Amélie

Despertar


Os motoristas insistiam em parar seus carros acercando o corpo da menina nada janota estirada na estrada. A arma causadora de tanto sofrimento encontrava-se firmemente presa em uma de suas mãos gélidas estendidas ao lado de seu corpo; o instrumento fora furtado depois de noites de completo desespero em que chorara por seu amado. Mas sempre fora muito mais que isso, ela sempre fora muito mais do que o mundo estivera preparado para lidar. Quando estava aprestes a disparar seu único tiro, quando a última memória havia varrido sua mente, ela soube. Soube que poderia parar todo seu sofrimento, soube que poderia esquecer coisas das quais nunca seriam capaz de fazê-lo em sua sã consciência. E ela então o fez. Pessoas correriam de um lado a outro procurando os indivíduos que haviam-lhe deixado em seu último momento. E na manhã seguinte uma mulher em torno de seus quarenta anos receberia a notícia de que sua filha estava morta. Suicídio, lhe disseram. E na manhã seguinte as lágrimas ainda não teriam deixado os olhos de Joan Fontaine ao lembrar-se do ocorrido. Ela sempre estivera presa em um de seus pesadelos, até que percebeu que ele nunca encerrou-se quando abriu seus olhos.

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