo parou o seu giro e todos tivemos que descer. Eu ergui meu capuz, peguei o ursinho e junto de Will saímos correndo.

— Vamos voltar para o motel. – ele gritou por sobre o barulho da chuva e eu só assenti.

Enfrentamos a chuva e logo estávamos ensopados e quando chegamos no Motel já não tinha o quê molhar. A moça da recepção se surpreendeu de nos ver tão molhados, mas nos deixou entrar. Nos recusamos a oferta de um chocolate quente e simplesmente subimos para o nosso quarto, no andar de cima. Precisávamos tirar essas roupas molhadas e nos aquecer.

— Meu Deus, olha pra você. – eu disse a Will. – Está tremendo. – e segurei suas mãos.

— N-nada. – gaguejou e seus dedos estavam pálidos.

Eu tirei meu casaco e minha camisa, o ajudei a tirar a jaqueta e a camisa e então o abracei. Não sei ao certo onde vi isso, mas eu sabia que a melhor maneira de aquecer alguém era usando outro alguém, ou seja o calor corporal. Will estava tremendo muito e lá fora a chuva continuava a cair, até mesmo trovões era possível escutar. Eu também estava com frio, mas o loiro era quem parecia estar pior. Não podíamos tomar um banho quente porque não tinha água quente, então o melhor que eu podia fazer era ficar abraçado a ele torcendo para que ele ficasse aquecido.

No entanto quando dei por mim a boca de Will estava na minha e o restante da nossa roupa estava indo embora. Ele enfiava os dedos nos meus cabelos e aprofundava o beijo ao mesmo tempo que minhas mãos ganhavam vida própria e se ocupavam em abrir o botão da sua calça e tira-la. Will me encostou na parede, o barulho da chuva abafando nossos ruídos.

— O-o que estamos fazendo? – me ouvi perguntar ofegante.

O loiro encostou a testa molhada na minha.

— Você não quer continuar? – sussurrou de volta.

Eu sabia o que íamos fazer e se eu deixasse, iríamos até o fim. Mas então havia esse medo no meu subconsciente. Será que era a hora certa? Será que não estávamos indo rápido demais? Mas então lembrei do modo como me sinto quando estou perto dele. Íamos dá um passo importante e a parti do momento que o déssemos, não havia mais volta. Mas quem foi que disse que eu queria voltar? Segurei o seu rosto e o beijei. Guiei sua mão para o cós da minha calça e o senti sorrir contra meus lábios.

Eu estava cedendo, estava deixando meu racional de lado e todos os meus medos e minhas inseguranças e aceitando que meu lado emocional tomasse conta de todo o meu corpo. Deixei que Will me guiasse até a cama, eu me sentei na borda enquanto ele permanecia em pé. Toquei seu abdômen e o senti se arrepiar. Ele se inclinou sobre mim, seu cabelo estava molhado por causa da chuva, sua boca desceu sobre a minha e minhas mãos trabalharam em tirar sua calça. Então ele se deitou sobre mim e abriu o botão da minha calça, e como eu desejava me livrar daquela peça. Logo estávamos sem as peças de roupas, nossas peles se chocavam e eu não podia impedir os gemidos que saiam dos meus lábios.

Eu estava definitivamente em um mar de sensações. Havia a respiração dele se misturando com a minha, o seu quadril se mexendo contra o meu causando um atrito bom demais. Em algum momento segurei o seu membro e comecei a masturba-lo e em resposta, Will mordeu o meu ombro e eu mordi meu próprio lábio. O que estamos fazendo? Ainda me perguntei, mas deixei de lado essas preocupações quando ele segurou o meu membro. Eu suspirei e voltei a beijá-lo. Isso era bom demais para que eu quisesse parar...

Era fácil, era gostoso, era Will. Então apenas me deixei levar, deixei que ele me guiasse, que me mostrasse onde tocar e como tocar. Deixei que ele fosse o quem comanda, porque eu só queria sentir. Queria provar todas as sensações que ele estava me oferecendo. E lá fora, havia apenas a chuva regendo o nosso momento.

— Tem certeza? – ele me perguntou quando o momento chegou.

Assenti.

Eu o tinha ajudado a pôr a camisinha e passar o lubrificante, que estavam na estante ao lado da cama que como o lugar em que estávamos era um motel, então era previsível que essas coisas estivessem aqui. E por mais frio que eu estivesse sentindo no estômago, não podia parar agora. O loiro me beijou enquanto se forçava para dentro de mim, acabei mordendo seu lábio sem querer ao mesmo tempo que um apagão acontecia. Tudo caiu em um breu total e por um momento Will parou, mas eu segurei em seu quadril e o trouxe para mais perto e ele continuou o que estava fazendo. Tentou mais uma vez enquanto eu fazia uma careta. Não dava para eliminar a dor, mas a certeza de que estávamos mesmo ali, juntos, eliminava todo o resto. Enfiei meus dentes no seu ombro quando ele se colocou todo para dentro ao mesmo tempo que ele acariciava o meu cabelo. Ficamos parados ainda, seu peito subindo e descendo, ofegante. E quando me senti seguro, mexi meu quadril contra o dele e logo ele estava estocando devagar. Nossos gemidos estavam se misturando e eu fechei os olhos quando ele segurou o meu pênis e começou a me masturbar ao mesmo tempo que estocava. Era a melhor coisa do mundo. Claro que incomodava um pouco e que em algum momento quis pedir para ele parar, mas isso foi substituído pelo modo como me dei conta de que, sim, eu e Will estávamos mesmo transando.

— Não para. – pedi em algum momento e enfiei minhas unhas nas suas costas.

E o loiro aumentou a velocidade e a escuridão nos protegia e o barulho da chuva nos protegia e de olhos fechados eu sentia meu corpo pifar de vez. Meu cérebro já não estava mais pensando e todo a minha volta não fez mais sentido, o que importava era o modo como Will se mexia sobre mim ou modo como sua boca se colava na minha de um jeito tão natural. Ele enfiou o rosto na curva do meu pescoço ao mesmo tempo que eu sentia como se minha alma tivesse saído do meu corpo. O orgasmo veio mais forte do que da última vez que nos tocamos e eu sabia que ele estava sentindo a mesma coisa. Eu tinha acabado de gozar, sujando a sua barriga. Will se inclinou sobre mim e me beijou ao mesmo tempo que tinha o seu orgasmo também. Eu recebi o beijo, era um beijo gentil, delicado e sem nada da urgência do começo. Ficamos nos beijando ainda um bom tempo com apenas o escuro e a chuva como testemunha do que tinha acontecido naquele quarto.

O loiro deitou do meu lado e eu podia escutar a sua respiração e sem aviso prévio, me puxou sobre si. Deitei minha cabeça no seu peito. Estava suado e eu também estava. Ele tinha cheiro de chuva, suor e canela e alguma coisa que lembrava o almíscar. O loiro brincou com o meu cabelo durante um tempo e eu podia sentir meus olhos ficarem pesados.

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— Noah. – chamou, a voz rouca.

— Hum. – soltei baixo ainda de olhos fechados sobre seu peito.

— Eu te amo. – disse e abri meus olhos rapidamente e meio assustado, meu corpo se retesiou. – Não precisa dizer nada. – ele falou e continuou acariciando o meu cabelo. – Só... só fique. Tudo bem?

E eu entendi que ele estava se referindo a vida. Ele queria que eu permanecesse na sua vida, queria que eu ficasse mesmo que não pudesse dizer que o amava também. E na verdade, eu ainda não sabia se podia corresponde-lo a esse grau. Sim, eu estou apaixonado e nunca tinha gostado de alguém do modo como gosto dele. Mas será que isso vai virar amor? Ou será que já é? Quando sabemos quando é amor?

Não falei nada, não disse que o amava de volta. Não falei que ele estava se precipitando. Não. Eu não disse nada. Apenas resmunguei um tudo bem. Eu poderia permanecer na vida dele. Então fechei os olhos, meu corpo cobrando o preço de tanto esforço. Mas pela primeira vez em muito tempo, eu me sentia bem. Naquela noite, eu sonhei.