Amnésia

Capítulo 14 - Tempos de calmaria


Alex acordou olhando para o teto. Ele se sentou e se viu em uma maca de hospital.

O quarto onde Alex estava era consideravelmente grande e tinha duas fileiras de aproximadamente quinze macas com cortinas ao redor delas. Algumas poucas estavam com pacientes deitados nelas, porém a maioria estava vazio.

Alex olhou para o lado e viu Jennifer, a garota que estava na classe do Sr. Carrot, sentada ao lado da maca lendo um grande livro. A garota levantou os olhos do livro e olhou para Alex com espanto.

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– Ah - disse ela - você acordou, eu não tinha visto.

– Onde... - a voz de Alex saiu rouca, então ele pigarreou e continuou - onde estou?

– Em um dos quartos da enfermaria, você apagou depois da corrida.

Sim, Alex se lembrava de ter sentido uma dor agoniante brotar nas suas pernas e se estender pelo seu corpo.

– Por quanto tempo eu fiquei desmaiado? - perguntou Alex a Jennifer.

– Uns dois dias - ela respondeu.

– Dois dias?! Meu Deus! O treinamento!

– Não se preocupe - a garota fechou o livro que lia colocando um marcador na pagina em que tinha parado permitindo Alex ver que se tratava de um livro de terror e continuou - o seu tio, o Sr. Spencer adiou o dia do seu treinamento por causa das suas condições.

– Mas e Chris e Sarah?

– Como vocês tem que fazer o treinamento juntos, já que vocês vão fazer a mesma missão, ele achou melhor adiar para eles também.

– Ah, ainda bem.

Alex fez silêncio por um tempo até se tocar de uma coisa.

– Err... Por que você estava sentada do meu lado?

– Eu não estava sentada do seu lado, estava sentada do lado dela - disse Jennifer apontando para uma cama ao lado dela.

A garota deitada na maca era um pouco mais nova que Alex, tinha cabelos castanhos como Jennifer, tinha a pele morena e uma cicatriz na testa.

– O que houve com ela? - perguntou Alex.

– Foi em uma missão - disse Jennifer - ela e outros dois agentes estava fugindo de uns caras que estavam perseguindo ela. Uma colega dela ficou para trás e ela voltou para busca-la, esses caras que as perseguiam acabaram a acertando na cabeça, e ao deixa-la inconsciente virão que a amiga dela escaparia e a perseguiram sem êxito. Ela os despistou e voltou para socorrer a amiga. O nome dela é Anna, e a colega a quem ela salvou sou eu.

Alex ficou em silêncio por um tempo sem saber o que falar até que disse:

– Quando foi isso?

– Faz umas três semanas, ela está inconsciente desde então.

Nesse momento uma enfermeira entrou no local. Ela checou os aparelhos conectados em Anna, conferiu o estado de Alex e permitiu que ele saísse.

– Só não se esforce demais, ouviu? - disse ela - Você desmaiou por que forçou demais os músculos. Qualquer coisa pode me contatar.

Alex agradeceu e a enfermeira se retirou. Ele pegou seu casaco pendurado na cabeceira da cama, vendo que tanto ele quanto as roupas que ele vestia estavam limpas, e voltou-se para Jennifer que permanecia sentada na cadeira ao lado de Anna.

– Você vai ficar aí? - perguntou ele.

– Sim, mas logo vou sair, afinal daqui a pouco é a hora do almoço.

Alex ia indo embora, mas parou ao chegar à porta e se virando disse a Jennifer:

– Eu... Posso guardar um lugar para você?

Jennifer sorriu agradecida e disse:

– Sim, obrigada.

Os dois se despediram e Alex foi embora.

Alex não encontrou Chris, Sarah, Henry ou qualquer outro conhecido pela agência - não que ele quisesse ver Henry após ele enfrentar o seu melhor amigo, mas ficar sozinho em um lugar desconhecido não era muito agradável. O rapaz decidiu voltar ao seu quarto e esperar a hora do almoço.

Após pedir informação a um garoto de aproximadamente doze anos ele chegou à área dos dormitórios. Alex entrou no seu quarto, o número 83, e se sentou na cadeira perto da mesinha.

O rapaz refletiu sobre tudo que havia acontecido. Era muita coisa para apenas dois dias - ou quatro, já que ele tinha ficado dois dias desacordado - e pensar sobre tudo aquilo lhe dava uma grande dor de cabeça.

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Alex sentiu falta da sua mãe, Clara. Ele sentia falta da companhia e compreensão dela, do sorriso acolhedor dela e... Bem... Dos bolos dela. O garoto sentia saudade dos poucos colegas de sala dele, do velho e legal tio Paul e, como sempre, sentia saudade do seu pai.

O jovem pensou se seu pai ou sua mãe iriam se orgulhar do que ele escolheu: ajudar uma boa causa para o bem da humanidade. Digo, Alex não sabia ao certo o que se tinha por trás de todos aqueles casos de amnésia, mas ele tinha certeza que se descobrisse ele faria uma grande diferença. Não só ele, mas também Chris e Sarah.

Alex pensou em seu pai. Ele não se lembrava direito do rosto, afinal ele tinha era muito pequeno quando ele morreu, mas o rapaz podia lembrar dele pelas fotos que ele tinha em casa.

O jovem olhou para o relógio do quarto em que se marcava onze horas e cinquenta e nove minutos, logo chegaria a hora do almoço. No exato momento em que o ponteiro dos segundos chegou ao doze fazendo ficar doze horas em ponto a voz de Michael soou no rádio do corredor.

– Hora do almoço agentes! Todos se dirijam à cantina, por favor. Ah! Ia esquecendo! Para os novatos o treinamento foi adiado, pois parece que um dos novatos ficou meio mal e teve que ir à enfermaria ele fez uma pausa e prosseguiu bem, parece que ele já está melhor, então assim que ele se sentir desposto iremos começar o treinamento. Tenham um bom dia!
A voz de Michael sumiu e Alex se dirigiu ao refeitório.

Chegando lá todas as pessoas olhavam para ele. Alguns com surpresa, outros rindo, outros céticos. Alex tentou ignorá-los.

O rapaz se sentou em uma mesa vazia e começou a comer até que uma pessoa se sentou ao lado dele com o seu almoço.

– Oi - disse Jennifer.

– Ah - disse Alex oi.

Alex quase tinha se esquecido de que tinha que guardar um lugar para Jennifer, sorte que ninguém queria sentar com ele, ou azar, dependendo do ponto de vista. O garoto olhou para o prato de Jennifer e viu que ela não tinha pegado carne. Ela percebeu que Alex tinha observado isso e disse:

– Eu sou vegetariana.

– Ah, legal - disse Alex.

– Legal? Não vai dizer que é esquisito ou algo assim?

– Não. Eu sempre quis conhecer uma pessoa vegetariana.

Ele sorriu e a garota retribuiu o sorriso. Alex voltou a comer, porém ele sentiu um calafrio na espinha e se sentiu alarmado. Ele olhou para a saída da cantina e viu que um homem de jaleco com cabelo bagunçado, de óculos e com uma barba mal feita. Os dois se encararam por um tempo. Alex se sentia congelado no olhar daquele homem, ele não pensava em nada e não sentia nada até que Jennifer disse:

– O que houve?

Alex olhou para ela piscando os olhos.

– Nada, é só que eu vi um...

Mas ao olhar para o lugar onde o homem misterioso estava de novo, Alex viu que ele tinha desaparecido. Ele balançou a cabeça para afastar aquele pensamento e logo deixou aquilo de lado.