Além de uma vida

Tudo que eu quero nesse Natal


Ponto de vista de Jasper

"Conta de água. Conta de gás. Conta de telefone." Como se nós usássemos muito o telefone, pensei, enquanto ia descartando a correspondência na mesa. "Conta de luz. Promoção de alguma pizzaria – compre três e ganhe a quarta de graça." Quando precisaríamos daquilo? Lixo. "Conta do cartão de crédito. Extrato bancário. Quer saber como ganhar um milhão de dólares?" Como se um milhão de dólares a mais fosse fazer alguma diferença em nossa conta.

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"Jasper?", escutei Esme chamar da cozinha, onde estava desde o começo daquela manhã.

O cheiro que saía desta – que com certeza era extremamente apetitoso para os humanos, mas para nossa espécie era um pouco nojento –, desde as oito horas daquela manhã de sábado já havia tomado conta de quase toda a casa. Nossa mãe resolvera fazer alguns biscoitos para ajudar alguma instituição de caridade da cidade, e os alguns já haviam se transformado em algumas centenas.

"Será que você poderia sair e comprar mais farinha? E alguns ovos?" A ouvi pedir, mas a próxima carta em minhas mãos me impediu uma resposta.

Um cartão de Natal?

Todas as outras correspondências foram parar no chão da sala, ficando em minha mão um único cartão vermelho. Quem ainda mandava cartões de Natal pelo correio? E desde quando nossa família recebia cartões de Natal? Uma caligrafia dourada e bonita, mas que ainda estava longe de ser perfeita, havia endereçado o cartão para Jasper Whitlock e família.

Que todos tenham um feliz Natal! Mando junto deste cartão muito amor e paz para o feriado.

Não contive o impulso de trazer o cartão para mais perto de meus olhos quando vi o pequeno nome assinado no fim deste.

Com amor,

Alice Thompson.

Alice. Ela sempre adorava aquele feriado, e sempre tentava fazer alguma coisa especial para todos – mas sempre reclamava do fato que nossa família nunca recebia um cartão de Natal. Se minha pequena continua com o espírito igual – e eu sabia que ela continuava – deve receber dezenas de cartões no mês de dezembro. E isso com certeza deve fazê-la feliz. Então por que naquele instante eu havia ficado tão triste?

"Jasper?" Minha mãe chamava, entrando na sala, logo vendo o monte de correspondência. "O que houve?"

"Ela me mandou um cartão." Entreguei quase receoso o pedaço de papel, como se este fosse sumir se saísse de minhas mãos – era tão ridículo ter medo de lhe dar aquilo! "Nos mandou um cartão." Um pedaço de papel com um desenho de uma casa coberta por neve, e uma escrita um pouco imperfeita.

"Mandou com amor." Esme completou.

"Sim, mandou com amor." Desabei no sofá, meus pensamentos a mil. "Mas ela deve ter mandado isso para todo mundo – Alice deve ter milhares de cartões para mandar agora! Ela provavelmente escreveu isso em todos, e nem percebeu que o meu – o nosso – estava no meio."

"Acho que você anda pessimista demais ultimamente." Não respondi – nós dois sabíamos que aquilo era verdade. "No dia em que vocês foram ao parque, as coisas pareciam ter melhorado entre você e Alice."

"Ela vive nervosa quando está ao meu lado." Confessei o que tanto me incomodava.

"Igual a você, então?" Esme sentou-se do meu lado, me devolvendo o cartão. "Quando comecei a ter sentimentos por Carlisle, eu vivia nervosa ao redor dele. Era horrível, e maravilhoso ao mesmo tempo." A vampira ao meu lado me contava com um olhar amoroso. "Sua primeira vez com Alice foi diferente: ela simplesmente sabia que era você, diferente de mim e de Carlisle, de Edward e Bella, Rose e Emmett, diferente de vocês dois agora. Dê um tempo para ela se apaixonar pela pessoa maravilhosa que eu sei que você é Jasper, dê um tempo para ela se lembrar. Uma vez que ela ver o verdadeiro cavalheiro escondido atrás de todo esse nervosismo, vai ser impossível acontecer o contrário." Ela terminou, um sorriso nos lábios.

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Suspirei, olhando mais uma vez para o pedaço de papel vermelho.

Mando junto deste cartão muito amor e paz para o feriado.

Fazê-la se apaixonar.

"Só trigo e ovos, mãe?"

Esperaria com gosto até minha pequena voltar a me olhar com os olhos de antigamente.

...

Ponto de vista de Alice

Aquele estava prestes a ser o pior Natal de todos.

Cinco e meia da manhã, o telefone tocou – e eu agradeci muito a Deus pelo telefone sem fio estar em cima de meu criado mudo. As notícias que seguiram já não eram exatamente as melhores, e me amaldiçoo até agora pela resposta que dei.

Não, tudo bem. Nos viramos por aqui.

Nos viramos? Não tínhamos nem ao menos uma árvore de Natal, na maldita véspera de Natal, quanto mais qualquer ingrediente para fazer uma ceia descente! Argh.

Mas então, o que responderia aos nossos avós?

A irmã de vovô havia fraturado o quadril na noite anterior, e eles haviam ligado perguntando se teria algum problema se passassem o Natal com ela no hospital. É claro que não poderia responder outra coisa – vovô adorava sua única irmã, e a mulher já era tão sozinha, era injusto deixa-la sem ninguém no dia vinte e cinco. Isabella como sempre pareceu não se importar, ela simplesmente adorava cozinhar, mesmo que fosse somente para nós duas.

Já eu, não estava tão feliz. Eram quase duas horas da tarde, e aqui estava eu, no dia vinte e quatro de dezembro, no meio de uma loja tentando achar um pinheiro adequado. Muito grande. Pequeno demais. Amarelo demais. Artificial demais. Queria sentar ali no meio de tudo, naquele instante e começar a chorar – nunca iria conseguir uma árvore, e mesmo se conseguisse, ainda tinham todos os enfeites. E a neve – qual era a graça de um Natal sem neve?

Mais alguns minutos e desisti de achar qualquer árvore naquela loja, voltando de mãos vazias para a rua movimentada. O dia não podia ficar pior, podia? Talvez pudesse, concluí quando bati de frente numa coisa dura demais, me desequilibrando no mesmo segundo.

Já me preparava para sentir o impacto com o piso da calçada quando duas mãos envolveram minha cintura, me salvando da queda. Vi duas sacolas caindo no chão – uma se abrindo e espalhando algo branco sobre ele –, vi o céu nublado quase chuvoso daquele sábado – que acabava com todas minhas perspectivas de neve –, e então, vi o par de olhos que não esperava ver antes do ano que vem.

O nervosismo voltou no mesmo segundo – minhas mãos gelaram e meu coração começou a bater mais rápido quando inalei aquele cheiro que se tornava a cada dia mais conhecido. A cada dia, melhor. Como ele conseguia ter aquele efeito sobre mim? E como ele conseguia ser tão lindo?

"Sinto muito-"

"Você está bem?" Estaria melhor se você parasse de aparecer justo quando não te espero. Estaria melhor se você me beijasse.

Mas respondi apenas que sim, voltando a olhar para o que parecia farinha de trigo com um pouco de culpa. Jasper se certificou que meus pés estavam firmes no chão antes de soltar minha cintura, suas mãos ajuntando as sacolas.

"Eu vou pagar-"

"Besteira." O vi examinar a outra sacola, segundos depois descartando as duas num lixo próximo.

"Mas foi minha culpa-"

"Já disse, besteira. Não é necessário.", ele disse, quase parecendo bravo. Mas quando seus olhos acharam os meus, qualquer sinal de que o homem poderia estar de mau humor se foi. Ele definitivamente ficava estonteante com aquele sorriso nos lábios.

Não sabia o que falar – ficava tão tímida perto dele! Nunca sabia como reagir, onde colocar minhas mãos – sempre queria me esconder, ao mesmo tempo em que queria me jogar contra meu professor. Ele havia sido tão diferente naquele sábado do parque, talvez sábados sejam seus dias de bom humor.

Então talvez hoje seja meu dia de sorte.

"Bem, mais uma visita ao mercado."

Quando me dei conta, ele já estava virado para mim, andando para dentro do Walmart. Nem percebi que meus pés me levaram para dentro do mesmo contra minha vontade.

"Alice, eu já disse que você não vai me pagar nada.", ele me lembrou, retirando uma cesta de compras de um monte.

"Mas eu não-"

"Precisa de alguma coisa do mercado?" Fiz que sim, e ele me deu um fraco sorriso, trocando a cesta por um carrinho. "Já sabe do que precisa?" Jasper perguntou enquanto entrávamos no corredor dos chocolates.

Não, não fazia a menor ideia do que precisava – na verdade, não precisava de nada, Bella é quem estava fazendo as compras de alimentos –, mas passar um pouco mais de tempo com aquele loiroera tentador demais. Fora que precisava perguntar a ele o que queria perguntar desde o começo daquela manhã.

Coloquei uma barra de chocolate no carrinho – teria que comprar algumas coisas agora, e cacau doce nunca era demais.

"Você recebeu o meu cartão?" Foi a primeira frase que consegui completar na presença dele. Tentava parecer casual, mas tive a impressão de que minha voz saíra mais preocupada do que deveria.

Aqueles olhos amarelos foram parar nos meus outra vez, pausando ali por alguns instantes antes de me responder.

"Sim." Ouvi ao virar no próximo corredor, meu estômago outra vez dando saltos de nervosismo. O vi pegar um saco grande de farinha de trigo para bolos, antes de falar outra vez. "Obrigado, baixinha. Pelo cartão."

"É só um cartão.", respondi um pouco envergonhada – já sentia as bochechas vermelhas.

Por um momento aqueles olhos amarelos pareceram tristes, mas Jasper logo se virou para frente, voltando a andar com o carrinho, e eu não pude ter certeza do que vira. Fui o seguindo atrás, mais uma vez notando o quanto ele era alto, tão mais alto do que eu.

Só o ouvi voltar a falar quando estávamos na fila do caixa.

"Precisa de mais alguma coisa, Alice?" A pergunta veio com um sorriso, talvez o mais simpático e sincero que já vira naquele rosto.

"Não, mais nada." Tentei pegar do carrinho a barra de chocolate, mas quando vi, tudo já estava no balcão do caixa, minha barra sendo a primeira a ser computada. "Jasper, você não vai-"

"Eu vou sim." Ele entregou um cartão preto para a funcionária, não olhando nem uma vez para a quantia que a tela do computador mostrava. Sabia que ele era rico – bem rico, pelo tamanho da casa deles, e do terreno enorme ao redor desta que aparentemente também era de sua família – mas não me sentia exatamente confortável em deixá-lo pagar algo que era meu. Por mais ridículo que o preço seja.

"Eu vou te dar-"

"Guarda essa carteira, Alice." Ele pegou as sacolas, me entregando uma com minha barra de toblerone amargo. "Sério. Aceite como um agradecimento pelo cartão – eu não mandei um para você." E ele sorriu aquele sorriso outra vez, enquanto nós dois saíamos pela porta automática.

Já estava prestes a me despedir quando uma pergunta me pegou desprevenida.

"O que você quer ganhar de Natal?"

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Fiquei sem resposta por um momento, não sabendo se falava ou não o que eu mais desejava como presente.

Meu presente impossível: meus pais de volta.

Acabei resolvendo que o melhor a fazer era não trazer a tona aquele tópico, não hoje, não durante essa época do ano.

"Acho que eu adoraria, realmente adoraria, uma árvore de Natal." Tinha previsto o olhar engraçado que ele me dava. "Nós passaríamos o Natal com nossos avós, mas aconteceu um imprevisto, e agora nem ao menos uma árvore temos."

Mais uma vez, as palavras do homem me surpreenderam.

"Gostariam de passar o Natal conosco, você e Isabella?" Era o espírito natalino, com certeza, falando. Jasper deveria estar com pena, com dó – duas praticamente adolescentes passando o primeiro Natal completamente por elas mesmas numa cidade nova. Mas a frase soara tão verdadeira, como se ele realmente quisesse nossa companhia, que não consegui evitar o calor que tomou conta de meu peito.

E o que eu mais queria era responder sim.

"Nós adoraríamos. Mesmo.", disse, logo emendando. "Mas Bella já deve ter começado alguns preparativos da ceia, e não queremos atrapalhar, e está tão em cima da hora! Quero dizer-"

"Tudo bem, eu entendo." Ainda aquele sorriso. "Quem sabe no próximo feriado." A frase fora quase um sussurro.

"Jasper, o que você gostaria de ganhar de Natal?"

"O que eu quero não cabe debaixo do pinheiro.", ele disse, me olhando enquanto dava um sorriso torto - o mesmo daquele sábado da tempestade.

Senti meu rosto ficar vermelho, não sabendo se havia ou não entendido direito aquela última frase, mas ele já se dirigia ao seu carro antes que eu pudesse responder alguma coisa.

Mas que inferno.

...

Ponto de vista de Bella

Definitivamente, aquela torta de cerejas era grande demais para nós duas – e era melhor nem comentar sobre o tamanho do peru já assando no forno. Mas o que poderia fazer, cortar a ave em quatro? Não seria a mesma coisa aquele prato em pedaços, assim como mini tortas de cereja – e com certeza, comeríamos aquela mesma refeição até o ano novo, por não termos com quem dividir.

Quando ouvi uma batida na porta, a resposta veio automática.

"Está aberta, Al!" Era impossível parar o que estava fazendo agora – literalmente estava com a mão na massa. Agradecia por ter deixado sem querer a porta destrancada, enquanto desejava saber se Alice havia voltado com ou sem um pinheiro.

Mas passaram-se alguns segundos, e não ouvi a porta se abrir do jeito escandaloso que Alice sempre abria – e comecei a imaginar se eu realmente deixara a porta sem trancar. Quando me virei, enquanto tirava alguns pedaços de massa das mãos, encontrei entrando na minha cozinha a última pessoa que eu pensaria em ver naquele sábado – e meu coração, obviamente, quase foi parar na minha boca.

"Você não sabe andar fazendo barulho?" Tentei dizer numa voz calma, uma mão indo parar no peito, sujando o suéter e o avental que usava de massa crua.

"Desculpe." Um sorriso, maravilhoso como o dono. "Você disse que a porta estava aberta, então eu entrei."

Senti meu coração enfim se acalmando e empurrei a bacia com a massa da torta para o lado, lavando minhas mãos na pia.

"Não, está tudo bem." Enxaguei as mãos no pano de prato, e quando me virei Edward já estava do meu lado, colocando um pacote sobre a mesa. Aquilo no saco transparente eram biscoitos?

"Eu vim por um bom motivo, como pode ver." Ele sentou-se, após puxar uma cadeira. "Espero que você goste de biscoitos de gengibre, minha mãe fez algumas centenas nesses últimos dias, e achei que daria um bom presente de Natal trazer alguns para vocês duas."

Olhei melhor, e consegui ver biscoitos em formato de homenzinhos, perfeitamente desenhados com roupa, olhos e boca coloridos. Estavam perfeitos, e pareciam ótimos – assim como o garoto que sentava na minha cozinha, esperando eu dizer alguma coisa.

"Obrigada.", respondi, não sabendo o que dizer depois. Oferecia uma água? Um café? Abria os biscoitos, continuava minha torta e lhe dava uma para levar? O convidava para ir até a sala?

"Bella?"

"Eu não tenho nada pra você." Acabei falando – foi à primeira coisa que me tinha vindo a cabeça.

"Eu não estou esperando nada em troca.", ele disse, puxando uma cadeira para mim. "De verdade. Seu sorriso já é um ótimo presente para mim."

Me senti corar enquanto sentava ao seu lado – tão próxima. Ficava sempre tão nervosa perto dele, era quase irritante. Como ele conseguia me deixar daquele jeito, com somente um sorriso? Não me sentia assim desde... Desde nunca. Alice sempre me provocava por aquilo – pelo interesse totalmente nulo por garotos que eu apresentava.

E agora, aparecia aquele praticamente príncipe de cabelos quase ruivos, que me tratava tão bem, que me olhava de um jeito que era impossível descrever. Como agora, como se eu fosse algo tão precioso, o melhor de todos os tesouros. E ele nem ao menos me conhecia direito, como poderia sentir aquilo? Como eu conseguia sentir aquilo?

"Você está cheia de farinha na sua bochecha." Edward disse, e me pegando totalmente de surpresa, limpou o pó branco com seus dedos gelados.

E foi como um choque.

"Fiquei pensando, enquanto estava correndo-"

"Em não bater nas árvores, espero." O cortei.

"Bella, a bobinha." Aquela era tão lindo quando ria. "Correr é como uma segunda natureza para mim, não é uma coisa na qual eu tenha que pensar."

"Exibido.", murmurei, olhando para baixo.

"Não." E então, uma mão gelada levantava meu queixo. "Estava pensando que há uma coisa que quero experimentar." Ele foi chegando mais e mais perto, as duas mãos envolvendo meu rosto delicadamente.

"Bella?" O toque era gelado, tão gelado. Quando voltei a abrir os olhos, meu coração voltou a acelerar como a minutos atrás – ele estava tão perto! Seu nariz quase tocava o meu, e em seus olhos havia uma expressão suave, esperançosa.

E percebi, me lembrando da cena de segundos atrás, que eu deveria ter sonhado acordada, outra vez. Por que aquilo acontecia tanto ao lado dele?

"Me desculpe, eu-"

"Sshh." Um dedo nos meus lábios, me silenciando, me fez quase saltar da cadeira. "Eu sei o que você pode me dar de Natal." Era um mero sussurro, enquanto sua testa roçava na minha, assim como nossos narizes. Tão perto.

Amaldiçoei quando escutei o celular vibrar em cima da mesa, fazendo nós dois nos afastarmos automaticamente. Uma olhada rápida no visor me mostrou quem ligava: James.

"Você não vai atender?" Edward perguntou quando o telefone tocou pela segunda vez, e eu fiz que não – não tinha a menor vontade de falar com quem acabara de estragar o momento que estávamos tendo. Dane-se que eu tinha combinado de passar para meu amigo de infância o endereço de onde ia tocar no ano novo.

Então o deixei tocar, me lembrando do que tinha sobre minha cama. Me levantei, e sem mais nenhuma palavra fui para meu quarto, voltando em menos de um minuto para a cozinha. Estendi a mão que segurava alguns tickets de papel para ele antes de falar.

"Acho que esse é um bom presente para você." Ele pegou os quatro ingressos e abriu a boca para falar alguma coisa, mas eu logo continuei. "O dono do bar me deu algumas entradas para a festa de ano novo – e antes de você falar algo, fique sabendo que se eu não as der para você e sua família, não vou dar para mais ninguém. E é um bom presente, já que você queria me ouvir cantar."

Senti alívio quando Edward enfim sorriu, guardando seu presente em um dos bolsos.

"Obrigado." Ele deu um passo para frente, uma mão pousando no meu ombro. "Tenha a certeza de que vou estar lá, Bella."

Outra vez estava ficando zonza com a proximidade – respire Bella, você tem que lembrar de respirar.

O som de um carro entrando na garagem chamou a atenção de nós dois, e acabou com o que poderia ser mais um prelúdio de um beijo. A mão saiu do meu ombro, assim como nós dois demos um passo para trás, nos distanciando. Olhei para baixo, só agora percebendo o avental completamente sujo que usava, justo na frente dele – senti meu rosto ficar vermelho mais uma vez no mesmo segundo.

"Melhor eu ir?" Havia sido uma pergunta, como se ele não quisesse ter que sair.

Ou eu estava imaginando aquilo, o que era mais provável, assim como deveria ter imaginado todo o resto - há, como se ele fosse querer me beijar minutos atrás! Como alguém tão perfeito poderia ficar interessado em mim? O que eu tinha para dar?

"Te vejo daqui uns dias, então." Um beijo rápido na bochecha – Edward me desorientando mais uma vez. "Vai cantar uma música para mim?" Deus, por que ele não se afastava logo? Sentia como se fosse desmaiar com aquela proximidade.

"Sim." Mal consegui pronunciar.

"Só para mim?" Senti sua mão deixar minha cintura, me controlando para não segura-la ali.

"Sim."

E o observei sair pela porta. Sim, cantaria uma música para ele. Cantaria todas, se ele quisesse – se isso o fizesse ficar perto de mim daquele jeito.

...

Ponto de vista de Alice

Nossa véspera de Natal fora melhor do que o esperado, apesar de todos os improvisos. Meu presente para Izzy descansava dentro de minha gaveta - por falta de lugar melhor -, e olhei mais uma vez minha irmã fazer o mesmo no sofá antes de sair pela porta.

Abri a barra de toblerone, encostando a porta, atrás de mim, dando a primeira mordida antes daquele maldito loiro voltar para meus pensamentos.

Por que ele fazia aquilo? Por que me deixava tão confusa? Por que tinha que ser tão irritantemente perfeito, e tão irritantemente beijável todos os malditos minutos?

Pisquei uma, duas vezes, e então usei minha mão livre para beliscar meu braço, como se precisasse me certificar de que aquilo era real. Não havia cartão algum, explicação alguma, e não tinha como aquilo ser feito de outra pessoa além dele. Por mais confusa que estivesse, não mais consegui conter meu sorriso.

Aquela era a árvore de Natal mais linda que já vira em toda minha vida.