Amor Por Acaso

Capítulo 50


Hermione mal conseguira dormir aquela noite. Sua cabeça parecia estar cheia demais para descansar. Pensava em como Rony havia sido sincero quando conversaram. O ruivo parecia ter certeza do que sentia e isso só fazia com que ela se sentisse pior.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Pensou na conversa que teve com Astoria. A amiga havia lhe ajudado a ver o lado positivo e negativo da situação.

Flashback

— Por que não vemos os dois lados da situação? - Perguntou Astoria servindo um copo de água para a amiga — Quem sabe não ajuda?

— Prossiga… - Pediu Hermione interessada na ideia.

— Vou te fazer umas perguntas e você me responde sinceramente, ok? - Indagou esperando que Hermione concordasse, quando a outra acenou, prosseguiu — Ele beija bem? - Perguntou certeira.

— Astoria! - Exclamou corando levemente. Quando percebeu que a amiga falava sério, respirou fundo e respondeu — Sim, muito…

— Então temos um ponto positivo. - Disse calmamente — Mas por outro lado, Rony é um pouco lento…

— Hum… - Foi só o que Hermione conseguiu dizer.

— Vocês ficaram muito amigos, acho que isso é outro ponto positivo, certo?

— Talvez… - Disse Hermione incerta — E se percebermos depois de tudo que deveríamos ter ficado só amigos mesmo?

— Então você vai ter feito um favor enorme a um grande amigo seu. - Respondeu rapidamente.

— Astoria! - Hermione exclamou, chocada.

— O que eu disse demais? Eu já tive uma amizade colorida, não vejo problema nenhum.

— E se ficar um clima esquisito entre nós?

— Acho que vocês dois são bem grandinhos pra passar por isso, não acha? - Questionou Tory em meio a um suspiro — Outro ponto positivo é que o Rony é realmente muito bonito, não é?

— A beleza não é tudo nessa vida, Tory…

— Pare de ser besta! - Exclamou jogando o travesseiro em Hermione — Eu sei que a beleza não é tudo, mas é de grande ajuda. Sem contar que você já conhece o Rony, sabe que além de bonito ele é uma ótima pessoa.

— Sim, tem razão…

— Sempre tenho. - Disse em voz baixa — Um ponto que pode ser negativo é que, como ele nunca transou com ninguém, pode não mandar muito bem na hora…

Hermione encarou a amiga por um segundo e percebeu como aquela situação pareceria ridícula aos olhos de outras pessoas.

— Mas por outro lado, você poderá ensinar as coisas a ele…

— Não quero ensinar nada a ninguém! - Exclamou com a voz esganiçada — Astoria, eu não sei se quero continuar com esse assunto.

— Olha, Mione, você sabe que por mais que eu esteja fazendo isso tudo, a decisão tem que partir de você, certo? - Perguntou séria — No fim, não serão os pontos positivos e negativos que vão decidir o que você vai fazer, mas sim o que você sente pelo Rony.

— Deveria ser fácil, não? - Hermione indagou sem encarar a amiga — Rony é um cara incrível e parece gostar realmente de mim…

— Sem contar que você já tentou dormir com ele antes… - Comentou Astoria que se calou rapidamente após receber um olhar ferino.

Fim do Flashback

Hermione foi retirada de seus devaneios pelo toque do seu celular. Olhou sobressaltada e percebeu que quem ligava era Harry.

— Oi Harry, tudo bem? - Perguntou tranquilamente.

Mione, o Rony tá com você?— Indagou a voz metálica aflita.

— Não… Ele deve estar no quarto dele. O que aconteceu? - Questionou ao perceber que o primo falava mais rápido que o normal — Tá tudo bem com você e com a Gina?

Não aconteceu nada com a gente, o Neville está procurando o Rony, mas ele não atende o celular.

— Aconteceu alguma coisa com a Hanna?

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

Não sabemos, estamos indo pro hospital agora.

— Vou passar no quarto do Rony e encontramos vocês no hospital, tudo bem?

Ok, vou avisar ao Neville. - Concordou ele antes de desligar a ligação.

(...)

Rony dedilhava o violão tranquilamente. Pensava na conversa que tivera com Hermione e no beijo que haviam dado. No mesmo instante sentiu as orelhas esquentarem. Como conseguiu negar para si mesmo o que sentia por ela?

Perdido em pensamentos, demorou a perceber que alguém esmurrava a sua porta. Deixou o violão de lado e correu para a porta. Seu coração bateu forte e as orelhas esquentaram ao ver que Hermione esperava do outro lado com a respiração acelerada e o rosto corado.

— Mione, aconteceu alguma coisa? - Perguntou tentando ignorar os socos que o coração parecia dar em seu peito.

— Você não atende seu celular não? - Questionou com as mãos na cintura.

— Coloquei no silencioso hoje mais cedo pra tocar violão… Esqueci dele. - Explicou ainda sem entender o que acontecia — Você me ligou?

— Eu e todo mundo! - Exclamou ainda esbaforida — Precisamos ir pro hospital.

— Aconteceu alguma coisa com a Hanna? - Perguntou enquanto sentia a culpa o consumir.

— Não sei, o Harry só me disse que o Neville estava atrás de você, eles estão indo pro hospital.

— Vou colocar meu sapato e nós vamos também. - Disse decidido.

(...)

Assim que chegaram ao hospital, não demoraram muito para encontrar Harry e Gina que estavam sentados perto de Luna. Neville andava de um lado para o outro, estava pálido e parecia não dormir a dias.

— Ei, cara, como estão as coisas? - Perguntou Rony ao se aproximar de Neville.

— Estou esperando os médicos saírem daí de dentro pra me dar alguma notícia. - Respondeu ele visivelmente irritado.

— Estamos aqui com você, pro que precisar, sabe disso, não é? - Perguntou o ruivo passando o braço pelo ombro do amigo.

— Eu sei, cara, eu sei. - Disse Neville com os olhos fixos na porta.

— Senhor Abbott. - Chamou o médico ainda na porta do quarto.

— Ele saiu… Foi tomar um café com a esposa, mas pode me falar o que for. - Neville se sobressaltou nervoso.

— O senhor é…? - O médico perguntou e Neville novamente se irritou. Sempre que os médicos trocavam de plantão era a mesma coisa.

— Sou Neville Longbottom, o pai da criança.

Estranhamente ele começava a se acostumar com esse título. Já o havia repetido algumas vezes e a sensação de estranhamento já não existia. Se ele olhasse para Rony, veria que o mesmo não acontecia com o amigo, mas ele estava ocupado demais esperando aquele médico encontrar o seu nome na lista dos parentes de Hanna.

— Sim, sim… - O médico continuou — Estou vendo aqui… Sou o doutor Walsh. Assumi o plantão do doutor Smith. Gostaria de falar com o senhor em particular. - Pediu o médico enquanto se afastava do grupo que observava com atenção e preocupação.

Neville engoliu em seco e olhou para os amigos que lhe mostraram estar torcendo por ele. Era a primeira vez que conversava diretamente com os médicos. Sempre que os mesmos traziam notícias, quem as recebia eram os pais de Hanna. Sentiu um peso estranho sobre seus ombros. Uma sensação que ele não saberia explicar. Respirou fundo e caminhou sentindo que fazia um esforço maior que o normal para dar um passo seguido do outro.

Rony acompanhou o amigo com o olhar. Por mais que já tivessem passado quatro meses desde a descoberta da gravidez de Hanna, era a primeira vez que sua ficha caía de verdade. Neville ia ser pai e estava realmente feliz com a ideia. Olhando para os amigos ali sentados, percebeu que o sentimento de todos era um só: Que Hanna e o bebê estivessem bem.

Não demorou muito para que os pais de Hanna retornassem. O grupo viu o momento em que o casal se uniu a Neville e o médico plantonista. Todos podiam ver que o apenas o Dr. Walsh falava e tentavam forçar os ouvidos para tentar escutar qualquer palavra que fosse.

Alguns minutos depois, Neville pediu licença ao médico e ao casal Abbott e se aproximou dos amigos. Ainda estava pálido, e embora sua expressão estivesse mais leve, ainda mantinha o ar preocupado.

— E então, Nev, como eles estão? - Perguntou Luna se ajeitando na cadeira.

— Eu… - Começou ele respirando fundo — Eu vou ser pai de um menino! - Exclamou ele. Tentava reforçar para si mesmo tudo que havia ouvido do Dr. Walsh minutos antes.

Todos respiraram aliviados antes de se levantarem para abraçar o rapaz que sorria bobamente após dar a notícia.

— Parabéns, cara! - Comemorou Rony ao abraçar o amigo — Espero que puxe a Hanna, se for como você, estamos perdidos. - Brincou em clima de descontração levando os demais as risadas.

— Ei, Palito de fósforo… - Chamou Neville sem deixar o amigo se afastar — Acho bom não implicar demais com o seu afilhado.

Rony olhou para o amigo surpreso. Sem saber o que dizer, apenas o abraçou novamente. Não seria apenas tio, agora seria padrinho. Todos estavam boquiabertos, mas não poderiam imaginar outra pessoa para assumir aquele posto tão importante na vida de Neville.

— Agora que sabemos que a Hanna e o meu sobrinho estão bem, será que podemos saber o que aconteceu? - Indagou Gina após abraçar o rapaz.

— Bom… - Neville começou um pouco cabisbaixo — As coisas não estão tão bem assim…

— Como assim? - Gina continuou.

— Eu tentei falar com o Rony hoje mais cedo porque o outro médico disse que talvez, a Hanna sofresse um aborto espontâneo a qualquer momento. Eu não sabia o que fazer. - Todos permaneceram em silêncio esperando ele continuar — Ela teve contrações há algumas horas. Foi terrível.

Neville se sentou e apoiou a cabeça nas mãos. Os ombros dele mexeram levemente, mas ninguém comentou. Rony colocou a mão no ombro do amigo e quando ele olhou para o ruivo, os olhos vermelhos passaram despercebidos diante da expressão que ele tinha.

— Meus pais foram embora um pouco antes da Gina e do Harry chegarem e eu fiquei desesperado aqui sozinho… Esse médico novo falou umas coisas que eu não gostei - Respirou profundamente antes de continuar — A Hanna tem insuficiência renal crônica e isso impossibilita a gravidez. Ela está medicada, vai receber alta em três dias, mas vai ficar fazendo um tratamento. Ela não pode fazer diálise, acho que é esse o nome, por causa da gravidez, mas ela está entrando em uma fase de risco agora. A probabilidade de ocorrer um aborto entre o quarto e o sexto mês é de 60%...

Ele novamente escondeu o rosto nas mãos. Estava visivelmente cansado. Rony se abaixou em frente ao amigo. Ninguém falava nada.

— Mas há 40% de chances de não ocorrer nada - O ruivo começou — E eu tenho certeza que você vai cuidar muito bem dela para que nada aconteça.

— Se nada acontecer, vai ser marcada uma cesárea pra ela quando a gravidez completar 30 semanas. Meu filho ainda vai ficar um mês internado aqui…

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no +Fiction e em seu antecessor, o Nyah, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!

— Cara… É muito estranho te ouvir falar “eu sou o pai” e “meu filho” - Rony comentou — E eu quero estranhar isso pelo resto da minha vida. Nunca vou parar de te zoar. Pode acreditar nisso.

— Cara, se tudo der certo, você pode me zuar com o que quiser! - Exclamou Neville.

— Tudo vai dar certo, Neville - Luna falou sentando ao lado dele, o abraçando e lhe beijando no rosto com suavidade — Tenho certeza.

— Eu nem sei como agradecer a ajuda que vocês estão me dando… - Disse ele em voz mais baixa. A sensação de abraçar Luna era reconfortante.

— Sempre estivemos juntos, Don Juan de quinta - Disse o ruivo com um leve sorriso — Não seria diferente agora.

— E mesmo que a gente não estivesse sempre juntos de você... - Continuou Harry apontando para Gina e Hermione — Estamos agora.

— Olha… Faz tempo que tenho que suportar o Neville - Gina argumentou — Fale por vocês, Harry…

— Por que não voltamos ao sentimentalismo? - Perguntou Neville cruzando os braços — Estava melhor assim.

— Porque não dá pra ser sentimental com você por muito tempo, seu mané! - Brincou Rony que se aproximou do amigo para um abraço.

— Não pense que não percebi que tem algo diferente entre você e a Hermione, Palito de fósforo - Sussurrou Neville enquanto retribuía o abraço — Você vai ter que me contar tudo direitinho depois.

— Vá se ferrar - o ruivo respondeu ainda no abraço.

— Molenga… - Implicou ele.

— Quando vocês estiverem prontos para o beijo, me avisem. - Gina comentou segurando o celular apontado para os dois — Não perco isso por nada.

Os dois se largaram como um choque enquanto os outros sorriam. Rony percebeu que Hermione se mantinha calada e sentada em uma cadeira no canto enquanto observava tudo o que acontecia atentamente. Após se distanciar dos amigos, se sentou ao lado dela e chamou a atenção para si,

— Está tudo bem?

— Está… - Disse ela simplesmente — Eu só estou um pouco impressionada com essa situação da Hanna...

— É tudo meio repentino mesmo… Confuso. Mas sei que vai dar tudo certo no final.

Hermione encarou o ruivo sem saber o que dizer. Por um momento pensou se Rony se referia a situação de Hanna ou da situação dos dois.

— Eu quero te pedir desculpas, - Ele continuou — acho que você ficou um pouco impressionada com tudo o que falei também.

— Não se preocupe comigo, vou ficar bem. - Mentiu.

— Hermione, sei que o que falei hoje mais cedo foi inesperado pra você… Mas a última coisa que eu quero é que a gente se afaste. Quando te falei que você é especial e que seria bom que esse meu momento fosse com você, eu falava sério, mas eu sei que algo desse tipo não pode ser planejado ou agendado com antecedência e, por mais que essa não tenha sido minha intenção, eu te entendo por estar assim. Não quero que você se sinta pressionada a fazer nada só porque eu gosto de você ou te propus algo assim. Eu já esperei até agora - Sorriu para ela antes de continuar — Posso esperar um pouco mais.

Hermione permaneceu calada. Abria e fechava a boca tentando responder ao ruivo, mas simplesmente não conseguia. Antes que pudesse formular uma frase inteira, Rony sorriu mais uma vez e beijou sua bochecha. Se despedindo com um leve aceno, se levantou da cadeira e voltou para o grupo de amigos deixando Hermione sozinha, sem reação, apenas sentindo aquela constante e estranha sensação no estômago.