Amor Perfeito XIV - Versão Arthur

Sem humanidade, alma e coração


Arthur Narrando

Já faltei a aula ontem por causa do maldito jantar e hoje faltaria de novo porque faríamos a surpresa a Yuri. Todos nós demos parabéns a ele, mas não rendemos muito assunto e mal sabia ele o que o esperava.

— Cadê o Kevin? – Rafael perguntou quando acabamos de colocar as coisas na mesa.

— É você que geralmente sabe isso. – o olhei.

— Sai da casa dele de tarde e ele disse que estaria aqui a noite. Você sabe que ele vai dar uma festa amanhã ou depois de amanhã né? Cheia de gays. Ele quer enlouquecer o pai de vocês.

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— Problema dos dois. Não tenho nada a ver com isso Fael. Mantenho distância de toda essa... – pensei um pouco. – Nem existe definição.

— O Yuri já está vindo do futebol. – Alice avisou chegando perto da gente.

— Enquanto vocês cantam parabéns eu vou tirar o carro da garagem e colocar lá fora. – falei e selei nossos lábios.

— Meu pai. – ela me bateu afastando o meu corpo. Parei quando vi o casalzinho de irmãos entrando.

— O que eles estão fazendo aqui? – perguntei tentando não ficar nervoso.

— Parece que eles são bem simpáticos com os adultos e foram convidados ontem.

— Vou lá. – antes de sair da casa fui parado por Daniel.

— Cadê aquele seu brother cheio das estrelas? – ele apontou para o rosto. Seu sorriso malicioso se transformou em uma carranca ameaçadora. – Só vim nessa festinha ridícula porque o seu irmão deixou a minha irmã bem chateada. E eu não gosto quando isso acontece.

— Então ensina a sua irmã que ela não vai ter tudo o que quer na vida.

— Invés disso eu prefiro... Atrair o seu irmão e arrebentar aquela cara ridícula estrelada dele. – segurei a respiração e o encarei.

— Kevin não pode saber por que está aqui. – falei baixo. - Ele te atacaria a cada minuto que encontrasse com você e faria da sua vida um verdadeiro inferno. Já vivi isso com ele e acredite, não é legal.

— Atacaria? – ele me olhou curioso.

— Se você é burro pra não perceber que ele é diferente você vai ser burro pra encostar a mão nele. – sai antes que Yuri chegasse.

Era só isso que faltava, um garoto querendo bater em Kevin porque ele deu um fora na irmã dele. Isso iria ajudar no processo de revolta dele e eu estava torcendo muito para que Danilo tivesse ficado com medo e recuasse.

Levei um susto quando ouvi um barulho na garagem e vi uma sombra. Ao ligar a luz notei que o meu humor iria mudar drasticamente.

— Estou sabendo que você anda fazendo favores a minha mãe. – Kevin veio a minha direção e ele estava disposto a brigar.

— Você não pode achar que é mais forte que eu. – o adverti.

— Força? Quem falou em força? – ele encostou a ponta de uma chave na lateral do carro de Yuri. Agora Danilo podia arrebenta-lo porque o que eu mais temia já havia acontecido.

— Não faz isso. Você também pagou por ele.

— O dinheiro é do meu pai. Ele não liga. – a qualquer momento ele ia começar a arranhar o carro.

— Kevin, por favor! – quando vi que sua mão iria se mexer parti pra cima dele e o joguei no chão. – Você iria estragar a surpresa para o Yuri só por que sua mãe me ligou uma ou duas vezes?

— Não. Eu ia estragar a sua vontade de fazer a surpresa porque você estava agindo pelas minhas costas.

— Eu não a ajudei! Caramba Kevin.

— Quando você disse: “Nossa, não é melhor você ficar por aqui no natal?” eu entendi como uma ajuda e tanto.

— Sua mãe quer que você fique com a gente e com ela como é todos os anos.

— E eu quero e vou ficar com o meu vô. Dá pra você sair de cima de mim?

— Dá a chave. – ele deu aquele sorriso diabólico dele que eu tanto odiava.

— Eu tive um presságio... Ou seria revelação? Você está prestes a viver os seus piores dias Arthur.

— Eu não posso deixar que você destrua a minha vida Kevin.

— O problema é que deixando ou não eu destruo assim mesmo.

— Qual vai ser? Vamos viver em constante batalha? Como era antes?

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— Com um bônus. Agora eu sou o legal e você o chato. Toda credibilidade que você tem e eu nunca tive não são mais nada perto do meu carisma e da forma como eu te deixo desorientado.

— O que eu preciso fazer pra você mudar de ideia?

— Você sabe que não tem como acontecer.

— Não coloca a Alice no meio disso.

— Prometo que eu vou pensar. – ele apontou sutilmente a cabeça pra porta e vi que havia alguém.

— O que é isso? Por que vocês estão um em cima do outro?

— Somos irmãos seu psicopata. – respondi ao notar o tom sugestivo de Caleb.

— Sou o pai de vocês, acho que sei disso. – nos levantamos. Fiquei de olho na mão de Kevin. – Kira chegou de viagem e me contou uma coisinha que eu fiz questão de ir logo dividir com Kevin... Acho que ele não gostou muito da sua falta de lealdade a ele né?

— É isso que você quer né? Fazer com que ele volte a ser aquele monstro sem sentimentos e sem... – parei de falar ao ouvir o barulho de metal raspando. Kevin estava passando a chave no carro e dando a volta por ele e fez isso por duas vezes. Fiquei olhando totalmente sem reação e com certeza os meus olhos estavam cheios de água.

— Boa surpresa irmãozinho. Amei o laço vermelho. – ele saiu e Caleb foi atrás e eu precisei de alguns minutos para me mexer. Entrei quase correndo e fui direto para o meu quarto, Alice me viu e veio atrás de mim. Ela estava com Rafael.

— Eu quero ficar sozinho. – tentei fechar a porta.

— Amor por que você está chorando?

— Ele te disse algo muito ruim né? – Fael perguntou parecendo triste. – Eu mal cheguei perto dele e ele me pediu para fazer um favor a ele e experimentar outro pau pra ver se eu deixava o dele em paz.

— Faça isso ou não só fica longe dele.

— Tá. Vou deixar vocês dois sozinhos. Eu to aqui se quiser conversar comigo.

— O que ele falou? – Alice perguntou assim que Fael saiu.

— Ele não falou, ele fez. Arranhou o carro do Yuri. A mãe dele me ligou querendo ajuda para convencê-lo a passar o natal aqui e...

— Ele descobriu e surtou.

— O Caleb contou a ele.

— Uma hora dessas ele deve estar bem feliz.

— Não acredito que ele fez isso. – ela me abraçou enquanto eu chorava. Já havíamos entrado em meu quarto e a porta estava fechada. – Ele sabia o quanto isso significava pra mim. E é sempre essa tortura. Eu não posso ficar na mão do Kevin Alice, por isso eu fico tão nervoso... Ele me controla até quando me magoa.

— Kevin é especial demais. Ele é culpado por tudo de ruim que faz e ninguém deve passar a mão na cabeça dele, mas... Por tudo que ele já passou com o pai, ser tão manipulado e desde novo guiado a acreditar que você é o inimigo dele e que todos pensam que o nascimento dele foi uma tragédia... E conseguir ter sentimentos bons depois disso tudo... Isso o torna um batalhador, alguém passível de muita admiração. E você sabe muito bem disso. É por isso que não consegue se desvencilhar dele.

— E ao mesmo tempo eu fico apreensivo... Sabia que quando ele sentisse muita dor, como foi ao saber que Murilo tem outro ou se sentir traído como comigo agora, ele poderia perder sua humanidade, sua alma e até o seu coração. – ficamos um tempo em silêncio apenas refletindo sobre aquilo e no quanto era certo e verídico. - Ele prometeu pensar se te deixaria fora disso. – nos olhamos, meu olhar era receoso. – Se ele decidir não deixar a primeira coisa que ele vai fazer é contar ao seu pai sobre o nosso namoro.

— Você acha que ele seria capaz?

— Alice ele acabou de arranhar o carro que ele também iria dar a Yuri só pra me ferir.

— Ele me disse que se por acaso voltasse a agir daquele jeito iria ser no nível máximo.

— Ele já vinha sendo provocativo e maldoso novamente, a gente sabe disso. Foi um processo. Nada lento. Só que foi um processo.

— Mas você também hein Arthur, devia ter contado a ele sobre a ligação ou nem atendido Kira.

— É, faz o meu tipo mesmo fazer intriga.

— Desculpa, não devia ter dito isso. Você não tem que se sentir culpado, o erro foi dele.

— Só tá dizendo isso porque sabe que eu me culpo atoa. – a olhei e sorri.

— Eu te amo e tô com medo do Kevin conseguir nos separar novamente.

— Também estou. É a pior coisa que ele pode fazer comigo. E ele sabe disso.

— E se a gente tentasse conversar com o meu pai... – lancei um olhar incrédulo. – Era o que você queria desde o início.

— Agora não é a hora. Tem a separação e o Murilo.

— Nossa! E amanhã? – ela colocou a mão na boca assustada.

— Não precisamos dele. Ele já disse tudo que temos que fazer.

— Espero muito que dê certo para pelo menos ele ter feito alguma coisa boa antes de tanta maldade que com certeza virá dele.

— Vamos descer. Vou contar a Yuri que amanhã tenho um presente pra ele e cedo vou levar o carro pra consertar. – Alice concordou e voltamos a festa. Era muito difícil estar em uma comemoração com o humor que eu estava, mas me esforcei pelo meu irmão.

Kevin Narrando

Abri a porta do meu carro e fui impedido de entrar por meu pai. Ele sabia que eu estava no pico do meu esgotamento emocional e lógico que aproveitaria disso.

— Você entendeu tudo errado mais cedo. Eu não disse que não te deixaria estudar na capital. – respirei fundo por três vezes.

— A forma como você subestima minha percepção é incrível.

— Percepção? Eu chamaria de paranoia. Você já está ficando paranoico Kevin. Eu só disse que depois de você me fazer arrumar um jeito de você ir e voltar a Paris ver o seu priminho de longe que você iria se arrepender.

— Mas eu te ajudei com Kemeron e o pai dele.

— E eu te dei as coisas que você queria lembra? – ele ficou me olhando. – Por que você acha que é isso?

— Foi o que eu te pedi quando aceitei ficar com Kemy.

— Acho que te fiz alguns favores naquela época e nem faz tanto tempo assim.

— Eu sei que é isso. Você não quer que eu vá.

— Para de loucura e fica quieto. Seu oponente não sou eu. Como foi a rápida viagem? Você chegou e nem contou. – ele deu um sorriso já que ele sabia que eu vi Murilo com o namorado.

— Não somos amigos. – entrei no carro e sai em direção a algum bar quase na saída da cidade. Onde eu fiquei por bastante tempo. Até fechar. Quando estava voltando pra casa passei em frente a casa do Arthur... E parei. Pensei em Rafael e no quanto eu estava mal por ter dito aquelas coisas a ele. Devo ter ficado uns vinte minutos digitando e apagando uma mensagem no celular.

Acabei enviando uma mensagem a ele para que ele me encontrasse lá fora. Ele devia estar dormindo então liguei. Um simples “Estou aqui no portão.” E a ligação foi finalizada. Eu esperava muito que ele viesse.

— Dizem que o meu rosto fica bonito quando acordo, mas o seu com certeza fica muito mais. – comentei assim que ele saiu.

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— O que você quer? São duas e meia da manhã.

— Não queria ter te acordado, foi mal. – ele deu alguns passos em minha direção.

— Você bebeu? – pelo visto ele havia sentido o cheiro do meu hálito.

— Um pouco. Mas não estou bêbado. Estar aqui não é uma loucura do álcool.

— Por que tá aqui? – nos olhamos por um tempo.

— Tá chateado comigo né? – questionei o óbvio.

— Você mandou que eu procurasse outro pau, não acho que isso seja algo que deva me deixar muito contente.

— Por que você quer o meu? – dei um sorriso de canto.

— Não. Porque foi grosseiro, desnecessário e sem nenhuma consideração. Kevin eu quero dormir, se der pra falar o que quer vai ser bom. – vi que ele estava ficando sem paciência, então resolvi ser direto.

— Eu prometi que não te colocaria no meio de qualquer problema que eu arrumasse e hoje eu fui isso tudo que você acabou de dizer por causa do meu jeito diabólico. Não consegui me controlar. E eu queria te pedir desculpas. – falei em um tom de voz carinhoso e sincero.

— De novo? – ele conseguiu me deixar retraído.

— Sim. – respondi quase que com um sussurro.

— Por que não deixou quieto? É pela sua promessa, seu ego ferido?

— Sei que eu te machuquei. E você saber que isso também doeu em mim talvez amenize um pouco as coisas. – expliquei tentando ser o mais verdadeiro que eu podia.

— Você é muito problemático Kevin e eu não sei lidar com isso. – meus olhos fugiram dos dele.

— Só ele sabia. – desabafei.

— Porque você o amava e não fazia nada contra ele.

— Não quero que você se afaste de mim, você acha que eu estaria aqui às duas da manhã atoa Rafael?! - seu silêncio parecia infindável. Permanecemos nos olhando.

— Qual a importância que eu tenho pra você Kevin? – senti que era complicado pra ele perguntar isso.

— Faz essa pergunta novamente daqui dois meses. – pedi sem pensar muito.

— Você quer vê-lo primeiro? – balancei a cabeça negativamente.

— Não vou vê-lo, já te disse isso. Estarei na casa do meu avô materno.

— Então por quê? – mais uma vez eu seria totalmente aberto e sincero.

— Não consigo te dar uma boa resposta agora. Já esteve tão ligado a alguém a ponto de sentir dores físicas por ter um coração partido?

— Esqueceu que eu amo a Alícia? – dei de ombros.

— Eu já nem sei se a ama mesmo. – afirmei o observando.

— Você não me conhece direito. Eu tive que fingir desde cedo. Fingir que não sentia falta da minha mãe, fingir que concordava com as coisas que meu pai dizia, fingir que ser filho único não me afetava... Fingir não sentir algo por alguém é bem pequeno perto de coisas do meu cotidiano.

— Um dia você não vai ter que fingir mais. – não havia como descrever o quanto ele mudou após ouvir aquilo. Talvez para ele significasse uma promessa e pra mim uma confiança no desejo de que se torne mesmo realidade.

— A terceira vez não tem perdão. Se acontecer, nem tenta. – seu olhar agora era sério.

— Obrigado. – meus lábios involuntariamente se movimentaram formando um sorriso amplo. - Deixe-me dormir com você. – pedi sabendo que estava sendo bem audacioso e poderia não ser atendido.

— Só se você dormir junto e não perto. – ele ditou sua regra depressa.

— Não consigo. Passei noites do abrigo com ele... Isso é algo muito forte pra mim ainda. Não durmo com Kemeron, eu juro... Eu não prego os olhos.

— Pelo menos tenta. Se você não conseguir eu vou entender. – sorrimos juntos.

— Além de fingindo você é insistente? – protestei quase rindo.

— Ainda não havia reparado? – ele me guiou pra dentro. Logo que nos deitamos, notei que apesar da luz desligada conseguíamos nos ver.

— Vem cá. – ele me colocou deitado em seu ombro e fez carinho em meu rosto.

— Ele sabia o quanto sou difícil de confiar em alguém, não entendo como ele foi capaz de me fazer sentir que ele me enganou.

— Irmãos brigam Kevin, isso é normal. Daqui a pouco vocês vão estar bem de novo.

— É a primeira vez que vamos dormir sem transar. – comentei depois de um tempo.

— Somos amigos esqueceu? Você precisa de um amigo hoje e não de sexo.

— Obrigado por ser um namorado sem a parte chata.

— Sobre isso... – ele suspirou. – Você disse que eu era o único além do Kemeron, agora vai dar uma festa cheia de caras e... – dei uma risadinha e ele parou de falar.

— Não vou ficar com ninguém. Pode ir pra ter certeza, está convidado.

— Mas por que não vai? – ele parecia não acreditar. Nem respondi. – Seria interessante transar com alguém diferente pra te distrair. – continuei em silêncio. – Responde Kevin.

— Já te disse tantas vezes que o meu jeito é assim. Por que você acha que ninguém sabia que eu era gay antes de Murilo e eu ficarmos? Eu não saio por aí transando com todo mundo e não é qualquer um que me interessa. Não queria que soasse arrogante, mas é por isso.

— Você fica comigo por carência não é?

— E se for? Não somos amigos Rafael?

— Eu só quero te entender Kevin.

— Não é por carência. Eu já te disse que estou envolvido e que você é importante. O que quer que eu diga? Acho que o carente na verdade aqui é você.

— Vamos dormir, acho que é o sono.

— Nunca imaginei que você fosse carente. – ele pareceu notar que eu sorria porque deu uma risadinha.

— Se não conseguir dormir você tira o meu braço e se afasta tá? Não fica acordado.

— Fingido, insistente, carente e agora apreensivo. Foi uma noite bem interessante.

— Pelo menos você esqueceu um pouco o que tanto estava te machucando.

— Ele está no quarto ao lado, não tem como esquecer.

— Devíamos ter ido pra sua casa então?

— A gente vai ficar a porra da noite toda conversando Rafael?

— Você quer tanto provocar o seu pai, só acho que teria sido um bom jeito.

— Minha mãe está lá, quero poupa-la por enquanto, ela vai voltar pra capital sexta quando vou dar a festa.

— Eu vou mesmo poder ir? – levantei a cabeça e o olhei. – O que foi?

— Você já me fez me sentir melhor, agora você tá conseguindo fazer outra coisa...

— Só por que perguntei se vou poder ir?

— Você sabe a forma que perguntou e o tom de voz que usou. E agora eu entendi tudo, você tá conversando comigo esse tempo todo porque você não quer dormir.

— O que eu disse é verdade, eu sou seu amigo e me preocupo com você acima de tudo. Mas já que melhorou... – ele deu um sorriso maldoso.

— Você já pensou em procurar um tratamento?

— Qual é Kevin, a gente está há dias sem ficar e hoje a tarde foi tão rápido. – fiquei olhando pra ele. – Você não quer? – ele perguntou de forma mansa.

— Aquela sua maldita intuição de quem já fodeu pra caralho tá sempre certa. Você sabe que sim. – sorri antes de nos beijarmos. Já era umas cinco horas da manhã quando finalmente decidimos dormir. Desliguei o despertador do meu celular, eu não iria a aula nem a pau.

— Rafael. – ouvi a voz de Alice entrando no quarto de Rafa. Já havíamos destrancado e ele estava no banho.

— Melhor. Eu. – andei em sua direção e ela parecia recuar com medo. – Você tá... – ela olhou meu corpo, eu estava apenas de calça jeans e sem camisa.

— Maravilhoso... – fui chegando perto dela. – Gostoso... Lindo. – ela se afastou mais ainda quando quase nos encostamos.

— Não pensei em nenhuma dessas palavras. – ela desviou o olhar.

— Alguém parece chateada comigo. – dei um sorriso de canto.

— Foi horrível o que você fez ontem.

— Você achou? – ergui a sobrancelha e virei às costas, andando atrás da minha blusa.

— Como você tá? – a olhei através do espelho.

— Ah... Eu tô ótimo. Como posso ajudar? Acordei bondoso hoje.

— Vim lembrar o Rafael que ele ficou encarregado de levar minha mãe e eu ao salão.

— Ele já está saindo do... – parei de falar quando o fecho do meu moletom emperrou. Ela veio até a mim e me ajudou com o jeito delicado dela. – Ele vai carregar vocês duas nas costas? Até onde eu sei ele não tem um veiculo. – eu estava de costas para a porta e ela olhou através de mim.

— Arthur! Que bom que chegou. – ela foi até ele. A postura dele era relaxada apesar de estar a pouca distância de mim, ele mantinha as mãos no bolso de sua calça jeans e me olhava. Vi ele entregando a chave do carro dele a ela.

— Vou indo. Digam ao Rafs que a noite foi deliciosa, como sempre. – sai vagarosamente.

— Ele tá bem. – ela falou a Arthur totalmente indignada.

— Ele é o Kevin. – meu irmão respondeu conformado.

— Talvez essa decepção seja boa para ele, pra ele lembrar que tem um coração, mesmo que não queira ter.

— Eu não esperaria. – ouvi sua respiração forte. Já não dava mais para ouvir a conversa deles no ponto em que eu estava e então fui embora.