Mariana obedecia a todas as regras preestabelecidas quando foi contratada: era uma funcionária pontual, desempenhava suas funções corretamente e nem a timidez se fazia notar quando focava a energia no trabalho. Enquanto muitos de seus colegas inventavam até moléstias para faltar, ela chegava mais cedo e gostava daquele tempo em que colocava o fone de ouvido e escrevia.

Escrevia, sim. Poemas, pensamentos, frases aleatórias. Desafogava a alma. Antes sonhava com histórias de amor, finais felizes, todavia nos últimos tempos seus pensamentos eram sombrios. Ainda flertava com a ideia de partir sem deixar um só bilhete, um mísero rastro de sua pretensão. Não implorava por salvação. Ninguém poderia resgata-la do inferno que significava ser Mariana.

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A isso chamavam de viver no tal do piloto automático? Cumprir os dias sem apreciá-los de verdade? Sem sentir-se útil e necessária em algum lugar? Para alguém? Aquela sensação de que algo dentro de seu coração se quebrou e ninguém pode consertar? A de todos os dias eram nublados, por mais que o sol brilhasse radiante fora do escritório?

Nada disso importava... ao menos para Mariana, convicta de que era invisível demais para que alguém notasse sua ausência. De qualquer forma, era tarde. Muito tarde.