Capítulo 12: Recomeço

Abri os olhos, uma claridade invadia o meu quarto, havia esquecido de fechar a cortina na noite anterior, por incrível que pareça, só lembro de Stefan vindo aqui me visitar e me perguntar se estava tudo bem. Talvez porque eu tenha invadido a adega de Rebekah e roubado 3 garrafas de vinho, talvez eu tenha bebido todas de uma vez sem me preocupar na consequências... Eu só estava magoada, não é tão mal afogar as mágoas na bebida, todos fazem isso, não é mesmo? Me espreguicei na cama e encostei minha mão em algo que estava do meu lado. Levei um susto com tal acontecimento e me virei para ver o que era, arregalei os olhos ao ver Stefan sem camisa e perceber que o lençol branco cobria sua nudez. Rapidamente percebi que eu também estava sem roupas e me sentei na cama e coloquei as mãos na cabeça. Puta merda, eu dormi com o Stefan??? Não, não, não! Não posso ter feito isso. Me assustei com um barulho vindo da porta e a mesma se abrindo, Stefan se despertou e olhou na direção assustado.

— Irmãzinha, levanta dessa cama, vamos sair com as men... STEFAN? – Katherine quem estava na porta e me olhava surpresa.

Não sabia o que dizer, Stefan também parecia surpreso em estar na minha cama.

— Katherine acordou a Elena? – Caroline chegou na porta e arregalou os olhos ao ver Stefan do meu lado e nu, assim com eu. Que merda. – Vocês dois.... ?

— Não foi intencional. Eu não me lembro de ter vindo parar aqui com Elena, só me recordo do nosso beijo na piscina e depois bebemos umas 3 garrafas de vinho e..

— Você e Elena se beijaram? Acho que não foi só isso não, hein. – Katherine falava rindo.

— Já percebemos isso Katherine. – Disse impaciente. – E mesmo que tenhamos transado, eu sou solteira e o Stefan também. Posso fazer o que eu quiser, inclusive isso.

Beijei o Stefan, por impulso, para mostrar que eu não pertencia mais a Damon e eu não pertencia mesmo. Caroline e Katherine ficaram chocadas e eu parei o beijo por falta de ar e sorri convencida. Mostrei a mão que antes tinha uma aliança dada por Damon.

— Viram? Sem aliança, solteira. – Levantei da cama e não me importei de estar nua. Deixei o lençol que antes Mr cobria em cima da cama e olhei para todos naquele quarto. — Nada do que vocês já não tenham visto. – dei uma piscadela e peguei a roupa de Stefan, jogando em cima dele. – Se Damon e Lily sabem que você veio pra cá ontem à noite, vão suspeitar da sua demora. Sugiro que vá embora. Tenha um bom dia, Stefan. – Peguei um roupão pendurado no cabideiro e vesti.

Desci as escadas e entrei na cozinha e me deparei com Damon discutindo com Rebekah e exigindo que me visse. Minha expressão facial mudou. O olhei com desprezo.

— O que você está fazendo aqui? – Disse indiferente.

— Elena, eu vim conversar.. – Ele se aproximou de mim e levou seus dedos para acariciarem meu rosto, desviei de seu toque e fui para perto de Rebekah.

— Elena, desculpa. Eu tentei impedir ele de entrar.

— Tudo bem, Rebekah. Sei como ele é insistente.

— Elena, só passei aqui para me despedir, estou indo embora. – Stefan apareceu na cozinha e eu arregalei os olhos. Ele percebeu a presença de Damon e ficou nervoso.

— Stefan? O que você está fazendo aqui? – Damon disse desconfiado.

— Vim ficar com Katherine. Nós passamos a noite juntos.. – Tentou disfarçar e Katherine que estava em seu lado assentiu.

— Damon, você poderia ir embora? Me deixar em paz? Aproveite que Stefan vai embora e vá com ele.

— Tudo bem, eu vou embora. Mas antes quero ver Lexi e Niklaus. É o meu direito. – Não questionei, fiz um gesto com o os dedos chamando-o para que me seguisse e fui com ele até o quarto das crianças. Olhei para ele e vi seus olhos brilharem diante de seus filhos, um sorriso surgiu no seu rosto e ele pegou os dois, depois pude ver uma expressão triste em seu rosto. Me senti triste também.

— Papai promete que nunca vai deixar vocês, sempre estarei presente em suas vidas e eu nunca colocarei nada à cima de vocês. Vocês são os meus maiores tesouros. – Ele olhou para mim, deixei uma lágrima escapar e virei o rosto, escapando de olhar direto nos seus olhos. – Elena... Vem aqui.

— Não.

— Por favor. Venha cá. – Me calei e fui. Sentei ao seu lado e comecei a brincar com Nik, que não parava rir para Damon.

— Nik gosta de você.

— Eu sou realmente um bom pai.

— Cala a boca. – Eu ri.

— Tá bom, tá bom.

— Damon. – fiz uma pausa e tirei Lexi do berço e comecei a amamenta-la. – Por que você me traiu? – abaixei a cabeça e acariciei o rosto de Lexi.

— Por que eu sou um idiota.

— Isso eu sei. – rimos – eu não te dava prazer, felicidade, atenção?

— O que? De forma alguma, Elena! Você me proporcionava isso tudo, mais do que qualquer uma. Eu te traí pelo desejo. E também, Hayley me manipulou.

— Entendi.. – dei um longo suspiro. – Não vou te proibir de ver seus filhos, Damon. Mas não estou pronta para reatar, talvez eu precise de um ano inteiro ou muitos meses. Estou despreparada. Porém, eu quero ter uma relação de amizade com você, não quero abalar meus filhos, não posso ser egoísta, não com eles.

— Eu te entendo perfeitamente, e te dou todo o tempo do mundo. E é claro, nós vamos ser amigos, nossos filhos não tem nada a ver com minhas escolhas erradas.
— Então estamos entendidos e amigos?

— Estamos, Elena. – Sorri para ele e ele retribuiu o meu sorriso. Colocamos as crianças no berço e voltamos lá para baixo.

— Achei que tinham se matado, já estava quase indo até lá. – Katherine debochou.

— Saí com nenhum arranhão, por incrível que pareça. Bem.. tchau Elena, tchau meninas. Vamos Stefan?

— Ah, claro, vamos. – Eles saíram.

Me joguei em cima do sofá e fechei os olhos, bufando.

— Você está vermelha. O que aconteceu lá em cima? – Bonnie disse se sentando com as outras nos sofás e poltronas da sala.

— Nada, apenas disse pra ele que não estava pronta para uma nova relação e que precisava de tempo. Muito tempo. Decidimos que vamos ser amigáveis, para o bem dos gêmeos.

— Isso foi bem adulto da parte de vocês, que bom que não agiram como adolescentes. – Disse Rebekah.

— Sim! Os gêmeos não merecem sofrer com uma decisão errada do Damon. Que bom que se resolveram. Também não quero que Klaus se afaste de Lexi e de Nik. Ele é padrinho deles, nós escolhemos e agora vamos ter que lidar. Ainda mais que é uma ótima pessoa, a pesar do que fez comigo. – Caroline disse e terminou a frase triste.

— Caroline, tenho certeza que encontrará alguém. – Me aproximei dela e a abracei com força.

4 Anos depois..

— Lexi! Klaus! Vão se atrasar para a escola crianças. – Caroline gritava e dava pra ouvir na casa toda. Me levantei e fui até o quarto deles, eles não paravam de reclamar.

— Caroline você está doida? Eles só vão pra escola às oito. São cinco e quinze da manhã. Era pra você ter me acordado. Mesmo que já tenha acordado... – Disse sonolenta.

— Desculpa, crianças. Meus pensamentos estão voando. Podem voltar a dormir. Ela saiu do quarto comigo e me entregou o meu uniforme. Que saudades de usar. – Lavado e passado, agora vai se arrumar antes que se atrase. Rebekah e Bonnie vão com você para o hospital.

Sai de lá e fui até o meu quarto, tomei um banho rápido e arrumei o meu cabelo em cachos, fiz uma maquiagem leve e coloquei minha roupa seguida do meu jaleco. Não demorou muito para que eu ficasse pronta. Peguei o meu crachá e a bolsa, saí com Rebekah e Bonnie. Todas foram no carro de Rebekah. Eu na frente e Bonnie no banco de trás. Começamos a cantar feito loucas e rapidamente chegamos no hospital.

Adentrei o grande prédio e sorri ao estar ali, falei com a recepcionista que à tempos não via e cumprimentei os outros que iam passando por mim e entrei na sala dos internos. Que saudade daqui. Guardei minhas coisas no meu armário e saí com Bonnie e Rebekah. Logo Rebekah recebeu um chamado de um novo paciente, ela perguntou a gente não quisesse acompanhar o caso e nos concordamos e seguimos para a sala que a criança estava.

— Nossa, quando tempo que eu não exerço o meu trabalho. Mal lembrava do frio na barriga que eu passo. – Disse, tentando parecer o menos nervosa possível.

— Calma, Elena. Aposto que assim que olhar a ficha do paciente, saberá o que fazer. Inclusive... Ainda quer se especializar em cardiologia? Sabe, vai ter que olhar pra cara do Damon toda a manhã, toda a tarde e toda a noite por dois dias seguidos.. e eu percebi que você gosta muito de crianças depois que Nik e Lexi nasceram. – Bonnie se pronunciou, chamando minha atenção.

— Não sei... seria uma boa ser pediatra e ser aprendiz de Rebekah, mas.. - A loira me interrompeu.

— Uma boa ser minha aprendiz? Uma ótima né? Pelo amor de Deus, olha pra mim, sou tudo de bom. – Ela deu uma voltinha e eu ri.

— Então, como eu ia dizendo, acho que Damon ia pensar que eu não queria fazer cardiologia por sua causa. Então não sei, estou pensando no caso. No final do dia eu dou a resposta para vocês. Mas antes, vou ter que encarar Damon e falar com ele sobre.

O assunto se encerrou aí e então chegamos chegamos na sala. Percebi a presença de um outro médico, acho que era novo no hospital. Sussurrei para Rebekah.

— Quem é aquele gato ali? – Apontei para o médico que aparentava ter uns 30 anos e que nunca tinha visto no hospital.

— Aquele é Alaric Saltzmann, o cirurgião plástico. Pelo visto ele nos acompanhará no caso. Vocês vão gostar dele, super gente boa e é solteiro. Perdeu a esposa à seis meses, mas pelo o que conversamos, entendi que ele está pronto para um novo relacionamento. Então, se joga!

— Não estou precisando de um namorado no momento, assim que vi ele pensei em Caroline. Ele parece fazer o tipo dela. E ela merece uma pessoa...

— Sim, ela merece. – Bonnie e Rebekah concordaram e chegamos perto do Dr. Saltzmann.

— Bom dia, Alaric. – Rebekah disse.

— Bom dia, Rebekah. E quem são as internas com você? – Ele olhou para mim e Bonnie e sorriu.

— Essas são Elena Gilbert e Bonnie Bennet.

— Oi, Alaric. – Dissemos em coro.

— Você é a famosa Elena? Damon não para de falar de você. – Senti minhas bochechas ruborizarem e sorri sem graça.

— Damon fala de mim? O que ele fala de mim. – Perguntei curiosa.

— Ele diz que você é graciosa e encantadora. Também de uma beleza incomparável. E pelo visto é mesmo. E perdão pela pergunta, mas você é esposa dele, ou namorada?

— Ex noiva. – Ele pareceu surpreso. – Acho que você não sabia disso. Mas ele é pai dos meus filhos, somos ótimos amigos.

— Entendi. Bom, meninas, essa aqui é a Hope. Ela tem uma pequena deformação na orelha direita e precisa de cirurgia, ou poderá se complicar para a audição dela. Então, aqui estamos nós.

— Oi, Hope! Você sabia que eu tenho dois filhos do seu tamanho? Você me lembra minha filha Lexi.

— Doutor? Desculpa interromper. Poderia me dizer o que tenho que fazer para evitar que a saúde de minha filha seja prejudicada? – Por estranho que pareça, aquela voz me parecia familiar. Olhei para a mulher cujo seria mãe de Hope e logo a reconheci. Era Hayley, a mulher que Damon havia me traído à cinco anos atrás, a mulher cujo foi o motivo do fim do meu noivado.

— Perdão, não vou poder ficar no caso. Com licença. – Saí desesperada da sala e Bonnie tentou me acompanhar, mas falhou.

Caminhei apressada pelos corredores daquele enorme hospital e distraída, esbarrei com alguem.

— Me desculpe, sou uma desastrada.

— Não precisa se desculpar para mim, Elena.

Reconheceria aquela voz em qualquer lugar. Damon.

— Damon..

— Você continua linda como sempre, e olha que te vi ontem.

— Damon, precisamos conversar. – Não dei tempo dele responder e o puxei para uma sala e fechei.

Contei tudo o que havia acontecido, inclusive de ter visto Hayley no hospital com uma criança que aparentava ter quase a idade de nosso filhos e que ela parecia muito com ele. Ele não quis acreditar no que eu disse.

— Elena! Esqueça isso. Eu estava te procurando quero te dizer uma coisa.

— O que?

— Que nós vamos jantar hoje à noite. Você não estará de plantão e eu também não. Mas antes pensei em pegarmos um cinema com Lexi e Nik e aí a gente deixava eles em casa com Caroline e depois saísse para jantar..

— Tem certeza que é uma boa ideia sairmos para jantar? Poderíamos ir mais devagar, sair só com as crianças hoje e outro dia a gente jantava. Podíamos levar eles no cinema e depois eles comeriam no Mc Donald's e ele também. Deixa para jantar algum outro dia...

— Claro, claro. Pra mim já está ótimo assim.

— Que bom. Então passa lá às 20:00?

— Com certeza. – sorri para ele e saí dali.
Andei calma pelo hospital quando vi um monte de gente correndo até um certo local, pouco depois vi Caroline vindo em minha direção. Mas o que ela estava fazendo ali?

— Elena, as crianças, eu não sei o que aconteceu, elas foram pra escola e então ainda agora Lexi caiu do balanço no parquinho e rasgou a testa, eu trouxe eles pra cá imediatamente, um doutor atendeu ela. – Senti meu coração acelerar.

— Me leve até ele e depois procure por Damon. – Disse e ela fez, sai correndo até a sala e quando eu cheguei quem estava com ela era Alaric. Rebekah tinha chegado logo depois. Senti meus olhos marejatem.

— Rebekah, ela vai ficar bem? – disse em meio ao choro.

— Vai sim, foi apenas um corte. Iremos costurar e tudo vai ficar bem. Ela só perdeu muito sangue, mas isso é coisa que se resolve fácil.

— Mamãe, o que houve com minha irmã? – Nik se aproximou e me agachei para ficar da altura dele.

— Ela apenas caiu do balanço e se machucou, mas vai logo melhorar, tá? – Ele assentiu e minha atenção foi tomada por Damon que entrava desesperado na sala acompanhado por Caroline.

— Elena, o que houve? – disse nervoso.

— Ela caiu do balanço, e se cortou. Perdeu muito sangue, mas Rebekah disse que quando costurar o corte, ficarar tudo bem.

— Que bom que não foi nada muito grave, iria ficar transtornado. – Nik se aproximou do pai e levantou os braços pedindo colo – Quem é o garotão do papai? É você. – ele fez cócegas em seu filho, que não parava de gargalhar.

Fui até Caroline e começamos a conversar. Um tempo se passou e chamei ela e ela me seguiu parando na frente do Dr. Saltzmann.

— Caroline, esse é o Alaric. O novo cirurgião plástico do hospital. Alaric, essa é Caroline. Minha amiga, madrinha de Lexi e Nik e também estilista de moda. – A loira revirou os olhos e estendeu sua mão para cumprimenta-lo.

— É um prazer, Alaric.

— Estou honrado, Caroline. – Sorri satisfeita, um novo casal seria montado.

— Alaric, eu e Caroline estávamos indo comer na lanchonete. Gostaria de nos acompanhar?

— Com todo prazer. – Sorriu para Caroline que logo ficou vermelha. – Damon, você vem?

— Vou.

Todos se reuniram e saíram juntos, caminhando até a lanchonete do hospital. No meio do caminho, Caroline percebeu Klaus se aproximando e beijou Alaric impulsionavelmente. Ele ficou surpreso, todos ficamos, mas retribuiu. Eles pararam e Klaus se aproximou mais.
— Olá a todos. Damon, Alaric, Elena e Caroline.. – Klaus disse incomodado. – Nik! Meu garoto.

— Oi, tio Klaus.

— Como você está?

— Eu tô bem.

— Que bom então. – Ele sorriu e voltou a atenção para nós, mas evitava contato visual com Caroline.

— Não sei aonde vão, mas aproveitem. Com licença. – saiu sem mais delongas.

Olhei para Caroline e soltamos uma risada meio alta. Damon e Alaric nos olhavam sem entender e disfarçamos, falando que havíamos visto uma piada e lembrado dela. Eles acreditaram, que bom. Finalmente, chegamos no local desejado e comemos satisfeitos, todos conversavam e eu estava distraída pensando em como seria a noite em família que teríamos hoje à noite. Seria algo mágico e algo que nunca experimentamos fazer.