Anna e Kristoff estavam parados nas margens do Fiorde. Eles gostavam de passar os finais de tarde sentados conversando, namorando, longe dos olhares atentos de Elsa. Não que ela os controlasse, mas Anna desconfiava que a irmã se sentia incomodada com a presença deles. Então, quando estavam perto da rainha de Arendelle, os dois mantinham certa distância, apesar de serem sempre carinhosos um com o outro.

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Ela também queria conversar a sós com o noivo para organizar melhor os preparativos do casamento, que seria em breve, e sobre seu trabalho como entregador de gelo do reino. Logo ele teria outras tarefas. Teria um reino para comandar ao lado de Anna e sua irmã.

Os portões agora nunca se fechavam e Elsa se preocupava muito com seus súditos. Não queria que nada lhes faltassem. Mas ela precisava também se preocupar com as encomendas para outros reinos amigos e tratados internacionais. Assim que Anna e Kristoff voltassem de sua lua de mel, concederia aos dois, tarefas diplomáticas. Com certeza eles eram melhores qualificados que ela no trato com as pessoas.

Há tempos vinha se sentindo sozinha, principalmente depois que Anna anunciou seu noivado. Ela estava feliz pela irmã, claro, mas temia que, após o casamento, Anna quisesse se mudar para algo mais parecido com ela. Elsa, inclusive já providenciara tudo. Um chalé romântico e aconchegante que achou a cara de Anna. Só estava adiando a entrega do presente.

– Elsa, vem, vamos, já está na hora! – Anna entrou na sala do trono, como sempre parecendo assustada.

– Me desculpe, mas... Hora para quê, exatamente? – Elsa falou como uma rainha deve falar, baixo, mas compreensível.

– Ora deixa de coisa, vem logo... Vamos visitar os trolls lembra? Kristoff disse que eles querem conversar conosco.

– Anna, eu ainda tenho que...

– Ai, vem logo! – Anna falou puxando a irmã como geralmente acontece.

O grupo chegou à colina dos trols pouco antes do meio dia. Era um dia quente de verão e Anna queria saber logo o que o rei tanto queria falar com elas. Como de costume, Kristoff foi na frente para que ele pudesse tentar controlar todos os outros. Eles ficavam animados quando ele aparecia e geralmente o cobria de joias recém garimpadas. Elsa e Anna vinham logo atrás, seguidas de Olaf, que adorava fazer uma visita às suas amigas pedras.

– Meus queridos, que bom que vocês vieram logo. – Falou o rei animado, porém com a expressão preocupada.

– Aconteceu alguma coisa, papa? – Kristoff perguntou sentando-se perto dele.

– Ainda não, meu filho, mas seu reino, rainha, receberá uma visita que mudará sua vida para sempre.

– Uma visita? – Elsa parecia preocupada agora. – Por favor, não me diga que é mais de um dos irmãos do Hans. Já vieram cinco me propor casamento e...

– Não filha. É alguém que será um poderoso aliado, mas cuidado, você terá que ganhar sua confiança.

– Aliado? Então, é homem?

– Sim, mas ele também trará um grave perigo não só para Arendelle, mas para o mundo todo. E você minha filha, será a única que poderá guia-lo de volta para o caminho do bem.

– Papa, esse perigo...

– Somente você filha, poderá saber controla-lo. Uma nova era do gelo se aproxima do mundo. Tome cuidado. Lembre-se de acreditar em você, nos seus amigos, sua família e principalmente, no seu coração. Agora vão, ele não tardará em chegar.

Mais tarde, no castelo, Elsa estava andando de um lado para o outro em sua biblioteca tentando entender o aviso do rei troll, mas nenhum livro parece capaz de dizer, com precisão o que estar por vir para seu reino.

– Ainda aqui? – Anna entrou na biblioteca levando para Elsa uma xícara de chocolate quente.

Sua irmã quando colocava alguma coisa em sua cabeça dificilmente mudava de ideia. Na volta da colina, ela decidira avisar a todos no reino para se protegerem. Cogitou fechar os portões, mas a promessa que fizera para Anna de nunca mais fechar os portões seria cumprida. Mandou seus empregados fazerem reserva de comida e água portável que desse para suprir o reino todo. Anna achou um pouco de exagero da irmã, mas não falou nada.

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Ela mesma ficara preocupada com o aviso, mas confiava na sua irmã, sabia que Elsa daria um jeito. Mesmo assim, mandou mensagem para seus novos amigos se eles sabiam de alguma coisa, mas nada. Anna estava preocupada mais com Elsa que com o que poderia acontecer.

– Anna, eu não consegui achar nada que pudesse me falar quem seria capaz de trazer uma nova era do gelo para o mundo e...

– E agora, você vai relaxar e tomar uma xícara de chocolate. – Anna falou tirando o livro que Elsa estava lendo.

– Mas Anna...

– Mas nada, relaxe um pouco. Você vai dar um jeito.

– Como você sabe disso? E se eu não for capaz...

– Elsa, você congelou a cidade toda e soube reverter a situação. Eu sei que você vai fazer a coisa certa. Agora tome um pouco disso e coma um pouco. Você passou o dia aqui. Amanhã você continua.

Diante da insistência da irmã, Elsa guardou todos os livros e foi tentar relaxar. Um bom banho antes de dormir seria ótimo. Apenas deixou alertado os guardas do portão para qualquer coisa suspeita, e se precisassem que a chamassem.

Os guardas ficaram atentos para qualquer coisa estranha. A noite estava com lua, clara e podia se ver a cidade toda e boa parte do Fiorde. Mas, mesmo sendo uma noite tranquila, pode-se notar que em alto mar as coisas estavam movimentadas. Eles olhavam a tudo receosos que aquilo poderia trazer problemas.

O dia amanheceu sem nenhum incidente. Na troca de turno os guardas relataram o que acontecera a noite. A guarda matutina foi fazer sua ronda nos arredores do reino, principalmente as margens do Fiorde mais afastadas. Nas montanhas também estava tudo tranquilo. Mas o mar ainda continuava agitado. Isso não era normal. Um grupamento foi designado para navegar até os limites do reino para saber o que poderia estar causando toda aquela agitação, mas antes mesmo de eles embarcarem, o mar de repente se acalmou.

– Isso é muito estranho. Rápido, vá avisar a rainha do que aconteceu. – O chefe da guarda ordenou.

– E o senhor?

– Eu vou assim mesmo.

– Me permita ir também, meu senhor! – Dois guardas pediram o que foi concedido. Junto os três embarcaram e começaram a vasculhar a área aos arredores de Arendelle.

– Bem, parece que está tudo... – O chefe começou a falar quando avistou algo estranho numa das margens próximo ao castelo. – Rápido, vamos ver o que é aquela coisa. – Ele ordenou ao piloto.

À medida que o barco se aproximava da margem, a figura ia se parecendo cada vez mais com uma pessoa. Assim que o barco atracou, o chefe notou que era um rapaz todo machucado, com suas roupas rasgadas, mas ainda respirando. Ele chegou perto devagar e examinou para saber se ele ainda estava vivo.

– Ainda está respirando, com dificuldade, mas está. Rápido, peguem a maca no quarto vamos leva-lo para a área hospitalar do castelo. Vamos rápido com isso, sinto que ele não tem muito tempo. – O chefe falou pegando a maca e colocando o rapaz com cuidado em cima.

– Chefe... O senhor notou que ele tem a cor de cabelo parecida com a rainha?

– Sim, mas isso é o de menos agora, primeiro quero salvar a vida dele. Vamos, rápido. Piloto, para o porto o mais rápido que você puder.

– Sim senhor.

Assim que o barco atracou, uma equipe médica já estava pronta para receber o ferido. Assim que o viram todos começaram a comentar a cor do cabelo dele. O chefe da guarda se irritou e mandou que ele fosse logo levado para o hospital. Ele precisava de medicamentos e ele desconfiava que o rapaz estivesse com a perna quebrada.

– Chefe, por que o senhor está querendo cuidar tanto dele? – Um dos guardas perguntou.

– Porque eu quero saber quem ele é e o que está fazendo aqui, cabo. – O Chefe falou acompanhando o acidentado até o hospital.

Assim que a notícia chegou aos aposentos reais, Elsa correu para o hospital. Não era normal encontrar uma pessoa com a cor de cabelo igual ao dela. Seria possível haver mais alguém como ela, afinal de contas? Mesmo sob protestos dos seguranças, Elsa entrou sozinha na área em que estava o rapaz.

Os médicos estavam terminando de imobilizar a perna dele. Assim que o viu, Elsa sentiu seu coração disparar. Colocou a mão em seu peito por não entender porque aquilo acontecera. Lentamente foi se aproximando dele. Realmente, seu cabelo era tão branco quanto o dela, ou melhor, mais branco, aprecia um tapete de neve. Sem contar que suas feições eram gentis.

Num impulso que não pode controlar, Elsa esticou sua mão no intuito de tocar nos cabelos dele. Soltou um grito quando sentiu as mãos geladas, gentis, mas extremamente fortes segurarem seu braço.

– Por favor, moça, não faça isso. – O rapaz falou com a voz fraca. – Não gosto muito que toquem em meu cabelo. – Ele falou abrindo os olhos e olhando diretamente para ela. Elsa sentiu que ele estava tentando penetrar sua alma com aqueles olhos azuis.

– Me solte insolente. – Elsa falou puxando o braço. Ela respirava fundo e não estava entendendo porque.

– Desculpe mo... – Ele ia falando mas parou assim que fixou os olhos na coroa de Elsa.

– O... O que você está olhando? – Elsa perguntou nervosa.

– Onde estou?

– Em Arendelle, sou a Rainha Elsa e exijo saber se você veio à mando de Hans.

– Quem? Onde? – Ele pareceu confuso enquanto se sentava. Elsa instintivamente se afastou rapidamente dele. – Que roupas são essas? Como cheguei aqui? Onde está o Breu? – Ele começou a fazer uma pergunta atrás da outra tentando se levantar, mas estava muito fraco para isso. Um médico o segurou antes de cair no chão.

– Calma rapaz, você sofreu uma queda feia, apesar de ninguém saber de onde foi. Seu braço está quebrado e você está com duas costelas lesionadas.

– Droga, onde estão meus amigos?

– Como você se chama? – Elsa perguntou se reaproximando dele. – Como chegou aqui?

– Rainha, não me leva a mal não, mas quem deve respostas é você.

– Mais respeito ao se dirigir a rainha, abusado. – O Chefe da guarda falou assustando a todos.

– Tudo bem. Você está em Arendelle. Foi encontrado desacordado numa das margens do Fiorde por nosso chefe da guarda que o trouxe para cá. Não sabemos nada sobre esse tal Breu, que você falou, mas não vamos lhe causar mal, a não ser que seja necessário. – Elsa falou altiva.

– Meu nome é Jack. Jack Frost. E vim... do Norte. – Ele falou suspirando e adormecendo.

– Mas... O que aconteceu? – Elsa perguntou assustada.

– Nada majestade. Ele apenas adormeceu. Vamos deixa-lo descansar um pouco.

– Sim. Certo. – Elsa falou passando a mão levemente nos cabelos brancos dele. Depois deixou-o aos cuidados dos médicos com a ordem de assim que ele acordasse e tivesse em condições que fosse mandado à sua presença.