Amor Por Acaso

Capítulo 47


Já haviam se passado quatro dias desde a briga entre Rony e Córmaco no dormitório. O ruivo já estava se sentindo impaciente, pois desde o ocorrido, não conseguia falar com Hermione. Por mais que estivesse com vontade de procurá-la, resolveu respeitar o tempo que a morena havia pedido para si. Se colocou no lugar dela e percebeu que não era nem um pouco agradável ser agarrada pelo ex-namorado bêbado e em seguida vê-lo se atracando aos socos com o amigo no meio do corredor.

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Se sentia um pouco sozinho. Gina passava bastante tempo com Harry e ele sabia que se saísse com Tory e Draco, deixaria Hermione em uma situação desconfortável, e essa era a última coisa que desejava. Neville havia voltado para o Hospital. Hanna continuava internada e por mais que o moreno explicasse, Rony não conseguia compreender o que a garota tinha, só sabia que era algo sério.

Agradeceu mentalmente pelo Congresso Internacional de Computação pois era o motivo da maioria de seus professores do dia estarem fora. Aproveitaria seu tempo livre para passear pela universidade. Naquele momento se sentia sem paciência alguma para jogar no PC, e achava que andar o distrairia.

Enquanto caminhava, pensava em tudo que ele e Hermione haviam passado até ali. Quem sabe esse tempo longe um do outro serviria para colocar as coisas em seu devido lugar.

Afinal, o que ele realmente sentia pela morena? Todos ao seu redor repetiam sempre a mesma coisa, que ele estava apaixonado pela morena e que acabaria perdendo a oportunidade de estarem juntos se continuasse se conformando com a amizade entre os dois.

— Será mesmo que sou tão molenga assim? - Se perguntou soltando um riso pelo nariz antes de sentar no gramado — Talvez eu seja mesmo…

Ele olhou ao seu redor e percebeu aonde estava. Jamais esqueceria dos arredores do Instituto de Veterinária.

— Talvez meu subconsciente esteja querendo me mostrar alguma coisa… - Prosseguiu pensativo — Pense, Ronald, pense! - Exclamou batendo em sua cabeça na tentativa de fazê-la funcionar.

Os pensamentos da briga que teve com Córmaco vieram com força em sua memória. A maneira como o loiro segurava Hermione, como a beijava… O que ele sentia quando se lembrava era mais do que nojo daquele cara. Ele sabia que Córmaco não merecia Hermione, a morena merecia alguém especial e que a fizesse sorrir, mas só de pensar em vê-la com outro, já sentia as orelhas esquentarem e o coração bater mais forte.

— É, Ronald Weasley, não adianta mais negar… - Disse para si mesmo — Você realmente está apaixonado por ela.

O momento de aceitação veio junto com um sentimento de paz imenso. Era isso, ele não queria ser apenas amigo de Hermione, ele queria ser o cara que a faria feliz e tinha que mostrar isso a ela de alguma forma.

Ficou tentando pensar em algo que pudesse reaproximar a garota dele, mas não vinha nada à sua mente e depois de se cansar por pensar mais do que deveria para um dia de folga, resolveu ir embora, mas antes que pudesse se levantar, ouviu um miado alto e rouco perto dali. Pensou que talvez um gato indefeso estivesse preso em algum lugar e foi procurar, seguindo o som. Poucos instantes depois, deu de cara com o dono do miado desesperado. Era um gato alaranjado, meio pesado e aparentemente adulto. Não tinha coleira, mas parecia domesticado.

Rony o encarou e o gato o encarou de volta, observando o sorriso cheio de marotice que estampou o rosto do ruivo antes de ser pego em seus braços.

(...)

Rony se aproximou do Hospital Veterinário tentando segurar o gato em seu colo, mas o mesmo não cooperava e parecia não apreciar o seu meio de transporte. O bicho o encarava com um ar ameaçador de tempos em tempos e já havia arranhado uma boa parte dos braços e mãos do garoto que continuava seu caminho cheio de obstinação.

Se aproximou da recepção do hospital e pediu para ser atendido pelo setor de clínica. Não demorou muito para ouvir a voz de Hermione o chamar.

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— Ronald? - Indagou sem entender — O que está fazendo aqui?

— Vim trazer meu gato pra uma consulta. - Respondeu ele traquilamente, nunca havia sido tão cínico em toda sua vida.

— Seu gato? - Ela olhou dele para o animal em seus braços e continuou confusa — Não sabia que você criava gatos.

— Pois é, nos damos muio bem, não é amigão? - Perguntou ao gato que não esboçou reação.

— Hmmm - Hermione observou se aproximando dos dois, pegando o gato em seguida e o acomodando em seus braços — Não parecem tão amigos…

— Impressão sua… - Reforçou o ruivo tentando acariciar o gato, sendo arranhado sem o menor dó logo em seguida.

— Entendo… - Hermione sorriu discretamente, entendendo o jogo do ruivo — Vamos ver o que o “seu” gato tem. Depois eu faço uns curativos nesses arranhões que o “seu” gato te fez.

Ela começou a caminhar em direção ao consultório com o felino em seus braços. O animal havia se aconchegado completamente e agora ronronava tranquilo em seu colo. Assim que entraram no consultório, Hermione o colocou sobre a mesa e realizou uma série de exames rápidos para averiguar se a saúde do animal estava em dia.

— Seu gatinho parece bem - Ela falou sorrindo para o bichinho e acariciando sua cabeça — E ele é uma gracinha. Onde o tem escondido, porque nunca vi você com um gato aqui no Campus?

— Ah, sabe como são os gatos, não é? - Indagou se fazendo de desentendido — Vivem se escondendo por ai. — Concluiu sorrindo.

— Esse gatinho é bem peculiar - Falou enquanto buscava vermífugos — Não é fácil esconder um gato laranja e lindo como esse.

— Ele é muito esperto, não é cara? - Perguntou ao gato que lhe bufou em resposta — E então, ele está bem?

— Eu só preciso fazer algumas perguntas antes de confirmar qualquer coisa. - Respondeu a morena soando profissional — Sabe como é, nós precisamos colocar o histórico dele na ficha da clínica.

— Ah… Sim… - Rony ficou repentinamente sem graça — Claro. Pode perguntar o que quiser.

— Qual o nome dele mesmo? Não me lembro de você ter dito. - Perguntou interessada enquanto pegava a ficha de avaliação e a caneta.

— O nome dele? - Rony pensou rápido e associou algo — Bicho… Digo, Bichento. É um nome carinhoso, sabe…? Tem significado. Coisa de família mesmo.

— Um nome realmente… Peculiar. - Concordou ela — E quantos anos o Bichento tem?

— Quantos anos? - Ele coçou a nuca em sinal de nervosismo.

— Sim… Saber a idade é muito importante. - Ela disse séria — Sabe como é, existem várias doenças que são fatais e que vem com a idade.

— Sério? - Pareceu alarmado e respondeu depois de avaliar rapidamente o felino — Acho que uns 4 anos, mais ou menos. Não sei ao certo.

— Rony… Esse gato é seu mesmo? - Perguntou finalmente.

— Ah… - Sentou-se em uma cadeira resignado — Você tem que me dar créditos. Se não fosse esse vestibular felino minha ideia teria dado certo.

— Eu sabia! - Exclamou vitoriosa — Posso saber por que você trouxe esse gato aqui?

— Não é óbvio? - Perguntou olhando para ela, passando as mãos sobre os arranhões nos braços — Queria te ver. Falar com você. Ver se ainda poderíamos conversar ou se me odeia para sempre.

— Ora, Rony, pare de ser dramático! - Ralhou ela com as mãos na cintura — É claro que não odeio você. Eu só precisava digerir tudo o que aconteceu.

— E já digeriu? - Perguntou meio sem graça, com cara de pidão.

— Ainda estou em choque, mas acho que isso não vai passar tão cedo. - Disse sincera — Mas não quero mais ficar longe de você. Na verdade, eu não me irritei com você por causa da briga com o Córmaco.

— Não, né? - Ele falou meio envergonhado — Eu sei que não. Mas eu queria que me desse um minuto e eu te explico o que aconteceu.

— Por que não fazemos o seguinte: Eu encontro você mais tarde e nós conversamos. Estou no meio do expediente e ainda tenho pacientes pra atender. - Ela propôs simplesmente.

— Claro… Claro - Ele falou se levantando. Estava afobado e feliz, esquecendo-se completamente de seu gato — Eu te espero lá fora, na praça, pode ser?

— Combinado. - Concordou se aproximando do ruivo, colocando um líquido sobre as marcas de arranhão do ruivo — E Rony… O que você vai fazer em relação ao gato?

— Já deu pra perceber que ele não gosta de mim… - Falou observando a moça com carinho.

— Bom, isso é verdade. - Disse ela olhando para o gato que miou em resposta.

— Não sei… Acho que não é legal soltar ele de novo no Campus… - Falou pensativo observando o gato também — O que você sugere?

— Posso tentar encontrar um dono pra ele… - Sugeriu ela acariciando o felino que voltava a ronronar.

— Então por mim tudo bem - Rony concordou sem pestanejar — Pode fazer isso mesmo. Mas eu quero escolher quem vai adotar esse lindinho, afinal, ele é meu. - Falou enquanto olhava irritado para o gato.

— Rony, quando um animal é colocado para a adoção, você não pode decidir com que ele fica. É o novo dono quem escolhe - Ela explicou acariciando o gato.

— Então eu não quero colocar o Bichento na adoção - Ele falou convicto.

— Ronald! - Ralhou ela — Vai impedir que ele tenha a chance de encontrar um dono legal por birra?

— O gato é meu e eu decido o que vou fazer com ele - Falou de uma vez.

— Não acredito no que estou ouvindo. - Hermione disse incrédula — Você por acaso vai ficar com ele?

— Ficar com ele? - Perguntou assustado — Só se for pra acordar em pedaços. Esse gato é capaz de fazer picadinho de Rony se eu deixar. Eu tive outra ideia…

— E qual seria? - Perguntou ainda aborrecida.

— Vou dar o Bichento de presente pra melhor pessoa no mundo que poderia cuidar dele - Falou olhando para o gato

— Hum… - Ela começou pensativa — Até que é uma boa ideia. Por que não aproveita seu tempo livre e leva o Bichento pro novo dono dele então?

— Ele já está bem deitado no local de trabalho do novo dono dele - Falou sorrindo, olhando animado para Hermione — O Bichento é seu, Mione.

— Oh… - Ela disse surpresa — Rony, você tem certeza que quer dar o Bichento pra mim? - Perguntou antes de olhar para o gato e sorrir.

— Mione, eu sei que rolou um clima legal entre vocês desde o minuto em que se viram… - Começou brincalhão — E ele já te adotou como a humana dele… Olha só pra ele deitado em cima dos seus formulários - Rony apontou e Hermione o seguiu com o olhar.

— É, podemos dizer que foi amor a primeira vista. - Ela respondeu sorrindo largamente enquanto acariciava a cabeça de Bichento que ronronava satisfeito.

— Não vejo melhor humana e melhor gato para estarem juntos - Ele concluiu — E ainda vou poder visitá-lo sempre que sentir saudades…

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— Obrigada, Rony. - Ela disse sinceramente antes de depositar um leve beijo no rosto do ruivo, chamando a atenção do gato para eles — Mas… Você não vai ficar com ciúmes?

— Desse gato? - Ele apontou para Bichento que o encarava ameaçadoramente.

— Sim, do Bichento… - Ela disse simplesmente — Afinal, agora eu tenho outro ruivo na minha vida. - Concluiu marotamente.

— Tenho certeza que seu coração é bondoso o suficiente pra abrigar os dois e, qualquer coisa, eu devolvo esse gato pra o lugar onde eu o achei - Concluiu.

— Nem se atreva! - Exclamou pegando o felino nos braços — E não se esqueça: Meu coração pode ser bondoso, mas o do Bichento nem tanto. - Ela brincou — Agora me deixa trabalhar, nos vemos mais tarde.

— Já estou me arrependendo desse presente… - Falou enquanto se dirigia a porta — Me expulsa, mas mantem o outro ruivo em seus braços…

— Oh, não… O Bichento não vai ficar. Você vai ter que ficar com ele lá fora. - Falou com tranquilidade — Vou colocá-lo no transporte pra você. - Concluiu solícita saindo do consultório e deixando Rony com o gato.

— Não acredito que vou ter que dividir a Mione com você, bola de pêlos - Ele resmungou com o gato assim que Hermione saiu para buscar o transporte — Essa vai ser uma longa tarde, meu chapa.

Rony passou aproximadamente 40 minutos na praça em frente ao Hospital esperando Hermione ao lado de Bichento. O gato não parecia querer conversa, mas estava bem solicito quando Hermione afagou seu pelo antes de colocá-lo no transporte e o entregar para ele.

Olhou o relógio de pulso mais uma vez e contestou o óbvio: Hermione sairia em 10 minutos. Encarou Bichento mais uma vez e percebeu que o felino dormia gostosamente em sua caixa. Passado o tempo esperado, avistou Hermione saindo do Hospital, indo em sua direção. Quando estavam bem próximos, a morena foi direto ao ponto.

— Pois bem, vou te dar o benefício da dúvida e deixar você se explicar. Então pode começar, sou toda ouvidos. - Disse sem rodeios pegando o transporte de Bichento e se sentando ao lado de Rony.