Always With Me

Conceal, Don't Feel


Ela retocou o batom mais uma vez, antes de considerar-se pronta.

Cordelia MacLearie olhava-se no espelho, minuciosamente reparando se havia alguma imperfeição em sua maquiagem. Havia passado o delineador em seus grandes olhos de um verde muito claro para ressaltá-los, um pouco de blush em sua pele pálida, além um pouco de sombra rosa violeta em suas pálpebras. Seus lábios foram pintados por um batom de mesma cor da sombra dos olhos, e seus cabelos pendiam levemente cacheados em um penteado no qual demorara boa parte do tempo desde que chegara em casa para preparar. Ajeitou a barra da saia do longo vestido do tom rosa violeta que combinaria com sua maquiagem, e, pela última vez, ela confirmou que sua aparência estava irretocável.

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Abrindo a porta de seu quarto, andou por um dos longos corredores do quinto andar do castelo dos MacLearie, para enfim alcançar as escadarias principais. Rumou em direção ao salão de entrada, e o salto médio de suas botas estalava no chão, tocando na pedra fria e escura, em um ruído que ecoava pela imensidão do corredor. Desceu olhando para as tapeçarias pendentes de seus antepassados, que lhes saudavam em gaélico, alguns dizendo trechos de canções e poemas há muito esquecidos. Todos os objetos de decoração e artefatos mágicos celtas, relíquias pertencentes a família Gilios, uma das linhagens mais antigas desde o primeiro Clã matriarcal celta, se acumulavam no corredor enfeitiçado por Guinevere para que nenhuma pessoa que não fosse da família pudesse atravessá-lo, por um feitiço de intransponibilidade.

É dia de festa. É claro que ela os esconderia aqui em cima. Cordelia pensou, um tanto amarga. E pensar que poderia ter sido diferente...

Para manter o pouco prestígio que ainda restava ao nome da família, Guinevere, sua mãe, dedicara seus dias a ajudar seu marido, Gerald, um talentoso bruxo escocês a conseguir seu cargo como chefe do Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas. Estudaram juntos em Hogwarts, ambos membros da Sonserina, e casaram-se assim que formados, sua mãe já seguindo este sonho desde uma idade tão jovem.

De início, tudo eram flores. Conheceram os mais nobres e importantes bruxos da Grã-Bretanha, circulavam pela elite mágica do Reino Unido, compareciam à reuniões e eventos sociais relevantes e selecionados, tudo graças aos esforços de Guinevere em ampliar o conhecimento mágico de seu marido, para que assim ganhasse mais visibilidade e admiração de outros bruxos.

Seu casamento assim seguiu, mas tudo mudou a partir do momento em que ele não mais vira utilidade profissional na companhia de Guinevere. Não além do papel de boa esposa reclusa, e obrigou-a a cumpri-lo. Custasse o que custasse.

“Eu sempre achei que se eu o ajudasse, ele também me ajudaria. Ele sempre me prometera que seria grande, que nosso nome voltaria a ser reconhecido. Mas foi tudo uma mentira. Tudo, desde o começo, mentiras. Não deixe que isso aconteça consigo, minha linda, minha brilhante menina. Será mais inteligente que eu, será, eu sei disso.”

Sua mãe dissera essas palavras, abraçando a filha, sacudindo devagar a ambas enquanto chorava pela morte acidental de seu pai. Atrás de sua mãe, Cordelia olhava a sala de estudos, na qual uma porta pesada e medieval de madeira balançava sinistramente ao movimento de um vento de temporal. Ela lembrava de sentir o cheiro da mãe, reconfortante e sufocante ao mesmo tempo, trazendo-lhe simultaneamente angústia e alívio...

As lembranças das palavras duras de sua mãe sobre seu pai, anos após seu falecimento, ainda lhe assombravam. Ecoavam em sua mente como fantasmas rondando os corredores do castelo de seu Clã, enquanto ela descia devagar as escadas, sua mão pálida tocando o corrimão grosso de pedra fria e dura, sua palma leve como uma pluma, como se não estivesse de fato ali. Rodeada pela tristeza daquelas lembranças amargas, era como se ela mesma apresentasse um ar fantasmagórico.

Ao enfim descer as escadas, Cordelia aproximou-se da majestosa porta dupla com belos vitrais do símbolo do Clã MacLearie e abriu-as, sabendo que sua mãe desceria em breve. Olhou a altivez decadente do salão de entrada de seu castelo, de paredes altas de pedra escura, nas quais pendiam imensos archotes brilhando, e também muitos antigos quadros da era vitoriana, afrescos e tapeçarias e brasões das linhagens antigas puro-sangue que precederam os MacLearie.

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Como era de se esperar, não havia nada que lembrasse o sangue celta de Cordelia que pudesse ser assimilado pelos convidados.

Logo em seguida, adentrou o salão repleto de lareiras no qual se travaria boa parte do encontro daquela noite. Uma enorme mesa, comprida e estreita já havia sido arrumada no centro daquele cômodo, e havia arcos nas paredes indicando inúmeras entre-salas com ambientes acolhedores, repletos de sofás e poltronas, junto a pequenas mesas de centro para aqueles que desejassem se sentar e descansar. Assim que terminara de sorver o ambiente, lembrando-se da sensação de estar em casa em mais uma típica noite de eventos sociais e falsidade, sentiu braços animados se fecharem em volta de suas costelas, abraçando-a com força.

— Bairbre. — Ela não pôde conter seu sorriso, reconhecendo o toque de imediato. — Estava dormindo quando eu cheguei, sua preguiçosa! — Cordelia se voltou para a irmã, cinco anos mais nova do que si, que a encarava com seus também grandes e muito redondos olhos naquele momento estreitos pelo sorriso contagiante que se alastrava por seu rosto. Sua irmã era dinâmica, espevitada, confiante e carismática. Muito corajosa e pró-ativa. Tinha o formato dos olhos idênticos aos de Cordelia, mas, enquanto sua irmã mais velha era a imagem de sua mãe, Bairbre era semelhante fisicamente ao pai; morena, de olhos castanhos e um sorriso deliciosamente convencido sempre ao rosto. Transparecia uma imagem de auto-confiança a qual em nada refletia algum tipo de arrogância; pelo contrário, bastava olhar nos olhos doces e destemidos da menina, e reparar em seu brilho empolgado, que qualquer um se sentiria instantaneamente encantado.

— Eu estava. Mas acordei tem um bom tempo. Você que demorou para se arrumar! — A irmã soltou-a, e Lia pôde reparar que a menina usava um longo vestido vermelho, de mangas bufantes, que apenas acentuavam a personalidade docemente empolgante que tinha. — Acordei a Mairéad há menos de uma hora atrás. Ficou tão ansiosa pela sua vinda que mal dormiu ontem de noite. — Bairbre suspirou, preocupada, e Cordelia sorriu outro sorriso honesto. Já é uma irmã tão protetora quanto eu.

Suas irmãs tinham a doçura e a inocência que Cordelia perdera muito nova, a qual sempre se empenhou em proteger. Bairbre convivera algum tempo com seu pai, e também sofrera com tudo o que o envolvia, porém este falecera quando tinha apenas cinco anos de idade, e Lia e Guinevere sempre evitaram que pudesse ver os abusos cometidos.

— Mas ela já está pronta, então? — Lia perguntou, ajeitando os cabelos naturalmente ondulados de Bairbre, que, franzindo as sobrancelhas, fugiu das mãos da irmã mais velha. — Ei, estou te arrumando! — Cordelia falou, ríspida, enquanto ainda tentava desembaraçar os cabelos da irmã.

— Ela está — Bairbre respondeu, fugindo das mãos de Lia, esquivando-se dela com a agilidade de uma jogadora de quadribol. Quero tanto vê-la em Hogwarts ano que vem. Cordelia pensou, carinhosa.

— Já vai descer, está usando aquele vestido azul bebê que você adorava quando era da idade dela. E pare de mexer no meu cabelo. Não sou patricinha como você! — A irmã provocou, mostrando a língua para Lia.

— Ah, quer brincar de ser a rebelde, então? — Cordelia respondeu, fingindo irritação. A irmã olhou para ela contrita, franzindo as sobrancelhas, como se estivesse a se perguntar se Cordelia fingira reprovação. Porém, era muito orgulhosa para desculpar-se.

A irmã mais velha se aproximou dela, os braços cruzados e uma sobrancelha levantada como se esperasse um pedido de desculpas. Bairbre baixou os olhos, emburrada, e nada disse.

— Quem foi que jurou que ia se comportar bem hoje? — Cordelia indagou, séria e seca.

A irmã não respondeu. Aproveitando que Bairbre realmente acreditara em sua irritação e olhava para baixo, ela agiu rápido. Passou suas mãos pela cintura da irmã e pôs-se a fazer-lhe tantas cócegas que seus joelhos dobraram.

— Castigo de cócegas! Para aprender a ser uma boa menina! — Lia ria como se tivesse a idade da irmã que se contorcia de tanto gargalhar. Enquanto Bairbre tinha lágrimas nos olhos de tanto rir, e Cordelia finalmente se sentia em casa, em seu lar, relaxada, o elfo doméstico mais antigo da família MacLearie abriu as portas também duplas, pedindo licença. Usava uma longa barba ruiva, e grisalha em alguns pontos, o que apenas acentuava sua idade, e vestes de botões antigos sujos como as teias de aranha dos corredores do castelo os quais não tinham ouro para manter e cuidar.

— Sinto interrompê-las, senhoras. Mas Mimi acabou de recepcionar os primeiros convidados. Acreditamos que as outras famílias chegarão em menos de uma hora. — O elfo fez uma reverência comprida, quase encostando toda a sua barba longa no chão de pedra fria.

— Muito obrigada, Leprie. — O nome do elfo era “Leprechaun”, em homenagem aos duendes celtas, mas Lia sempre preferira chamá-lo pelo apelido, para que se sentisse não apenas como um serviçal eficiente, mas também querido, o que realmente o era por ela e suas irmãs.

— Às suas ordens, senhoras. Estão magníficas esta noite. Tenho certeza que muito em breve terão casamentos de muito sucesso e nobreza. Seu sangue é da melhor estirpe — o elfo respondeu tudo o que fora treinado a falar, e Cordelia e a irmã o agradeceram polidamente.

Assim que o elfo saiu, Guinevere Gilios MacLearie adentrou o Salão das Lareiras, trazendo consigo os convidados, sorridente e agradável.

A mãe de Cordelia vestia um longo vestido tomara que caia azul escuro, com luvas prateadas que combinavam com as enormes jóias pendentes em seu pescoço, em múltiplos colares de brilhantes. Usava um coque firme e rente, seus longos cabelos loiros presos com disciplina. Os ombros estavam cobertos por um xale transparente azul escuro elegante, e seus pés se equilibravam em saltos altíssimos também prateados. Seu rosto portava um sorriso que parecia sincero mesmo em uma situação tão ensaiada por anos e anos, e Cordelia sempre se admirava ao constatar a qualidade da atuação de sua mãe.

— Boa tarde, estimados senhores. Espero que possam se divertir bastante nesta véspera de Natal. — Cordelia MacLearie sorriu seu sorriso ensaiado e polido, evitando ao máximo a amargura que aquele tipo de situação social falsa lhe trazia. Os anos passam, e ainda temos de representar. Ela refletiu, desgostosa, enquanto fazia uma pequena curvatura educada junto a sua irmã em homenagem aos hóspedes.

— Boa tarde. Seu castelo continua encantador, pequena Cordelia. — Reconheceu a voz pertencente ao membro dos Black chamado Orion, marido de Walburga, que o seguira ao adentrar a porta acompanhados de sua mãe. A mulher permanecia altiva e arrogante mesmo após uma década. Walburga Black, usando luvas do que parecia ser pele de chinchila, combinando com um enorme casaco feito do mesmo material, a saudara com um sorriso ainda mais falso do que o da garota, sendo seguida por seu filho Regulus.

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— Sua irmã Bairbre está tornando-se uma linda garota. Lembro-me de vê-la uma última vez quando era apenas uma criança de um ano. O que há no sangue de vocês que gera moças tão bonitas? — Orion elogiou, dando uma gargalhada a qual Lia já sabia reconhecer como fingida. Bairbre o agradeceu com simpatia, e mais uma vez Cordelia sentiu-se admirada com sua personalidade tão autêntica.

Guinevere olhou para Cordelia, e em seu sorriso que, para muitos, pareceria apenas cordial e caloroso, havia um traço de exigência implícito. Sua mãe a cobrava para saber onde estava Mairéad. Sabendo que teria de buscar a menina mais nova, Lia aproveitou para cumprimentar Regulus, seu amigo, com um aceno mais informal de cabeça e um sorriso honesto.

— Deixem-me acompanhá-los. Devem estar cansados. Sentem-se um pouco, contem-me mais sobre os últimos anos. — Guinevere deu uma risada elegante e simpática, sendo retribuída pelos Black de forma menos convincente.

Assim que sua mãe seguiu com os convidados, Cordelia foi em busca da irmã, enquanto Regulus tentava timidamente conversar com Bairbre, que esforçava-se para não demonstrar o quanto aquela atenção a acanhava. Cordelia sabia que a irmã ficaria balançada ao interagir com um rapaz consideravelmente bonito, ela que sempre foi criada em meio a muitas mulheres.

Só espero que ela não crie uma paixonite por ele. Isso não daria certo, e eu prefiro que tenhamos alguma distância dos Black.

Com seu lema “toujours pur”, os Black acreditavam fazer parte da família de sangue mais nobre e puro anglo-saxão, a realeza bruxa. Qualquer outra família, puro-sangue ou não, que não estivesse ligada por laços familiares a eles seria considerada inferior. Lembrando da expressão disfarçada de desprezo portada por Walburga, remoendo a humilhação implícita, ela abriu as portas e caminhou pelo salão de entrada até o corredor que a levaria a uma escadaria circular fechada de acesso a torre oeste, no quinto andar da qual se localizava o quarto da irmã. Ao cruzar o corredor para entrar na sala térrea na qual havia a escadaria, Cordelia passou por uma ala com armaduras antigas, e uma delas subitamente pareceu se mexer, parando a sua frente.

Por pouco, a garota não gritou, soltando uma exclamação de susto e arregalando seus olhos verdes claros.

— Você anda me procurando muito, garota — Sirius Black disse, no auge de sua arrogância, com sua voz macia e arrastada. Saíra de trás de uma das armaduras, e portava um sorriso sarcástico em sua face. Tinha seu rosto curvado para a frente de leve, como que para constrangê-la. Seus cabelos escuros, crescidos até a altura de seus ombros, caíam displicentemente pelo seu rosto, enquanto ele os sacudia para o lado com um gesto que parecia natural e irritantemente hipnotizante. Vestia uma jaqueta de couro como os trouxas jovens que passeavam pelas ruas de Londres, Glasgow e Edinburgh, assim como as calças chamadas “jeans” e os estranhos sapatos grandes e deselegantes também dos trouxas. Cordelia fechou os olhos, sorvendo aquela imagem e se acalmando, sabendo claramente que ele lhe dera um susto para debochá-la.

— Você está na minha casa — ela replicou, friamente, sem lhe dar conversa, encarando seus olhos castanhos maliciosos e estreitando os seus em desprezo.

— E nem sequer tem a educação de cumprimentar seus anfitriões ou pedir com polidez licença para bisbilhotar. Saia do meu caminho, Black — retorquiu ela, farta com a arrogância e mania de superioridade daquela família. Cada geração parece pior do que a outra. Cordelia pensou, exasperada pelo comportamento do rapaz.

— Sabe. — Ele continuou parado, impedindo-a de passar. — Para o nível de gente que recebem, até que vocês não me pareceram ostentar muita ligação com as artes das trevas. Onde escondem tudo? Nas masmorras, para evitar a fiscalização do Ministério? — Black perguntou, petulante e debochado, e Cordelia quase levou as mãos a um bolso imaginário das saias, esquecendo-se por um segundo de que não poderia realizar magia fora da Escola.

— Qual é o seu problema? — Ela franziu as sobrancelhas, o encarando com desprezo, tentando descobrir uma maneira de ultrapassá-lo. Black era alguns bons centímetros mais alto do que ela, e tinha ombros largos, ocupando bem o espaço estreito entre as armaduras.

— O seu problema acredito que seja a busca pela irmãzinha. Se for uma baixinha morena, acabou de passar por aqui. Por pouco vocês não se cruzam — Sirius Black comentou, parecendo entediado, suas mãos nos bolsos de suas calças jeans, seu rosto e postura corporal mantendo-se na mesma posição como se quisesse de certa maneira fazê-la sentir-se desarmada.

— Espero que isso não seja sua ideia de piada, Black — Cordelia respondeu, séria e seca, fuzilando-o com o olhar. Seus olhos castanhos a encaravam prepotentes, e ela sentia-se estúpida por, horas atrás, enquanto se enganara de vagão no Expresso Hogwarts, ter-lhes comparado ao do simpático cachorro que lhe fizera companhia na madrugada daquele dia.

De cachorro ele só tem o comportamento. Ela pensou, desprezando o rapaz.

— Fui sincero. Se não acredita, é só virar as costas e ir procurá-la. Ou será que está a fim de passar mais tempo comigo, nesse seu corredor escuro? — Black se insinuou debochado, curvando o rosto mais para perto do dela, mantendo o olhar de forma desagradavelmente atraente. Retirou uma de suas mãos do bolso das calças e moveu-a na direção de um dos ombros de Cordelia, que recuou para o lado oposto, sentindo um calafrio irritantemente sedutor correr-lhe pelos braços.

— Calma, MacLearie. Fui apenas tirar essa aranha de cima da armadura. Está tendo que tipo de ideias dentro dessa cabecinha loira? — Sirius Black riu, parecendo triunfante, jogando para longe uma aranha peluda que caminhava pelo peitoral da armadura mencionada, a qual Lia ignorara solenemente devido as circunstâncias da situação. Sequer vira o animal tão perto de si.

Cordelia irritou-se consigo mesma. Black fizera o gesto prevendo essa precisa reação de sua parte, fingir que iria tocá-la para testá-la. Não sou como as outras imbecis para me sentir mexida por um idiota como ele, só porque é bonito.

Ela decidira ignorá-lo. Virou-lhe as costas, recusando-se a tolerá-lo por mais um momento sequer.

— Hey, MacLearie — Black a chamou de longe, e ela recusou-se a olhá-lo de volta. Manteve os passos, fingindo que sequer o ouvira.

— Você está uma gracinha esta noite — Sirius disse e riu disfarçadamente, enquanto ela apertou o passo. Por mais que não desejasse jamais admitir, por mais que ela soubesse ser apenas para debochá-la, sua voz macia e arrastada falando algo assim era um tanto… Lisonjeira.

E controversamente sedutora.