Amor Ou Ódio?

6. Por que não?


POV Rebeca

Logo que o professor começou a passar a matéria na lousa, e ficou de costas para os alunos, uma bolinha de papel caiu na minha mesa. E era da Shyned.

O que nós vamos fazer agora?”

Li o pequeno papel, e logo escrevi a resposta jogando-o de volta pra minha amiga.

“Eu não sei quanto as pessoas dessa escola. Mas quanto ao Harry... acho melhor ele se cuidar, porque a morte dele tá próxima.”

“Credo, Berréca. To com medo de você, sabia? Mas então, to falando quanto a turma da escola. Eles vão querer saber o que estávamos fazendo no carro dos meninos. Aliás, do Harry, porque ninguém sabe que os outros garotos estavam lá também.”

“Eu não sei Shy. A única coisa que sei, é que não podemos contar que Dougie, Danny e Tom também estão na cidade, que estão hospedados na minha casa, e que o Dougie é meu primo.”

Minha cabeça estava a mil. O que íamos dizer? Que mentira contaríamos? Só sei que toda essa dor de cabeça é culpa do Harry. E ele vai ter que pagar por ela.

“Nossa, tinha esquecido disso amiga. Esse detalhe de Dougie ser seu primo, é o primeiro pior. O segundo é eles estarem na sua casa, e o terceiro, a banda estar na cidade. Só sei que isso está fazendo a minha cabeça doer pra caralho”.

“Minha cabeça também tá começando a doer. Precisamos achar uma desculpa logo, porque eles são muitos, e nós, só duas. Não podemos contra umas... mil pessoas? Só que temos que prestar atenção na aula agora. No intervalo a gente conversa.”

Olhei para Shyned, e ela somente acenou com a cabeça guardando o pedaço de papel dentro de seu bolso da calça. Bem nessa hora, o professor havia terminado de passar a matéria, e começou a explicar.

As aulas passaram rápido, e só fui perceber que já era hora do intervalo, quando o sinal tocou.

Shyned e eu saímos juntas da sala, e decidimos não ir ao refeitório hoje, pra evitar as perguntas. Pelo menos, pra atrasá-las um pouco, até que arrumássemos alguma desculpa. Decidimos ir até o jardim do colégio, onde havia algumas árvores e poderíamos sentar embaixo de uma delas, e também sabíamos que ninguém iria até lá naquele horário.

Logo que sentamos, meu celular apitou, avisando que uma mensagem de texto havia chegado. Era do Dougie.

‘Hey, pequena, tá brava né? Deve tá querendo matar o Harry, mas não culpa ele não. Ele só ficou empolgado.’

Suspirei profundamente e respondi.

‘É lógico que to brava. Queria o que? Ele tem noção dos problemas que trouxe? Ele é um astro do rock famoso, não pensou no que aconteceria? As pessoas da escola viram eu e a Shyned saindo do carro, e agora querem saber o que estávamos fazendo lá. O que eu faço?’

Quase não coube em uma única mensagem, mas consegui enviar. Segundos depois, chegou a resposta.

‘Diz que vocês se conheceram num show, em que você e a Shyned foram ao camarim da banda, e desde então se falam quando pode, e que fazia tempo que não se viam, e como Harry vai ficar na cidade uns dias, levou vocês pro colégio.’

Terminei de ler a mensagem, e achei uma boa ideia. Mostrei para a Shyned que estava com a cabeça encostada nos joelhos, e ela achou que seria uma boa ideia também. Enfim, não precisaria mais quebrar a cabeça pra pensar.

‘Ai loirinho, obrigado pela ajuda. Eu e a Shyned já estamos com a cabeça doendo de tanto pensar. Seu lindo, te amo.’

Enviei a mensagem com um ‘coração’ no final do texto. Qual não foi minha surpresa quando a resposta chegou tão rápido quanto antes.

‘Me ama mesmo?’

Sorri.

‘Claro que te amo Dougie. Sabe disso.’

‘Não é esse amor que eu quero.’

‘Mas é esse amor que tenho pra te dar.’

‘Posso fazer com que se apaixone por mim.’

Hesitei em responder, mas resolvi arriscar.

‘Está disposto a tentar?’

‘Claro que estou. Eu quero você.’

Não sabia o que fazer. Eu sinto atração pelo Dougie. E bastante. Ele é lindo, charmoso, amigo, carinhoso. Deveria tentar? Deveria dar uma chance a ele?

- Dá uma chance a ele. -

Despertei dos meus pensamentos quando Shyned falou.

- O quê? – perguntei. Acho que ouvi errado... ou não.

- Dá uma chance a ele. -

- Do que você tá falando Shyned? – perguntei guardando o celular discretamente.

- Do Dougie. – respondeu apontando o dedo para minha mão embaixo da minha perna onde estava meu celular.

Sorri envergonhada. Não sei como minha amiga fazia isso, sabia exatamente o que estava acontecendo, mas ela fazia. Eu a adorava mesmo.

- Não sei Shy. Acha que devo? -

- Sim, ele gosta muito de você, e você, sente uma atração enorme por ele, que eu já percebi. Sei que vocês são primos, mas não custa tentar. Hoje em dia, relacionamentos entre primos é comum. – sorriu.

- É né? Vou dar uma chance a ele. Mas ele só vai saber quando eu chegar em casa, porque o sinal vai bater. – disse levantando, e puxando-a junto.

Voltamos para a sala de aula, sem nenhuma novidade, a não ser, os olhares questionadores das pessoas. Mas quanto a isso, eu já nem me importava mais.

As aulas se passaram normalmente. Eu, entediada, rabiscava a última folha do meu caderno e pensando no Dougie. No lance de eu dar uma chance a ele. Mordi meu lábio inferior, só de pensar nisso.

Tocou o sinal para irmos embora. Shyned iria embora comigo de novo, e quando saímos da porta da escola, pisando no estacionamento, meu carro que surpreendentemente estava parado em uma vaga perto do portão, fomos barradas por um grupo de garotas.

- Podem começar a falar. –

- Falar o que? – perguntei me fazendo de desentendida.

- Não se faça de desentendida Rebeca. – a garota que parecia ser a “líder” disse meu nome enojada. – Por que estava no carro do Harry? –

- Ah, isso? – respondi com descaso – Ele só deu uma carona pra gente. –

- Só uma carona? Mas por que ele daria uma carona a... – olhou-nos de cima a baixo e depois completou – vocês? –

- Porque somos amigas dele. – Shyned respondeu.

Todas as cinco garotas começaram a rir. Como se aquilo fosse impossível. Shyned e eu éramos populares, mas só porque éramos conhecidas por todos, e porque nossos pais eram muito conhecidos na cidade, e tínhamos grana... ou seja, ricas.

A garota que parecia ser a líder, parecia porque era a líder. O nome dela era Britanny, e ela nos odiava. Por quê? Não sei. As cinco garotas eram as líderes de torcida do colégio, e achavam que tudo podiam. Ridículas.

- Não minta garotinha. O que vocês fizeram? – Britanny perguntou novamente.

- Tudo bem. Você acredita se quiser. Não me importo com você, e não preciso da sua opinião pra viver. Eu não preciso te dar satisfações das minhas amizades, mas vou te dizer. Rebeca e eu conhecemos a banda em um show que fomos, e depois disso, não perdemos contato com o Harry. Ele veio passar uns dias aqui, e quis trazer a gente pro colégio. E foi isso. – Shyned respondeu com toda a calmaria que alguém aparenta ter.

- Eu não acredito em vocês. – Britanny disse somente.

- Como eu disse, faça o que quiser, não me importo com você, e nem com o que você acha ou deixa de achar. Vamos Rebeca. A gente tem coisa mais importante pra fazer, do que perder tempo com vagabundas. – Shyned disse pegando no meu braço, e puxando-me para o meu carro.

xx

Shyned e eu começamos a rir logo que entramos no carro. A cara que a Britanny fez, foi a melhor, e cada vez que eu me lembrava disso, ria mais ainda. Minha barriga doía, mas não dava pra parar.

- O que... foi... aquilo? – consegui perguntar entre pausas nas risadas, e tentando recuperar o fôlego.

Shyned parou de rir, e tentava controlar a respiração.

- Eu não... sei, Berréca. Só falei o que veio na cabeça. Mas foi engraçado, não foi? – riu mais um pouco.

- Se foi. Mas como você disse, temos coisas mais importantes pra fazer. – respondi enigmática.

Shyned entendeu do que eu estava falando, e dirigi rapidamente até minha casa. Chegando lá, o carro dos meninos estava na garagem. “Ótimo. Vai ter plateia.”, pensei.

Estacionei o carro na frente de casa, desci, e me dirigi até a porta da frente. Shyned me acompanhava calada. Entrei na casa, e ouvi risadas da sala de estar, me dirigi até lá encontrando os garotos rindo de um programa humorístico que passava na tv.

- Olá garotos. – cumprimentei todos acompanhado de um sorriso. Meus olhos passaram por todos ali, demorando-se em Dougie.

- Oi meninas. Já chegaram? – Danny perguntou, mas ele foi respondido pela minha amiga.

- Claro que chegamos né Danny. Afinal, não somos nenhuma alma penada, fantasma, ou algo do tipo. Se não, vocês notariam. –

Todos começaram a rir da resposta que Danny recebeu, e pela cara que Danny fez, não acreditando na resposta torta que recebeu.

- Mas agora temos uma coisa pra fazer. – Shyned disse olhando para Harry. Olhei para Harry também, vendo-o engolir em seco. - O QUE VOCÊ ACHAVA QUE TAVA FAZENDO GAROTO? – Shyned estourou, e eu somente acompanhei-a ir até Harry sentado na poltrona.

- Eu só queria ver como era. Desculpa. – ele se encolhia no lugar, e eu queria rir. Mas não podia. Shyned me mataria.

- QUERIA VER COMO ERA? VOCÊ TEM ALGUMA NOÇÃO, PELO MENOS, QUE VOCÊ É UM ASTRO DO ROCK GOSTOSO PRA CARAMBA, FAMOSO, E QUE TODAS AS GAROTAS SIMPLESMENTE MORREM POR CAUSA DO SEU CHARME E SEU JEITO QUE PARECE TÍMIDO? – até eu me espantei com isso. A Shyned não tinha uma queda pelo Dougie? Fiquei confusa.

Harry olhava-a espantado, mas ao mesmo tempo, tinha algo mais nos seus olhos. Não sei dizer o que é, mas sei que faziam seus olhos brilharem. Nesse momento, ele já não se encolhia mais na poltrona, pelo contrário, ele levantava-se devagar ficando de frente para Shyned que bufava de raiva, e estava com o rosto vermelho.

- Não, eu não tenho nenhuma noção. Ou não tinha, até agora. – Harry respondeu dando um passo na direção da minha amiga, quase encostando seus corpos.

Nesse momento, acho que a Shy se deu conta do que disse, e a feição do seu rosto já não mais demonstrava raiva, e sim vergonha. Shyned estava tímida. Oh meu Deus! Não acredito. Eu estava estática olhando aquela cena. Mas logo que meu choque passou, um sorriso apareceu no meu rosto, e a minha vontade de rir, foi muito maior, mas ainda sim, me segurei.

- En... então você sabe ago... agora. – Shyned gaguejava conforme Harry aproximava seu corpo e seu rosto.

Eu não acreditava no que tava vendo. Shyned envergonhada, e gaguejando. Essa é boa. E ela curte o Harry.

- É, eu sei agora, que você – Harry frisou – me acha ‘gostoso pra caramba, e que morre por causa do meu charme’. – ele roçou seus lábios nos dela. Quando Harry ia aprofundar o beijo, eu tive que interromper. Só tenho 17 anos né, não quero ver essas coisas na minha casa. Ri com o pensamento que tive.

- Opa, opa, opa. Vamos parar com isso né? Tem menores no recinto. – exclamei, e os quatro garotos reclamaram. Shyned pareceu voltar a si, e abaixou a cabeça envergonhada. – Vou ao meu quarto, me trocar, e a Shyned vai comigo, ok Harry? – levantei uma sobrancelha, e Harry reclamou. Puxei Shyned pelo braço escada acima, passei a chave na porta do meu quarto pra ninguém interromper meu interrogatório. Shyned tria que me explicar tudinho o que se passou na sala. – Desembucha. –

- O quê? – perguntou parecendo acordar de um transe.

- Desembucha. – repeti.

- Ah, - seu rosto ficou todo vermelho – aquilo? Aquilo foi... um quase beijo, só isso. –

- Um quase beijo? Menina, você tava tão irritada, que despejou aquele monte de coisa em cima do Harry, e todo mundo percebeu que tu tem uma queda por ele. Inclusive o próprio, porque ele quase te beijou. Se não fosse eu né. –

- Eu também não sei o que me deu. Nem pensei na hora de falar tudo aquilo pra ele, e deu no que deu. Eu já tinha uma queda por ele, mas só aumentou quando vi ele aqui. Ele é tudo de bom Berréca.

Eu não pude deixar de sorrir. Ela ficava tão fofa envergonhada, que num impulso abracei-a com um sorriso enorme no rosto. Sei lá porque, mas estava feliz pela minha amiga.

- Bom, mas o que foi aquilo de você ficar tímida e envergonhada hein? – ri e ela riu junto, dizendo que não sabia por que também.

Trocamos de roupa, e descemos até a cozinha pra comer alguma coisa.

xx

O dia passou rápido. Eu e a Shyned nos divertimos bastante com os meninos. Eu queria falar com Dougie, mas ele nunca ficava sozinho.

Era umas 21:30, e eu estava no meu quarto deitada na cama, quando meu celular apitou. Era mensagem do Dougie.

“Tá acordada?”

Sorri e respondi imediatamente.

“To sim. Entediada, mas to.”

“Posso ir aí?”

Gelei. Dougie aqui? No meu quarto? Seria uma boa ideia? Bom, eu não queria conversar com ele a sós?

“Pode, e eu preciso falar com você.”

“Tudo bem, to indo.”

Segundos depois, ouvi um ‘toc, toc’ e abri a porta me afastando. Dougie entrou e passou a chave na porta. Veio na minha direção e me beijou.

MEU DEUS! O QUE FOI AQUILO?

Dougie passou uma mão na minha nuca, puxando-me para ele, e me beijando vorazmente. Minhas mãos não ficaram paradas, passei-as para sua nuca passando a mão em seus cabelos macios, e descendo para seu peito. Dougie mantinha uma mão na minha cintura, como se estivesse controlando-a.

Ele se afastou de mim, me deixando um pouco desnorteada pela intensidade do beijo, e se deitou na cama com um sorriso torto no rosto. Sorriso satisfeito. Filho da mãe.

- Bom, Dougie, vou ignorar esse seu sorriso, e perguntar, o que veio fazer aqui? –

- Eu te perguntei se podia vir. –

- Eu sei, e eu disse que podia. Mas o que queria? – perguntei confusa.

- Ficar com você. – respondeu sério.

- Ah sim. - respondi um pouco tímida - Ok, eu tenho que conversar com você. – sentei-me ao seu lado na cama, e ele se recostou na cabeceira.

- Lembra do que disse nas mensagens de texto hoje mais cedo? –

- Claro que me lembro. Eu disse que poderia fazer com que se apaixonasse por mim. –

- Então, eu não te respondi. Mas vou te responder agora. – olhei em seus olhos, vendo se eu podia continuar ou não – Eu vou te dar uma chance. –

Dougie acariciava minha mão, e quando ouviu a minha última frase, sorriu. Sorriu como nunca o vi sorrir antes. E me beijou, fazendo-me sentir a felicidade e a paixão que sentia.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.