Amor Imortal

Entre socos e despedidas.


POV Charlote/Anastácia

Nossos corpos envoltos no mar de sensações, do prazer, sua carne na minha, sua masculinidade aflorada dentro de mim. Nossos corpos suados chocando-se, o barulho ecoando por todo o ambiente, mesmo sem ar o instigo querendo mais.

— Assim! Isso! Não para! –

Acordo num susto, estava tendo um sonho erótico com o Grey. Minha nossa! Que sonho! Me dou conta de que dormi como estava, num emaranhado de lençóis e ainda com a roupa do jantar. Vou para o banheiro, pois estou quente e suada, além de sentindo um desconforto no meio das pernas. Toco minha intimidade e percebo que estou muito molhada, minha calcinha está encharcada. É melhor tomar um banho! Me dispo, prendo os cabelos de forma bagunçada com um elástico que encontro sobre a pia e parto para uma ducha rápida, pensei em me tocar, mas no estado em que estou não resolveria. Ao sair do chuveiro escovo meus dentes e visto somente um roupão, nossa estou com muita sede! Penso comigo, preciso correr para cozinha em busca de um copo d’água gelada. Por já ser madrugada resolvo ir como estou, afinal não vou encontrar ninguém pela casa a essa hora. Abro a porta do quarto, dou uma conferida no lado de fora e só ouço o silêncio. Saio do meu cômodo com tranquilidade, caminho até a sala, mas ao estar chegando a sala de jantar vejo uma figura masculina parada de costas para onde estou. Está de frente para pia, parece estar com um copo na mão, de camiseta cinza e um short samba canção azul escuro, pelo cabelo preso em um coque bagunçado sei que é José. Chego a cozinha anunciando-me.

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— Oi... perdeu o sono também?! – Ele se vira um pouco assustado, mas então sorri ao me ver.

— Na verdade não consegui pregar o olho até agora. Está sentindo alguma coisa? – Explica parecendo cansado e depois pergunta preocupado. Vou até ele e paro ao lado da geladeira.

— Estou morrendo de sede, só isso. – Respondo com uma risadinha, então abro a geladeira dupla de inox, retiro uma jarra verde clara de vidro comprida e fecho o eletrodoméstico depois. Coloco a jarra sobre a pia e pego um copo de vidro no armário de parede em cima da pia. – Tem alguma coisa te incomodando não tem?! – Pergunto já bebendo longos goles da minha água, nossa que maravilha! Estava realmente sedenta. Percebo o silêncio, José dá a volta no balcão indo para longe de mim. Bebo mais meio copo com água e então deixo tudo sobre a pia e vou até ele. O belo homem está de cabeça baixa, encostado no balcão. – José, por favor me conte o que está acontecendo! – Peço levantando seu queixo, ele me olha nos olhos.

— Eu vou embora Charlote, não tenho porque ficar mais aqui. Você está bem, sendo bem cuidada e amparada, tem uma família inteira que te ama demais e ainda um homem que estava a sua espera por anos! Eu não tenho como competir com nada disso, olha para esse lugar! Quando você se lembrar de tudo e eu sei que vai, eu não vou significar mais nada para você! Eu não tenho nada para te dar, nada que se compare ao que você vai ter aqui! – Ele fala com tristeza, mas também determinação. Franzo o cenho impactada com suas palavras. Não quero que ele vá, não posso ficar sem ele, eu sei que é egoísmo por um lado, mas ele ainda é tudo o que eu realmente sei e conheço, não quero perder ele, nossa isso me atingiu demais, eu o amo, se não nunca teria começado o nosso namoro e muito menos pensado em me casar com ele.

— Não! José! Você não pode fazer isso comigo, eu preciso de você... – Argumento com angústia, mas ele me interrompe andando alguns passos para longe de mim. – Pare de dizer essas coisas! Pare de agir desse jeito! Dinheiro não é tudo nessa vida, eu não me importo com dinheiro, eu não posso ficar sem você! Eu quero você! – Vou dizendo o que vai passando pela minha cabeça sem nem pensar, estou aflita demais para raciocinar, ele se vira para mim, com a feição séria e compenetrada.

— Então você me quer?! – Pergunta me olhando com profundidade.

— Sim! – Respondo de imediato, logo ele vem até mim, andando com sua beleza exótica e bruta, seu corpo grande e másculo. Chega a minha frente, parando quase colado ao meu corpo, nos olhamos nos olhos sem parar. Então José se abaixa e me beija com força, me agarrando pela cintura. Suas mãos são grandes e fortes, ele aperta o lugar com força, então me puxa e logo estou em cima do balcão da cozinha. Ele se coloca entre as minhas pernas e nosso beijo é selvagem, totalmente diferente da forma como sempre nos beijamos. Sempre foi carinhoso e meigo, cheio de ternura e doçura. Nossas línguas se entrelaçam com paixão, ele morde meu lábio inferior, eu seguro sua nuca com posse. Mas então em meu intimo sinto um mal estar, não quero realmente estar fazendo isso, não me sinto a vontade com essa situação. José é maravilhoso, gostoso e atraente! Qualquer mulher no meu lugar estaria em êxtase, completamente derretida em seus braços, mas não é assim que me sinto, não é dessa forma que eu o desejo, que preciso dele. Apesar de ama-lo não quero fazer sexo com ele. Quando José começa a beijar meu pescoço não tenho tempo de interromper eu mesma a nossa cena, pois ouvimos uma voz imponente nos interromper.

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— Eu não sabia que a cozinha da minha casa havia virado motel. – Suas palavras são ditas de uma forma mordaz, imediatamente José para de me beijar, permanecemos na posição em que estamos, parados, mas não conseguimos não olhar para onde vem a voz, ficamos estáticos olhando para o lindo homem, barbudo, de cabelos bagunçados, calça de pijamas larga cinza e camiseta branca que está a uns dois metros de nós, na entrada da cozinha. Ele nos encara com os olhos soltando faíscas de tão inquisidores e seu maxilar travado demonstra ainda melhor sua fúria. Engulo em seco, José se afasta de mim após me colocar no chão. Coloco a mão nos lábios e faço uma careta de aflição.

— Eu... – Tento começar a dizer alguma coisa.

— Está com o roupão aberto e creio que sem nada por baixo. – Sua voz sai baixa e mordaz, seus olhos encaram o meu corpo. Olho para baixo e realmente o roupão está quase desamarrado, na parte dos seios está aberto, com um deles quase saindo do traje, minhas pernas estão expostas, mas minha intimidade ainda está coberta. Deve ter desamarrado com a movimentação e quando fui colocada no chão. Faço uma careta de ódio de mim mesma, agora estou parecendo uma mulher que se agarra com dois homens na mesma noite, de baixo do mesmo teto, escondida um do outro ainda por cima, que espécie de piranha me tornei?! Me amaldiçoo em pensamento e me recomponho rapidamente. – Não vou permitir esse tipo de cena debaixo do meu teto, se querem intimidade tenham em um quarto. Imaginem se minha filha estivesse neste apartamento! – Ele nos excomunga, intercalando seu olhar fuzilador entre nós dois.

— Eu... – Tento mais uma vez argumentar, estou me sentindo terrível. Mas sou interrompida dessa vez por José, que para ao meu lado.

— Sentimos muito senhor Grey, não era nossa intenção desrespeitar a sua casa! Mas deve imaginar que noivos as vezes precisam de certa intimidade! – Suas palavras também saem ameaçadoramente baixas, como as do Grey. Olho para o homem ao meu lado de olhos arregalados, por que diabos ele está fazendo isso?!

— José?! – Olho para ele questionadora, mas os dois se encaram de forma mortal, ignorando a minha presença.

— O noivado de vocês não é legal! Então contenha seu ânimo dentro das calças! – O Grey diz desafiador, andando um pouco em nossa direção. José também dá alguns passos enquanto o responde.

— Isso não faz a menor importância, o que importa é o que sentimos um pelo outro! Ela me ama, assim como a amo! – José diz andando mais alguns passos em direção ao seu oponente.

— Você nunca existiu na vida dela, você nem é de verdade! Faz parte de uma fantasia, de uma vida de mentira que a minha esposa levou por um curto período de tempo! Pior ainda, contra a vontade dela! – O Grey diz se aproximando mais, com o queixo erguido e os olhos vidrados no rival a sua frente. Meu coração que já estava acelerado está a cada minuto mais, não sei o que fazer, só quero que eles parem com isso! Mas tudo está acontecendo tão rápido que não tenho nem tempo de intervir.

— Tudo isso é medo do que eu represento para ela? – José diz estreitando os olhos e encarando seu adversário com deboche.

— Você não representa nada para ela! Logo mais ela vai se lembrar de tudo e você vai ser só um momento estúpido! – Grey diz entre os dentes e José o defere um soco no rosto com toda força, com o golpe ele cai no chão, mas rapidamente se levanta e parte para cima do rival. Ele dá um soco no rosto e outro no estômago de José e os dois começam uma luta rápida e complicada. Fico aterrorizada, tento me aproximar, mas cada vez que me aproximo os dois se afastam enquanto, se batem em móveis, caem por outros lugares, até mudando de ambiente. Corro aflitamente atrás dos dois, mas sem sucesso, eles conseguem rapidamente se distanciarem de mim, de repente estamos na sala, eles embolados no chão.

— Parem! Parem com isso por favor! – Vou correndo até os dois, quando o Grey defere socos no rosto de José debaixo dele no chão. Mas até que eu me aproxime já é José quem está por cima socando a cara do Grey. Então corro até ele e tento segurar seus braços, mas eles se mexem com brutalidade e eu acabo caindo longe no chão, depois de me bater no sofá.

— Ana!!! –

— Charlote!!! – Os dois gritam ao mesmo tempo em que correm em minha direção, sinto meu braço doendo e ouço pessoas chegarem correndo também.

— O que está havendo senhor Grey?! – Olho para trás há dois seguranças na sala, além da Gail que já chega correndo também.

— Nada, podem voltar para seus postos. – Ele responde com firmeza, os dois o encaram ponderando, mas então somem da sala, Gail se aproxima de nós.

— Meu Deus, o que houve aqui?! – Pergunta vindo até mim.

— Você está bem? – Os dois homens me perguntam ao mesmo tempo, me encarando próximos a mim, agachados no chão. Faço uma careta e começo a me levantar sozinha, os dois mencionam se aproximar e eu grito com eles espontaneamente e me levanto de forma abrupta.

— O que pensam que estão fazendo?! Não sou um troféu para ser disputada aos murros! Vocês não podem ficar falando o que eu sinto por mim, como se eu não estivesse aqui! Vocês não são meus donos, nem dos meus sentimentos! – Os encaro com fúria, eles também se levantam me olhando claramente desconsertados. O Grey com o lábio inferior e uma sobrancelha sangrando, além da pele ao redor do olho esquerdo já roxa. José com os cabelos totalmente soltos e bagunçados, com o nariz, duas partes dos lábios sangrando, além de por um pequeno corte na bochecha e como o outro a pele ao redor do olho, porém direito, também está totalmente roxa. – Muito bonito! Dois marmanjos se atracando dessa maneira, como em um ringue de luta livre! Quase se matam e acham que o vencedor por acaso ganharia meu coração?! – Digo ainda no mesmo tom de fúria, então respiro fundo e prossigo com o tom de voz já normalizado. – Olha eu já tenho muita confusão dentro da minha cabeça, não preciso de mais fora dela! – Os encaro com tristeza, eles me olham envergonhados.

— Eu sinto muito Char, eu não quero magoar você! – José diz caminhando em minha direção.

— Eu sei. – Respondo simplesmente. Então senhor Grey passa por nós e fala nos olhando com amargura.

— Ela não teve culpa de ser tirada da família que ela ama, mas quem quiser fazer isso voluntariamente com ela é culpado tanto quanto quem fez aquele maldito atentado! – Dito isso ele continua andando para fora da sala, vejo José mudar de expressão e sair rapidamente rumo as escadas.

— José?! – Pergunto indo em direção a ele, tenho medo de que ele faça alguma bobagem, então fico tonta e cambaleio um pouco, mas sinto que rapidamente sou amparada por braços fortes e levada até o sofá.

— Você não pode ficar passando por esse tipo de emoção. – Grey me diz triste, respiro fundo e encosto a cabeça no braço do sofá.

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— Eu sinto muito. – É o que consigo dizer diante de tanta coisa ao mesmo tempo, tanta confusão, tantos sentimentos.

— Não mais do que eu. – Ele fala desolado.

— Aqui senhor Grey uma bolsa de gelo para colocar nos machucados e para senhora um chazinho, quer alguma medicação Charlote? – Gail chega enrolada em seu robe azul, nos entregando uma bolsa de gelo e uma xicara. Acho que diante do meu ataque de nervos ela saiu da sala rapidamente sem que ninguém percebesse, fico espantada com sua rapidez e discrição.

— Não obrigada, só o chá está ótimo. – Respondo me sentando e pegando a xicara.

— Nesse caso vou buscar a maleta de primeiros socorros para o senhor. – Diz com sua doçura e sai da sala. O Grey coloca a bolsa no rosto e se recosta no sofá. Beberico o chá e sinto que é de camomila, acho um pouco tranquilizador já de imediato.

— Você está bem? Sua camiseta está suja de sangue. – Digo ao homem que dá de ombros.

— Estou, deve ser do outro. – Responde sisudo. Respiro fundo, que homens mais cabeças duras com quem eu me meti! Senhor dai-me paciência!

— Não é o que você pensa... – Tento começar a argumentar sobre o que ele viu na cozinha, gosto de resolver as coisas logo e por tudo as claras, não quero que ele fique com uma má impressão ao meu respeito e que me olhe diferente.

— Geralmente quando as frases começam assim é porque é justamente o que a gente está pensando. – Diz sem se mover, me sinto um pouco irritada. Mas não estou em posição de brigar com ninguém, além do que chega de brigas por hoje. Respiro fundo e o respondo.

— Para! Eu não estava me agarrando com José de propósito, aconteceu e eu... – Começo a explicar, mas acho que não me saio muito bem, já que sou interrompida por ele bem irritado.

— Eu realmente não quero ouvir nada disso! – Fala com raiva e senta no sofá, tirando a bolsa de gelo do rosto e apertando os lábios com irritação.

— Grey! – O repreendo nervosa, quero poder me explicar.

— Grey?! Olha eu não quero saber das suas intimidades com esse homem! Eu já sei que você não se lembra da gente, não se lembra de que é minha esposa, minha mulher! Não preciso saber dos detalhes! – Ele fala furioso jogando a bolsa de gelo em cima do sofá a minha frente. Tenho que manter a calma! Repito o mantra em minha cabeça varias vezes tomando todo o restante do chá, coloco a xicara na mesinha atrás de mim, que fica ao lado do braço do sofá, me viro para o homem que está de olhos fechados, com os cotovelos sobre as coxas e as mãos unidas, que poderiam indicar que ele está rezando, mas não sei se ele é religioso.

— Eu e José nunca fizemos sexo! – Tento falar com calma, mas minhas palavras saem um pouco alteradas.

— O que? – Ele pergunta incrédulo, olhando para mim.

— Eu nunca consegui me entregar para ele, eu sentia lá no fundo que era errado de alguma forma! Que eu não podia, eu não sei explicar... só sei que não consegui. – Explico fazendo expressões confusas, me sinto agitada, nervosa, meu coração se acelera. Nos encaramos alguns segundos que parecem eternos, ele não move uma sobrancelha, o que me deixa aflita, sua expressão não passa nada. – Fala alguma coisa. – Inquiro aflita franzindo o cenho.

— Eu também não tive ninguém, todo esse tempo. – Ele fala sério e vira o rosto para frente, me parece um pouco triste diria. Acho que isso o faz lembrar de como o meu eu de antes faz falta para ele, a esposa dele.

— Você está me dizendo que mesmo achando que a sua esposa estava morta, durante três anos, não teve nenhuma relação sexual?! Com nenhuma única mulher?! – Estou pasma, acho que nenhum homem faria algo assim, não é isso que dizem?! Que homem não vive sem sexo?! Como ele conseguiu? E mais por que fez isso, ou melhor por que não fez nada?

— Exatamente. Não consegui olhar para nenhuma mulher, eu não consegui seguir em frente, eu não conseguia me livrar da dor de não ter você! Eu não conseguia nem pensar em viver, que dirá olhar para uma mulher e trepar com ela! No meu coração, no meus pensamentos só havia espaço para saudade, para falta que eu tinha de você! – Nos olhamos com intensidade, ele responde às perguntas que nem cheguei a fazer em voz alta, nos encaramos com tanta profundidade que e é automático, nos aproximamos e nos beijamos, é um beijo tão emocional, como se houvesse uma carga de saudade do tamanho do universo. O Grey segura meu rosto com uma mão, enquanto nos beijamos com devoção. Me ergo, ficando de joelhos no sofá, ele me puxa mais para perto pela cintura, nossos lábios se massageiam com total harmonia e nossas línguas se acarinham em um balé perfeito. Sinto um pouco de gosto de sangue, do seu sangue por estar com o lábio machucado, mas não me importo, é como se tornasse tudo ainda mais forte. Terminamos com um selinho, mas ficamos com a testa encostada um no outro, respirando de olhos fechados. – Eu não sei viver sem você, eu não sei... eu senti tanta falta disso! – Ele diz e abro os olhos, afastamos nossos rostos, mas nos encaramos com emoção, não paramos de nos olhar. – Eu senti tanta falta de poder te tocar, olhar nos seus olhos! Ouvir sua voz, sua risada, seus gemidos... seu corpo no meu! Eu senti falta de cada detalhe seu, todo santo dia! – Continua falando olhando em meus olhos sem parar enquanto segura meu rosto com as duas mãos, fico emocionada, sinto que os meus olhos se enchem de lágrimas, uma cai rolando pela minha bochecha e ele a seca com o polegar e depois acarinha o lugar. Sorrio e esfrego meu rosto em sua mão que ainda segura a lateral do meu rosto. – Você ainda não sabe, mas o nosso amor é maior do que qualquer coisa que você pode imaginar! – Ele diz emocionado, seus olhos marejados, lá no fundo eu sinto suas palavras, mesmo sem me lembrar eu sei! Eu sei que é tudo real, é verdade. Me aproximo dele e beijo seus olhos que ele fecha e duas lagrimas que saem de cada um deles, depois beijo sua bochecha.

— Eu sei, de alguma forma eu sei. – Ele me olha e sorrimos um para o outro. Então ouvimos passos e vemos José descendo as escadas, de calça jeans preta e um grande casaco de frio cobrindo toda parte decima do seu corpo, está com a mala que chegou em uma mão e na outra sua mochila. Me levanto do sofá e vou correndo até ele, que para já próximo da porta e se vira para mim. Vejo seus ferimentos, mas ele deu um jeito de não estar tão ruim, já está até com pedacinhos de esparadrapo na sobrancelha e na bochecha. Ele me encara desolado, meu coração se aperta dentro do peito, meus olhos ficam cheios de lagrimas novamente, sinto que esse momento é um adeus e dói demais dentro de mim. Ele foi fundamental nesse tempo em que estava em busca de mim mesma, ele cuidou de mim, me amou diferente dos outros que se diziam ser a minha família e só me trataram mal.

— José... – Digo num sussurro dolorido, ele sorri melancólico e então vem até mim, largando suas bolsas no chão e me abraça com força. Choro em seu peito, ele me aperta em seus braços, sinto que ele soluça levemente algumas vezes, de forma muito discreta. – Me perdoe! – Minhas palavras saem com muita dor, não tenho direito de magoar alguém tão bom, ele não merece estar passando por nada disso, ele não escolheu isso para ele, como poderia saber que eu seria uma fraude?!

— Shiii... – Diz tentando me acalmar, acarinhando minhas costas, então beija o alto da minha cabeça. – Eu só quero que você seja feliz Char, sempre poderá contar comigo! – Ao dizer as palavras me solta, já se vira recolhendo seus pertences do chão e vai em direção a porta. Soluço alto chorando, meu corpo trêmula e me sinto uma pessoa terrível, está doendo demais vê-lo partir assim.

— José! – Exclamo em meio ao meu choro, ele se vira mais uma vez, vou até ele me estico ficando na ponta dos pés, ele abaixa o rosto e eu deposito um selinho em seus lábios. – Obrigada por tudo! – Digo chorando, ele sorri balançando a cabeça positivamente, seca uma lagrima que rola por sua face e se vira rapidamente, anda a passos muito rápidos, já chegando a porta a abrindo, eu choro abraçando meu corpo, andando para trás, dói vê-lo partir. Gostaria de saber como ele vai, mas quando penso em perguntar ouço a outra voz masculina dizer vindo em minha direção.

— Espere José, vou pedir que te levem de volta assim como trouxeram, por favor, faço questão! – O Grey chega perto de mim me abraçando e diz com firmeza, cada vez mais ele só me parece um homem magnifico. José para a porta sem se virar. – É minha obrigação, te trouxe, então do mesmo jeito voltará para as Bahamas. Não deixe a Charlote preocupada com a sua viagem, deixe-me cuidar disso! – Ele prossegue, pois sabe que José irá recusar, então o ouvimos responder passando pela porta sem olhar para trás.

— Eu agradeço, aguardarei uma posição na recepção do prédio. – Ao dizer some das nossas vistas fechando a porta, desabo. Choro ainda mais forte, sendo amparada pelo Grey que carrega até o sofá e me coloca sentada em seu colo, choro incessantemente com o rosto escondido em seu peito, ele me abraça forte e me embala, fazendo carinho em meus cabelos. As lagrimas saem quentes e pesadas, meu corpo treme, soluço e deixo algumas palavras escaparem.

— Eu sinto muito... – Minha sai voz trêmula, rouca e em meio aos soluços. Estou me sentindo a pior pessoa do mundo.

— Eu sei, eu sei. Está tudo bem, não é sua culpa, vai ficar tudo bem. – O homem que me conforta diz como se acalmasse uma criança, ao mesmo tempo em que acaricia minha cabeça, beija meus cabelos e me embala em seus braços sem parar. Com seus carinhos, suas palavras que repete mais algumas vezes, seu colo tão acolhedor, vou me sentindo mais calma, meu corpo vai parando de tremer, os soluços vão cessando, sinto meus olhos ficando pesados e acabo caindo no sono.

Este é o último capítulo disponível... por enquanto! A história ainda não acabou.