44.

Alan saiu do dormitório em direção à área externa, andando com cuidado. Naquela manhã sentiu mais o joelho. Talvez tenha sido por ter abusado nas andanças pela escola, sobe-desce de escada e todo o esforço do dia anterior. Contudo, deu a volta no jardim e chegou às arquibancadas.

Era um ponto movimentado naquele sábado de sol e vento fresco. Meninas se juntavam em grupinhos e conversavam. Garotos se entretinham em risadas e piadas. Alguns poucos estavam nos assentos lendo ou escrevendo alguma coisa. Ele seguiu o olhar até a quinta fileira, onde achou uma conhecida: cabelo comprido, revolto, cheio de cachos castanhos; a mesma posição desleixada e ao mesmo tempo durona; uma expressão relaxada, com os olhos fechados e o rosto pro sol.

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Alan não teve duvidas, seguiu até a companhia daquela garota de pele bronzeada natural. Sentou-se ao seu lado sem fazer barulho, mas não pôde segurar um murmúrio de desconforto instantâneo quando o joelho deu uma pontada:

— Ui... – A garota abriu os olhos e se surpreendeu, parecendo meio assustada. — Oi! – Alan abriu um sorriso mesmo assim.

— Oi... – Vanessa respondeu se sentando melhor. — Tudo certo aí?

— Na boa. Foi só uma pontada...

— Então foi mesmo sério? – Vanessa se referiu ao joelho.

— Digamos que... Poderia ter sido pior.

Vanessa sorriu e voltou a se recostar mais relaxada. O fato de ela ficar tão à vontade fazia Alan se sentir mais solto também, e recostou no banco tranquilo.

— Nunca te vi fazendo nada tão arriscado... Como deve ter se arrebentado desse jeito? – Vanessa prosseguiu.

— Você não tem ideia do quanto me arrisco!

— É... Bicicleta não é mole não! – A garota caçoou de brincadeira, nem imaginando a realidade. Alan sorriu de lado, meio sem vergonha.

— Bicicleta é? Vai sonhando... Mas... Por que comentou isso? Você repara em mim é?

— Só quando não tenho nada melhor pra fazer! – Brincou Vanessa fazendo charme.

Vanessa estreitou os olhos por causa do sol e mirou Alan de canto de olho, sorrindo o mesmo sorriso largo de sempre. O garoto apoiou os cotovelos nas pernas, inclinando o corpo pra frente, mas mantendo os olhos no campo.

— Que bom, me sinto lisonjeado! – O garoto ironizou. — A propósito... – Tirou de dentro do bolso um pequeno papel meio amassado. Vanessa sorriu marota quando ele lhe ofereceu.

— Não sabia que era do tipo de cartinhas... – Ironizou.

— Sou do tipo que quiser!

— Pode melhorar suas cantadas! – Disse ela enfim pegando o papel.

— E quem disse que estou te cantando?

Vanessa sorriu de lado novamente, preferindo nem responder. Abriu o bilhete e notou que era o mesmo que ela escrevera, porém, com a resposta no outro lado do verso:

“Pode deixar, que eu vou tentar quantas vezes for preciso!”. – Vanessa riu e enfiou o papel no bolso tentando não demonstrar que ria por dentro. Alan também fingiu que não esperava reação nenhuma.

— Pois é... Penso que estamos sentados juntos agora... Já é um passo dado!

— Você acha é?

— Tenho certeza!

Alan e Vanessa se encararam por um curto até que eles voltaram suas vistas para frente, para onde o time masculino treinava.

— É bonito, não acha?

— Ahn? O que? – Alan pigarreou.

— O campo. A grama brilhando...

— Você deve ter paixão por isso, não é?

— Ainda vão me ver no Estadual... – Vanessa falou orgulhosa, imitando a postura de Alan. Ele virou o rosto, acabando mais perto dela, mas distante o suficiente para não tocar.

— Estadual é? – Perguntou ele, sorrindo debochado.

— Duvida?

Vanessa notou o olhar de Alan percorrê-la com aquela cara cínica que ele exibia. Não se intimidou, e esperou a resposta.

— Não. Eu acho que não... Mesmo que eu só tenha te visto no gol. Agarra bem!

Ela preferiu não levar a ambiguidade daquela frase em conta.

— É, mas Rachel disse que tenho mais potencial em área. Joguei na lateral no último jogo.

— E como foi?

— Ótimo!

— Você é sempre assim... Tão...?

— Segura? – Vanessa arriscou.

— Eu ia dizer convencida, mas isso também serve!

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Alan falou e piscou, maroto, fazendo Vanessa dar um leve empurrão no ombro dele.

— Pode me chamar de convencida, mas... Não acho que isso é problema, quando a pessoa pode provar o que diz!

Alan notou que aquela não era uma menina que tinha medo de falar, seja lá o que fosse. Sorriu pela desenvoltura dela.

— Admirável!

— Obrigada!

Os dois deixaram de falar por um tempo e voltaram a apreciar a vista...

Vanessa tinha razão, notou Alan, a grama brilhando naquela extensão toda... Era incrível!

***

Vickie terminou de se arrumar e passar um protetor solar no rosto. Pegou os fones de ouvido e colocou uma música animada. “Esse sábado pede uma música”.

Passou então a procurar sua sandália de dedo que tinha uma flor na lateral. Devia estar na sapateira, normalmente, mas já revirara quase todo o quarto e não conseguia achar. Deitou-se de bruços no chão e enfiou a cabeça pra debaixo da cama. “Santa bagunça, meu deus!” – queixou-se. Porém, logo avistou a sandália no meio de alguns outros pares de sapatos. Alcançou-as e atirou as duas bandas para trás. Logo, ouviu um ruído de dor:

— AAU!

Levantou-se num salto e deu de cara com um loiro com o rosto vermelho, massageando o nariz com uma mão e segurando uma sandália em outra. Vickie não se conteve com a cara de dor dele.

— HAHAHAHA! – Riu-se até ficar vermelha.

— Precisava me acertar? Podia ter dito bom-dia! – Stark falou.

— Foi mal, mas foi hilário!

— É? Diz isso pro meu nariz!

— Ai, Stark! Quanto melodrama! – A loira jogou o cabelo pra trás e pegou de volta o calçado, pondo os pares nos seus pés.

— Está pronta? – Stark perguntou voltando ao normal.

— Pra que?

— Pra dar uma volta na Lua! – Ironizou ele.

— HAHA. O que você acha? – Stark correu um olhar pela loira, vendo, depois de muito tempo, novamente as pernas dela de fora outra vez. — Opa. Pergunta errada! Cuidado com a baba: pode escorrer! – Ela caçoou.

Vickie riu e foi passando por Stark, mas ele não ia deixar barato pela graça, e segurou a garota pelo braço antes que ela saísse.

— Apressada demais! – Voltou Vickie até dentro do quarto.

— O que? Solta Stark! O que você quer?

— Minha apostila!

— Hã?

— É. A de biologia. Esqueceu? Senhorita “eu-não-gosto-de-reprodução!”.

Vickie sentiu as bochechas corarem. Devia muito do que aprendeu a Stark, mas o preço sempre era cobrado deixando-a vermelha.

— Poderia gostar, se você não fosse meu parceiro! – Jogou mesmo assim, sem dar o braço a torcer.

— Aceita Vickie: até os professores nos põe juntos, por que seria diferente na reprodução humana? – Stark provocou.

— Por que não gosto desse assunto com você!

O loiro sorriu torto e se aproximou da pequena Vickie, que foi se afastando igualmente para trás.

— Por quê? Eu te intimido? ...

— N-não! ...

— Eu te deixo nervosa? ...

— N-n-não...

— Eu te... Tento? – Stark já estava quase sussurrando quando Vickie sentiu o colchão atrás dos seus joelhos e caiu sentada na cama.

— N-na-não... – Vacilou outra vez. Ver Stark de pé e de perto o fazia parecer maior que o normal.

O sorriso no rosto dele era tão maroto e cínico que, naquele momento, Vickie perdeu o dom de dar respostas.

— Se eu não te intimido, por que está acuada? – Ele prosseguiu pondo um braço de cada lado do corpo da garota. — E por que está corada, se eu não te deixo nervosa? – Stark viu Vickie cerrar os lábios como se tentasse se controlar. — E por que está se segurando se eu não tento você?

Stark se inclinou um pouco pra frente e Vickie foi pra trás. Pôs as mãos no peito do garoto tentando refreá-lo, mesmo que já sorrisse, inevitavelmente. Aquilo parecia uma rendição aos olhos de Stark. Ele prosseguiu se aproximando mais e conseguiu alcançar um beijo dela quando ela perdeu o apoio e caiu de costas na cama.

Vickie estremeceu por dentro. Depois que voltaram com Alan, há quase um mês, Stark pareceu ter ficado mais seguro, de uma forma nova. Não tinham se beijado desde então, mas não foi por falta de disposição do garoto nem por falta de oportunidade. Passaram tardes e tardes, juntos estudando, e por incrível que pareça, riam mais que brigavam.

Stark correu a mão pelo braço de Vickie e entrelaçou seus dedos nos dela, fazendo-a se arrepiar. Perdido na sensação entorpecente de todo o momento desceu os beijos pelo pescoço dela, deixando rastro de fogo. Vickie pôde puxar o ar com força, se sentindo levemente tonta, totalmente quente e nervosa.

— Aposto que a apostila não está aí! – Disse ela puxando Stark pelo queixo de volta para cima. O loiro riu cinicamente.

— Quem precisa de apostila de biologia com um corpo humano inteiro bem na minha frente? – Contra-atacou.

Stark tornou a tomar-lhe os lábios e outra vez o ar se foi dos pulmões de Vickie. Provocada, a loira não percebeu quando arranhou a nuca de Stark. Um pequeno gemido de dor (ou não só disso) dado pelo garoto a alertou, fazendo Vickie empurrá-lo para o lado bruscamente.

Stark ficou aturdido tentando se endireitar na cama. Pôs uma mão atrás do pescoço fazendo cara de dor.

— Au, essa foi forte! – Disse ele com um leve sorriso debochado.

Vickie parecia atordoada, abobalhada. Não foi o fato de ter quase perdido o controle, mas por que definitivamente não poderia ter cedido! Ela não conseguia admitir que isto foi praticamente uma rendição! Ela não queria se render!

— Tudo bem, Vi... Não doeu tanto assim! – Stark falou preocupado com o estado paralizado da loira.

Fez menção de se aproximar, mas Vickie pulou pra fora da cama olhando para onde estiveram segundos atrás, parecendo levemente assustada.

— Eu... Ahn... – Ela hesitou. Virou de costas e correu pro outro lado do quarto, tirando um rolinho de papel de dentro de uma gaveta. — Toma! A apostila!

Dizendo isso, Vickie saiu pela porta deixando a impressão de um rastro loiro que logo desapareceu.

Stark sentou na beira do colchão totalmente embasbacado. Não esperava que ela fosse ficar tão surpresa com uma coisa que, mais cedo ou mais tarde aconteceria. Ainda mais que não foi a primeira vez que se beijaram! Se bem que desta vez a coisa foi mais... Crítica.

“A assustei?” – Ele pensou.

Sentiu o ardor do arranhão na nuca outra vez e sem perceber riu. Por mais que lhe custasse admitir, não tinha como negar: Vickie era quem ele mais queria.

***

Rachel estava saindo do ginásio com uma bola para o treino. Estava acompanhada com Jéssyca e Patrícia. Treinariam resistência, chute, e velocidade. Algumas outras coisas ainda se puderem. As outras meninas tinham ido, na maioria, para suas casas, já que não era obrigatório treinar tamanho sábado. Mas Rachel achou melhor convidar quem estivesse por lá do time.

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— Você tem mais reflexos com as mãos que com os pés, por isso achei que fosse se dar melhor no gol. Vanessa é ágil, achei que pudéssemos usar isso noutra colocação sabe... – Rachel ia conversando com Patrícia.

— Gostei da mudança. Você é uma boa capitã, Rae! – A garota de rosto e traços finos disse. Apesar de ser relativamente baixa para uma esportista, Patrícia dava saltos suficientemente altos para bloquear a trave. Era uma ótima goleira.

— Queria treinar um dia pra meio-campo. – Comentou Jéssyca. — Gosto da pressão na área!

— Pressão? Você ainda não sentiu muita... – Rachel parou no meio da frase ao chegar ao campo de futebol. —... Pressão.

As meninas olharam direito, confusas, e viram o time masculino da SRP disperso pelo gramado. O time reserva se aquecia enquanto o titular já estava a todo gás, praticando vários exercícios, supervisionados por Danilo.

Danilo estava de costas, como no sonho de Rachel, o que a deixou perturbada. A diferença era que ele estava agora sem camisa, suado e com uma aparência um tanto selvagem, como se já tivesse dado milhares de voltas pelo campo.

— Ui, me abana! – Paty quase hiperventilou perdida em deslumbre. Não só por Danilo, mas pelos outros rapazes em geral, sem um específico.

— E aí Rae? – Jéssyca perguntou, descongelando o olhar de Rachel. — Vamos lá!

— M-m-mas...

— Somos três, não precisamos do campo todo mesmo! – Ela prosseguiu. — Vamos falar com eles...

— Não. Eu vou lá! – Rachel soltou de uma vez. — Me... Esperem aqui...

As meninas viram Rachel marchar quase superconfiante até o centro do campo, onde o líder do time masculino estava. Só aí, perceberam que fazia bastante tempo que não se via os dois juntos, não como sempre.

Foi como se a língua de Rachel decidisse travar bem na hora. Parou há um metro das costas do garoto, mordendo o lábio, nervosa, enquanto ele cruzava os braços, dando uma instrução geral.

— Acelerem! Precisamos disciplinar isso! Vamos lá!

“São só umas palavras...” – Rachel se recomendava. “No custa. Lembre-se: ele não está com raiva de você! (É o que Stark diz!)”. Suspirou forte e arranhou a garganta, ainda lutando contra o nó que queria fechá-la.

Danilo ouviu o som e virou para trás. Dar de cara com Rachel o fez engolir em seco, como se tivesse dado de cara com uma parede de vidro, ficando brevemente atordoado. Engoliu pesado de novo e repôs a postura.

— Pois não? – Seu tom saiu mais duro do que previu, e isso fez Rachel ter a mesma sensação de baque.

Ela encarou a face séria do garoto. Não era como se estivesse bravo, nem triste, ou mesmo magoado. Estava simplesmente vazio de expressão. Mas isto, de qualquer forma, não era um bom sinal.

— Ahn... Eh...

— Sabe... Eu estou treinando agora. Importa-se de...?

— Sim! Quer dizer... Importo-me. – Rachel de repente, em seguida, voltando a travar a fala.

Os dois param e se encararam apenas, por uns segundos. Rachel não pôde deixar de notar o quanto Danilo parecia mais esguio e forte, e nem fazia tanta diferença antes. Mas nada como alguns dias estranhos distantes um do outro para notar as mudanças no garoto. Ele devia estar uma cabeça mais alto que ela. Seus ombros estavam mais imponentes e o tronco estreitava um pouco para baixo, havendo uma linha demarcada em seu abdômen, um caminho que remetia Rachel à perdição (e que perdição!).

Danilo, por sua vez, não se conteve em medir Rachel discretamente dos pés à cabeça. Sentia mais uma instiga do que qualquer outra coisa... Ela estava um pouco mais comprida, com o rosto um pouco mais fino. Via-se que treinava pesado, mesmo que em poucos dias na semana. Parecia diferente aos olhos dele, o que de certa forma não é de se estranhar. Não era a amiga pequena e bonita, agora era realmente uma garota mais... Crescida. “O que semanas longe um do outro não fazem com a gente?” – pensou ele tentando retomar o senso e parar de olhá-la.

— Tem alguma coisa a dizer? – Ele tornou a falar vendo que Rachel apenas o fitava.

Novamente o tom dele a fez encontrar a língua.

— Precisamos do campo. – Informou falhando na segurança. — Temos muito que treinar!

Danilo olhou brevemente para trás de Rachel. Jéssyca e Patrícia acenaram para ele com sorrisinhos bem sugestivos. Depois, seguiu com o olhar para o resto do campo, onde todo seu time fazia exercícios diversos. Voltou para Rachel com um sorriso que a fez tremer por dentro: irônico e até certo ponto canalha demais. Não era o sorriso natural de Danilo Luxer. Estava pior.

— Vocês podem fazer isso no ginásio ou... No pátio! Meu time precisa se preparar. Temos que representar a escola.

Rachel seriamente encarou Danilo, sua expressão imutável, perturbadora, porém, a ironia dele a fez ficar fula.

— PÁTIO? O QUE PENSA QUE SOMOS?

— Hum... Deixa-me ver... TRÊS? – Danilo apontou para as meninas que não mais prestavam atenção.

— Três que também representam essa porcaria dessa escola: TAMBÉM TEMOS DIREITO DO CAMPO!

— Não hoje capitã!

Danilo piscou um olho de forma cínica e girou sobre os calcanhares, voltando a ficar de frente para os outros rapazes. Porém, Rachel se empertigou e o puxou pelo ombro, forçando a virar para ela. Danilo ficou mais espantado com a atitude que com qualquer outra coisa!

— EU TAMBÉM TOMO DECISÕES POR AQUI SABIA? – Rachel esbravejou.

Ela viu por cima do ombro de Danilo alguns meninos do time reparar na discussão. Danilo também viu Jéssyca e Patrícia voltarem seus olhares para eles.

— Mas acontece que vocês não estão escaladas. NÓS temos muito que fazer pro próximo jogo! Vocês nem estão completas!

— QUE IMPORTA!? Precisamos do campo, e não adianta que você não queira ceder, vamos usá-lo!

— Ah é? Passando por cima da minha autoridade?

— AHA! É minha autoridade também!

— Mas quem está aqui desde cedo sou eu, e se não se importa, você está atrapalhando! – Danilo tentou novamente se virar, mas Rachel de novo o impediu.

— Isso é questão esportiva, Danilo. Não é pessoal.

Danilo foi pego de guarda baixa, e quase não conseguiu responder.

— Certo. Então o que você sugere?

Lucas, intrigado, se aproximou dos dois de repente. Seu físico deslumbrante fez Rachel o notar logo, antes de responder.

— Qual o babado? – Perguntou com seu timbre bonito e... Afeminado.

— As meninas querem o campo. – Danilo informou com um Q de desdém que fez Rachel querer socá-lo.

“Como se já não bastasse ele estar agindo como um emo babaca, agora queria bancar de idiota!”.

A presença de Lucas atraiu mais alguns curiosos do time e logo uma roda se formou. Jéssyca e Patrícia não ficaram longe, e deram força ao lado de Rachel.

— Mas são apenas vocês três? – Lucas perguntou.

— Algum problema? – Patrícia enfrentou antes que Rachel pudesse responder.

— Acho que temos espaço! – Um outro garoto do time se fez ouvir. Rachel deu um sorrisinho bem sugestivo para ele, o que fez o sangue de Danilo literalmente esquentar.

— Você acha? – Perguntou o capitão. O outro garoto não respondeu.

— Então, capitão... O que você sugere? – Prosseguiu Rachel erguendo uma sobrancelha para Danilo, que se viu encurralado.

— Tá legal! – Respondeu irônico. — Daqui pra cá, - apontou uns garotos, — jogam com elas. E daqui pra cá, - acenou outro grupo, — jogam comigo.

Os garotos, inclusive Lucas (que ficou no time delas) se espalharam. Rachel deu um sorrisinho vitorioso para Danilo e girou sobre os calcanhares fazendo seu rabo-de-cavalo chicotear o ar. Danilo deu uma rápida olhada ao redor e notou Alan pela primeira vez ali na arquibancada. Era a primeira vez também que ele estava encostado no apoio de ferro, como se estivesse muito interessado. Danilo tentou refrear seu impulso, porém, não resistiu:

— Rachel! – Chamou num tom grave. Ela olhou por sobre o ombro. — Agora é pessoal. – Informou sem mais rodeios.

Os pelos dos braços de Rachel se arrepiaram levemente. “Ele pediu por isso...” – Pensou para si mesma, sorrindo arteira. “Você fez por onde, Rae...” – Danilo também sorriu sarcasticamente. Os dois se afastaram como se fosse se preparar para combater um ao outro. Isso seria no mínimo interessante.