Quando falamos sobre tempo, falamos sobre uma coisa incompreendida. Tal como o silêncio, que acaba assim quando pronunciamos seu nome.

Hermione desceu as escadas que subira no dia que chegara a Hogwarts de ambos os tempos, passado e futuro. Passou as mãos pelo corrimão de madeira escura, olhou para os retratos e admirou as estátuas.

Era véspera de Natal.

É claro que Tom não quis passar a noite do dia 24 com os Riddle. Talvez estivesse acostumado com a solidão da data na escola, ou não se adaptara à ideia de passar um dia importante com a família. Afinal, não era este o real significado do Natal?

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Antes de tudo, a garota foi até o gabinete do professor mais brilhante da escola, desejou-lhe boas festas e lhe deu um beijo na face, mesmo sendo extremamente antiquado para a época em que estava. Não se importando, Dumbledore apenas sorriu daquela forma amável e carinhosa, deixando o coração da menina ainda mais apertado.

Harry, Ron, seus pais... era o primeiro Natal que passava sem eles.

Enquanto descia, pensou como estariam, se a vida havia mudado tanto sem ela. Ron namoraria Lilá, e é claro que Harry e Gina ficariam juntos. Seus pais seguiriam seu rumo sem lembrar qualquer coisa dela.

Estava claro que para aproximar-se do passado precisava distanciar-se do futuro; era um preço a ser pago por uma magia tão específica. Neste ponto da jornada, todos teriam esquecido as memórias que ela deixara, e viveriam em paz, uma paz terna que desejou de todo o coração.

As duras consequências existiam, mas também tinha as suas vantagens. E lá estava a melhor de todas.

- Mulheres pensam de mais. – disse Tom, ao pé da escada. – Mas tenho que admitir, - admirou-a. – vocês são bem ágeis.

- Agilidade, Sr. Riddle, hm? – colou os lábios nos dele, envolvendo-o com os braços. – Uma festa tão boa; não podemos nos atrasar.

Tom revirou os olhos.

- Slughorn não podia ser mais gentil do que movimentar essa escola, uma vez que tudo está tão sombrio.

- Problemas externos, é claro.

- Parece que nosso amigo Grindelwald não está respeitando nem os feriados, ao contrário, viu neles uma forma de agir mais habilmente, afinal, os sangues-ruins estarão em casa, comendo peru com a família.

- Acha graça nisso? – perguntou ela, apertando os braços no pescoço dele, jogando seu peso no corpo dele.

- Não exatamente no contexto, mas acho graça em eu estar enquadrado no esquema. A virada da noite passaremos aqui, futura Sra. Riddle, mas não consegui desfazer o desejo da minha avó em nossa companhia no almoço de amanhã.

Hermione sorriu e o beijou novamente, descendo completamente da escada.

- Aposto que Maggie vai colocar veneno na nossa comida. – riu.

- É claro que sim. Mal posso esperar por isso. – completou ele, entrelaçando sua mão na dela e caminhando até o salão principal.

* * *

- Feliz Natal adiantado. – Thomas pegou a mão da esposa, depositando-lhe um beijo.

- Querido. – Mary abraçou-o graciosamente.

- Creio que esteja mais ansiosa para amanhã do que para a noite de hoje. – sorriu.

- Sinto falta do meu neto, e também de sua noiva. Que garota adorável, não é Thomas?

O homem sorriu, passando os braços pelos ombros da mulher.

- Hermione será uma perfeita Riddle, sem sombras de dúvidas.

- Não é a isso que me refiro. – Mary conjecturou, franzindo o cenho. – A escolha de meu neto não depende da perfeição dela para com nossa família, mas sim dela para com ele.

- E o que acha dos dois?

- Que são perfeitos um para o outro, como nós somos. – a senhora sorriu, beijando a face do outro. – Seria estranho ter mais uma mulher em casa. – pensou.

- Agora teremos duas. – Thomas riu, levando a esposa até a árvore de Natal.

* * *

Cecília estava perfeita, ou assim queria estar. Penteava seus cabelos loiros com capricho, moldando os cachos com uma bela tiara de brilhantes: presente de seu amado Tom.

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Olhou o quarto a sua volta, o que por vezes dormira quando era mais nova. Absolutamente, jamais deixariam uma dama, principalmente uma jovem dama dormir perto de um rapaz, mesmo que estivessem noivos.

E pensar que isso fora há 18 anos atrás, e ela ainda era uma jovem dama. Continuaria sendo até o casamento.

Estava tudo pronto: o vestido, a decoração, a comida, os convidados... o jardim estava repleto de coroas de flores brancas feitas por Mary, e um altar havia sido montado perto da fonte. Tudo pronto, inclusive ela.

Escolhera uma data importante, talvez para alegrar a nova família que finalmente a receberia, talvez para agradar somente uma pessoa que não podia desconsiderar de seu caminho: Tom Riddle Jr, seu futuro enteado.

A cerimônia seria realizada no dia 31 de dezembro, a comemorar duas coisas importantes; primeiro o ano novo, a passagem de uma vida antiga para uma nova. Segundo, o aniversário de Tom Riddle Jr.

Nem cogitou a possibilidade de outra data, assim que Mary teve em seus olhos a luz de uma estrela saltitante, a cantarolar que iria comemorar, nos próximos anos, três maravilhosos acontecimentos em um único dia. Seu futuro esposo somente sorriu, sem compreender. Seu sogro simulou palmas.

- Senhora, o Sr. Riddle pede para entrar. – disse Maggie, um tanto honrada em chama-la de senhora.

- Deixe-o entrar e saia imediatamente. – disse áspera e ansiosa.

Tom agradeceu Maggie antes de cruzar a porta.

Cecília o observou pelo espelho, vendo o quanto estava bonito, o quanto era lindo. Os cabelos penteados e negros, o terno polido, os olhos azuis... O quão perfeito era, e o quão dela era. Cada pedacinho daquele homem pertencia a ela, os quais jamais abriria mão em qualquer hipótese.

- Estou ficando envergonhado. – disse ele, corando. – O que tanto observa? – perguntou, inclinando-se sobre as costas dela.

- O quanto você é bonito. – sorriu sem graça.

- Ora, vamos relevar a beleza, então. – começou ele, beijando a curva do pescoço dela sobre seu colar de diamantes. Cecília fechou os olhos em êxtase.

- Que grande injustiça, Sr. Riddle, seduzindo a noiva antes do casamento... – suspirou.

- Olhe seu reflexo no espelho, Cecília querida, e me diga se realmente sou tão bonito assim.

A mulher não deixou de sorrir, sabendo que também era bonita.

- Somos perfeitos um para o outro, Tom. – continuou olhando, enquanto os braços dele acariciavam levemente seus ombros.

Tom virou o rosto dela para si e fixou-se em seus olhos azuis.

- Eu sempre soube disso. – e a beijou.

* * *

- Tom, meu caro! – Slughorn cumprimentou o aluno com um sorriso alegre no rosto. – Não o esperava tão cedo. Ah! Olá, Srta. Granger.

- Professor. – disse ela, olhando para a face repuxada de Tom.

- Ah, Tom, se não se importa... eu queria apresentá-lo para alguns amigos meus do Ministério, você sabe... – Slughorn sussurrou. – Muitas oportunidades podem surgir desses encontros.

Hermione afastou-se.

- Á vontade. – levantou as mãos num sinal de falta de importância. – Me espere lá fora, não demoro. – sussurrou para ela, beijando-lhe a face.

- Ótimo. – respondeu, porém Tom já havia se perdido no meio dos outros alunos.

Hermione foi até a passarela sobre o lago, iluminado com pouca luz de velas que flutuavam na borda. Estava frio. Passou a manta negra mais perto de seu rosto, sentindo uma brisa gelada tocá-la, como num beijo. Um beijo que somente o vento pode dar.

Deixou sua mente vagar, como fizera minutos antes de estar ali. Imaginou o belo jantar dos Weasleys, com as travessuras dos gêmeos, Ron devorando o peru e Harry planejando algo contra Voldemort, ou descobrindo alguma coisa referente a ele...

Não percebeu quando seu corpo começou a ficar estranhamente quente, somente quando seu dedo anelar começou a queimar arduamente.

Hermione fitou o Anel dos Tempos perdidos quase em chamas, delineando a frase:

Dokonalosť je samostatný pojem.

- Mas... o que é isso? – reclamou ela, incomodada.

- Perfeição é um conceito independente. – riu Felipe, aproximando-se. – Olá, aliás!

Hermione virou para soca-lo, mas somente riu.

- Achei que estava na mansão Fitsburg. – comentou ela, indo até o outro. – Rebeca disse que passaria o Natal com vocês.

Felipe continuou rindo, como e uma piada interna o afetasse.

- Do que está rindo? – questionou brava. – Por acaso pareço engraçada?

- Na verdade, sim. – disse displicente. – Esqueceu-se que posso ir aonde quiser quando quiser. Deixe de ser lenhosa, trouxe uma coisa pra você.

- Um presente de Natal? – sussurrou.

- Não. – murmurou o outro, ainda mais baixo. – De casamento.

Hermione ficou boquiaberta, e Felipe gargalhou alegremente.

- Nem em meus maiores sonhos imaginaria algo tão amável. – comentou sarcástica.

- Bom, não é totalmente mentira. – Felipe tirou das vestes uma caixa de bombons e entregou a ela. – Este é de Rebeca. Disse para você comê-los loucamente, assim terá um motivo para se safar, caso engorde nesse feriado. Sinceramente eu não entendi.

- Como ela é adorável. – Hermione sorriu. – Não queira entender, apenas agradeça os bombons de coração, e diga que darei meu presente quando voltarmos.

- Claro, claro. A segunda parte é uma coisa especial. – disse sonhador, deixando-a ansiosa.

- Especial? Não vai me mandar fechar os olhos, não é? – riu.

- Não, está bem embrulhado, apesar de que não ficaria desgostoso caso queira fechar os olhos. – adicionou.

Hermione corou e cerrou os olhos.

- Nem pense nisso. – disse.

- Jamais. Eis seu presente, da minha parte. Abra-o, e verá quão é especial.

E, por fim, colocou nas mãos da menina uma caixa retangular e alta, coberta de um papel fino e dourado.

Hermione retirou o papel bonito com cuidado, sem rasga-lo. Escondida sobre o papel, a caixa era ornamentada em pequenos cascalhos, e tinha uma fechadura. A chave veio dentro de uma bolsinha de veludo.

- Abra. – repetiu Felipe com os olhos brilhando.

Ao abrir a caixa, desta saiu uma música doce e leve, como uma canção de ninar. No interior havia três espelhos, dois menores ao redor de um maior. Na esquerda, uma bailarina dançava, pregada ao ímã.

- É linda. – disse emocionada e chocada. – Um presente muito especial.

- Sim, é verdade, mas não é por ser linda que é especial. Eis o real significado do Natal, mostrar às outras pessoas conceitos diferentes de felicidade e alegria. Sua missão é dar essa caixa para alguém que perdeu o brilho do Natal, o brilho da vida. – disse ele. – Eu a dei pra você porque você só pode adicionar mais coisas boas nela. Quando estiver cheia de virtudes, deve entrega-la para quem precise.

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Uma lágrima grossa e cristalina escorreu no rosto dela.

- Amor e união, – sussurrou ela, fechando os olhos. – só acumula coisas boas.

- E a amizade, – abraçou-a. – serve para acentuar tais coisas.

Quando Hermione estava prestes a abrir os olhos, nada havia além da caixa de bombons de Rebeca e a caixa de música dada por Felipe. O anel parara de queimar.

- Hermione? – chamou Tom na ponta da ponte.

A menina segurou os presentes firmemente enquanto andava na direção de Riddle.

- O que é isto? – perguntou ele, sorrindo de lado.

- Presentes dos meus amigos. – respondeu ela, também sorrindo. – Fiz bem em ter vindo aqui.

- Assim, – Tom movimentou a varinha, fazendo os presentes desaparecerem. Pegou a mão dela, entrelaçando a cintura com a outra. – nós podemos fazer nosso social por aqui até umas onze horas e depois podemos comemorar... sozinhos. – sussurrou próximo ao seu ouvido.

- Tenho motivos para ter medo? – sussurrou de volta, meio aflita, meio risonha.

- Muitos, Srta. Granger, muitos. – beijou-a ardentemente.

Hermione puxou-o para mais perto, levando as mãos nos cabelos negros e bagunçando-os delicadamente. Sentiu Tom suspirar sobre seus lábios, um pouco em êxtase. Sua intuição dizia para parar, mas era delicioso ver o quanto ele estava envolvido com ela, o jeito como ele estava beijando-a, tão humano, tão diferentemente único.

As mãos dela desceram pelo rosto delicado de Riddle, tão suavemente branco, atenuado pelo leve tom rosado que a brisa gélida causara. Lindo, em todos os sentidos, perfeito em sua real espécie.

Como num flash, sentiu que precisava parar assim que os dedos dele passearam sobre o fecho de seu vestido.

- Fico imaginando o vestido de Cecília. – comentou certeira.

Tom a olhou incrédulo.

- O que?

- Fico imaginando como será o vestido de Cecília. – repetiu.

- Eu entendi o que disse, - respondeu rude. – não entendi o motivo deste comentário absurdo neste momento.

- Na realidade, fico imaginando como será o meu vestido, também.

Tom sorriu.

- Mais bonito que o de Cecília, é claro. – disse ele.

- Tom? – chamou.

- O que?

- Seremos felizes, não seremos? - perguntou indecisa.

Tom a abraçou amorosamente, com os dois braços em sua cintura.

- Perfeitamente felizes, Hermione.

Ela teve quase certeza de que uma estrela havia cruzado o céu.