Arthur Narrando

Sexta. O dia seria intensamente corrido. Iriamos pegar a estrada seis da tarde e eu tenho certeza que não acabaria tudo que eu precisava acabar até esse horário. Mas não importava. Eu era o cara mais feliz do mundo por ter Alice novamente, faria o impossível para mantê-la ao meu lado e sair desse lugar era o primeiro passo.

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— Por que a Alice me evitou o resto da noite de ontem toda? – olhei para o meu irmão após sua pergunta. – Fala Arthur.

— Não vou me meter nisso Kevin. Conversa com ela depois.

— Tá bom, agora me diz, por que você notificou sua demissão por e-mail? – antes que eu pudesse dizer qualquer coisa o telefone tocou. – Ele tá vindo pra cá. Rápido. – apontou com os olhos para a saída.

— Mas e você?

— Eu sei me virar. Mas com você é mais complicado. Sai logo daqui.

— Kevin não vou te deixar sozinho com a fúria dele.

— Confia em mim? Então não tem com o que se preocupar. – sai mesmo achando que não era a coisa certa a ser feita.

O resto daquela tarde foi um martírio pra mim. Não conseguia me acalmar. Saber que Kevin estava lidando com Caleb nesse momento era ruim demais.

— Oi. – beijei Alice assim que a vi. Ela estranhou eu estar na casa dela tão cedo já que combinamos que nos encontraríamos junto de todos. Contei o que aconteceu. Meu celular começou a tocar interrompendo nossa conversa, assim que desliguei a olhei. – Era o Kemeron.

— Como ele tem seu número?

— Trocamos naquela época que ele nos ajudou quando você estava em perigo.

— E pela sua cara ele não ligou pra dizer algo bom.

— Ele é portador de má noticiais. – dei uma risada ácida. – Tenho que ligar para o Kevin.

— O que aconteceu Arthur? – seu tom de voz logo se alterou e ela demonstrou preocupação.

— É tudo uma armadilha para o Kevin. – respirei fundo. – Kemeron descobriu através do pai que se meu irmão assumir o hotel ele responde por todos os crimes que estão sendo investigados. Ele não pode aceitar isso. – tentei ligar e estava desligado.

— Então toda a história de querer os filhos no lugar dele é mentira?

— Ele o torturou, por mais de uma vez. Vê-lo preso não deve ser nada pra ele.

— O seu pai é... Abominável. – tentei ligar de novo. – E o pior é que ele finge tanto, atua tão bem que a gente acaba acreditando nele. Sempre.

— Tenho que ir. – assim que me levantei meu celular começou a tocar, Kevin me ligava.

— Onde você está? Precisamos conversar muito sério.

“Estava em uma reunião, mas eu já sei de tudo. Não tem com o que se preocupar. Se eu não conseguir reverter o cenário, ele vai ser indiciado por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Eu só vou ter coparticipação no último, por causa dos meus documentos. Já sei todos os riscos que eu corro Arthur e eu pretendo ir adiante.”

— O Rafael vale mesmo isso tudo Kevin? - me espantei com a sua fala.

“Eu nunca conseguiria dar a volta por cima se não fosse ele. Talvez eu ainda estivesse chorando por Murilo até hoje. Talvez não, eu tenho certeza que estaria. Ele pode não ter feito com que eu o esqueça, mas ele fez uma parte que morreu dentro de mim renascer. E isso é maior que qualquer coisa. Além disso eu já tenho uma armadilha para Caleb.”

— Ok. Como quiser. Não estou preparado para te visitar na cadeia. Mas se é assim que pretende levar a sua vida... – suspirei. – Nos vemos daqui a pouco?

“Claro. Vou pegar minhas coisas em casa e te encontro na cobertura.”

Desligamos e eu olhei pra Alice. Ela sabia o que aquilo significava melhor que ninguém. Ele estava se apegando ao que ele tinha de bom. E não podíamos julga-lo por isso. Era isso ou sofrer por um amor que não deu certo. A primeira opção com toda certeza me parece mais válida.

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— Sabe... – comecei a analisar bastante pensativo. – Eu realmente acho que o fato de Kevin ainda sentir algo por Murilo não quer dizer nada. – nos olhamos. – Por vezes achei que não. Que isso era tudo. Que eles iam encontrar o caminho de volta um para o outro. Mas... Isso não é real. A realidade é que Kevin não mede esforços para manter o namoro dele. E se ele for preso por isso, eu juro que eu mato o Rafael. – segurei minha cabeça com força. Eu não gostava nem de pensar nisso.

— Não amor. Você não pode ficar com raiva e nem descontar no seu melhor amigo. É o Kevin que quer assim. Ele não tem culpa. – a puxei pela cintura.

— É você que ontem estava espumando de raiva do mesmo Rafael?

— O justo é justo. Isso não tem nada a ver com o que ele falou do meu irmão.

— Eu te amo tanto. – selei nossos lábios.

— Agora vai pra casa. A gente vai se atrasar e atrasar todo mundo. Minha mãe daqui a pouco chega do supermercado, ela comprou o mundo para que eu levasse e ela... – começou a reclamar e falar sem parar do quanto a mãe era protetora, preocupada e enjoada. E eu só conseguia ficar olhando pra ela sorrindo. – Você não tá prestando atenção em nada que eu estou dizendo né?

— É que sua boca é tão linda e sua voz tão melódica... Eu me perco um pouquinho.

— Idiota. – riu mesmo que a minha desculpa não fosse tão boa. Eu me despedi demoradamente e fui para a cobertura. Esperava que essa viagem fosse magnífica e não acontecesse nada ruim. Só de estar longe de Caleb já era um ponto altamente positivo.

Kevin Narrando

Se existia um dia mais cheio que aquela sexta feira eu ainda não havia conhecido. Orlando me abordou bastante animado assim que sai da reunião, entramos em minha sala e ele começou a falar.

— Adivinha? Sem vagas. Todos os quartos cheios.

— Tudo o que eu queria ouvir. Caleb já sabe?

— Sim. E ele disse que está te esperando. – mal acabou de falar e meu pai entrou furioso. Ele saiu com medo. Danilo estava atrás dele e Pedro também.

— Tem mais gente lá embaixo que o hotel suporta. – nos olhamos.

— Já contratei carros e motoristas e mandei que os levassem até Alela.

— Ah, eu te ensinei direitinho. – pegou a garrafa de uísque no canto da sala. – Mas não O SUFICIENTE! – quebrou o vidro assustando a mim e os outros dois. – Eles não querem estar em Alela. Vieram pra Torres! É difícil entender?

— O hotel precisa de mais quartos. Isso não é culpa minha.

— Você é que decide isso? Não tem mais como ampliar esse hotel.

— Então não fique nervoso se a demanda é maior que a entrega. E o seu problema não é esse. Sabemos bem.

— Saiam daqui. – Danilo e Pedro saíram rapidamente. – Não quero tratar assuntos de família. Só quero avisar a você e seu irmão que essa história de namorinho dos dois está com os dias contados. – me olhou de perto. – Você se prepara. Vive bem teu romance, porque eu já estou a um passo de acabar com ele.

— Eu estou fazendo tudo o que você quer. Não é possível.

— O que eu quero inclui você com uma mulher. É fácil de entender.

— O que você vai fazer? Se tem a ver com o Rafael eu preciso saber. – ficou calado me olhando com aquele olhar maligno. – Vai machuca-lo?

— Pra alguém que já foi tão magoado por seus amores você permanece tolo. Não aprendeu nada. – pegou um charuto e acendeu. – O que você acha que o Rafael vê em você?

— Isso é problema nosso.

— Não. Não. Eu sei o que ele vê. Ele vê dinheiro. Ele vê oportunidades. E ele vê uma forma de subir na vida. E mais uma vez, ele vê dinheiro e mais dinheiro. Ele aproveitou do seu irmão desde o primeiro instante, até ir morar na casa da Isadora ele foi. Tenho que admitir que um emprego na construtora do Ravi foi um grande golpe. E quem paga a faculdade dele Kevin?

— Ainda não tive a oportunidade de fazer essa pergunta. – respondi com ironia.

— Mesmo se ele fosse uma mulher eu seria contra. Você não vai ter uma vida apropriada com um interesseiro. Se você não enxerga que ele é assim você está cego.

— Você enxerga por que é igualzinho né? – sorriu. - Sabe qual é a maior vantagem de ser seu filho? – cheguei mais perto dele. – É que eu consigo lidar com o seu veneno. Maldito seja você pelo que fez comigo não é? – bati em seu ombro e sorri grande.

— A verdade é que eu quebraria aquela garrafa na sua cabeça se eu não achasse que você é igual a mim. – falou antes que eu saísse.

— O delegado está te esperando na sala que era do Arthur. – Pedro avisou assim que sai. – É sobre o que? Subornos, propinas... – cheguei bem perto dele e quase que o peguei pela gola da camisa.

— Nós não falamos sobre isso. Entendeu? – seu rosto empalideceu. Pra quem se dizia tão esperto ele era medroso demais.

Entrei na sala e parei frente ao delegado. Ficamos nos olhando por um breve momento.

— Eu resolvi vim até aqui porque eu queria ver com os meus próprios olhos o que um garoto de dezoito anos é capaz. – sorri presunçosamente.

— Quero que saiba que eu apenas desejo que a gente se entenda. Eu estou me tornando um homem de negócios e quero que os meus negócios prosperem.

— Já estão prosperando. Foi difícil chegar aqui devido a movimentação. E o feriado nem começou. – se aproximou. – Eu só quero que a minha cidade esteja limpa.

— Eu não tenho por que não querer isso.

— Então estamos do mesmo lado. – usou o cinismo.

— Talvez até o fim dessa conversa estejamos. – apontei para a cadeira e ele se sentou. Assim que me sentei ficamos nos encarando.

— Bom... Como vamos estar do mesmo lado com várias coisas erradas ao seu redor? Pra começar você nem devia ocupar o cargo que ocupa.

— Mas não ocupo cargo nenhum. Sou apenas um ajudante do meu pai. – ele riu.

— Se assim fosse eu estaria falando com ele agora.

— Não está porque não quer. – sorrimos juntos.

— Dois cínicos conversando não vai dar muito certo. Vamos jogar limpo, Kevin.

— Ah... Talvez eu tenha responsabilidades demais pra alguém como eu. – o olhei. – Você está certo nesse ponto.

— E qual é a sua intenção com isso tudo? Estar no topo, ser desejado e pegar mulheres?

— Não. – ri. – Minha ambição com certeza não é essa. E, além disso, se o senhor me permite dizer, eu não estou no topo. Esse é o lugar do meu pai. Não pode nunca se esquecer disso.

— E por falar nele... Ele sabe que tá na minha lista.

— Pode risca-lo. Ele não vai prejudicar Torres. Isso vai fazer parte do nosso acordo.

— Que acordo?! – apoiei os braços na mesa.

— De agora em diante você e seus investigadores vão deixar o meu negócio em paz, não façam mais vistorias no hotel nem mandem nos investigarem e abrir inquéritos contra o meu pai. Vai fazer vista grossa nas ações dele como administrador. Além disso, pretendo expandir o Palace e abrir outra unidade aqui em Torres, pra isso vou fazer negócios com os nossos sócios de Alela... Eles são novos aqui, mas você sabe que eles administram todo tipo de negócio ilegal fora de Torres.

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— E pagam policiais quando precisa.

— Não é assim que eu pretendo agir. E mesmo assim eu quero que você diga para todos eles me deixarem em paz.

— Você está muito exigente. – quase sorriu. – O que eu vou ganhar em troca se fizer isso tudo?

— Eu tenho uma coisa que você pode querer muito.

— Estou curioso para saber o que.

— Posso interceptar uma aeronave carregada de... – olhei para porta. – Você sabe muito bem. – ficamos nos olhando. – Sua carreira vai ganhar um destaque grande. Talvez role aquilo de honra ao mérito e até medalha e condecoração.

— E como vai ser isso?

— Quando eu conseguir o que estou planejando eu vou te dizer onde a aeronave vai pousar. Seja justo, é uma boa oferta. Estamos de acordo? – ele ficou em silêncio. – Eu preciso de uma resposta.

— Tudo bem. – ele não estava muito satisfeito. – Mas saiba que ficar controlando tudo e fingir que é o seu pai não vai durar muito tempo. – me levantei.

— Tenho muita coisa a fazer. Você já sabe o caminho. Cuidado para não trombar nos hóspedes. – o olhei de cima e sorri.

Acabei me atrasando para a viagem e todos me esperavam. Eu nem podia ir e quase desisti, mas meu instinto pediu para que eu fosse.

— Você vai dirigir. – falei ao Rafael. – Estou muito cansado e com dor de cabeça.

— Já parou pra pensar que eu também posso estar cansado? – fiquei olhando pra ele.

— Qual é o seu problema?

— Nada. Vamos. – o caminho todo nós dois ficamos em silêncio. Gustavo foi com a esposa, as filhas e Alexandre. Yuri levou Otávia, Giovana, Ryan e Danilo, que foi chamado pela sardenta. Arthur foi com Alice e Aline e... Pedro. Eu era um idiota e fiquei com dó de deixar o garoto passar o carnaval sozinho. No fundo ele sempre se mostrava contrário às armações do meu pai. E por fim, eu e Rafael fomos sozinhos. Saímos de Torres pouco mais de dezoito horas e chegamos lá de madrugada.

— Estou morto. Por que não viemos de avião? – Yuri reclamou ao sair do carro.

— Vou guardar as malas. – Arthur beijou a namorada. Eu apenas não queria sair do lugar. Mas tive que sair. Demorou, mas dormimos. E acordamos razoavelmente cedo. Tamy fazia café e disse que havia mandado Yuri ir a padaria. Peguei meu celular e Pedro me olhou.

— Não faz isso. Vai começar a trabalhar no feriado? – larguei o aparelho e Yuri me olhou ao chegar.

— Queria conversar com você.

— Vamos lá fora.

— Estou tendo problemas com Giovana. – o olhei indignado.

— Por que você insiste em desabafar comigo os seus problemas amorosos? Sabe que é com o Arthur que tem que falar dessas coisas.

— Ele tá dormindo e eu estou angustiado com isso.

— Han... Vai lá. Qual é o drama da vez?

— A gente estava ficando, mas ela disse que não iriamos namorar... Por que eu vou ter uma filha e não vou ser alguém que ele iria querer. Não vou ter disponibilidade e ela nunca vai ser prioridade pra mim. Ela já veio com esse papo antes, mas agora tá decidida.

— Sabe que ela não tá errada né?

— Não é bem assim também.

— Você nunca foi pai. Não pode dizer isso. – vi que Rafael havia levantado.

— Como vou convencê-la que eu posso fazer isso, posso ser pai e ficar com ela?

— Não tem como. – ele ficou puto com a minha resposta. – Desiste. Tem tanta garota por aí.

— É isso que eu não gosto em você. Você desiste fácil demais das coisas. – falou antes que eu saísse. – Por isso que não está com Murilo hoje. – o olhei. – Você podia ter lutado mais e sabe muito bem disso.

— Já acabou Yuri? – me esforcei pra manter a paciência.

— Estou dizendo isso porque eu o vejo namorando essa garota no futuro e sei que dessa vez ele pode se entregar de verdade e vocês dois nunca mais tenham uma chance.

— Caso ainda não tenha percebido eu tenho um namorado. E eu não estou com ele pra passar o tempo ao contrário do Murilo com aquele francês. Agora se você me permite, eu vou entrar.

Yuri puxou bastante Arthur, não tinha lógica. Ele ficava irracional quando se tratava de amor. E com certeza ele estava amando Giovana, sem sombra de dúvida. Esse desespero era uma característica típica de quem estava prestes a perder seu amor.

— Vou pegar café pra você. – observei Arthur dizer a Alice. Ela nem precisava pedir as coisas pra ele. Era incrível. Sai de onde eu estava e me sentei ao lado de Rafael.

— Por que estava tão nervoso ontem? – questionei o olhando.

— Nada. – respondeu continuando a encarar a janela.

— Se você for ficar desse jeito os quatro dias eu vou embora hoje mesmo. – ele enfim me olhou. – O que tá acontecendo?

— Tanta coisa né Kevin? – passei a mão no rosto. – Ando percebendo muita coisa. Na hora certa eu vou falar.

— Ah, não vem com isso. – reclamei bem nervoso. – Quer falar você fala agora.

— Tem apenas três dias que Arthur voltou com Alice e ele fez mais coisas por ela que você por mim nesses três meses. – me levantei.

— Você só pode tá de brincadeira.

Fui pra perto da areia onde eu fiquei por um tempo isolado. Não durou muito. Logo todos estavam por lá. Eu ignorava o papo deles ou apenas concordava. Estava acontecendo tanta coisa, trabalhar para o meu pai, ter que defender meu namoro, Alice com raiva de mim e eu nem sabia o motivo... E agora Rafael dando show. Era demais até pra mim. Comentavam sobre Lari e Alê terem dormido juntos. Parecia que ela estava triste e solitária e ele teria achado muito bom. Queria ver se ele continuaria achando bom se o Gustavo soubesse. Eu estava um saco.

— Aonde você vai? – meu irmão perguntou assim que me levantei.

— Deitar. Preciso descansar mais. – ele concordou e me deixou ir. Eu ainda estava cansado e dormi rapidamente. Quando acordei Rafael estava ao meu lado. Ficamos nos olhando.

— Você me disse uma vez que eu me espantava demais com pequenas atitudes porque ninguém nunca fez nada por mim. – falou enquanto me olhava. – E aí veio você e fez tudo. – o cortei.

— Mas não é bastante. Sei que o Arthur seria um namorado melhor, mas não dá pra você tê-lo, então se contenta comigo ou procura outra pessoa.

— Você ter feito tudo me faz querer fazer alguma coisa por você... Estou tentando arrumar um jeito de terminarmos. – desviou o olhar. – O seu pai me ofereceu dinheiro para me afastar de você. – enterrei as mãos em meu cabelo. – Nunca me senti tão ofendido em toda a minha vida. Mas... Eu o entendo, essa é a única linguagem que ele conhece. E saber que eu não iria aceitar despertou a ira dele, isso não vai parar por aí Kevin. Por isso eu quis te deixar insatisfeito comigo.

— Desde ontem você não me contou nada. – afirmei com uma voz suave e calma.

— Eu não ia contar. Não ia mesmo. Mas... Não achei justo no fim das contas.

— Acho que eu devo terminar com você... Você não merece passar por esse tipo de coisa.

— É. Mas eu pensei melhor. Se a gente termina agora você vai... Ficar mais desumano do que nunca. – dei uma risadinha.

— Você me conhece bem.

— Além de dar o que ele quer você continuará fazendo o que ele quer. É uma matemática simples.

— E esse é o único motivo de você achar que não devemos terminar?

— O outro é que eu te amo. – suspirou. Comecei a mexer em seu escapulário. – O que vamos fazer?

— Você sabe que eu sempre consigo o que quero. Vou passar por cima dele. Só preciso saber o que ele tá planejando... Não dei nenhum passo em falso pra não ser chantageado. Eu estou agindo exatamente conforme tem que ser. Ele vai apelar para joguinhos mentais. É só o que ele sabe fazer.

— Desculpa por quase ter deixado o rabo de seta nos separar. – dei uma risada alta.

— Você e a Alice já pegaram a minha mania.

— Por falar nela ela tá estranha. Reparou? – nos olhamos.

— Sim. Vou conversar com ela daqui a pouco. Mas só depois de você me dar carinho direitinho. – me aninhei nele da forma mais carente que eu podia. Ficamos assim por um tempo, até chamarem para o almoço.

Tentei aproveitar a oportunidade pra falar com Alice, mas não deu já que eu preferi não tirar os olhos dos olhos azuis do meu namorado. Depois de comerem todos ficaram descansando do lado de fora da casa, perto da areia e eu enfim cheguei perto dela.

— Por que você tá assim comigo? – perguntei e ela desviou o olhar. Não houve respostas. Arthur se direcionava a ela, mas ao me ver ele parou nos meninos. – Você não vai me falar Alice?

— Você não é tão esperto? Devia ter percebido. Ah é... Agora a sua cabeça só tem espaço pra uma coisa. Quer dizer... Pessoa.

— Isso é sobre o Rafael? – a olhei de perto.

— Não gostei da forma como ele se referiu ao meu irmão. Você sabe muito bem disso, você não é burro Kevin. – suspirei.

— Falei pra ele não fazer mais isso. Na mesma hora. Você saiu da sala e não viu. Eu disse perto de todo mundo. E ele nem ficou com raiva porque sabia que estava errado. – encostei-me à pedra ao seu lado. – Ele não tem que dizer que não quer meu nome junto ao do Murilo. O seu irmão não vai deixar de ser uma pessoa do meu passado só por Rafael ser meu namorado.

— Esse foi o motivo principal, mas de qualquer forma o seu namoro tá me... – não conseguia achar as palavras. – É que você e o Murilo eram tão complemento um do outro. Eu via de perto que era recíproco e na mesma medida. Você e o Rafael parecem que é você que sempre tá fazendo de tudo por esse namoro, ele meio que... Manda em você, abusa da sua boa vontade... Acho que você o mima muito.

— Você tá interessada em mim? – ela me bateu e depois riu. – Não devia estar incomodada com isso. – balancei a cabeça.

— Só não quero que ninguém te faça de bobo. – pegou minha mão e me olhou.

— É do Rafa que estamos falando. O melhor amigo do seu namorado. Fica tranquila, Arthur já salvou a alma dele. – ela deu uma risada alta.

— Vejo que se entenderam. – ele chegou e beijou a namorada.

— Sai. – o empurrei. – Ela é minha agora. – a agarrei fazendo com que ela deitasse a cabeça em meu ombro. Rafael também se aproximou e eu fiz o papel de conciliador e logo os dois estavam bem também.

— Você entendeu né? – Arthur perguntou quando ela e Rafa resolveram entrar juntos para se trocarem e entrar no mar. Concordei. – Dá mais atenção a ela. Ao mesmo tempo em que ela é desprovida de emoções ela é muito sensível.

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— Você a conhece tão melhor que eu.

— É lógico! – fez uma voz de ofendido. – Quando eu comecei a ama-la você a agredia, lembra-se disso? – dei uma risada.

— Você nunca vai esquecer né?

— Só não é pior que os beijos e ela apaixonada. – ri mais ainda.

— Supera Arthur. – acabamos rindo juntos. Nos juntamos ao pessoal e o assunto não podia ser outro. Murilo.

— Eu estou seguindo a garota, olha isso que ela postou ontem. – Soph disse se mostrando a abusada que era. – A cara do Muh não tá muito de vontade de estar ali.

— Aqui não devia pegar sinal de internet. – reclamei.

— Por que estamos falando do Murilo com alguém? – ela provocou e riu. – Aceita amor.

— Nossa, estou muito preocupado.

— Com o que? – Rafael chegou perguntando, alguns queriam rir e outros ficaram sem graça.

— Nada que valha a pena. – o beijei antes que ele entrasse na água. Em uma manhã e início de tarde consegui resolver o desentendimento com ele e com Alice e acho que a partir daí aquela viagem poderia correr de forma bem melhor. Não queria pensar em meu pai agora e em todo esse problema. Só queria aproveitar esses dias.