Annelise

Capítulo 7 : Conversa


Caminhei de volta para casa feliz da vida. Assim que entrei me deparei com o olhar maroto do meu irmão mais velho.

_O que foi?

_Eu não falei nada.

_Mas estava pensando.

_Pra mim o que importa é que você esteja feliz.

Olhem só meu irmãozinho esta crescendo. Sorri em agradecimento.

_Mas eu estranhei uma coisa.

_Oque?

_Ele não perguntou sobre nossos pais.

_É verdade. Bem, talvez ele já saiba. Todo mundo na escola sabe.

_É talvez.

_E onde estão as crianças?

_A Anita esta lá em cima brincando e o Lúcio foi escovar os dentes.

_Vou ir vê-los. - disse subindo as escadas.

Passei na porta do quarto de Ani e a vi brincando com as bonecas, depois fui para o banheiro do corredor e lá estava meu pequeno homenzinho.

_Oi.

_Oi. - Ele me respondeu meio ríspido.

_O que foi Lúcio?

_Nada.

_Nada é?

_Você e esse menino... são namorados?

_Por que a pergunta?

_Por que se sim, eu não quero.

Levei um susto com a resposta e tratei logo de perguntar.

_Por que não Lúcio?

_Por que se você namorar com ele vai nos deixar.

_Lúcio, eu nunca vou deixar vocês. Vocês são a minha família. Eu amo vocês e nunca vou deixa-los.

Ele baixou a cabeça parecia preocupado.

_Hei, que tal comermos pipoca com refrigerante e assistimos a um filme, como fazíamos antigamente?

Lúcio levantou a cabeça e deu um meio sorriso.

_Pensei que só pudéssemos fazer isso nos finais de semana.

_Eu abro uma exceção.

Essa foi minha noite perfeita. Não tinha uma dessas desde a morte dos meus pais. E nossa, como eu sinto a falta deles. Queria que eles estivessem aqui. Na manhã seguinte acordei cedo e lá vamos nós para mais um dia de aula. Era sexta-feira e todos estavam eufóricos com o final de semana. Assim que saímos de casa tive uma fofa e agradável surpresa. Nicolas estava nos esperando.

_Bom dia.

Foi a primeira coisa que veio a minha cabeça.

_Bom dia.

Ele disse mas parecia querer dizer mais alguma coisa.

_Ô pombinhos! Sera que da pra gente ir?

Olhamos vermelhos para o Lucas. Como o meu irmãozinho conseguia ser tão chato?

_Já vô. - disse pesadamente, depois olhei para o Nicolas com um sorrisão e disse _Quer carona?

_Ah, eu adoraria. Eu ia mesmo pedir por que o meu pai foi cedo para o consultório então não deu pra ele me levar.

_Calma Nico. Você ta falando muito rápido.

_Nico?

_O que foi?

_A minha mãe me chamava assim.

_Me desculpe. Eu não...

_Não tudo bem. É bom ouvir esse apelido de novo. Ainda mais vindo de você.

Ele sorriu e não deve ter imaginado o quanto meu coração bateu ao ouvir aquela frase. Entramos no carro e Nicolas e eu conversamos e trocamos olhares durante todo o trajeto. Nicolas é tão fofo, calmo, inteligente e super atualizado.

Fiquei tão ligada na conversa que nem percebi quando chegamos na escola. Como sempre estava aquele furdunço como dizia minha avó. Assim que saímos do estacionamento lá veio nosso carneirinho ambulante.

_Oi meu amor!!

_Calma Sarah.

_Ai amor eu tava com saudades.

_Eu sei mais eu tô cansando.

_Você vive cansado agora.

_Eu trabalho agora. Você tem que intender.

Um pequeno cumprimento virou uma briga e pelo jeito ela iria render. Sarah não intendia o porque do Lucas estar tão ocupado. E com o trabalho e os estudos, eles tem ficado muito pouco tempo juntos.

Aquela briga precisava acontecer então peguei o braço do Nicolas e andamos juntos para longe dali.

_Você não vai se intrometer na briga?

_Não.

Ele me olhou confuso. Eu sorri e disse.

_Tudo vai dar certo. Amanha mesmo eles já voltam a se falar.

Ficamos em silêncio por um tempo até eu ter ótimo ideia.

_Nicolas?

_Sim.

_Você... quer, ir ao parque comigo no domingo? Bem comigo, comigo não. Comigo e com os meus irmãos.

_Claro! Eu adoraria. Eu... fiquei com medo de você me perguntar outra coisa.

_Outra coisa?

_Err...

_Como o por que de você me beijar ontem?

Disse me aproximando dele.

_Olhem quem está aqui! Se escondendo dos amigos Nicolas querido.

Eu não acredito que voz nojenta. A dona da voz nojenta era Rebeca Writer. Rebeca é uma das “populares” chatas e metidas aqui da escola.

_O que você quer Rebeca. _ Disse aparentemente com muita raiva.

_Aline como você esta?

Annelise.

_Que seja. Nicolas você não quer ir com agente tomar um sorvete?

_Você quer dizer matar aula.

_Isso.

_Não obrigada.

Nicolas se levantou e puxou meu braço andamos juntinhos um do outro fazendo Rebeca bufar de raiva. Certo, fiquei super feliz com atitude dele mais eu sabia que ela traria consequências, pra mim.

Logo o sinal tocou nos avisando que as aulas começariam. Nicolas e eu subimos a rampa sorrindo e conversando. Assim que entramos na sala me despedi dele e me sentei na frente ao lado da Vick e ele lá

atrás com os meninos.

_Como foi com o Andrew?

_Bem... mal.

_Como assim?

_Ele não vai assumir o bebê.

_OQUE?

Dei um grito na sala e todos olharam pra gente.

_Anne fala baixo.

_Desculpa. Mais esse cara é um idiota como assim não vai assumir o bebê.

_Eu não sei. Tô perdida Annelise.

_Não tá não. Para de dizer isso. Temos que falar com a sua mãe.

_Oque?

_É com a sua mãe. Por pior que seja ela vai te ajudar eu tenho certeza.

_Mais, Anne... eu tenho medo.

_Não precisa ficar com medo. Eu vou com você.

Vick sorriu tristemente.

_Tomara que dê tudo certo.

_Muito bem já que as meninas estão prestando muita atenção na minha aula, que tal me responderem o que é peroxissomos.

_Algum tipo de fermento pra pão?

_Não Annelise. É um organito ou organela esférica, envolvida por uma membrana vesicular.

_A professor era só ter explicado então.

_Vejo que o seu senso de humor voltou. Vamos lá essa...

Depois da super aula de biologia fomos lanchar. Antes de sair da sala me virei e vi a Rebeca grudada no Nicolas o que me fez ficar furiosa. Mais me controlei não iria dar um pitti na frente dela. Era o que ela queria.

Levei Vick ate a cantina e compramos o lanche mais saudável que encontramos. Andamos um pouco e lá estava o nosso casal favorito. Infelizmente discutindo de novo.

_O que deu neles?

_Desentendimentos.

_Por que?

_Horários.

_Hum?

_Nada. Depois eu explico.

_Oi meninas.

_Oi Nicolas.

_Pensei que você estava com a Rebeca.

_Ela é um grude. Você fico chateada?

_Não.

_Sério?

_Ô gente? Que clima é esse?

_Han... por que não vamos nos sentar. - tratei logo de mudar de assunto.

Nos sentamos bem longe do Lucas e da Sarah. Ficamos conversando ate que vimos Sarah correndo em direção a saída da escola. Parece que a situação esta pior do que eu imaginava. Fiquei ali olhando para o meu irmão de cabeça baixa não podia ir lá. Oque eu iria dizer?

Quando dei por mim já estava de volta a sala. O tempo parecia que não passava. A cada segundo eu ficava mais apreensiva com a situação de Lucas e Sarah. Lá no fundo eu me sentia culpada já que Lucas só trabalhava tanto por causa de mim e dos pequenos.

Fui retirada dos meus pensamentos quando o sinal tocou. Eu dei graças a Deus já estava na hora. Precisava falar com o Lucas. Assim que ia saindo da sala Vick me puxou.

_Anne você vai mesmo comigo falar com a minha mãe?

_Aé. Vou sim claro.

Parece que a conversa com o Lucas vai ter que esperar.

_Anne!

_Oi Nico.

_Eu já vou indo. Meu pai veio me buscar.

_Até mais.

_Até domingo. - disse ele sorrindo.

_Nossa parece que vocês estão se dando muito bem hein.

_Não começa Vitoria. Ele é só meu amigo. Meu amigo fofo,com um sorriso mágico e que beija muito

bem.

_Perae rolo beijo?!!

_Sim. Vem vou te contar tudo.

Fomos caminhando juntas até o estacionamento avisar ao Lucas que eu não iria para casa. Assim que chegamos o vimos, parecia furioso. Ele jogou a mochila no banco de trás do carro e encostou no carro provavelmente estava me esperando. Chegamos perto do carro e ele nos fuzilou com o olhar.

_Por que você demorou?

_Hei calma eu estava vindo pra cá.

_Hum.

_É...

_O que foi?

_Eu vou dar uma passadinha na casa da Vitoria antes de ir pra casa. Então eu queria pedir pra você levar

os pequenos pra casa.

_O que? - a não agora ele iria me matar.

_É serio. Não é pra brincadeira não. Por favor Lu.

_Quando chegarmos em casa vamos conversar.

Foi o que ele disse. Logo depois entrou no carro e bateu com tanta força que nos fez tremer. Entramos correndo no carro e Lucas acelerou.

Ele parou em frente a casa da Vitoria. Assim que paramos pude ver que ela começou a tremer pelo sussurrei um ''calma'' baixinho e depois saímos do carro.

_Não demora. Tchau Vick.

Disse meu irmão mais velho acelerando novamente o carro.

_Que Deus o proteja.

_Não vai acontecer nada.

_Não se esqueça que meus pais morreram em um acidente de carro. E eles nem estava indo rápido. Foi o outro carro.

_Desculpe.

_Tudo bem. Me desculpe você. Você já deve estar nervosa o suficiente.

Vick só assentiu com a cabeça. Eu segurei sua mão e caminhamos em direção para a nossa execução. Sei que pode parecer exagerado mais na hora foi o que pareceu. Paramos na porta e respiramos fundo. Vitoria abriu a porta tremendo. Assim que estramos vimos sua mãe Carla cuidando das rosas na mesinha de centro da sala. Assim que nos viu abriu um enorme sorriso. Sorriso esse que logo seria quebrado pela noticia que veria agora.

_Olá meninas. Bem vindas.

_Mamãe, eu, preciso conversar com a senhora.

_O que foi?

Nos sentamos no sofá e eu apertei firmemente as mãos da minha amiga que não parava de tremer.

_Eu, preciso contar uma coisa.

Ela disse pausadamente e eu pude perceber algumas lágrimas brotando de seus olhos.

_O que foi querida? O que aconteceu?

_Eu... eu, estou... grávida.

_Oque?

Carla ficou pálida. Parecia que ela iria desmaiar ali na sala.

_Como? Co-como isso foi acontecer.

_Me desculpa. Eu não tomei cuidado e aconteceu.

_Aconteceu? Como você pode ser tão irresponsável!

_Desculpa mãe.

Vitoria agora estava chorando e Carla se levantou e colocou uma das mãos na cabeça como se estivesse querendo achar uma solução para tudo aquilo.

_Eu já sei. Você vai tirar, essa, essa coisa.

_Coisa? Como assim coisa? É o seu neto! Como pode chamá-lo de coisa.

_Calada menina! Você não sabe de nada. Sabe como isso vai arruinar nossa família? Tudo esta perdido.

Oque os vizinhos vão pensar? Minha carreira, minha vida! Tudo esta arruinado e graças a você.

_Me desculpe mãe.

_Você vai tirar essa criança.

_Não.

_Oque?

_Eu não posso. Ele é o meu bebê. Eu, eu não posso.

_Então você não vai ficar na minha casa. Se quiser criar essa criança vai ser na rua.