Além Das Estrelas

Capítulo 35 - Passos Entre as Vidas.


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“Quando alguém encontra seu caminho, precisa ter coragem suficiente para dar passos errados. As decepções, as derrotas, o desânimo são ferramentas utilizadas para mostrar a entrada.” – Paulo Coelho


17 de Fevereiro de X380.


Não me recordo bem do que aconteceu nessa data. Lembro de que tinha doze anos quando os encontrei pela primeira vez.


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Weisslogia e Skyadrum estavam belos, como sempre foram. Belos e terrivelmente assustadores.


Os céus da velha vila Isis pareciam mínimos comparados ao esplendor de ambos os Dragões.


Eles não eram os únicos naquela região, mas eram os únicos que “visitavam” aquela vila.


Recordo-me - como se fosse ontem – o dia em que os encontrei. Eles não haviam me reconhecido já que nasci com cabelos vermelhos e olhos verdes. Foi engraçada a reação deles quando descobriram que eu era a Lucy deles.


Oito anos após aquela data, meu velho amigo veio visitar-me como sempre fazia. E como costume levou minha alma consigo.


Foi em 27 de Março de X412 que voltei a renascer.


Eu sofri naquela vida. Sofri como nunca antes havia sofrido. Isso se devia não apenas ao fato de meus pais terem me vendido como uma prostituta, isso foi o mínimo na verdade.


Quando completei dezesseis anos naquela vida, aconteceu uma guerra.


Dragões versus Dragões.


Nunca tive tanto medo de perdê-los.


Foram quarenta e sete anos de lutas. Duas vidas e meia, vividas em meio ao temor de perder quem amava.


Jamais anseio passar por isso novamente.


Cada dia era vivido com temor. A cada minuto eu desejava que aquilo acabasse, ou que não passasse de um sonho.


Até que em 31 de Dezembro de X437 eu conheci humanos sobreviventes.


Dois garotos e uma garota.


Zeref, Kuro e Mina Dowlivan.


Eram irmãos, sendo Kuro Dowlivan o mais velho com 23 anos, Mina a segunda mais velha com 19 e Zeref o mais novo com seus 16 – quase 17 – anos.


Naquele ano aprendemos que trabalhando juntos conseguimos mais chances para sobreviver.


Até que em 29 de Abril de X438, aconteceu o inimaginável.


Kuro, mago Elemental, fora escolhido por um Dragão para ser seu Dragon Slayer. Claro que houve hesitação da parte dele. Distanciar-se de seus irmãos mais novos estava fora de cogitação, mas era necessário se ele quisesse ficar forte para proteger os mesmo.


Ele jamais aceitou que eu fosse mais forte também.


Naquele dia eu errei. Errei por ter o deixadoele ir, mas errei ainda mais por não ter eu mesma o treinado.


Tive medo de ele me superar, mas isso não faz diferença no fim das contas.


Em 08 de Janeiro de X442 descobri por Weisslogia que Kuro havia sido levado a Guerra dos Dragões. E descobri também que ele havia sido corrompido pelo poder.


O segredo foi mantido entre mim, Weisslogia e Skyadrum.


Por anos nós cinco vagamos buscando ao máximo a sobrevivência.


Anos quase intermináveis, mas eu sentia que essa Guerra estava próxima de seu fim. Apesar de que, se eu realmente soubesse como seria o fim daquilo tudo, eu mesma teria intervindo. Talvez as coisas houvessem sido melhores...


Foi na sangrenta manhã de 18 de Agosto de X442 que o pior veio a acontecer.


Kuro, sedento por poder, estava dizimando os Dragões, aliados e inimigos.


No dia anterior eu havia recebido a visita da Morte, ele me avisou sobre a manhã seguinte.


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De bom grado deixei-o me levar embora daquele caos.


Weisslogia e Skyadrum haviam desaparecido em meio aos confrontos intermináveis. Zeref e Mina foram os únicos a presenciar meu fim pelas garras do próprio irmão.


Aquela foi à vida mais longa que vivi...


Quando renasci novamente era 29 de Março de X453 a guerra ainda se espalhava.


Pais? A mulher minha mãe morreu em meu nascimento. Vivi com meu pai nas colônias de sobreviventes pelos primeiros seis anos de vida depois... Fui abandonada para os Dragões.


Vaguei sobrevivendo da melhor forma que podia. Em X467, quando tinha meus quatorze anos, fui guiada pelo nobre carregador de almas – A Morte – em direção a meus amados Dragões.


Vivi com eles por um longo tempo, mas em nenhum momento ouvimos sobre Zeref ou Mina, apesar de que boatos sobre o novo Rei Dragão estavam se espalhando, boatos de que o novo dono do trono não era nada gentil.


Kuro passou a ser conhecido como Acnologia, o temido Rei.


Em 29 de Março de X471, no meu aniversario de dezoito anos, deparamo-nos com Zeref perdido entre as folhas amareladas da floresta nos arredores de onde – em breve – seria a capital das flores, Magnólia.


Ele estava ferido, lembro-me de que seus machucados eram terríveis, mas o que mais me chocou fora o fato de ele ainda estar jovem, mal aparentava dezenove anos.


Pouco depois eu descobri o porquê, Mina o havia ressuscitado após um súbito ataque de Dragão – não qualquer Dragão, mas sim Acnologia – onde o irmão mais novo acabara morto.


Aquela fora a ruína para a sanidade da jovem maga – ou nem tão jovem assim.


Zeref contou-me que Mina, tal como Kuro, fora domada pela própria magia.


Era cruel e inescrupulosa. Chegava a competir em poder com o próprio irmão.


Recordo-me de que nessa época Weisslogia e Skyadrum aparentavam sempre estar alheios a Zeref, cuja magia tornava-se treva pura.


Meus gêmeos pareciam temer a presença dele próxima a minha. Naquela época eu fingia não entender aquela reação deles, fingia não ver o ciúme queimando em seus olhos, fingia não notar o amor que Zeref sentia por mim.


Eu não o amava da mesma forma, e ele sabia disso. Mas nada o impedia de sempre estar o meu lado me apoiando.


Na primavera de X473, eu perdi Weisslogia para Mina.


Ele me abandonou por causa das mentiras dela, o próprio Skyadrum não acreditava no que fora feito, tampouco Zeref.


Aquela foi a primeira vez que meu coração partiu por alguém que não fosse meu irmão.


Eu não podia aceitar tal derrota, não podia ver meu amado sendo enganado.


Em 15 de Julho de X473 eu presenciei a morte de Mina pelas mãos de Zeref, e tive pena de ambos. Vi pela primeira vez o arrependimento nos olhos de safira de meu amado Weisslogia. Senti o temor que emanava de Skyadrum. E, mais uma vez, recebi a nobre visita da Morte.


Fora o fim mais difícil de ser aceito por mim.


Quando renasci mais uma vez, estávamos em 02 de Maio de X501. A Guerra havia tido seu fim há vinte e seis anos atrás.


Aos poucos a paz ia se restabelecendo.


Os poucos Dragões que restavam, vagam temendo o retorno de Acnologia, cujo desaparecimento repentino fizera a Guerra ter um fim.


Todos temiam aquela fera. Não posso mais crer que o gentil Kuro ainda viva dentro dele, mais rezo para que ele esteja lá buscando – de alguma forma – sua sanidade.


Em 20 de Junho de X522 voltei a encontrar-me com meus belos Dragões e com Zeref.


Fora a primeira e última vez que os vi naquela vida, pois muito cedo o meu velho amigo veio a meu encontro.


Era estranho encontrar com a morte varias e varias vezes. Estranho e confortável ver um rosto que de poucos em poucos anos eu podia apreciar.


Eu o chamo de Morte, ou de “Velho Amigo”, mas ele tem sim um nome próprio.


Siwang, é assim que ele se chama.


Por varias vezes tornei a retornar aos braços de meus amados. Assim como por vezes entreguei-me de bom grado para ser levada por Siwang.


Meu caminho era traçado por mim, houve altos e baixos. Contemplei o céu e o inferno.


Até que em 03 de Agosto de X692 eu os perdi.


Suas marcas ainda estavam em mim. A mostra perfeita de que eu pertencia a eles, nascia comigo vida após vida, mas eu não conseguia encontrá-los.


Renasci pelos menos duas vezes antes de ter certeza que nosso reencontro estaria longe de acontecer, ou talvez não mais viesse a acontecer.


Imaginei que eles houvessem se cansado de me perder por varias e varias vezes.


Fora quando eu os vi novamente. Era o dia anterior ao inicio dos jogos mágicos de X791.


Fiquei assustada, feliz e decepcionada. Tive de agir como se não os conhecesse, por que foi isso que ele fizeram. Ou assim eu pensei ser.


Eu me enganei. Aqueles não eram Weisslogia e Skyadrum, e descobri isso da pior forma.


Fora naquele mesmo dia que nos vimos pela primeira vez, que eles disseram, mas fora apenas na luta contra Natsu que eu soube o nome dos pais – Dragões – deles.


Weisslogia e Skyadrum pereceram nas mãos dos próprios filhos, tenho certeza que fora de bom grado afinal meus Dragões Gêmeos jamais perderiam para humanos, mesmo Dragon Slayers.


Pouco depois descobri que eles planejaram aquilo. Weisslogia queria ser humano para ficar comigo, tal como Skyadrum. Mas diferente do Dragão Branco, Skyadrum estava doente, quase morrendo.


Ambos se sacrificaram para mim e para seus filhos.


Aprendi a amar Sting e Rogue, aprendi a viver intensamente a vida. Aprendi a temer perdê-los e a perder meus amigos.


Em 08 de julho de X791, eu novamente fechei os olhos para o mundo, mas não fora Siwang – a Morte – quem levara minh’alma.


Fui levada ao “purgatório” dos Anjos. Lutei durante mil anos contra os pecadores que eram mandados para a Arena.


Tornei-me a rainha das batalhas.


Eu imaginava que havia perdido-os. Imaginava que haviam se passado mil anos em Earthland também.


Pela primeira vez minha alma sentiu-se feliz por estar errada.


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Mas dessa vez eu teria de me erguer, e enfrentar definitivamente meu amado irmão.


Só espero que tudo saia bem desta vez.


...


Respirei profundamente antes de me permitir abrir os olhos.


Contemplei o nascer do sol que tingia de laranja o extenso céu escuro.


Estávamos fora da área de Magnólia. A minha frente um precipício se mostrava.


Não lembro-me de como fui parar ali, recordo-me apenas de me entregar a inconsciência enquanto era carregada por Zeref.


– Zeref... – murmurei suspirando logo em seguida.


Não me surpreendi por notar estar acomodada entre as pernas dele. Seus braços envolviam protetoramente minha cintura. Encostava levemente a cabeça contra o tronco da arvore atrás de si e mantinha os olhos fechados, mas apesar disso eu sabia que ele estava acordado.


Acomodando-me melhor em seus braços, permiti-me apreciar – talvez uma última vez – o nascer do sol.


Claro que, não deixei de notar a figura que nos espreitava entre as árvores.


Um velho amigo que eu não via há muito tempo...


Siwang... Por que está aqui tão cedo meu amigo?


xXx


No dia seguinte o caos se iniciaria...


No dia seguinte vidas seriam perdidas...


No dia seguinte eu reencontraria meu amado irmão...


Nunca estive tão errada.