Amor Perfeito XIV
Verdades escondidas
Alice Narrando
O abraço do meu irmão sempre foi a coisa mais forte pra mim, ele não era delicado como o Arthur, ele tinha um abraço de quebrar costela, um abração de urso que depositava todo o sentimento que ele tinha pela gente. E eu amava isso. Ainda não acreditava que ele estava aqui.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Quando chagamos em casa depois de ficarmos um bom tempo na casa da vovó com todo mundo, ele veio até o meu quarto.
— Eliot já se acomodou e está tomando banho. – ele se deitou em minha cama. Fiquei olhando pra ele sabendo que ele queria desabafar. – Eu não devia ter voltado pra casa.
— E eu posso saber por quê?
— Sabia que o risco era grande... Assim que vi Rafael... E eu ainda nem vi Caleb.
— Dá para dizer coisas mais claras? – ele ficou em silêncio. Suspirei e me deitei ao seu lado. – Você ainda gosta dele Murilo?
— Não sei. Evito pensar nisso. Eu acho que o problema com Rafael é ele mentir sabe? Ele finge que eles não têm nada quando na verdade os dois estão vivendo um romance.
— E daí Murilo? Por que você tá cobrando um posicionamento dele?
— Você não acha que eu tenho o direito de saber?
— Não. Você tem o seu namorado. Ele não está mais ligado a você.
— Não é pelo Kevin e sim pelo Rafael. Somos amigos.
— Entendi. – fiquei pensando naquilo.
— Não é que eu seja um imbecil que esteja com ciúme e queira controlar a vida do ex namorado. Só queria... Saber. Não sou burro Alice, sei que as pessoas começaram as esconder as coisas de mim depois do meu diagnóstico.
— Olha... Até onde eu sei, eles tem um caso. Se virou romance eu estou bastante desinformada. Mas já faz alguns dias que não converso com Kevin. – ele me olhou parecendo perceber minha mágoa.
— Você gosta muito dele né? – não aguentei e comecei a chorar. – Alice!
— As palavras dele voltam toda vez que eu vou dormir. “O seu namorado quase te traiu”. Como se ele tivesse prazer no meu sofrimento. E nós estávamos tão próximos, nunca imaginaria que ele faria isso comigo. O Kevin não tem exceção. Ele machuca qualquer pessoa.
— Independente disso ele não mentiu. O que você está pensando a respeito disso tudo?
— Acabou. Não quero ficar com um cara que... – ele me interrompeu.
— Um cara que te ama, te espera por três anos, faz tudo o que você quer, muda de cidade pra tentar te esquecer, que...
— Você mudou de País. – falei calmamente.
— Não fiz para esquecê-lo. Fiz porque sabia que se eu ficasse ele faria a missão de terminar o namoro impossível.
— Oi. – o namorado dele apareceu na porta. – Fiquei esperando um tempo, mas você não aparecia.
— Vem cá. – ele o chamou e ele se sentou na beirada da cama.
— Vocês são tão fofos. – falei ao ver meu cunhado fazendo massagem nos pés do meu irmão.
— É a terceira vez que ela diz isso. – ele disse e riu.
— Se bem a conheço ela vai dizer umas quinze. – meu irmão o falou e me olhou.
— Você que o convenceu a cortar o cabelo? Ele nunca corta tanto o cabelo assim. – perguntei realmente assustada.
— Não. – os dois se olharam.
— Deve ser algo intimo, eu não quero saber. – falei e ri.
— Larissa e Alexandre ainda não assumiram esse namoro? – Murilo perguntou franzindo a testa. Dei uma risada alta.
— Se depender de atitude dos dois não vai dar em nada.
— Vai passar o tempo e vai acabar, escuta o que eu estou dizendo.
— E o Ryan que agora admitiu publicamente que é apaixonado pela Otávia? – rimos juntos. – E ela parece não estar nem aí pra isso. O que é irônico, já que há um ano atrás ela gostava dele.
— Agitado os amigos de vocês. – o namorado dele falou e riu.
— E o Yuri? – Murilo perguntou me olhando.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— Saiu do abrigo ficando com Sophia, mas queriam coisas diferentes. Ela até ficou com o Ryan um tempinho atrás. – meu irmão riu.
— Ta aí um casal que eu nunca imaginei. – após sua fala Murilo passou a mão na orelha. Pensei que ele estava incomodado com Ryan e Soph, mas não era.
— Tira o alargador, vou colocar no seu quarto.
— Que fofo! – exclamei. – Ele percebeu que estava te incomodando.
— Ele repara em mim o tempo todo Alice. – ele reclamou o olhando.
— Se não fosse assim eu não te ajudaria em suas crises.
— Vai lá, vai. – ele o entregou o objeto. Assim que ele saiu olhei para meu irmão.
— Gostei do Eliot. – falei e sorri.
— Não tem como não gostar. Ele é isso aí... Atencioso, amoroso, não fere as pessoas, é altruísta, tem a alma boa... Ele é encantador Alice. Eu me apaixonei por ele logo no primeiro instante. Não precisei transar com ele várias vezes como uns e outros.
— Esquece os dois. Sério. Olha o cara incrível que tá do seu lado.
— Vou tomar banho para jantar e dormir. Estou morto.
Dei um beijo nele e deixei que ele fosse. Era lamentável perceber que o sentimento de Murilo por Kevin não mudou nada, pareceu apenas aumentar. Ele estava descontroladamente ciumento em relação ao ex e Rafael. A parte boa disso tudo era que a minha preocupação com ele tirava todo o foco da dor que eu estava sentindo pela falta que Arthur fazia. Só não sabia até quando isso seria o suficiente.
Murilo Narrando
Havia acabado de me arrumar para irmos a boate. Peguei a chave do carro do meu pai e sai com Alice e Eliot. Rafael não estava mais aqui então eu não teria que lidar com o fato de olhar pra ele e lembrar os dois. Pelo menos eu achava que não.
Entramos e vi que havia uma luz rosada bem forte, o que fez com que eu fechasse os meus olhos mais do que eles já eram fechados. Fomos para o segundo pavimento onde ficaríamos e eu segurei na grade observando lá embaixo.
— Senta comigo. – Eliot me chamou e eu me sentei no sofá acolchoado. – Por que eu acho que você não consegue relaxar? Tenho essa impressão desde ontem. – ele falou baixo em meu ouvido.
— Saber que no jantar de natal eu vou vê-lo... Faz isso. – falei me referindo a Caleb.
— Ele não vai te fazer nada. Você não está mais com o filho dele.
— Mas parece que ele me odeia. O ódio que ele tem por meu pai ele transferiu pra mim. E ainda ele é preconceituoso e vai ver nós dois juntos. Não quero que faça comentários homofóbicos e... – ele me cortou.
— Murilo. – ele olhou em meus olhos. – Calma. Ele é só um cara idiota. Não pode deixar ele te controlar desse jeito. – sua mão veio até o meu rosto e o seu carinho magicamente me acalmou um pouco.
— Desculpa. Não quero transforma essa viagem em algo pesado.
— Não está sendo. Só me preocupo com você, sabe disso.
— Casal. – Otávia nos chamou. – Vamos brindar? – pegamos os copos de shot e brindamos. A música que tocava era uma que eu gostava, mas nem isso me fazia relaxar.
— Vamos dançar. – Soph me chamou e eu fui, era melhor fingir até conseguir me animar completamente. Eliot preferiu ficar conversando com Larissa e Alexandre. Arthur olhava incansavelmente para Alice, Yuri já procurava alguma garota com Ryan e Giovana estava perto da gente, sem dançar muito. Otávia também. Depois que a música acabou começou uma que não tinha o ritmo tão bom. Ficamos mais perto do pessoal.
— Fabiana e Alícia chegam amanhã. – Arthur contou me olhando.
— Sério? – sorri. – Vai ser bom ver Fabiana, ela é demais.
— A alegria dela faz falta. – ele concordou.
— Eu sou a que sinto mais falta com certeza. – Alice disse um pouco triste.
Mais uma música se iniciava e essa já era melhor, mas continuamos ali. Bebi mais um pouco e confesso que nem isso estava adiantando. Olhei para Eliot e ele sorriu, o sorriso que eu conhecia. Eu me abaixei ficando com o rosto perto do dele.
— O que foi, tá preocupado com o que? - perguntei com a voz suave.
— Sabe que não pode beber muito né? - sorri com a sua pergunta.
— Até agora foram três doses. Quando eu tiver louco e nem souber o que estiver bebendo você pode me parar. – ele deu uma risada. Selei nossos lábios.
— Eu te amo. Muito. – fiquei olhando em seus olhos. – Vai dançar com a sua prima.
Já eram duas da manhã eu disse que iria ao banheiro e sai para tomar um ar. O segurança olhou a minha pulseira e o meu estado e autorizou a minha saída e disse para eu não demorar. Acho que ele também não estava muito bem humorado. A música alta era nitidamente ouvida daqui de fora. Respirei fundo e me encostei ao muro perto do estacionamento que era de frente para a rua. Maldita hora. Vi um carro passando. Igual ao dele. Não pensei duas vezes. Peguei o carro do meu pai e fui em alta velocidade atrás do carro. Alta velocidade mesmo. Quase causei um acidade. Mas o alcancei. Dei um cavalo de pau e parei em frente o fazendo frear bruscamente. Não era ele.
— Você é louco cara? – o homem saiu do carro. E era o dobro do meu tamanho.
— Ei, calma. – vi Arthur saindo do carro dele e vindo até a gente. O cara já não parecia tão valentão e nervoso assim mais. – Ele tem um problema mental sério. Desculpa. De verdade. Não é mentira. Aconteceu alguma coisa com o seu carro?
— Não. – ele respondeu com mau humor. – Vaza otário. – ele mandou olhando pra mim. – encostei meu carro no acostamento e ele foi embora.
— Você ficou doido? – meu primo perguntou me olhando. – Nem precisa me explicar o que aconteceu aqui porque eu já entendi. Ele trocou de carro Murilo.
— Por que você não me contou?
— Não imaginei que isso era importante. Você namora, não sabia que precisava cogitar a ideia de você seguir um carro igual ao dele e o pior, quase causar um acidente grave.
— O cara estava correndo.
— E você mais ainda! Que idiotice Murilo!
— Por que você estava atrás de mim?
— Eu te observei a noite inteira. Você não está bem. Quando vi você descendo imaginei que sairia e quis tentar conversar contigo.
— Essa ideia de você usar droga é ridícula. Esse é você, o que se preocupa com tudo e com todos.
— Aconteceu. – ele respirou fundo. – Murilo... – dei um grito que estava entalado em minha garganta. E quando percebi que aquilo ainda doía muito comecei a chorar.
— Achei que tinha esquecido. Todo maldito momento eu pensei que isso não era mais tão forte assim.
— Assim que coloquei os olhos em você vi que não havia esquecido. Mas você precisava descobrir isso sozinho.
— O que eu faço agora? – perguntei em um tom de súplica.
— Tá perguntando para o cara que perdeu a garota que ama.
— Vocês dois vão voltar. Agora eu e Kevin... Sabe que eu parti o coração dele né?
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!— É, você partiu mesmo. – nos olhamos. – Mas apenas você pode restaurar.
— Senti que ele e Rafael têm uma conexão. Eu nunca sabia onde o Kevin estava. Odiava isso. No abrigo ele sumia, sempre. Já com ele rola de dizer quando chegou e tipo... Parece que a relação dos dois é diferente. Sabe que eu sou esperto, não sabe?
— Se ver os dois juntos vai saber o que tá rolando. Ainda bem que isso não vai acontecer.
— Eles estão apaixonados. Não estão? – ele ficou me olhando.
— Sabe quando você não consegue controlar? E fica sorrindo e falando da pessoa o tempo todo, sentindo necessidade dela? É isso. Mas sabemos que isso acaba. E quando passar... Vai ser você. Sempre vai ser você. Acha que ele não está aqui por quê? Se ele te visse com alguém isso iria mata-lo. E o que você está sentindo agora é o que ele sentiu quando soube que você havia seguido em frente.
— Preciso que faça uma coisa por mim. – ele me olhou desconfiado. – Sou bloqueado por ele. Faça uma ligação pra ele pra mim. Preciso ouvir a voz dele.
— O seu namorado não vai gostar disso. – seu aviso veio em um tom de voz sério.
— Não importa. Eu preciso muito Arthur. Por favor.
— Tá bom. Mas não vai ser agora. Vou esperar até amanhã. Se você não mudar de ideia eu ligo. – aceitei, mesmo querendo que fosse naquele instante. – Até mesmo porque se eu acordar ele o risco de você não ouvir a voz dele é muito grande. Agora vamos voltar pra lá.
Voltamos e Eliot estava apreensivo e um pouco chateado. Eu disse que fiquei lá fora conversando com Arthur e ele pareceu ficar de boa. Não demoramos muito a ir embora. No outro dia assim que acordei tomei café rápido e aproveitei que ele estava dormindo.
— Mãe vou rapidão na casa da vó pegar um negócio com Arthur e já volto. – avisei pegando a chave do carro do meu pai.
— Pode ir tranquilo. Seu pai organizou tudo para tirar férias até você voltar. Se ele precisar sair ele usa meu carro e se o Eliot acordar eu sirvo café pra ele. – ela beijou meu rosto.
Sai rapidamente e cheguei lá vendo que ele tomava café bem sonolento. Ele ficou me olhando e parecia querer rir.
— Anda. – mandei após me sentar de frente pra ele.
— Bom dia também Murilo. – ele falou e pegou seu celular. – Vai querer falar com ele? – balancei a cabeça negativamente. Ele pareceu insatisfeito com a minha resposta.
“Olá Arthur. Já disse que não vou te ajudar.”— aquela voz. O jeito de falar. Fechei os olhos. Aquilo não foi uma boa ideia.
— Deveria. Perdi minha namorada por sua causa.
“Qual é Arthur, ela vai passar uns dias longe de você e daqui a pouco tudo volta ao normal.”
— Pois é Kevin, mas já são cinco dias. Daqui a pouco faz uma semana. Se ela não voltar pra mim eu juro que eu te mato.
“Vou ligar pra ela.”
— Ela não quer nem ouvir falar no seu nome. Está muito magoada com você e com raiva. Não vai te atender.
“Você também estava com essa mesma raiva e está me ligando.”
— Você já atendeu se achando o fodão me negando favor... Eu nem disse nada. Você nem sabe pra que estou ligando. – o olhei assustado.
“Pra que Arthur?”
— Quando você vem?
“Sabe que eu odeio cidade pequena, sinto tédio. Não tem nada pra mim aí.”— Arthur riu após sua fala.
— Onde você mora imbecil?
“Não por minha vontade.”— meu primo ficou olhando pra tela do celular.
— O que foi Kevin?
“Acho que já entendi o motivo de ter me ligado.”— a voz dele mudou absurdamente. – “Fala de uma vez Arthur. Se é assim que você acha que vai descontar o que eu fiz, vá em frente.”
— Falar o que? Sobre ele?
“Que ele tá feliz com o namorado dele. Ou qualquer coisa que seja sobre ele, não quero saber. Não faz isso comigo. Você melhor que ninguém viu de perto o que eu passei. Sei que eu não mereço consideração, mas você fazer isso comigo não vai trazer a Alice de volta. Eu vou consertar isso com ela, juro. Só não diz nada. Eu não quero saber.”
— Kevin relaxa. Não ia dizer. – Arthur me olhou e eu continuei imóvel.
“Sai de Torres porque eu sabia que não ia aguentar vê-lo ao lado de alguém então é normal o meu desespero ao achar que você falaria sobre isso. O que você quer afinal Arthur?”— ele me olhou novamente.
— Já disse. Saber quando você vem. Mesmo te odiando eternamente aqui não é a mesma coisa sem você.
“Quando ele for embora. Só isso? Tenho que desligar. Meu vô ama aproveitar as manhãs para termos conversas profundas. Adeus irmãozinho.”— ele desligou sem esperar resposta.
— Ouviu a voz dele. – Arthur falou e me olhou. – Aconteceu o que você já imaginava?
— Ele nunca mais vai me querer. Agora é tarde. E tudo que eu fiz... – ele segurou as minhas mãos.
— Você está começando a me assustar.
— Não tomei meu remédio. Preciso ir pra casa. – me levantei rápido. – Ah, muito obrigado.
— Pode contar comigo. – sorri e sai correndo. Quando cheguei em casa Eliot já havia acordado, subi a escada de dois em dois degraus e trouxe o remédio.
— O que era tão importante que você saiu sem toma-lo? – ele perguntou me olhando.
— Nada. Só esqueci.
— Estava com Arthur né? – Alice perguntou e franziu a testa. Eu me sentei na bancada ao lado deles. E enquanto Eliot contava as coisas que minha mãe insistiu para que ele experimentasse no café da manhã de hoje a minha mente vagava pra longe dali.
"Só que não tem volta mesmo com tudo em volta me fazendo lembrar de nós."
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