Amor de Verão

Uma História Triste e Bonita


A expressão de Naruto fica mais interrogativa ainda. Hinata o encara, vermelha, e repete:

- É normal ou não? Você não fica nervoso quando faz isso?

A moça sentia-se estúpida por fazer essas perguntas, mas a curiosidade falou mais alto.

Naruto piscou rápido os olhos diversas vezes, tentando assimilar o que acabara de ouvir. E continuava a ser encarado.

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- O-olha... Eu... E-eu nunca tinha feito uma respiração boca-a-boca antes. Agi por impulso... Tive um forte instinto de proteção em relação a você, então não deu pra segurar... Quando vi, já estava lá tentando te salvar. Mas sim, eu fiquei nervoso, muito sem-graça, e... M-meu coração até acelerou... Desculpa se te ofendi quando brinquei dizendo que você podia se afogar de propósito só pra ter um bis, eu só queria descontrair o ambiente... E é claro que, pra mim, não é normal sair por aí fazendo respiração boca-a-boca em todo mundo. Mas, se isso também te ofendeu, perdão. – respondeu, com um leve tom de mágoa na última frase.

- N-não é isso!

- O que é então? – quis saber, cruzando os braços.

- É-é-é que... Er... – ela suspirou, nervosa – T-tenho vergonha de falar.

O rapaz levantou seu rosto com a mão, segurando-o pelo queixo.

- Qual o problema, Hinata-chan? – perguntou mansamente, fitando-a com seus intensos e hipnotizantes olhos azuis.

- Respiração boca-a-boca é beijo??? – soltou de uma vez, desviando o olhar em seguida.

- Uh?! – aquilo pegou Naruto de surpresa – Teoricamente, não... Eu acho, hehe... Por quê?

- E-eu... É q-que eu... Nunca... – ela hesitou, abaixando os olhos.

- ...nunca beijou?

Ela assentiu com a cabeça, ainda olhando para baixo.

- Ah... Por isso ficou tão preocupada, é? Saquei...

A face de Hinata queimava de tão rubra.

- Sua boba... Claro que isso nunca vai poder ser chamado de beijo! – ele lança uma piscadinha – Se quiser, um dia te mostro o que é um beijo de verdade! Hehehehe! Opa, brincadeira, tá?

Não importa se era brincadeira: aquilo foi o suficiente para fazer Hinata tremer de tanto nervosismo e seu coração alcançar uma velocidade absurda.

- V-você tá bem? – o rapaz indagou, preocupado – Quer sentar de novo naquele banco?

- S-s-sim, p-por favor... – respondeu, gaguejando mais que o normal.

- Vamos, minha dama. – disse, oferecendo o braço como um príncipe ofereceria para uma princesa apoiar o dela.

E assim Hinata o fez.

Quando ela conseguiu se acalmar, eles enfim estavam andando de volta até o restaurante. Rindo, os dois conversavam no caminho. Os assuntos vinham naturalmente.

O prato deles havia chegado apenas uns dez minutos antes de regressarem. Com os demais, saborearam a comida.

Dali, todos seguiram para a casa-de-praia.

Ao deitarem para dormir, Ino comunicou:

- Meninas, tomei a iniciativa e convidei “ele” pra sair.

- E aí??? – as outras duas indagaram, animadas.

- E aí que... Ele aceitou! Vamos sair amanhã!

- NHAAAAAAA! – Sakura tentou abafar os gritos.

- Que ótimo, Ino-chan! – exclamou Hinata.

- Ah, e ele sugeriu que a gente fizesse um “encontro de casais”, Sakura.

- Hum... Sasuke-kun disse que queria passear comigo amanhã, então... Tudo bem!

- É, mas... Como ficaria chato a gente sair e “abandonar” o Naruto e a Hinata... Ele deu uma idéia.

As duas se entreolharam e depois encararam Hinata, cuja face já estava escarlate.

- Você se importa? – Sakura perguntou cuidadosamente – Tá, hoje vocês deram um pequeno passeio quando fomos no restaurante, mas... Dessa vez vocês teriam que passar mais tempo juntos...

- Não se sinta pressionada. – disse Ino – Só vá se quiser.

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Hinata havia esquecido que isso poderia acontecer quando Ino chamasse Shikamaru para sair. E, uma hora ou outra, será inevitável que os respectivos casais se separarem para terem um momento a sós (mesmo que ela e Naruto não sejam um “casal oficial”).

- T-tudo bem. Eu vou.

As outras duas sorriram, ao mesmo tempo que ficaram preocupadas. Conheciam o histórico amoroso de Hinata: já se apaixonara, mas nunca tivera um encontro. E era muito tímida para essas coisas.

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Mais uma vez, Hinata foi a primeira a acordar. Resolveu fazer o que não pôde no dia anterior: balançar na rede.

Passou pela cozinha, cumprimentou a empregada - cujo nome agora ela já sabia (Shizune) -, e praticamente se jogou na rede ao chegar na varanda. Deu impulso, e logo já estava balançando.

“Como não conversamos muito dessa vez, os meninos devem ter conseguido dormir...”, ela pensou, rindo. “Falando neles... É hoje que...”

Enrubesceu. Teria seu primeiro encontro.

- A-acho... Que não estou preparada... – “pensou alto”, de olhos fechados.

- Pra quê?

Ao ouvir aquela voz, a Hyuuga deu um pulo, quase caindo da rede. Mas o dono da voz segurou-a envolvendo suas costas com um dos braços.

- Te assustei de novo? Foi mal, hehe...

Ela o encarou. O rapaz estava inclinado sobre ela, ainda segurando-a com um braço só. Olhar no fundo daqueles olhos azuis era como olhar o mar, ainda mais estando tão próximos dela.

- E-estou bem.

- Hum... – ele a soltou com cuidado – E aí? Vamos pro seu treinamento ou você quer ficar um pouco aqui?

- Q-quero ficar aqui.

- Então, tá. – ele deu um sorriso desconcertante – Se importa se eu ficar aqui com você?

Ainda rubra, ela balançou a cabeça negativamente, e o loiro sentou-se ao seu lado.

- Não está com frio? – ela perguntou, pois o céu estava nublado, uma brisa gélida passava pelo local e Naruto estava só de calção.

- Hehe... Faça chuva ou faça sol, se tiver uma praia por perto, vou estar sempre pronto pra ir lá a qualquer hora!

- Nossa... Isso que é gostar de praia!

- Pois é... Mas vai dizer que não tem um biquíni debaixo desse vestido?

- Haha, pior que tem...

Os dois riram.

Ali, balançando, conversaram sobre tantas coisas que nem viram o tempo passar.

De repente, Sasuke surgiu na porta da varanda.

- Ah, então aí estão vocês! Venham comer alguma coisa se pretendem surfar. Todo mundo já acordou.

- T-todo mundo? – indagou Hinata, surpresa.

- Sim.

Então, os dois foram tomar café-da-manhã com os demais. Em seguida, todos foram à praia, mesmo sem muito sol por causa das nuvens escuras. Hinata estava se sentindo estranha, com um mal-estar, mas resolveu ignorar.

- A previsão do tempo disse que nuvens carregadas estão se aproximando da região, mas que não vai chover hoje. Talvez chova só amanhã. – Mikoto comentou.

- Poxa... Justo quando a gente vem pra cá... – lamentou Kushina.

- Ah, querida, vamos aproveitar enquanto não chove! – Minato disse, animado.

- Hehe... Tem razão, meu amor.

Então, foi mais um dia na praia. Sakura surfava com Sasuke, Shikamaru ensinava Ino a surfar, e idem a Naruto em relação à Hinata. Mas a Hyuuga logo parou, apoiada na prancha.

- Naruto-kun, não estou me sentindo muito bem...

- O quê??? O que houve???

- Não sei... Mas quero descansar um pouco...

- Tudo bem.

Eles nadaram até a areia, onde Hinata estendeu sua tanga e sentou sobre ela. Naruto perguntou se podia sentar ao seu lado, e ela disse que sim.

- O que será que você tem?

- Não sei... Mas estou morrendo de frio... – disse, enrolando-se em sua toalha.

- Mas é normal sentir isso assim que saímos da água... E hoje ainda tá meio nublado...

- Eu sei... Mas... Acho que estou sentindo mais que o normal...

- Que estranho isso... Prefere ir tomar banho e trocar logo de roupa então?

- Não, não... Tudo bem... Fico por aqui...

- Você que sabe... Então, vamos mudar de assunto: Hinata-chan, já decidiu qual vai ser sua profissão?

- Hã? – ela ficou surpresa com a pergunta inesperada – Sim... Quero ajudar crianças, então...!

- Jura??? Legal, eu também quero ajudar crianças!

- Que coincidência!

Ambos sorriram um para o outro.

Então, Naruto lembrou que havia interrompido Hinata.

- Ih, foi mal, nem te deixei terminar de falar! – uma gota surge nele.

- Ah, sim! Naruto-kun... E-eu quero ser pediatra.

- Ah, você vai ser uma ótima pediatra! – ele garantiu, com um sorriso que transmitiu confiança a Hinata, que corou.

- O-obrigada... E você, vai ser o quê?

- He... – ele olhou para o mar – Quero ser professor de natação. E também, com isso, aproveitar pra ensinar as crianças como se virar no mar.

- Hum... – Hinata o fitou, intrigada.

- Sabe o que me fez escolher isso? – pergunta, voltando a fitá-la.

- Não... M-mas eu gostaria de saber.

O loiro sorriu e pousou os olhos sobre o mar novamente.

- É que, quando eu tinha seis anos, não sabia nadar direito. Mas, mesmo assim, meu pai me levou à praia. A gente entrou na água, na parte rasa, e fomos jogar vôlei ou algo do tipo. Teve uma hora que bati muito forte na bola e ela foi parar meio longe, atrás do meu pai. Ele foi pegá-la e eu, teimoso, quis saber até onde eu conseguia andar até as partes mais fundas. Acabei sendo levado por uma onda, que eu não tinha visto se aproximar, e gritei. Meu pai correu até mim, desesperado, mas eu afundei antes dele conseguir se aproximar. Foi aí que uma mulher pôs uma menina da minha idade no colo do meu pai e mergulhou pra me salvar. Essa menina era filha dessa mulher, que era viúva. O marido tinha morrido afogado quando a filha tinha pouco mais de dois anos. Ela tava brincando na areia com a filha e, quando viu que o marido tava se afogando, não pôde ajudar porque não sabia nadar. Desde então, ela resolveu fazer natação e aprender como evitar afogamentos, assim como evitou o meu. E meu pai também era viúvo, porque minha mãe morreu no parto quanto me teve. Um ano depois, meu pai e essa mulher se casaram.

- Quer dizer que essa mulher e a filha dela são...???

- Isso mesmo: minha nova mãe, Kushina, e minha irmã de consideração, Sakura-chan!

- Nossa! Que história!

- É! Hehe!

- Eu sempre quis saber como vocês viraram irmãos, mas nunca dava pra me contarem... Hehe... E agora entendi sua motivação: você quer seguir o exemplo da Sra. Uzumaki, mas, em vez de ser tipo um salva-vidas, quer é prevenir os afogamentos, em especial os de crianças!

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- Acertou!

- Isso é muito legal da sua parte! Você tem todo o meu apoio!

- Valeu! E você parece bem empolgada! Agora, tenho mais uma motivação: mostrar que você não me apoiou à toa! – ele finalizou dando uma piscadinha, sorrindo.

- Uh?! – Hinata sentiu sua face ferver – Aaah, d-desculpa se me empolguei... – disse, nervosa, batendo os dedos indicadores - É que... E-eu... Eu realmente achei muito legal e...!

- Hahahahaha! Calma, Hinata-chan!

Ela olhou para o lado oposto ao que Naruto estava, envergonhada.

- Você não precisa se preocupar tanto com o que os outros dizem, sabia?

- D-descul...!

Naruto segurou-a gentilmente pelo queixo e a fez olhar para ele.

- “Tem razão”.

- Hã???

- Em vez de se desculpar, diga: “Tem razão”.

- T-tem razão.

- Viu? Pode se empolgar o quanto quiser. E, se te tratarem mal, ignore. Não fique se sentindo inferior. Peça desculpas só se for necessário.

- Me desc..., digo, tem razão!

- Haha, assim que eu gosto!

Naruto soltou o queixo de Hinata e bagunçou um pouco a franja dela.

- Vamos beber alguma coisa? – ele disse, ficando de pé – Me dê sua mão que te ajudo a levantar!

- T-tá. – Hinata obedece, um pouco vermelha.

Ao caminhar até a casa-de-praia com Naruto, a jovem pensava, admirada, na história que tinha ouvido. Era triste por um lado, mas bonita por outro.

Porém, de repente, aquele mal-estar voltou. Sentia a pele arder.

- P-peraí, Naruto-kun...

- Hã? O que foi??? Você tá muito vermelha!!!

- Ai, que friiiiio...

- Calma, calma... Vem... Se apóia no meu ombro...

Atrás deles, Kushina veio.

- Eu estava ali na água com seu pai e os pais do Sasuke e vi que a Hinata parou de andar do nada... Ela está se sentindo bem?

- Acho que sim, mãe, mas não sei o que é...

- Hum... – ela coloca a mão na testa de Hinata, depois em sua bochecha – Céus! Está queimando! Será que é frebe???

- Quê??? – ambos arregalaram os olhos.

- M-mas ela sempre fica vermelha do nada, e... E...

- Temos que tirar a temperatura! Vamos logo!

Ao adentrarem a casa, Kushina ficou na porta do banheiro enquanto Hinata tomava banho (porque, caso ela passasse mal, já haveria alguém por perto para socorrê-la), e Naruto ficava andando de um lado pro outro na sala, aflito, tendo em volta do pescoço a toalha que havia usado para se secar.

Quando Hinata saiu do banho, vestindo um pijama, e deitou em sua cama, Shizune já estava lá no quarto com um termômetro em mãos. Kushina e Naruto foram para lá também.

O termômetro marcava 38,5 graus. Era uma febre moderada, mas era febre. Hinata teria que ficar em casa descansando, ou seja, não poderia sair com os amigos mais tarde.

E isso entristeceu tanto ela quanto Naruto.